ARCOS DE VALDEVEZ: SOAJEIROS VÃO CUIDAR DO BALDIO
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Decreto de 17 de Fevereiro de 1852 (pelo Ministerio da Fazenda — Diario do Governo n.° 92) supprimindo o Concelho de Soajo no Districto de Vianna do Castello.
Na área montanhosa limitada pelos rios Minho e Lima e as agrestes penedias da serra do Soajo situa-se a região do Castro Laboreiro, no Concelho de Melgaço, atingindo alguns pontos quase mil e quinhentos metros de altitude.
Aqui, o cão de Castro Laboreiro tem o seu solar, guardando os rebanhos comunitários na pastagem de transumância de curta distância que ainda ali se verifica. Considerada uma das raças caninas mais antigas da Península Ibérica, o cão de Castro Laboreiro é dócil e sociável com os animais de outras raças, afetuoso com as crianças e dedicado ao dono, sendo um excelente cão de guarda e de companhia.
Porém, as gentes de Soajo no concelho de Arcos de Valdevez reclamam da sua identidade e identificam-no como “sabujo” ou cão do Soajo.
A questão não é pacífica. Afinal de contas, qual é a verdadeira identidade deste magnífico animal: Sabujo do Soajo ou Castro Laboreiro?
Foto: Autor não identificado.
Imagem da autoria de Joshua Benoliel, integrada na reportagem "Como eu visitei as serras do Soajo e da Peneda”, publicada na revista Ilustração Portuguesa, nº 284, propriedade da empresa do Jornal O Século”.
Fonte: ANTT
Dizia o insígne escritor Miguel Torga que “…no Minho tudo é verde, o caldo é verde, o vinho é verde…” – como transmontano que era, dos pés à cabeça, desconhecia o escritor que o Minho também possuía outras cores como o branco da neve que a tempos cobre as serranias do Soajo e de Castro Laboreiro!
"Desanimado, meti para Castro Laboreiro à procura dum Minho com menos milho, menos couves, menos erva, menos videiras de enforcado e mais meu. Um Minho que o não fosse, afinal. Encontrei-o logo dois passos adiante, severo, de curcelo e carapuça.
A relva dera finalmente lugar à terra nua que, parda como o burel, tinha ossos e chagas. O colmo de centeio, curtido pelos nevões, perdera o riso alvar das malhadas. Identificara-se com o panorama humano, e cobria pudicamente a dor do frio e da fome. Um rebanho de ovelhas silenciosas retouçava as pedras da fortaleza desmantelada. E uma velha muito velha, desmemoriada como uma coruja das catacumbas, vigiava a porta do baluarte, a fiar o tempo. Era a pré-história ao natural, à espera da neta.
Ó castrejinha do monte,
Que deitas no teu cabelo?
Deito-lhe água da fonte
E rama de tormentelo.
Bonita, esbofeteada do frio, a cachopa vinha à frente dum carro de bois carregado de canhotas. Preparava a casa de inverno para quandochegasse a hora da transumância e toda a família —pais, irmãos, gados, pulgas e percevejos— descesse dos cortelhos da montanha para os cortelhos do vale, abrigados das neves.
– Conhece esta cantiga?
– Ãhn?
Falava uma língua estranha, alheia ao Diário de Noticias, mas próxima do Livro de Linhagens do Conde de Barcelos.
– É legitimo este cão?
– É cadela.
Negro, mal encarado, o bicho, olhou-me por baixo, a ver se eu insistia na ofensa. O matriarcado teimava ainda...
– A Peneda?
A moça apontou a vara. E, como ao gesto de um prestidigitador, foram- se desvendando a meus olhos mistérios sucessivos. Todo o grande maciço de pedra se abriu como uma rosa. A Peneda, o Suajo e o Lindoso. Um nunca mais acabar de espinhaços e de abismos, de encostas e planaltos. Um mundo de primária beleza, de inviolada intimidade, que ora fugia esquivo pelas brenhas, tímido e secreto, ora sorria dum postigo, acolhedor e fraterno.
Quando dei conta, estava no topo da Serra Amarela a merendar com a solidão. Tinham desaparecido de vez as cangas lavradas e coloridas que ofendiam as molhelhas do suor verdadeiro. A zanguizarra dos pandeiros festivos e as lágrimas dos foguetes já não encandeavam a lucidez dos sentidos. Os aventais de chita garrida davam lugar aos de estopa encardida. Nem contratos pré-nupciais ardilosos, nem torres feudais, nem rebanhos de homens pequeninos, dóceis, a cantar o Avé atrás do cura da freguesia. Pisava, realmente, a alta e livre terra dos pastores, dos contrabandistas e das urzes. As pernas de granito dum velho fojo abriam-se num grande V, como as dum gigante no sono da sesta. E saltou-me vivo à lembrança o instantâneo de Joaquim Vicente Araújo, quando no seu Diário Filosófico da Viagem ao Gerês fala duma batida aos lobos, que presenciou, e em que toda a população masculina do lugar colaborara: «Era cousa de ver a má catadura duns e a presteza de todos, que descalços, outros de socos, armados desciam pelas fragas». Sem a coragem dos avós, agora os habitantes comunitârios de Vilarinho da Furna atacavam as alcateias a estricnina e caçavam corças furtivamente. Mas mesmo assim nao faziam má figura ao lado do rio Homem, que, talvez a querer justificar um nome que a etimologia lhe nega, parecia um lavrador numa leira de pedras, tenaz em todo o percurso, e sempre límpido, a espelhar o céu. Na margem de lá, o Pé do Cabril, solene, esperava a abraço duma ascensão. E coma a desafiar aquela pétrea majestade, arrogante e lustroso, o toira do lugar roncou de uma chã. Símbolo tangível da virilidade e da fecundação, nenhum outro deus, ali, tinha forças para o destronar. Plenitude encarnada do instinto natural de preservação da seiva capaz de se multiplicar em cada acto de amor, era ele o pólo de todos os cultos cuItos e desvelos. Rei já no tempo das casarotas megalíticas que me rodeavam, continuava a sê-lo ainda no presente por exigência e graça da própria vida.
Atravessada a ponte em corcova, galgados os muros ciclópicos da Calcedónia, numa erudiçao feita à custa dos pés, e guiado pelos miliários imperiais, segui a geira romana até chegar à Portela do Homem, onde as legiões invasoras pareciam aquarteladas. Mas foi a guarda fiscal, vigilante, que me recebeu.
A uma sombra tutelar, pouco depois, num minuto de descanso, a Historia recente da Pátria avivou-se.
– Uma das incursoes monarquicas foi por aqui...
– Tentaram... Tentaram...
– Este Minho! Este Minho!...
– Tem uma costela talassa, tem...
Mas recusei-me a reintegrar, por simples razões partidárias, aquelas viris penedias no planisfério verdurengo de onde a própria natureza as libertara. Tranquei as portas da memória e, pela margem do rio, subi aos Carris. Uma multidão minava as fragas à procura de volfrâmio, por conta da guerra e de quem a fazia. Teixos e carvalhos centenários acompanharam-me quase todo o caminho. Só desistiram quando me aproximei do cume da montanha, onde a vida, já sem raizes, tenta levantar voo.
Agora, sim! Agora podia, em perfeita paz de espírito, estender a minha ternura lusíada por toda a portuguesa Galiza percorrida. Pano de fundo, o mar de terras baixas era apenas um cenário esfumado; à boca do palco reflectiam-se nas várias albufeiras do Cávado a redonda pureza da Cabreira e a beleza sem par do Gerês. E o espectador emotivo já não tinha necessidade de brigar com o cavador instintivo que havia também dentro de mim. Embora através da magia agreste dos relevos, talvez por contraste, impunha-se-me com outra significação a abundância dos canastros, o optimismo dos semeadores e a própria embriaguez que anestesiava cada acto, no fundo necessária à saúde dos corpos individuais e colectivos. Integrava o alegrete perpétuo no meu caleidoscópio telúrico. Bem vistas as coisas, se ele não existisse faria falta no arranjo final do ramalhete corográfico português.
Em acção de graças por esta conclusão pacificadora, rezei orações pagãs no Altar de Cabrões, antes de subir à Nevosa e aos Cornos da Fonte Fria a experimentar como se tremem maleitas em pleno Agosto.
Estava exausto, mas o corpo recusava-se a parar. Pitões acenava-me lá longe, de tectos colmados e de chancas ferradas. Não obstante pisar o mais belo pedaço de chão pátrio, queria repousar em terra real e consubstancialmente minha. Ansiava por estender os ossos nos tomentos de Barroso, onde, apesar de tudo, era mais seguro adormecer. Quem me garantia a mim que, mesmo alcandorado nos carrapitos doirados da Borrajeira, não voltaria a ter pela noite fora um pesadelo verde?"
Fonte: Serões, Série II, Vol I, nº . 2. Agosto. 1905 / Hemeroteca Municipal de Lisboa
A Feira de Artes e Ofícios Tradicionais regressa a Soajo nos próximos dias 25,26,27 e 28 de julho, numa organização da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e da ARDAL – Associação Regional para o Desenvolvimento do Alto Lima, em parceria com o Soajo Outdoor Fest, com a cooperação da Junta de Freguesia de Soajo, da Assembleia de Compartes dos Baldios de Soajo, do Rancho Folclórico da Associação de Vilarinho das Quartas – Soajo e do Rancho Folclórico Camponesas de Soajo, da Associação (En) Cantar Soajo, da Casa do Povo de Soajo e do Centro Social e Paroquial de Soajo.
O certame é composto por uma exposição de produtos locais e artesanato, associado a um vasto programa de animação. Na componente exposição, há um espaço destinado para as tasquinhas e os restaurantes da localidade que terão à disposição dos visitantes um sem número de petiscos e iguarias de sabores excecionais, acompanhados pelo vinho verde da região.
O programa de animação é variado, com destaque para os eventos de natureza, culturais e tradicionais, tais como as Fiadeiras e as Cantadeiras de Soajo, a malhada do milho e o desfile da tradição e a atuação de Ranchos Folclóricos. De igual modo irão decorrer iniciativas modernas, como atuações musicais, atuações de dj´s, workshops, trilhos, escalada, yoga, entre outras atividades.
A vila de Soajo é um dos destinos concelhios mais divulgados e conhecidos e é famoso pelo vasto conjunto de espigueiros que será palco de 2 sunsets. Integrante do Parque Nacional da Peneda Gerês é um dos ex-libris da região, declarado como Reserva Mundial da Biosfera pela Unesco, chamando à atenção pela sua riqueza cultural e natural.
Visite Soajo!
Fique a conhecer melhor a nossa cultura, as nossas tradições, a nossa gastronomia e desfrute.
Programa completo em www.cmav.pt
“Podia Ter Esperado por Agosto”, primeiro filme realizado por César Mourão e gravado em Arcos de Valdevez estreou nas salas de cinema
Data de exibição em Arcos de Valdevez está marcada para o dia 22 de agosto
A exibição em Arcos de Valdevez ocorrerá a 22 e 23 de agosto e contará com a presença do próprio César Mourão e do elenco, composto, entre outros, por Júlia Palha, Kevin Dias, Manuel Cavaco, João Reis ou Luísa Cruz.
César é protagonista no papel de Xavier, num filme em que se estreia também na realização; tudo gira à volta da sua paixão por Laura (Júlia Palha) e das ideias loucas do destemido amigo Julião (Kevin Dias).
Trata-se de uma longa-metragem na forma de comédia que explora temas recorrentes do dia-a-dia nas paisagens bucólicas e efervescentes do mundo rural, aqui enfocadas na beleza de Soajo.
Este projeto conta com o financiamento do Município de Arcos de Valdevez, sublinhando desta forma a aposta e investimento na promoção cultural, identitária e turística do concelho, assumindo mais uma vez Arcos de Valdevez como um dos principais destinos de filmagem de produções de cinema e televisão em Portugal.
Proximidade na Saúde: extensão de Saúde de Soajo renovada reabriu
Na sequência das obras realizadas pela Câmara Municipal nas instalações e em articulação com a ULSAM, já se encontra em funcionamento a extensão do Centro de Saúde de Soajo. Este espaço contou com intervenções de melhoria de espaços e pinturas por parte da Autarquia de forma a ficar com melhores condições para poder reabrir e receber os utentes.
Este investimento de cerca de 10 000 euros revestiu-se de importância, pois veio contribuir para um atendimento mais célere e eficaz às pessoas e melhorar a qualidade dos serviços à população.
Este foi mais um investimento realizado a pensar em aproximar os serviços de saúde da população e, ao mesmo tempo, contribuir para o seu bem-estar.
A apresentação incluirá uma atuação a solo do artista e vai ter lugar no próximo dia 22 de Junho, pelas 23 horas, em Vilarinho das Quartas, imediatamente após o festival de folclore que ali vai realizar-se.
DANIEL SOUSA É UM DOS MAIS EXÍMIOS TOCADORES DE CONCERTINA E CANTADORES AO DESAFIO DO MINHO
Daniel Sousa nasceu no ano de 1991, em Lisboa. De raízes minhotas, demonstrou desde pequeno a sua paixão pela música tradicional, e com cerca dos 11 anos deu os seus primeiros passos na concertina. Ao longo dos anos foi melhorando a sua técnica, sendo desde novo reconhecido em festas e arraiais, especialmente pelas suas canas verdes, música tipicamente minhota.
Mais tarde, e em complemento à concertina, arriscou-se a entrar no mundo das desgarradas e dos cantares tradicionais, tornando-se hoje uma referência no que toca à música tradicional do Alto Minho.
Conta com os hits “Gosto de ti”, “Ser Emigrante” e “Ó linda Maria”, bem como colaborações com artistas consagrados como Augusto Canário, Mike da Gaita, Cláudia Martins, Ruizinho de Penacova, Cristiana Sá, Filipe Gachineiro, entre outros.
O seu último álbum chama-se “Um bocadinho com o Sousa”, e conta com temas originais e música tipicamente minhota, nunca esquecendo as desgarradas. O mais recente single, tem por título “Ó linda Maria”, um tema com uma vertente romântica, mas ao mesmo tempo retrata o ambiente da musica e das festas tipicamente minhotas. O reconhecimento profissional de Daniel Sousa vai além-fronteiras, tendo já atuado em países como França, Estados Unidos da América e Canadá.
Mais recentemente decidiu mudar-se para o Minho para uma vida mais tranquila e, principalmente pela sua carreira, que aqui por cima tem muito mais tendência para crescer do que na cidade onde a musica tradicional é muito pouco valorizada, se quiser ser levada a sério.
Foto: Sara Fontoura
“Podia ter Esperado por Agosto”, filme rodado em, Soajo, Arcos de Valdevez, com o patrocínio e apoio do Município, é o novo trabalho de César Mourão e conta com a realização e interpretação do próprio.
Este, que se espera que seja o blockbuster do ano 2024, já tem estreia marcada para dia 18 de julho e será certamente um sucesso!
A apresentação tem data marcada para dia 5 de julho em Lisboa!
Do elenco fazem também parte nomes como Kevin Dias, João Reis, Marco Paiva, Dinarte Branco, entre outros.
Este filme é mais uma aposta e investimento do Município na promoção cultural, identitária e turística do concelho, assumindo em definitivo Arcos de Valdevez como um dos principais destinos de filmagem de produções de cinema e televisão em Portugal.