ZÉ POVINHO DE RAFAEL BORDALO PINHEIRO ERA UM ÍCONE DOS TABERNEIROS MINHOTOS EM LISBOA: QUERES FIADO… TOMA!
A figura do Zé Povinho foi durante muitas décadas – a par de Santo António – um ícone nas tabernas de Lisboa, que tinham invariavelmente como donos galegos ou minhotos, com especial predominância para os oriundos de Ponte de Lima e Paredes de Coura.
“Um ramo de louro à porta / Indicava uma taberna / À noite era uma lanterna / Com sua luz quase morta” – tal como canta a barcelense Gisela João.
Lá dentro, em lugar cimeiro, Santo António segurava o menino dentro da sua capelinha e, a seu lado, a figura rústica do Zé Povinho garantia: Queres fiado… toma!
O taberneiro, qual sacerdote de Dionysos, perfila-se diante do balcão como se da ara dos ritos sacrificiais se tratasse, presidindo à liturgia pagã do vinho junto dos seus ungidos. E, no seu subido altar, nas suas funções de Baco, Zé Povinho assegurava o cumprimento do dever dos fiéis não deixarem de cumprir a sua obrigação do pagamento da despesa. Isto acontecia outrora quando existiam tabernas dos minhotos em Lisboa.
Foto: Museu Bordalo Pinheiro