A festividade do Corpo de Deus surge para a Igreja Católica contrapor o ideal protestante da não aceitação da hóstia enquanto personificação do Corpo de Cristo. No século XIII a Igreja estende a obrigação do Corpus Christi a todo o mundo cristão.
Em Ponte de Lima o primeiro documento que a relata data de 1537, embora o mesmo refira a confirmação do costume, ou seja, já se realizaria antes desta data. As festividades do Corpo de Deus extravasavam o limite da procissão, havendo festa pagã, corridas de touros e outras animações, muitas vezes punidas pela Igreja. É o caso da Vaca das Cordas!
Os mesteres e as confrarias eram chamadas a assumir quadros da procissão e outras tarefas associadas às comemorações. São exemplo, os carros dos ramos e o das ervas. Os primeiros destinavam-se a carregar ramos para revestir a Igreja Matriz, o carro das ervas tinha de estar pronto no dia da procissão e abria o cortejo. Provavelmente será esta a origem dos tapetes, ambos com a mesma função, a de aromatizar e disfarçar os maus cheiros das ruas por onde passava o Santíssimo. Não nos podemos esquecer que as condições sanitárias e os usos e costumes eram muito distantes dos atuais.
Após vários anos de interrupção a procissão voltou às ruas limianas, sobre magníficos tapetes coloridos, sem a intenção original de disfarçar cheiros mas com muita criatividade; dignos de registo.
A Casa do Concelho de Ponte de Lima viu em 1996 impedida a realização em Lisboa de uma demonstração da corrida da Vaca das Cordas, procurando por esse meio divulgar a tradição de Ponte de Lima. A iniciativa deveria ocorrer no dia 2 de junho daquele ano, junto à igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, e contava nomeadamente com o apoio da respetiva Junta de Freguesia.
Apesar de se tratar de uma manifestação cultural que não integra qualquer ato de crueldade em relação aos animais e terem sido acautelas todas as necessárias medidas de segurança, uma alegada e praticamente desconhecida associação de defesa dos animais à qual, os jornalistas, por dificuldades de melhor identificação, a designaram de “protectora dos animais” logrou convencer o governo civil dos seus intentos ao ponto daquela entidade mobilizar para o local o corpo de intervenção. Não satisfeitos, procuraram de seguida inviabilizar a corrida da vaca das cordas em Ponte de Lima, o que resultou em vão.
O dia amanheceu, hoje, com as ruas da União de Freguesias de Caminha Matriz e Vilarelho cobertas por magníficos tapetes florais, cumprindo aquela que é a tradição mais antiga do Minho das Festas do Corpo de Deus.
Cerca de meio milhar de pessoas trabalharam noite dentro, executando quase 1500 metros de tapetes coloridos e de extrema beleza.
Este ano, os convidados da Câmara Municipal, que ajudaram a confecionar o tapete em frente aos Paços do Concelho, foram escuteiros, o Agrupamento 573 de Seixas.
Um mar de gente inundou ontem as ruas de Ponte de Lima, a ponte medieval e o extenso areal à beira do rio Lima para assistir e participar na tradicional corrida das Vaca das Cordas.
A cada ano, em cada edição deste grandioso espetáculo popular, cresce o número de pessoas que de todo o Minho e até da Galiza afluem a Ponte de Lima. É enorme o entusiasmo tal como é o sentimento de pertença a esta comunidade. É a nossa identidade!
Velho burgo medieval com nove séculos de História onde a cada esquina os monumentos descrevem-nos páginas grandiosas do seu passado – Ponte de Lima acordou hoje coberta de tapetes floridos por onde vai percorrer a procissão de Corpo de Deus.
É uma manifestação de Fé e Tradição, de orgulho de sermos quem somos. É a nossa identidade!
Os caminhenses passaram a noite a construir magníficos tapetes de flores para que Caminha acordasse hoje ainda mais bela. Para o minhoto, trabalho também é festa e motivo de alegria.
Caminha vai receber milhares de visitantes, muitos dos quais provenientes da vizinha Galiza, para apreciar estas magníficas obras de arte efémera por onde vai passar a procissão do Corpo de Deus. E, porque de efémera se trata esta expressão artística, o visitante tem neste dia uma oportunidade única de com ela se deslumbrar.
As inscrições para a participação no desfile da mordomia da romaria da Senhora d’Agonia já atingiram o limite. E estão encerradas. Viana do Castelo verá este ano desfilar um milhar de mordomas trajadas a rigor, à vianense. É um espetáculo único de rara beleza, grandiosidade e tradição. As moças, belas nos seus trajes tradicionais, levam consigo a chieira que muito as carateriza. São do Minho – são vianesas!
Um milhar de mordomas devidamente trajadas – quais flores do jardim de Viana do Castelo – vão desfilar no cortejo da mordomia, naquela que foi a maior tradição de sempre da nossa cidade e de todo o país.
Viana do Castelo está em festa. O Minho está em festa. O povo aplaude e Viana do Castelo rejubila de alegria!
As mordomas são quem administra os bens da confraria e organiza a festa popular de cariz religioso. Digamos que é quem exerce um ministério ou seja, um serviço à comunidade.
O termo mordomo empregue no galego e no português, provém do latim major de onde deriva o prefixo mor junto com o vocábulo domus que significa casa. São, por assim dizer, quem governa a casa, razão pela qual também era outrora utilizado para designar os magistrados encarregues da cobrança de impostos.
Na Romaria da Senhora d’Agonia são as rainhas da festa – as guardiãs maiores das nossas tradições!
Era uma vez, um jovem moço de gentil disposição e de grandes forças, nascido de pais novos e ricos, lá para os lados do oriente, a quem deram o nome de Jorge. Desde novo, dedicou-se às armas, tendo servido o imperador Diocleniano. O seu grande valor e coragem, fizeram-no ser estimado por todos os companheiros, os quais o nomearam seu tribuno e mestre de campo.
No entanto, a impiedosa perseguição aos cristãos, movida pelo imperador, levou o valente guerreiro a descobrir a força daquela gente, que preferia morrer a negar o seu Deus. Converteu-se a Cristo e jurou servir a sua vontade, dando proteção e auxílio aos que dele necessitavam.
Um dia, andava S. Jorge pelas terras da Líbia, quando escutou um grito horrendo e desesperado. O jovem guerreiro ocorreu ao apelo de ajuda. Quando chegou ao local, deparou-se com um enorme e terrível dragão que tentava devorar uma jovem donzela. S. Jorge não hesitou um segundo e, avançando de lança em punho, feriu de morte o monstro.
Perante tal ato de bravura, a jovem, que S. Jorge viria a saber tratar-se de uma princesa, filha do rei da Líbia, impressionada pela heroicidade do cavaleiro, descobre a fé do santo, convertendo-se, também, ao Cristianismo.
Muitos foram, ainda, os feitos deste guerreiro santo e corajoso, desejoso de vencer o mal e fazer reinar o bem. Por esta razão, o povo de Monção celebra a vitória de S. Jorge sobre a Coca, no dia da sua maior festa, a Festa do Corpo de Deus.
Porque hoje realiza-se mais uma Corrida da Vaca das Cordas no centro da vila de Ponte de Lima, selecionamos mais duas imagens antigas da Festa, ou antigo costume Pontelimês. A primeira fotografia documenta a tradição no Largo ou Praça de Camões, e foi publicada no Almanach Ilustrado de O Comercio do Lima para 1908, edição do jornal da nossa terra que existiu entre 1906-1919. A gravura, melhor a zincogravura foi inserida na edição desse ano da revista, mas pode ter sido efectuada no ano(s) anterior(es) e também utilizada posteriormente em noticiário nas colunas do semanário.
A segunda está datada do ano de 1956, e pertence ao arquivo da Casa de Nª Sª da Aurora, antes pessoal do Limianista, magistrado e escritor José António de Sá Coutinho (sº Conde de Aurora).
O Parque da Ponte vibrou com as tradicionais desgarradas e cantares ao desafio, num verdadeiro encontro de vozes, rimas e boa disposição que só o São João de Braga sabe proporcionar!
No palco: Augusto Canário (Viana do Castelo), Marta Azevedo (Vila do Conde), Pedro Malheiro (Vila Verde), Soraia Araújo (Braga), Peixoto (Braga), Adília de Arouca, Duarte (Póvoa de Lanhoso) e Liliana Oliveira (Guimarães).
Na concertina, Pereirinha (Lixa) e João Fernandes (Vila Verde) e, no violão, Né Pereira (Braga).
Vaca das Cordas frente à Havaneza / Praça de Camões (1940?)
Hoje, realiza-se mais uma edição da Corrida da vaca das Cordas, o celebérrimo divertimento anual da petizada, juventude e os mais avançados na idade! De tradição, remota, a celebrar 420 anos de referência documental, pois na sessão da Câmara Municipal de 11 de Julho, na adjudicação de fornecimento de carne ao concelho, o adjudicante do serviço estava obrigado a entregar 6 touros para correr no Dia de Corpo de Deus, um deles " trazer às cordas na véspera", portanto quiçá a mais antiga data de realização da Vaca das Cordas em Ponte de Lima. O documento seguinte, é o acórdão municipal de 1646 estipulando a obrigação dos moleiros do concelho pegarem ás cordas do animal, e era até à publicação dos Anais Municipais de Ponte de Lima, elaborador em 1887 por Miguel Roque dos Reis Lemos, mas com suplemento de seu neto Júlio de Lemos, publicados em 1938 pela primeira vez.
Entre lenda e narrativas romanceadas, da nossa parte excluímos essa tese; foi a pesquisa que nos permitiu a conclusão de novos elementos históricos sobre a festividade cíclica Pontelimense, com similitude na vizinha Espanha ou Galiza, a Festa do Boi em Allariz, Ourense, e no Portugal insular, uma vaca também corrida na Ilha Terceira, Açores.
Resultado de anos de recolha de informação, no tentame de maior abrangência documental possível, já escrevemos desde há quarenta e cinco anos (1980) duas centenas de páginas sobre a temática Vaca das Cordas! Como o tempo passa...
Por tal motivo, e porque nos solicitaram sugestões bibliográficas, resolvemos reproduzir a capa de alguns desses trabalhos, folhetos de sugestão de leitura, como seguem.