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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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NUTRIR FORTALECE VITICULTURA E REVITALIZA O CONHECIMENTO TRADICIONAL DO ALTO MINHO

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Hoje, dia 14 de junho, debateu-se o futuro do território do Alto Minho

Investigadores pretendem reduzir a perda de património genético e avaliar a resiliência das cascas às alterações climáticas.

Investigadores, pensadores e decisores de diversas origens e competências reuniram-se hoje, dia 14 de junho, nas Termas do Peso, em Melgaço, para refletir os três anos de trabalho intenso e de investigação, focados na inovação e no desenvolvimento sustentável do território do Alto Minho. A Conferência ‘Nutrir Território’, organizada pelo Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, partilhou alguns dos resultados obtidos e traçou caminhos futuros para a região.

O NUTRIR definiu três áreas prioritárias de intervenção: Território, Viticultura e Recursos Animais e, ao longo de três anos, em conjunto com diversos agentes do território, estudou, valorizou e caracterizou recursos importantes para a dinâmica do conhecimento e do valor da região.

O projeto explorou uma abordagem centrada nos ativos e recursos locais de modo a transformar os desafios em oportunidades, promover o desenvolvimento sustentável e criar negócios inovadores no setor agroalimentar. 

A Conferência iniciou com a intervenção de Manoel Batista, Presidente da Câmara Municipal de Melgaço: “Hoje celebramos a ousadia e a resiliência de trazer, para um território como o nosso, um projeto que tem sido alavancado a partir deste território para todo o território do Alto Minho. Celebramos essa capacidade de construir projetos de grande qualidade e este dia é com certeza para entregar trabalho feito, mas é também um momento para celebrar e colocar em cima da mesa todas as fichas em relação ao futuro e a necessidade de continuar a crescer, a ousar e a sonhar.”

A sessão de abertura, contou ainda com Nuno Vieira e Brito, Coordenador do NUTRIR, que destacou a importância do projeto responsável pela criação de valor no território “numa perspetiva de inovação é importante olhar o território e ver as suas potencialidades. Há várias oportunidades que ainda não estão suficientemente exploradas e que podem ser otimizadas para negócios, por isso, é que de alguma forma definimos três grandes setores. Definimos um setor ligado à área da paisagem e do território, um outro setor ligado à viticultura e definimos um terceiro ligado à produção animal.” Nuno Vieira e Brito salientou ainda que “uma das grandes conquistas do projeto NUTRIR foi a atração e fixação de recursos humanos altamente qualificados em Melgaço, contribuindo para combater o despovoamento e o envelhecimento populacional da região. Começamos com três doutorados e agora temos cerca de seis pessoas a trabalhar connosco, com a possibilidade de abrir mais duas oportunidades de emprego científico.”

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IDENTIFICAÇÃO DE CASCAS AUTÓCTONES E MINORITÁRIAS NA SUB-REGIÃO VITÍCOLA DE MONÇÃO-MELGAÇO

O NUTRIR, Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, é um projeto de produção e transferência de conhecimento na área do agroalimentar, que se preocupa com o desenvolvimento do território do Alto Minho, região de enorme riqueza e diversidade paisagística, mas carente de mais inovação, em particular no setor primário. Prova disso, são alguns resultados que o projeto pretende atingir.

No âmbito da viticultura, está a ser feito um levantamento geolocalizado das castas autóctones e minoritárias em parcelas com vinhas antigas na sub-região vitícola de Monção-Melgaço, visando a replicação e a valorização destas cascas. Este esforço pretende reduzir a perda de património genético e avaliar a resiliência destas cascas às alterações climáticas.

Ao nível de recursos botânicos foram realizados estudos que revelaram propriedades antioxidantes de várias plantas autóctones, indicando um potencial uso na farmacêutica e nutracêutica, tanto para a saúde humana como para medicação veterinária. Além disso, essas plantas também podem ser usadas como corantes têxteis, temática ainda em análise.

O projeto contribuiu, também, para a obtenção da certificação ETG (Especialidade Tradicional Garantida) do arroz de sarrabulho de Ponte de Lima, um passo importante para a valorização deste produto tradicional.

Outro ponto relevante foi a recuperação da produção de fumeiro na região, valorizando tradições e impulsionando a economia local. "Estamos a trabalhar na criação de um curso de formação para revitalizar a cultura do fumeiro", explicou Nuno Vieira e Brito.

Num estudo desenvolvido sobre a presença de salmonela em ovos de galinhas autóctones de Portugal, foi revelado que em nenhuma das explorações avaliadas apresentou a bactéria, destacando a segurança e a qualidade destes produtos.

Fundamentados sobre o trabalho prévio sobre a aplicabilidade farmacêutica da camarinha, um arbusto dunar (dunas), de forte interesse comercial, estão a ser feitas avaliações sobre a possibilidade de cultivo agronómico e o aproveitamento dos resíduos da poda da planta para uso farmacêutico e nutracêutico, contribuindo para a redução de biomassa, dando uma nova vida a esses subprodutos.

A conferência encerrou com uma sessão de Alvarinho de Honra, simbolizando a riqueza e a tradição vitivinícola do Alto Minho. O evento não só celebrou os avanços alcançados pelo projeto NUTRIR, mas também estabeleceu um compromisso contínuo com a inovação e o desenvolvimento sustentável da região.

O projeto ‘NUTRIR’ continuará a desenvolver novas estratégias e a promover a transferência de conhecimento, visando a criação de mais oportunidades de negócio e a melhoria das condições de vida nas comunidades rurais do Alto Minho. 

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MUNICÍPIO DE ARCOS DE VALDEVEZ NO CONSÓRCIO DE APOIO À VITIVINICULTURA DO VALE DO LIMA

O Município de Arcos de Valdevez assinou o protocolo de parceria para o desenvolvimento do projeto de Apoio à vitivinicultura do Vale do Lima.

A Autarquia arcuense integra o Consórcio de Apoio à vitivinicultura do Vale do Lima, com os Municípios de Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC), a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), a Adega Cooperativa de Ponte de Lima e a Barcos Wines - Adega de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.

Este projeto tem como finalidade apoiar os vitivinicultores, na identificação das zonas de aptidão vitivinícola, na gestão eficiente dos recursos hídricos, na proteção e manutenção da fertilidade do solo, na adoção de técnicas e métodos de vitivinicultura de precisão e na valorização dos subprodutos da fileira vitivinícola numa ótica de economia circular.

Para o Presidente da Câmara Municipal, João Manuel Esteves, este consórcio “é uma expressão das vontades da região do Vale do Lima” e “marca a diferença na promoção e na valorização do Vinho Verde”.

Este é um projeto conjunto com impacto social e económico, que nasce de uma parceria entre o poder institucional, político e a área científica, em torno da promoção e valorização do setor da vitivinicultura na região do Vale do Lima.

O Autarca referiu ainda “como é de Vinho VERDE que falamos pretendemos com este projeto: a Valorização do produto e do território; um projeto com impacto Económico; um projeto de nasce de uma Reunião e de uma parceria entre o poder institucional, o poder político e a área científico; o Desenvolvimento da região e compromisso e uma Estratégica conjunta para defender e promover o Vale do Lima.”

Para o Município de Arcos de Valdevez o setor vitivinícola tem um papel essencial na competitividade e dinamização económica do concelho e na valorização do comércio, do turismo e do mundo rural.

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VIANA DO CASTELO ADERE AO PROJETO INTEGRADO DE APOIO À VITIVINICULTURA DO VALE DO LIMA

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O Municipio de Ponte de Lima, juntamente com os Municípios do Vale do Lima, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Viana do Castelo e a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC) celebram na próxima segunda-feira, 29 de janeiro, um protocolo relativo ao desenvolvimento do Projeto integrado de apoio à vitivinicultura do Vale do Lima.

A cerimónia, agendada para as 11 horas, realiza-se no refeitório dos Frades da Escola Superior Agraria do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC). O presente Protocolo tem por objetivo geral a elaboração de um projeto integrado de apoio à vitivinicultura do Vale do Lima que transfira conhecimento aos vitivinicultores, relativamente à identificação das zonas de aptidão vitivinícola, à gestão eficiente dos recursos hídricos, à proteção e manutenção da fertilidade do solo, à adoção de técnicas e métodos de viticultura de precisão e a valorização dos subprodutos da fileira vitivinícola numa ótica de economia circular.

O projeto integrado de apoio ao vitivinicultor do Vale do Lima será liderado pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, em estreita articulação com os outros membros do consórcio constituído pelos Municípios do Vale do Lima (Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo), pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), pela Adega Cooperativa de Ponte de Lima e pela Barcos Wines – Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.

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VIANA DO CASTELO ADERE À REDE DE ALDEIAS VINHATEIRAS DE PORTUGAL

O Município de Viana do Castelo, com o objetivo de valorizar o mundo rural e impulsionar o turismo de forma integrada, aderiu, desde a primeira hora, à Rede de Aldeias Vinhateiras de Portugal, criada, no dia 01 de dezembro, pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho, em parceria com os municípios associados.

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A Rede de Aldeias Vinhateiras de Portugal assume-se com um projeto de constituição de uma rede nacional de aldeias e freguesias em territórios com tradição vitivinícola, olivícola e corticeira e tem como objetivo contribuir para valorizar o património, fomentar o desenvolvimento sustentável e impulsionar o turismo de forma integrada no território nacional.

Esta rede nacional pretende, assim, integrar os territórios rurais que preservam o que de mais genuíno existem em Portugal, seja no campo da viticultura, da paisagem, das adegas, dos museus, da cultura ou das tradições.

Viana do Castelo, ciente desta realidade e da sua importância foi, como se referiu, o primeiro município a apresentar uma proposta devidamente estruturada, tendo identificado a União de Freguesias de Geraz do Lima e Deão (produtores de vinho: Solar de Louredo, Solar de Merufe, Sobrinho do Arcipreste e Caroça VineYards), Vila Nova de Anha (produtor de vinho: Paço de Anha), Serreleis (produtor de vinho: Phulia Wines), Subportela (produtor de vinho: Quinta do Abade), Chafé (Produtor de Vinho: Casa da Reina), Montaria (moinhos e passeios de burro) e Lanheses (ligação ao Turismo Equestre).

Este projeto da AMPV visa valorizar e promover o mundo rural, impulsionar o turismo e fomentar o desenvolvimento sustentável e as potencialidades turísticas e socioeconómicas das aldeias/freguesias associadas.

MONÇÃO E MELGAÇO MANTÊM A UVA MAIS CARA DO PAÍS NA VINDIMA 2020

Clube de Produtores Soalheiro vê assegurada estabilidade no valor da uva Alvarinho, em ano de pandemia, para reconhecer o esforço de todos os agricultores e garantir uma viticultura sustentável na região dos Vinhos Verdes. 

Com a Vindima a chegar, o Clube de Produtores de Monovarietais do Vinho Verde recebeu esta semana a notícia de que a valorização da uva irá manter-se este ano, mesmo com todas as condicionantes que a pandemia impôs à economia. O objetivo é reconhecer o trabalho dos produtores de uva associados ao Clube, valorizando a uva na próxima Vindima tal como na fase pré-Covid para reforçar a sustentabilidade económica da região de Monção e Melgaço: A Origem do Alvarinho. Um sinal de confiança para todas as famílias que, direta ou indiretamente, trabalham com a marca.

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Luís Cerdeira, enólogo e gestor do Soalheiro, considera que “está a ser, sem dúvida, um ano difícil, mas a resiliência da nossa equipa é enorme e as decisões difíceis também têm de ser tomadas. Por isso, queremos que o Alvarinho e o Vinho Verde continuem a ter as uvas mais valorizadas do país e que os viticultores dos Vinhos Verdes e de Monção e Melgaço tenham uma viticultura sustentável. Estamos confiantes e focados no desenvolvimento sustentável e acreditamos no potencial dos nossos vinhos”.

É opinião no seio dos produtores de uva que a chegada desta época tão importante para a economia da região implica a tomada de decisões que alavanquem o desenvolvimento e que valorizem o trabalho de um ano inteiro. Paulo Abreu, um dos viticultores mais antigos do Clube, acrescenta que “o investimento feito na viticultura pretende criar um rendimento complementar para as famílias e, caso não haja valorização, pode existir uma tendência para o abandona da vinha. Numa atividade tão vulnerável às condições climatéricas, é ainda mais importante existir estabilidade na valorização do nosso trabalho”.

Luís Cerdeira afirma que, num setor como o dos vinhos, é necessário olhar para estas decisões de uma forma integrada: “Esta valorização depende também do trabalho das instituições que participam na regulação e controlo do setor: Instituto da Vinha e do Vinho, ASAE, Comissão dos Vinhos Verdes e Direção Regional da Agricultura, por isso, a colaboração de todos é fundamental. Não podemos esquecer todos aqueles que têm contribuído, a nível nacional e internacional, para as vendas dos vinhos e para o crescimento deste setor que constitui um dos maiores motores da agricultura e do desenvolvimento do interior em Portugal”.  

2021 SERÁ UM ANO DE NOVOS DESAFIOS: 35 HA DE ALVARINHO SERÃO PLANTADOS

Com o objetivo de continuar a contribuir para a afirmação de Monção e Melgaço como uma região vitivinícola de excelência, a primeira marca de Alvarinho de Melgaço vai, em conjunto com o clube de produtores, promover a plantação de mais 35 ha de alvarinho, no próximo ano, ao abrigo da candidatura, recentemente aprovada, ao programa VITIS. 

 O Clube, que agrega produtores parceiros do Soalheiro, pretende contribuir para afirmar a identidade histórico-cultural, patrimonial, económica e social dos territórios ligados à produção de vinhos de qualidade e a defesa dos legítimos direitos e interesses dos seus membros, em estreita cooperação com as associações de outros setores que lhe estão ligados, a fim de dotar o território dos meios necessários ao pleno desenvolvimento técnico e económico-social.

AMARES CONQUISTA PRÉMIOS DE "A MELHOR VINHA 2019"

Os vinhos verdes de Amares continuam a dar cartas e a conquistar o mercado e os mais recentes exemplos desse sucesso foram as conquistas da Quinta D'Ornellas e Solar das Bouças, distinguidas com três prémios de ouro na categoria de “A melhor Vinha 2019”, no concurso promovido pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) que, anualmente, premeia "Os Melhores Verdes". A distinção, atribuída entre 15 propriedades inscritas, mereceu elogios por parte do presidente da Câmara Municipal de Amares, Manuel Moreira, que vem a público congratular-se por mais um prémio prestigiante para o concelho.

“Tenho dito e reafirmo que Amares é um concelho que possui caraterísticas naturais únicas que potenciam a produção e a qualidade do vinho verde que, por excelência, predomina no nosso concelho. Isto aliado à paixão com que os nossos produtores cuidam das suas vinhas e das suas produções só pode conduzir ao sucesso do nosso setor vitivinícola e estes prémios são disso mais uns bons exemplos”, sublinha Manuel Moreira.

“Trata-se de mais uma distinção prestigiante para o nosso concelho e, simultaneamente, um incentivo para que os nossos produtores continuem a trabalhar com o empenho e dedicação de sempre para que Amares continue a primar pela qualidade das suas castas e conquiste cada vez mais novos e importantes mercados”, acrescentou o autarca, reconhecendo o peso deste produto estratégico para o desenvolvimento económico e projeção do concelho de Amares.

PONTE DE LIMA CANDIDATA-SE A PRÉMIO EUROPEU QUE VALORIZA O PATRIMÓNIO VITIVINÍCOLA

Município de Ponte de Lima apresenta candidatura ao Iter Vitis Award 2018

O Município de Ponte de Lima, através do Centro de Interpretação e Promoção do Vinho Verde (CIPVV), é candidato ao prémio europeu Iter Vitis Award 2018, atribuído pela Associação Iter Vitis – Os caminhos da Vinha na Europa, destinado a distinguir iniciativas locais que visam apoiar ações de valorização e promoção do património vitivinícola e do enoturismo associados ao desenvolvimento económico local.

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O Iter Vitis – Os caminhos da Vinha é reconhecido como Itinerário Cultural do Conselho Europeu, do qual fazem parte 18 países europeus.

Desde Março de 2017, o CIPVV é a sede da Iter Vitis em Portugal, cuja presidência é assumida pela Associação Portuguesa de Municípios do Vinho.

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REBENTO DA VIDEIRA MAIS ANTIGA DO MUNDO SERÁ PLANTADO EM GAIA

PORTUCALENSE ACOLHE CONFERÊNCIA INTERNACIONAL WINE&VINE, UMA ESTREIA NO PORTO

O rebento da videira mais antiga do mundo tem cerca de 400 anos e vem da Eslovénia para ser plantado em Portugal, no Parque Biológico de Gaia, no âmbito da conferência Internacional Wine&Vine, organizada pela Universidade Portucalense em parceria com a Universidade de Maribor e promovida pelo Instituto Jurídico Portucalense.

O objetivo do evento, que irá juntar investigadores de várias partes do mundo, é envolver participantes em torno de um debate sobre os desafios que o setor vinícola enfrenta, como a desaceleração da economia global, o desenvolvimento sustentável e ainda o aparecimento de novos países produtores.

“É premente estudar a cultura do Vinho, uma vez que o setor tem um peso relevante no valor da produção agrícola da maioria dos Estados Membros da União Europeia. A UE lidera no mercado mundial do vinho em 45% de área total, de produção e consumo em 60% cada e ainda de comércio internacional, importação e exportação”, salienta José Caramelo Gomes, Presidente do Instituto Jurídico Portucalense, (IJP).

Dos vários Investigadores Internacionais, destacam-se três representantes da cidade eslovena de Maribor, Zan Oplotnik (Vice Reitor da Universidade de Maribor), Vesna Rijavec (Diretor da Faculdade de Direito) e Tomaz Kerestes (Vice Diretor da Faculdade de Direito).

A conferência que decorre nos dias 10 e 11 de novembro na UPT, é aberta ao público e conta com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), da Lex - Localis Press, da Universidade eslovena de Maribor e do Município de Vila Nova de Gaia

A Universidade Portucalense Infante D. Henrique (UPT) é um estabelecimento de ensino superior cooperativo que iniciou a sua atividade em 1986.

A UPT funciona exclusivamente na cidade do Porto, no pólo Universitário da Asprela, ministrando cursos nas nove áreas seguintes: Direito, Economia, Gestão, Informática, Psicologia, Educação, Turismo e Hospitalidade, Património e Cultura, e Relações Internacionais

PRODUÇÃO DA ADEGA COOPERATIVA DE GUIMARÃES CONTA COM COLHEITA DE 593 TONELADAS DE UVAS

Época das vindimas em 2016 enche mais de 800 pipas do vinho “Praça S. Tiago”

Colheita das videiras deste ano assegurou 400 mil litros de vinho, em Guimarães. Tempo chuvoso na primavera limitou quantidades produzidas, mas um verão quente e seco ajudou a uma produção de elevada qualidade. 

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A época das vindimas na Adega Cooperativa de Guimarães terminou com uma colheita de 593 toneladas de uvas que permitem, em 2016, uma produção de 400 mil litros de vinho, equivalentes a 800 pipas. «Temos um ano com muita qualidade», afirma o Presidente da instituição, José Sequeira Braga, depois de uma visita realizada pelo Presidente da Câmara Municipal, Domingos Bragança, durante a qual propôs a associação de imagens da cidade nos produtos vinícolas para reforçar a divulgação internacional de Guimarães. 

As boas condições climatéricas que se fizeram sentir em setembro e outubro permitiram concluir em quinze dias uma vindima com um universo de 250 hectares, distribuídos por 120 produtores ativos. «A primavera foi chuvosa e esse facto gerou algumas quebras na produção, contudo, o verão foi seco e permitiu uma excelente colheita! Ter um ano com grande qualidade permite satisfazer os nossos mercados e até reforçar o número de clientes», considera Sequeira Braga, indicando o Japão, França, Estónia, Polónia, Alemanha, Holanda, EUA e Brasil, além do circuito comercial português, como principais destinos do vinho com a marca “Praça S. Tiago”, a partir das castas loureiro, trajadura, pedemã, azal branco e tinto, vinhão, borraçal e espadeiro.

Domingos Bragança realçou a importância da Adega Cooperativa de Guimarães promover nacional e internacionalmente o vinho verde, «apreciado em todo o mundo», por privilegiar «a qualidade rigorosa e valorizar os excecionais recursos naturais» da região. «O mercado exige muito profissionalismo e o produtor agrícola vimaranense, com modernas técnicas agronómicas, cuida como ninguém do seu espaço para melhor servir quem nos procura», considerou.

Fundada em 1962 por 82 viticultores, a Adega Cooperativa de Guimarães estabeleceu-se em 1963 em Fermentões, com o objetivo de receber, vinificar e comercializar as uvas dos seus cooperadores. Devido às vantagens que a associação de produtores em cooperativas apresentava, a Adega Cooperativa rapidamente floresceu, agregando atualmente mais de 400 cooperadores do concelho de Guimarães, ocupando umas modernas instalações situadas na freguesia de Prazins Santo Tirs

CERVEIRA RECUPERA TRADIÇÃO VINÍCOLA

“Vila Nova de Cerveira teve uma forte tradição vitivinícola que é preciso reacender”

O Município de Vila Nova de Cerveira e a Confraria dos Vinhos Verdes subscreveram, no passado sábado, um protocolo de colaboração em defesa da identidade, da cultura e da economia da região alto-minhota e, mais particularmente, do concelho cerveirense. Entidades relembraram a riqueza histórica de Cerveira associada à vitivinicultura e formalizaram uma parceria “perene e sólida” para o desenvolvimento futuro do setor.

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A Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira recebeu, pela primeira vez, a Confraria dos Vinhos Verdes que se associou à promoção do sável do rio Minho e lançou o desafio para a realização da iniciativa “Vinhos Verdes e Produtos Endógenos”, culminando com a assinatura de um protocolo de colaboração.

Proferindo uma mensagem de boas-vindas aos confrades, o autarca cerveirense mostrou-se satisfeito com a aproximação destas duas entidades e o trabalho que pode ser desenvolvido em conjunto. “Atualmente, Vila Nova de Cerveira não é uma terra com grande tradição vitivinícola, mas já o foi outrora, pelo que espero que, num futuro próximo, cerveirenses e não só, possam enveredar por essa via”, disse Fernando Nogueira. O edil evidenciou ainda as condições naturais propícias para o vinho, “um sector que potencia um grande desenvolvimento económico”.

O Grão-Mestre Dr. Mário Correia congratulou-se com a assinatura deste protocolo de colaboração que não só resolve “uma lacuna que a Confraria tinha em Cerveira ao nível de presença”, como revela um vasto trabalho já desenvolvido pela Confraria com o intuito de “ajudar Vila Nova de Cerveira a ser no futuro aquilo que foi no passado: um grande centro de produção vitivinícola”.

Assegurando que a ‘Vila das Artes’ tem o direito de “honrar o seu passado de cultura de vinho”, o Grão-Mestre assumiu o contributo da Confraria em reacender uma “guerra” para colocar Cerveira no lugar a que pertence. “Vila Nova de Cerveira está dentro do espaço geográfico da Região Demarcada, mas não está inserida por isso, e a partir desta investigação, há muito que mexer na Demarcação das Sub-Regiões de Vinho Verde”, afirmou.

Durante a palestra intitulada “O Vinho e a Vinha em Vila Nova de Cerveira ao longo da sua história”, o Dr. Gonçalo Maia Marques fez uma resenha histórica da ligação de Cerveira à produção vitivinícola, numa viagem ao longo de 800 anos, registando que a primeira grande referência documental é na Idade Média. Entre as várias caraterísticas relatadas, o vinho produzido em Vila Nova de Cerveira tinha um preço elevado, indicador de um “produto bom e sólido, com exportação”.

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MONÇÃO E MELGAÇO MANIFESTAM-SE NO PORTO EM DEFESA DA SUB-REGIÃO DO VINHO ALVARINHO

Os concelhos de Monção e Melgaço estão a preparar uma manifestação pública para o próximo dia 13 de janeiro, na cidade do Porto, pela manutenção da exclusividade da produção e comercialização de Alvarinho - Vinho Verde na Sub-Região de Monção e Melgaço.

Alvarinho - Manifestação Pública

Entidades representativas de outros produtores da Região dos Vinhos Verdes reclamaram junto da Comissão Europeia do regime de exclusividade da Sub-Região de Monção e Melgaço, exigindo poderem de igual modo usar a designação de “Alvarinho”. Em causa está um negócio avaliado em cerca de 17,3 milhões de euros de que estes produtores poderiam beneficiar com o aumento das vendas e exportações.

A Comissão Europeia considerou que se tratava de uma discriminação, exigiu a realização de negociações entre as entidades interessadas sob a mediação do governo, através do Instituto da Vinha e do Vinho e a apresentação de uma solução para o problema até ao próximo dia 15 de janeiro, curiosamente dois dias após a manifestação convocada pelos produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço.

PONTE DE LIMA PROMOVE ESCLARECIMENTO SOBRE A “FLAVESCÊNCIA DOURADA” NAS VIDEIRAS

Sessão de Esclarecimento sobre “A Flavescência Dourada”. Festa do Vinho Verde e dos Produtos Regionais 2013. 14 a 16 de junho

O Município de Ponte de Lima, em parceria com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, promove, inserida no Programa da Festa do Vinho Verde e dos Produtos Regionais, uma sessão de esclarecimento sobre o tema “A Flavescência Dourada” no dia 14 de junho, as 14h30m, no Auditório Municipal.

“A Flavescênca Dourada” da Videira é uma doença que pode provocar importantes perdas de produção e ate a morte das videiras. Neste contexto, foi elaborado um Plano de Ação Nacional para o controle da Flavescência Dourada da Videira, com a congregação de esforços de várias instituições e organismos públicos, que será dado a conhecer nesta sessão de esclarecimento.

Assim, no dia 14 de junho, às 14h30, no Auditório Municipal, a sessão de esclarecimento terá o seguinte programa: “Epidemiologia e Sintomatologia da Flavescência Dourada” pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Plano de Ação Nacional para o Controlo da Flavescência Dourada da Videira” apresentado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária e “Ponto de Situação da Distribuição da Doença na Região Norte” pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte. Existirá também espaço para o debate, que poderá servir para elucidar e esclarecer todas as dúvidas e preocupações que a doença geralmente suscita.

A sessão encerra às 17h e antecede a abertura oficial da Festa do Vinho Verde e dos Produtos Regionais, que se realiza às 18 horas.

Para mais informações, contacte o Serviço de Turismo do Município de Ponte de Lima através dos seguintes contactos: turismo@cm-pontedelima ou telf: 258 900400.

CORTES GERAES E EXTRAORDINÁRIAS NA NAÇÃO PORTUGUEZA DEBATERAM EM 1821 A SITUAÇÃO VINÍCOLA DA NOSSA REGIÃO

Um dos assuntos levados às Cortes Geraes e Extraordinárias da Nação Portugueza em 1821, foi precisamente a situação do setor vinícola da nossa região, debatida na sessão de 23 de junho daquele ano. Deixamos aqui uma transcrição da referida discussão.

O senhor Sarmento. - Antes de eu dar o meu parecer nesta questão pergunto a V. Exa., se me he licito, segundo o regimento da Casa, o pedir alguns esclarecimentos a alguns senhores Deputados. Desejaria que os senhores Representantes do Minho, e com particularidade os da Cidade do Porto me instruissem sobre a opinião publica daquella cidade a respeito deste objecto, e se os moradores ao Porto convem, ou não no privilegio, que a Companhia tem do exclusivo das tabernas.

O senhor Ferreira Borges. - Eu pedia o favor de que se me mostrasse o Requerimento dos habitantes da Cidade do Porto, que nunca o vi, para poder responder, porque desejava saber quaes são as pessoas assignadas, das quaes devo conhecer muitas.

O senhor Freire. - Não existe na Commissão de Agricultura, ou está na Secretaria das Cortes, ou foi para a Regencia.

O senhor Abbade de Medrões. - Neste anno he justamente do que mais se precisa, que continue o exclusivo, para o futuro se poderá abolir, mas este anno he quando, mais se necessita. Eu requeiro que se lhes prorrogue a estillação das agoas-ardentes porque he o melhor meio, se não se lhes prorroga por mais algum tempo, não sei o que ha de ser dos Lavradores. Quando aqui se disse que o Requerimento que tinhão feito as Cameras era pela Companhia, eu não sei como podia ser, nem sei como isso possa ser possivel, que interesse podia ter a Companhia comprar vinhos que não podia consumar? Isto he claro que não podia haver soborno, como tenho ouvido dizer aqui em outra Sessão. O interesse da Lavrador que tem vinhos, he de vendellos. Eu não fallo por mim, porque eu posso destillar alguma cousa; mas os Lavradores não estão nessas circumstancias, não teem para pão, não teem para nada. Esta he a verdade: não esternos aqui com discursos energicos, e estudados, que para isto não he preciso. A cousa he muito simples. O Lavrador tem muito vinho; a Colheita está pendente, elle não tem nem para vender, nem para fazer a sua Colheita, pois como ha de ser isto; Para se conhecer isto não se precisa de discursos estudados. Que a Companhia tem malles, todos convem, e todos convem, tambem que precisa reforma; mas isto não he do que se tracta; do que se tracta he do mal que presentemente sofrem os Lavradores, e para que este acabe, ou pelo menos diminua, he necessario fazer que por algum tempo continue este privilegio.

O senhor Sarmento. - Não me causa admiração o progresso da luta da Companhia, porque os ultimos paroxismos de todos estes estabelecimentos, forçados tem sempre sido aterradores; a sabedoria do Congresso ha de tomar as mais ajustadas providencias a fim de que a destruição deste estabelecimento em tempo algum arraste a ruina de familias, como em França aconteceo com a Companhia denominada do Mississipe, e em Inglaterra com a Companhia chamada do Mar do Sul. Porém, senhor Presidente, eu creio que hoje se não trata da questão, se ha de, ou não existir a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, porque me persuado não he esta a ordem do dia, nem eu venho preparado para huma tão importante, e complicada questão. Trata-se, eu julgo, de se conceder, ou tirar á Companhia dos Vinhos certo privilegio, que ella tem pelas Condições da sua Instituição do monopolio das tabernas na cidade do Porto, e nos lugares circumvisinhos em distancia de tres legoas. He necessario esclarecer este objecto. O Douro divide-se em dous partidos: aquelles que tem bons vinhos não querem a Companhia; porque tem segura a venda delles, antes a Companhia he o maior obstaculo para elles, porque o preço he subjeito á mesma taxa que a dos vinhos inferiores; supposto que os negociantes comprem estes vinhos superiores por quantias acima da taxa, isto se faz por infracção da Ley, e huma quantidade tambem he comprada pela mesma Companhia, vindo os vendedores a, perder sommas da maior consideração, que serião delles, se o preço fosse a aprazimento das partes. Aquelles lavradores, que possuem vinhos inferiores instão pela existencia da Companhia, e elles tem rasão, porque ella fez a habilidade de lhe dar o mesmo valor, que bem os vinhos superiores: se esta operação he hum acto de justiça, eu deixo á sabia consideração do Congresso. Para se conseguir identificar os vinhos superiores com os inferiores recorre-se a arbitrios da maior extravagancia, e injustiça: fogem se esterilidade por meia das elogiadas separações, pelas quaes se renuncia o favor da Providencia, quando ha abundantes colheitas; cobre-se a inferioridade dos vinhos dos afilhados, comprando-se, contra a vontade de seus donos, vinhos da maior escellencia pertencentes a lavradores desprategados, para lote dos muitos vinhos méos, que a Companhia compra áquellas pessoas, que ella está empenhada a proteger, e cujos vinhos com dificuldade acharião compradores, e quando fossem vendidos, serião por hum preço mais diminuto. A questão sobre a qualificação dos vinhos do Douro tambem he outro ponto digno de attenção; o rio Corgo fórma a linha geral de demarcação: a rivalidade entre os lavradores de cima Corgo, e baixo Corgo parece-me não ter fundamento solido, porque por mais argumentos, que se apresentem, a fim de mostrar que fauna vinhos são superiores aos outros, parece que os compradores devem ser os juizes, e infelizmente para os lavradores da direita do rio Corgo, os vinhos da esquerda daquelle rio são mais procurados, e he impossivel estabelecer regulamentos, que constranjão compradores de qualquer genero a comprallos contra a sua vontade. Sou informado que na feira passada houve preços extraordinarios, muito acima da taxa da Companhia: como he possivel, debaixo de principios de justiça obstar á fortuna daquelles lavradores, que são particularmente favorecidos pela natureza possuindos terrenos productores da excellente vinho tão procurado pelos negociantes, a um de que a sua fortuna se reparta pelos Lavradores dos vinhos, que não são tão estimados na opinião do cammercio? Eu não posso descobrir arbitrio algum, porem o systema da Companhia amplamente satisfaz esta pertenção por meia das suas restricções, e monopolios. Tem entre estes hum distincto lugar o do exclusivo das tabernas do Porto. Não existem argumentos mais capciosos, para justificar-se similhante oppressão do que os que pertende inculcar a Companhia. Parte-se de hum principio falso, e he que o Porto, sem a Companhia; comprar vinhos no Douro, para as tabernas não dará consumo algum áquelles vinhos: eu estou pelo contrario persuadido que livre, o commercio de tal mono-

polio, os taberneiros hão de aporfia procurar ter melhor vinho; este não existe nas visinhanças do Porto, ha de forçosamente vir do Douro; presentemente como o vinho de todas as tabernas he o mesmo, quem necessita de o comprar não tem aonde escolher, e compra-o como o acha, porem tendo onde escolher, ha de procurar o melhor. Esta observação vê-se em Coimbra, aonde havendo muito soffriveis vinhos, os taberneiros, que pertendem dar reputação ás suas vencias, e ganhar freguezia, procurão surtir-se de excellente vinho, e sobem pelo Mondego, e comprão em Santár, e nos terrenos visinhos daquelle districto da Beira notados pela excellencia de seus vinhos os melhores, para os hir vender em Coimbra. A mesma Provincia do Minho populosa, e habitada por moradores industriosos preferem o vinho maduro ao seu vinho verde, e talvez a humidade do clima seja a causa de alli se beber mais vinho do que nas terras altas do Traz-os-Montes. O vinho verde do Minho já he um grande parte consumido na distillação para agoas-ardentes, operação facil no Minho em rasão da abundancia de lenhas: facilitando-se pois o commercio do vinho do Douro, eu não duvido que os vinhos, que sobrarem da exportação sejão facilmente consumidos no Porto, e no Minho; porem he preciso dar liberdade ao commercio, e destruir inteiramente os obstaculos, que se oppõe a este ramo tão importante de riqueza nacional, com o fim injusto de enriquecer, á custa do maior numero. Neste mesmo Augusto Congresso eu me oppuz ao estabelecimento de hum celeiro no Porto, por me persuadir que similhante estabelecimento obstava o commercio das Provincias; os mesmos principios de justiça estão agora, para que se não sacrifique a liberdade daquella Cidade ao interesse do Douro, quando mesmo assim succedesse, o que eu mostrei ser huma illusão. Sou por tanto de opinião que de huma vez acabe hum exclusivo tão oppressivo, o parlo mais sanguinolento entre os muitos da administração do Marquez de Pombal, cujo nome só como o auctor de inaudi as barbaridades, e castigos, que se exacerbarão ha de ser transmittido com infamia a mais remota posteridade, vendo-se pela primeira vez, as crianças castigadas com palmatuadas decretadas por huma Sentença: a Cidade do Porto que duas vezes se cobrio de gloria em nossos dias já concentrando em si os meios de arrojar-mos deste Reyno a barbaridade Franceza, e ultimamente sendo o berço da liberdade Portugueza tem direitos a ver acabado hum estabelecimento, cuja historia ainda nos horrorisa: satisfaçamos os males de tantos infelizes pela destruição desse odioso exclusivo, que levou ao patibulo lautos desgraçados filhos de tão heroica cidade.

O senhor Barreto Feyo. - A questão he simples, mas tem-se complicado. Eis aqui os termos, a que, me parece que ella se deve reduzir. Póde a Companhia satisfazer as onerosas condições, com que lhe forão dados os seus exclusivos, huma das quaes he comprar e consumir todos os annos trinta mil pipas de vinho de feitoria, que ficão na feira sem comprador, e vinte mil de ramo, e separado? Ninguem de boa fé me responderá, que sim; porque desde a sua instituição não me consta que haja exemplo de ella haver cumprido esta condição senão o anno passado, em que comprou o vinho que sobejou, do qual deve ainda grandes sommas, e conserva nos Armazem do Porto quarenta mil pipas sem extracção: do que resulta, nem ella, nem os Commerciantes poderem este anno comprar; ella, porque não tem dinheiro; elles, porque se recebo da massa enorme de quarenta mil pipas, que ella, mais dia menos dia, hade ser obrigada a lançar de repente no mercado, abaratando necessariamente em proporção desta abundancia o preço dos vinhos.

Ora pois, se ella não póde preencher as condições, deverá conservar o privilegio?

Em duas palavras, Senhores: ou a Companhia hade satisfazer os encargos, com que lhe forão dados esses monstruosos exclusivos, ou estes lhe hãode ser tirados; porque conservallos, sem cumprir as condições, seria não só injusto, mas summamente prejudicial á Agricultura e Commercio deste ramo.

O senhor Borges Carneiro. - Eu tambem voto contra o exclusivo: primeiro porque he contrario ás Bases da nossa Constituição; segundo porque não foi concedido á Companhia exclusivamente para a sua existencia, senão para prevenir as misturas que se fazião dos vinhos, sendo assim que as Juntas passadas tem feito ainda mais em contra do fim para que o Privilegio se concedeo: terceiro porque está extinguido de facto, e querer opprimir outra vez aquelles que estão ha mezes livres desse mal, poderia occasionar algum transtorno. Não convem de modo algum chamar á memoria essas atrocidades de que faz menção o Illustre Deputado o senhor Sarmento. Semente lembrar o horrivel modo porque foi estabelecido o exclusivo, faz que tenha huma recommendação, mais que sobeja para sua extincção. Diz-se que causa perda á Companhia. A Companhia poderá ter dado huma grande sahida a estes vinhos quando começar a destilar; mas tem começado a suspender todas as dessillações. Se ella não destilla agora, he por aquella prepotencia e má fé que sempre tem tido. Não fallo da Junta presente; mas fallo das Juntas passadas, que erão compradas pelos Aulicos, e pelas infamias confiecidas daquelles tempos nos quaes as Leys de nada vallião. De modo nenhum convenho em que se prorrogue o exclusivo da destillação da agoa-ardente, porque acabamos de fazer huma Ley que marcou o praso até ao fim do anno, e não havemos de revogalla já. Sou pois de parecer, que não se extinga a Companhia; que se lhe de a segurança destes cinco annos que faltão, tractando-se então da sua reforma, e que desde já seja abolido o privilegio do exclusivo.

O senhor Vanzeller. - Quando tem sido questão da Companhia neste Augusto Congresso, foi constantemente a minha opinião que a sua immediata extinção traria consequencias funestas, e foi nesta persuasão que dei agora o meu voto separado, e neste voto a meu ver se acha combinado o interesse geral.

Não ha só Lavradores de vinho no Douro, tambem os ha na Bairrada, Anadia, e outros lugares da Beira; tambem os ha no Minho que merecem igual contemplação. Alem disto tambem devemos

contemplar os Accionistas da Companhia, e os Consumidores da Cidade do Porto.

Confirmo o meu plano, os vinhos da Bairrada, Anadia, o outros sitios da Beira, aos quaes se não estende o privilegio da Companhia, ficão para os mesmos usos que até aqui tinhão, e o Lavrador melhora de sorte, porque lhe acarece a liberdade de poder distillar e vender a sua agoardente a quem quiser.

Os do Minho ficão como até aqui estavão, mas melhorão de sorte, porque tambem podem distillar, e vender a agoardente pelo que quiserem, e a quem quizerem, ou importalla.

Os Lavradores do vinho chamado de embarque tambem ficão beneficiados pela extinção do poder que sobre elles exercia a Companhia, e não he pequeno beneficio, quanto a mim, o não estarem subjeitos a taxas, e qualificações.

Os Lavradores do districto de Ramo, e outros que não estão dentro da demarcação, ficão muito beneficiados, porque ninguem duvidará que huma vez extincto o privilegio de Ramo, que o publico tira melhor vinho, e muito mais barato, que sendo melhor, e mais barato se bebera mais, que bebendo-se mais, mais venderão aquelles Lavradores, accrescendo-lhe a liberdade de vender o vinho para ser exportado para qualquer parte do mundo que não seja Inglaterra e Ilhas adjacentes; e de poderem distillar os seus vinhos, o que até aqui não podião fazer senão subjeitos ás mais duras condições.

Os Accionistas, recebem como subsidio, ou indemnização pelo privilegio que se tira, e que era da Instituirão huma quantia por pipa de vinho que se vender nas tabernas, que chegará naturalmente para os juros do fundo, alem de hum que accrescerão em mandar, como até aqui fazião, ambos para Inglaterra, em execução das Ordens que seus Agentes lá lhes alcanção.

O publico fica beneficiado, porque bebe melhor vinho, e mais barato, não obstante o sobredio que se impõe em cada pipa, pois que supponde ser o ganho da Companhia até aqui dei mil réis em pipa este ganho era tirado do Consumidor, e agora se lhe lira huma somma menor.

Findos estes quatro annos, e que a desejada união com o Brazil se realize, e que em consequencia as 20 mil pipas de vinho que o Brazil consome, e reexporta sejão exclusivamente da producção de Portugal, e que hum Tratado com a Russia, favorecendo a importação de nossos vinhos abra o consumo a b ou 6 mil pipas por anno, então e só então he que julgarei prudente seguir outro plano.

O senhor Peixoto. - A discussão está versando sobre dous pontos: reforma da Companhia = exclusivo das Tabernas do Porto. As Commissões reunidas, convierão, posto que com variedade, em que a Companhia se reformasse; e na extincção do exclusivo. O voto geral do Congresso tem-se pronunciado com o Illustre Preopinante o senhor Pereira do Carmo pela reforma somente, sem della separar o exclusivo. He tambem esse o meu voto; e segundo entendo ha nos Pareceres das Commissões huma notavel contradicção da Companhia; e extincção antecipada dos seus exclusivos: não entendo. O objecto eu se considere em respeito nos Particulares, e á cultura do Alto Douro; ou em respeito do interesse geral da Nação; ou com attenção ás rendas do Thesouro, he de summa ponderação. A sua resolução decide da fortuna, ou desgraça de muitos milhares de familias; e de se tomarem os jardins cultivados nas montanhas situadas nas margens do Douro, em maltas bravias, que dantes erão: decide do Commercio de hum genero Nacional, cuja exportação mette annualmente em Portugal de 11 a 12 milhões de cruzados, ainda sem fallar no vinho extraviado aos direitos, que importará em mais de hum milhão. Decide ultimamente a sorte de hum genero que em 10 annos tem dado ao Thesouro, hum anno por outro, hum milhão, e 700 e tantos mil cruzados. Bem se vê que o objecto não he para palear com meias medidas; precisa-se tractar de huma vez mui reflectidamente. A Companhia he, ou não he necessaria para a Lavoura e Commercio dos vinhos do Douro?... Se he necessaria, permaneça, e se convier (como ninguem duvida), reforme-se: se não he necessaria, prepare-se a sua demolição, e apeie-se com cautella, de sorte, que se aproveitem todas as suas peças: nada de destruilla por minas; porque hum colosso tal, arruinado de repente, ha de esmagar tudo quanto achar diante de si. Ou para a reforma, ou para a extincção, pede a prudencia, que em todo o caso, se oução os interessados - a Lavoura - o Commercio do Porto - a Ilustrissima, Junta, representando os accionistas. Todo outro arbitrio será sujeito agraves riscos. Quanto á urgencia, que alguns Illustres Deputados inculcão, da prompta extincção do exclusivo, como providencia favoravel á venda dos vinhos, que os Lavradores do Douro tem empatados, he absolutamente van, como fundada em principios falsos. As Tabernas do Porto, acabado o exclusivo, não consomem mais vinho do Douro. He bem sabido que naquella Cidade, quem tem algum, tractamento, ou compra vinho ao junto, ou engarrafado: e o povo quer muito, e barato, seja do Douro, ou do Minho: em consequencia os Taberneiros não hirão comprar vinho ao Douro, de que só a importancia dos transportes, e dos direitos excede ao preço que lhe custa o do Minho. Não ha por tanto motivo algum que possa determinar-nos a separar o exclusivo, da reforma da qual unicamente deve tractar-se pela maneira que apontei.

O senhor Bastos. - Tem-se discorrido tanto sobre o objecto em questão, que pouco me resta. Com tudo tentarei fazer algumas reflexões.

O exclusivo he actualmente inutil á Companhia; porque se acha abolido de facto. Procurar restabelecello será talvez mui perigoso. He prejudicial ao Lavrador, porque lhe coarcta a liberdade, e restringe os effeitos do seu dominio: ao consumidor porque o obriga a comprar a hum o que podia comprar a mil, isto he, o peor e o mais caro. A liberdade he o espirito vivificador de tudo. A concurrencia dos vendedores de hum genero, he hum estimulo para o seu melhoramento. O vendedor que se vê só no mercado attende ordinariamente á quantidade com offensa da qualidade: certo de que sempre se lhe ha de comprar, e pelo que quizer, por não haver mais a quem. Eis-aqui o que tem feito a Companhia, e o que continuará a fazer se se lhe conservar o exclusivo. O exclusivo tem tornado a Companhia em todos os tempos hum objecto de horror. Ainda os Povos não conhecião a extensão de seus direitos, já olhavão como hum ataque a elles este privilegio; e foi necessaria toda a energia do mais despotico Ministro que teve Portugal, para levar ao cabo huma edificação será a regularidade, sem proporções, e de huma architectura toda contraria á da natureza.

Consequentemente he o meu voto que o exclusivo de que se trata fique desde hoje extinto. Em phrasiologia constitucional as palavras privilegio e injustiça são sinonymas.

Não posso, deixar de me oppor á idea de compensar á Companhia a perda de hum privilegio com 2400 réis em cada pipa de vinho.

Que he isto senão hum tributo lançado ao Lavrador, e ao Consumidor em beneficio dos Accionistas da Companhia, e dos Empregados della? Ora eu comprehendo o direito com que se lança hum tributo á Nação para as necessidades da mesma Nação; mas não posso comprehender com que direito se ha de lançar hum tributo aos Povos em favor dos capitães de alguns homens reunidos em sociedade.

O pensar-se que a Companhia não poderá subsistir de outra sorte, abolidos os exclusivos he huma chymera. A Companhia tem grandes fundos, e grandes estabelecimentos. Nisto ninguem póde competir com ella. Administre os bens, converta a prodigalidade em economia, e subsistirá, independentemente de privilegios, com questão odiosa se tem tornado.

E a que fim lhe foi concedido o exclusivo das tabernas? Foi para se obviar a dulleração da pureza natural dos vinhos com lotações, e composições estranhas, como se diz no § 28 da Ley da Instituição. Tem a Companhia preenchido este fim? Ao contrario o que se costuma vender nas suas tabernas, he numa especie de veneno denominado vinho, proprio para minar lentamente a saude, e a vida a quem delle faz uso.

Huma épocha apenas houve de que eu tenha conhecimento em que a Companhia vendeo vinho puro em suas tabernas, foi a da invasão dos Francezes na Provinda do Minho.

São estes os grandes serviços da Companhia relativamente ao vinho atabernado! E trata-se de os premiar com 2$400 réis em cada pipa. Se assim, se recompensa o crime, que premio reservaremos nós para a virtude?

E a Cidade do Porto que tanto heroismo tem desenvolvido em todos os tempos, e com muita especialidade no daquella invasão, e no da actual Regeneração, merece que em lugar de lhe diminuirmos os tributos, lhe vamos impor mais hum? E em proveito de quem? De huma Instituição, que começou por fazer cortar as cabeças a muitos dos seus habitantes, e que depois disso não tem deixado de lhe ser oppressora. A Companhia he huma grande arvore, cuja plantação foi regada com sangue, e cuja conservação tem sido nutrida com lagrymas!

O dizer-se que o exclusivo era muito mais oneroso que aquelles 2$400 réis em pipa, e que ainda se faz muito favor ao Porto em substituir duma cousa á outra, importa o mesmo que dizer de hum homem que esta injustamente em ferros, que se lhe faz muito favor em o soltar, despojando-o de seus cabedaes, porque o perda da liberdade he maior que a da fazenda.

O senhor Vanzeller. - Eu já disse que se se decidir que o privilegio fique, fica o Povo mais aliviado. (Isto foi que ouvi, e nem sei se ouvi bem isto - diz o Tachygrapho Marti).

O senhor Miranda. - Diz o Preopinante que a Companhia do Douro he huma arvore que foi plantada com sangue, e que tem sido conservada com Jagrymas: assim he; mas tambem he necessario prevenir que aquella grande arvore não precipite debaixo de suas ruinas, não só os habitantes da Cidade do Porto, que queremos aliviar, mas a outros muitos. Devemos-nos lembrar que a desgraça do Douro e do Porto, são consequencia huma da outra. Quando se tratou aqui da extincção da Companhia, me oppuz fortemente a huma extincção instantanea e repentina. Se nos lembramos que em Hespanha existe huma Companhia ainda mais opposta aos principios do liberalismo, que he a da Mesta, e se se repara as considerações que tem tido com ella as Cortes de Hespanha, aprenderemos a ser mais prudentes: se nos lembrar-mos que em Hespanha ha huma Companhia, como a Companhia de Fillipinas, e que se não tem extinguido instantaneamente concedendo-lhe hum termo de tres annos, seremos mais circunspectos. Ouço dizer, não se extinga a Companhia, senão reforme-se e extinga-se desde já o privilegio exclusivo. He o mesmo que dizer, inforque-se o Réo, e depois dê-se-lhe vista no desembargo do Paço. Dizer que o seu privilegio he extincto de facto, não o posso combinar com tantas rasões, e tantos argumentos como a Companhia dá para manter este privilegio. Tambem ouço dizer que o Douro abomina o exclusivo; que o exclusivo das tabernas se extinga, que o Povo se ache contente desta extincção, e que seja em seu proveito, convenho; mas se se trata do privilegio da extracção, isto he mui differente. O exclusivo he fatal, he contra as Bases da nossa Constituição; mas sua extincção instantanea, póde ser prejudicial. Devemos ter em consideração hum objecto de muita importancia, e he, que a Companhia faz girar huma grande massa de Capitães exclusivamente empregados na Commercio do vinho, hia-se tirar desta sorte a utilidade da Lavoura do Douro, e a ficar fora de circulação muitos milhões de capital, cuja falta devia ser conhecida, se tomavão outro destino. Por conseguinte sou de parecer que se proponha huma reforma que esteja em harmonia, e não opposta ás Bases e a Constituição, formando este plano de accordo entre si as partes interessadas, e não submetter-se a Requerimentos, porque nada ha mais facil n'huma grande Cidade, que alcançar sessenta assignaturas: este he o meu voto. (Apoyado, apoyado.)

O senhor Ferreira Borges. - Demoro-me pouco porque tenho ouvido dar respostas a muitos argumentos, mas não a huma cousa que lembrei. He optimo que se ache hum methodo para que o vinho seja bom e barato, não só para o Porto, senão para todo o Reyno, porque neste caso tanto olho eu para o Porto, como para todo o Reyno. Mas pergunto, como se hão de arrecadar os direitos que se arrecadão atégora do vinho do ramo? Como hão de entrar na caixa da Nação esses subsidios votados para a Nação, e não só para a Nação, senão mais particularmente para a Barra do Porto, para o Caes, para a Academia da Marinha do Porto, parti esses mesmos Lavradores, etc. etc. Por isso peço que aquelles senhores que votão contra o exclusivo, proponhão ao mesmo tempo como se arrecadão estes subsidios; porque de outro modo acabando o ramo, acabarão esses direitos. Isto não involve só a Cidade do Porto, senão alguma cousa mais. A respeito do que tenho ouvido dizer das agoas-ardentes, devo fazer considerar que para que ha de continuar a Companhia a distillar, se sabe que o seu exclusixo está acabado? Peço por tanto que se tenha em vista o que acabo de propor, deixando á parte o que respeita a agoa-ardente.

O senhor Gyrão. (Fallou poucas palavras, que o terrivel susurro da Salla me não deixou perceber - diz o Tachygrapho)

O senhor Soares Franco. - Pôde-se fazer exactamente, a respeito do que propõe o senhor Ferreira Borges, o que se faz em Lisboa: cobrão tres vintens... hum he para a illuminação, e os outros para outra cousa; todos entrão, e se pagão d'huma voz, e depois se dividem em differentes objectos. Por consequencia nisto não ha duvida. Em quanto á distillação me esqueceo lembrar, que se devia libertar de direitos, e mandar vir huma ou duas machinas novas distillatorias para o Douro, porque isto póde influir muito na bondade da agoa-ardente. Em quanto á questão principal; pôde-se perguntar, se a existencia da Companhia depende absolutamente da existencia do exclusivo, e não dependendo, hoje mesmo se póde abolir o dito exclusivo; e senão, ficar adiada esta materia.

O senhor Miranda. - Eu não quero o exclusivo; quero reforma, e a quero feita com conhecimento de causa. E pelo que pertence á agoa-ardente, não se podo menos de estranhar a Companhia não ter querido distillar nada; nessa parte não póde deixar de ter alguma culpa.

O senhor Bettencourt. - Farei huma reflexão muito particular, e vem a ser que o Consumidor he sempre quem mais paga. Huma Pipa de Vinho que entra em Lisboa, paga 12$000 rs. e tem 30 Almudes: no Porto paga dezoito mil e tantos réis, e tem 21 Almudes. Eis-aqui a differença.

O senhor Ferreira Borges. - Não senhor a medida he igual.

O senhor Bettencourt. - Está bem: mas apezar disso, o imposto do vinho do Porto, he tão absurdo e despotico, que tem rasão de se queixar, porque vem a pagar mais 50 por cento, que os de Lisboa em quantidade, Agora sobre a qualidade, tambem ha differença, porque todos os que vendem em Lisboa, procurão os melhores vinhos para venderem. Eu como Membro da Commissão de Agricultura, peço que se tenha em vista todos estes principios, quando se faça a reforma da Companhia.

O senhor Sarmento. - O Illustre Deputado o senhor Miranda prevenio-me na resposta que eu queria dar ao senhor Ferreira Borges, a respeito das agoas-ardentes. Eu digo que a Companhia, deve destilar, porque este he o seu dever, porque a sua instituição tem o fim de proteger a lavoura; e não compra vinhos, para fazer a destilação, por não poder, he muito differente; mas senão os compra porque não os quer, deve-se-lhe estranhar muito, e muito. Aqui se vê o que ella era antes da existencia das Cortes. Sempre foi cavilosa, nunca protegeo a Lavoura como devia; este procedimento quando não havia a Representação Nacional. Trata-se da exportação do vinho da Companhia, eu offereço huma lista, para que se veja essa decantada exportação (Leo huma lista, fazendo comparação, e dizendo que os Negociantes particulares exportavão vinte mil oitocentas e huma pipas de vinho, quando a Companhia sómente linha exportado tres mil duzentas e oito pipas no mesmo anno de 1820 para Reynos estrangeiros).

O senhor Peixoto. - A Companhia não he Corpo de Commercio; he hum Corpo economico, de protecção á Lavoura, e Commercio dos vinhos do Douro: vista neste ponto, he claro, que póde ser escassa a sua exportação, sem que com tudo ella deixe de satisfazer aos fins, para que foi instituida. Ha outra imputação do Illustre Preopinante, futil he responder. A Companhia nos annos passados, destilava no Douro vinhos caros; porque o exclusivo das agoas-ardentes, segurava-lhe a sua vida, sem perjuizo. Sortia as agoas-ardentes do Douro com todas as das Provincias do Norte; e o Governo por hum calculo medio do seu custo, taxava o preço de venda uniforme, para humas e outras. O exclusivo acabou em tempo, que a Companhia linha nos seus Armazens, pela volta de 4:000 pipas de agoa-ardente, para o consumo da qual se lhe concedeo o resto do corrente anno. Daqui em diante deve comprar como os Commerciantes, para fazer negocio util aos Accionistas, a quem representa. No Douro, ainda que o vinho se compre por preço inferior ao da sua taxa, são taes as despesas da destillação, que não poderia fazer-se huma pipa de agoa-ardente, chamada de prova, por menos de 120 ou 130 mil réis: ao mesmo tempo que no Minho se está vendendo de igual força a 70 mil réis; He esta, e nenhuma outra, a razão que a Companhia tem para abandonar as destilações do Douro.

O senhor Peçanha. - (Não ouvi - diz o Tachygrapho.)

O senhor Guerreiro. - Antes de enunciar a minha opinião, peço que se lea o Requerimento que fizerão os habitantes do Porto, para a extincção deste exclusivo. (Foi-lhe respondido que não se sabia aonde parava.) Acho bastante irregular, que se trate de deferir a hum Requerimento, sem estar presente. Com tudo indicando a minha opinião sobre a questão proposta, de se se deve abolir, ou não, o exclusivo do vinho de ramo; digo que pelas rasões que se tem ponderado, vejo que importa esta abolição á Companhia, já porque se abre á Cidade do Porto a exportação para fora da barra a todos os vinhos do Reyno, já porque se lhe tirão os lucros á Companhia, e já porque se impossibilita da cobrança mais facil dos impostos de que estava encarregada. E isto he tanto assim, que já alguns Membros da Commissão calcularão, como consequencia necessaria da abolição da Companhia, estes preleminares. Isto estabelecido, vamos agora o ver se he, ou não he conveniente á Nação similhante abolição do vinho de ramo.

Eu approvo em toda a extensão, os principios largamente desinvolvidos contra os privilegios exclusivos, e as rasões dos Lavradores, Consumidores, e Negociantes; mas nego que estes principios geraes possão ser applicados as circunstancias actuaes. Para não repetir o que se acha exposto, e demonstrado, limitar-me-hei a alguma consideração. Foi estabelecida a Companhia, para fazer face ao monopolio que os Estrangeiros fazião sobre o Commercio dos vinhos do Douro, de cujo monopolio era necessario que acabassem as consequencias. O resultado da Companhia, forão cessar os effeitos do monopolio, e augmentar a hum ponto extraordinario o valor das vinhas do districto da demarcação, é a cultura de outras, que se extendeo até aos Termos em que se cultivava vinho do ramo, e que se extendeo a muitas terras plantadas de oliveiras, que se arrancarão para plantar vinhas. Outro resultado, calculado da sua existencia, e que permaneceria com sua prelongação, foi espalhar seus cabedaes por differentes partes da Europa, e America, e tornar a juro varios capitães, que por suas especulações forão empregados, e espalhados. E em quanto ao primeiro mal, para que foi estabelecida a Companhia, está conseguido o seu remedio de tal maneira, que da extincção da Companhia, não resulte tornar-se a realisar os inconvenientes, que se querião destruir? Os nossos Negociantes não pensão já nas emprezas do Estrangeiro? Os nossos vinhos tem já facilitado a sahida nos mercados? Estão já regulados os direitos? Temos feito Regulamento em nossa Marinha, para facilitar os fretes? Sabemos já como hão de ler os nossos Negociantes o bucilano, para remetter os vinhos? Ninguem o dirá, pois extincta a Companhia, devemos pensar nisto; devemos pensar que o monopolio dos Estrangeiros, a final acabará com este Commercio.

Em quanto á segunda consideração, o valor das Vinhas do Douro actualmente não he falso, mas leal, e não fingido. Tem multiplicado na qualidade hum duplo do seu valor. Não só os bons vinhos, senão outros muito mais inferiores, subirão a hum valor quasi igual, por estar na demarcação. Extinguindo-se a Companhia, cessou este beneficio; todas as Vinhas reduzir-se-hão a par das outras, fora da demarcação, e desde esse momento estarão reguladas pelo valor correspondente a essa classe. Confesso que isto he reduzir as cousas a seu estado natural, mas ninguem me negará esta possibilidade, e que isto occasionará ruina de muitas familias que jamais se reparará. Tenho dito em terceiro logar que o resultado da existencia e da prolongação da Companhia, foi espalhar proprios, e alheios. A Companhia não póde realizar estes cabedaes, senão pelo custo de muitos annos, e sem continuar a existir, e a sua extincção ha de envolver a perda de muitos. Não póde pagar a seus credores, especialmente quando tem lido o choque de muitos centos de mil cruzados, que se tem visto obrigada a pagar desde o primeiro instante em que aqui se tratou da Companhia. Por todas as rasões indicados, não posso pois convir na extincção do exclusivo, porque delle se infere a extincção da Companhia.

O senhor Presidente tendo chegado a hora de levantar a Sessão, tomou votos sobre se esta materia ficaria adiada; e decidindo-se que sim, a adiou sem mais discussão.