Em 1 de fevereiro de 1944, ocorreram negociações entre Portugal e a Alemanha, para um novo acordo de fornecimento de volfrâmio. Esta documentação encontra-se no Arquivo Oliveira Salazar do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Câmara Municipal de Ponte da Barca participa nas celebrações do feriado de 8 de Maio em Les Clayes-Sous-Bois, em França
No âmbito das celebrações do feriado de 8 de Maio, que marca o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, o Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, participa nas iniciativas realizadas no município de Les Clayes-Sous-Bois, a convite das autoridades locais.
Este evento reveste-se de significado especial para Ponte da Barca, uma vez que Les Clayes-Sous-Bois é o primeiro município com o qual estabeleceu uma geminação. Esta ligação histórica foi recuperada no ano passado, reforçando os laços de amizade e cooperação entre as duas comunidades.
Além disso, no dia de hoje, também é celebrado o 60.º aniversário da geminação entre Les Clayes-Sous-Bois e Rothenbach, na Alemanha, um marco importante que simboliza décadas de colaboração e intercâmbio entre as duas localidades.
Durante as celebrações, Augusto Marinho teve a oportunidade de reafirmar o compromisso de Ponte da Barca com os valores de paz, liberdade e solidariedade que são tão importantes para ambos os municípios. Além disso, foram discutidas oportunidades futuras de intercâmbio, visando fortalecer ainda mais estas relações de geminação.
A presença do autarca barquense, acompanhado pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal José Alfredo Oliveira, nestas celebrações representa mais um passo significativo na promoção da cooperação internacional e na construção de pontes entre as comunidades locais e além-fronteiras.
A imagem mostra o poeta António Correia de Oliveira com menina refugiada da 2ª guerra, em Esposende – 1950.
O poeta, nascido em S. Pedro do Sul, viveu em Esposende a maior parte da sua vida até ao seu falecimento, e onde escreveu o seu vasto legado literário.
A menina é Ingeborg Sandhacker, criança austríaca órfã de mãe, que foi acolhida em Portugal pelo casal Ermelinda Losa e Francisco Areia, pais da proprietária da fotografia, no âmbito do programa de acolhimento de crianças especialmente afetadas pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O referido programa, ocorrido entre 1947-1958, foi criado com o intuito de ajudar as crianças, vitimadas pela guerra, a reestabelecerem-se em países que não foram tão afetados no conflito, tendo sido organizado pela União de Caridade Portuguesa, fundada em 1945, mas tarde conhecida como "Caritas".
Segundo o testemunho da proprietária, ter-lhe-ão dito que Ingeborg aprendeu a ler com António Correia de Oliveira já que Ingeborg era jovem e não sabia falar português e era visita regular à casa do poeta. Mesmo após ter voltado para o seu país de origem, Ingeborg não esqueceu Esposende nem os laços aqui formados, recordando com carinho a sua infância passada aqui, tendo retornado, já adulta, por duas vezes, com as filhas, para lhes dar a conhecer a terra que a acolheu
A data foi atribuída com base no testemunho da proprietária, Maria Margarida Losa de Faria Afonso [1955 - ], que refere a chegada de Ingeborg no início dos anos 50 e a sua partida antes do seu nascimento em 1955
Espanha viu então uma oportunidade de anexar o nosso país
Passam precisamente 80 anos desde a altura em que a Alemanha nazi, congeminada com a Espanha franquista, planearam a invasão militar de Portugal e sua consequente supressão enquanto país soberano. Tratava-se da chamada “Operação Isabella” e constituía um complemento à “Operação Félix” que tinha por objetivo a ocupação do território britânico de Gibraltar. Não foi Hitler que nos salvou da invasão como foi recentemente propalado mas a habilidade da diplomacia do Estado Novo conjugada com o apoio do Reino Unido que sabia de antemão visar o seu acesso ao continente através de Portugal e Gibraltar.
Apesar de geralmente aceitar-se o princípio segundo o qual a História não se repete, não podemos deixar de alguma forma fazer um paralelismo com as invasões francesas, incluindo o Bloqueio Continental e o Tratado de Fontainebleau.
Com efeito, à semelhança das pretensões de Napoleão, também a Alemanha pretendia isolar o Reino Unido impedindo o seu acesso ao continente. E a Espanha, mau grado o Tratado de Amizade e Não Agressão Luso Espanhol celebrado em 1939, com Portugal, via nisso uma oportunidade de anexar o nosso país e, dessa forma, concretizar o velho anseio sintetizado no programa falangista da “Espanha Una” a englobar todo o espaço peninsular. E, foi com esse propósito que, em 23 de outubro de 1940, o generalíssimo Franco avistou-se com Adolf Hitler em Hendaye, no sul da França ocupada.
A invasão militar do nosso país seria executada por 3 divisões alemãs: uma blindada, que partindo de Cáceres, atacaria os portos de Lisboa e Setúbal; uma de infantaria motorizada, que partindo de Valhadolid, atacaria o Norte de Portugal e virando para Sul, ameaçaria a retaguarda das forças portuguesas que defenderiam Lisboa e a margem Norte do rio Tejo; e outra de infantaria ligeira, que partindo de Sevilha, avançaria pelo Algarve, com ou sem apoio do exército espanhol.
Com forças militares insuficientes para oferecer uma resistência capaz ao exército alemão, o governo português retiraria sob escolta da Marinha Britânica para a cidade de Ponta Delgada, nos Açores, onde estabeleceria a capital e, desse modo, não assinaria a capitulação militar. Uma estratégia, aliás, em muitos aspetos semelhante à que levou a corte portuguesa ao tempo de D. João VI para o Brasil.
Entretanto, as capacidades de defesa alteraram-se com a cedência, em 1943, da Base das Lages ao Reino Unido ao abrigo do Tratado de Aliança Luso-Britânico a fim de ser utilizada pela Royal Air Force e a chegada de grande quantidade de material de guerra moderno como viaturas blindadas, artilharia antiaérea e anticarro, sistemas antissubmarino, e esquadrilhas de aviões de caça modernos como Spitfires e Hurricanes.
Contudo, foram os falhanços militares alemães na frente oriental, na sequência da invasão da URSS iniciada em 22 de junho de 1941, na chamada “Operação Barbarossa”, mais concretamente a resistência russa no cerco à cidade de Leninegrado, que determinaram o adiamento da invasão militar de Portugal, o qual, aliás, não se chegou a concretizar.
Acresce a isto a grande influência que o partido NAZI possuía à altura entre a comunidade germânica radicada em Lisboa, não se inibindo de promover abertamente iniciativas de propaganda.
Decorridas que são oito décadas sobre os fatos mencionados, importa questionar se os interesses geoestratégicos não continuarão a determinar novas “Operações Isabella”, ainda que com recurso a outros métodos porventura mais eficazes do que a intervenção militar.
No período da Segunda Guerra Mundial, o Clube Alemão de Lisboa realizou diversas iniciativas como uma exposição de fotografia, conferências e inclusivamente uma festa comemorativa da subida de Adolf Hitler ao poder.
Pese embora os esforços daqueles que a todo o custo procuram semear o ódio étnico e racial, não raras as vezes a pretexto de alegadas “justas causas”, a sociedade portuguesa é por natureza pacífica e resultado da convivência, ao longo de muitos séculos, com inúmeros povos de todos os continentes.
A imagem mostra o local reservado ao culto na Sinagoga Portuguesa de Amesterdão.
Não existe família em Portugal que não possua no seu seio pessoas oriundas do Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique… ou não tenha deixado algures um dos seus filhos misturados com uma família nos lugares mais recônditos do planeta!
Entre os portugueses contam-se inúmeros cidadãos de origem judaica e, durante a Segunda Guerra Mundial, serviu Portugal de abrigo – e de entreposto! – a milhares de famílias que escaparam ao holocausto, graças ao empenho de diplomatas e funcionários consulares como Aristides de Sousa Mendes, Teixeira Branquinho e Sampaio Garrido, de forma concertada com o regime que inclusivamente possibilitou a travessia da fronteira e a boa vontade da ditadura franquista.
De novo, está a ressuscitar nalguns países europeus o mesmo ódio que no passado levou ao extermínio milhões de pessoas – judeus, comunistas, ciganos, Testemunhas de Jeová e muitos outros! – algo que desde já rejeitamos liminarmente.
Somos portugueses e temos orgulho da nossa identidade e passado glorioso. Rejeitamos o ódio racial e étnico da mesma maneira que repudiamos os seus fomentadores. Perante a ascensão do antisemitismo, somos todos judeus!
Exposição 'Isto não é brincadeira de crianças - Holocausto: criatividade e jogo'
'Isto não é brincadeira de crianças - Holocausto: criatividade e jogo' é o nome da exposição que está desde ontem patente no átrio dos Paços do Concelho de Ponte da Barca.
Trata-se de uma exibição itinerante concebida pelo Museu YadVashem, de Israel e dinamizada pelo Projeto N.O.M.E.S. A Exposição, composta por cerca de 20 painéis que versam as temáticas dos ‘Campos de Extermínio’, ‘Campos de Concentração’, ‘Guetos’, ‘Esconderijos’, ‘Orfanatos’, entre outras, ilustra o mundo das crianças durante o Holocausto, expondo a sua luta diária para se manterem vivas e o esforço para conservar a sua infância na difícil realidade que as cercava.
De salientar que o título desta exposição se baseia numa citação do pediatra Janusz Korczak, diretor do Orfanato Judaico de Varsóvia, que morreu em 1942, em Treblinka, onde acompanhou duzentas crianças do seu orfanato do Gueto de Varsóvia, Alemanha, até às câmaras de gás.
A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30.
Testemunhos da 2ª Guerra Mundial: de Aristides Sousa Mendes a Gerd Klestat, sobrevivente de Campo de Concentração. Dias 19 e 20 de Julho, pelas 18h00, no auditório do Museu D. DIogo
O Município de Braga informa que se realiza nos dias 19 e 20 de Julho, no auditório do Museu D. Diogo, às 18h00, a iniciativa ´Testemunhos da 2ª Guerra Mundial, de Aristides Sousa Mendes a Gerd Klestat, sobrevivente de Campo de Concentração´.
Hoje, dia 19 de Julho, a conferência tem como tema Aristides Sousa Mendes, com a presença de Luísa Pacheco Marques, arquitecta do museu ‘Vilar Formoso – Fronteira da Paz’, um memorial aos refugiados da II Guerra Mundial e ao cônsul Aristides Sousa Mendes.
Amanhã, dia 20 de Julho, a iniciativa debruça-se sobre os campos de concentração nazis, com a presença de Gerd Klestat, um dos últimos sobreviventes vivos dos campos de concentração nazis que vem a Braga contar a sua história de vida.
Em 1936, então com apenas três anos, Gerd Klestat e a sua família judia fugiram da Alemanha nazi, indo viver para a vizinha Holanda. Após a invasão da Holanda, em Maio de 1940, a sua família instalou-se numa pequena vila a leste de Amesterdão.
Até à prisão da sua família, em 1943, viveram numa pequena casa a salvo dos nazis. Primeiro, a sua família foi deportada para o campo de concentração de Westerbork, na Holanda, tendo posteriormente sido enviada para o campo de Bergen-Belsen, no norte da Alemanha. Aqui viu o pai morrer em Fevereiro de 1945, tendo sido libertado, juntamente com a sua mãe e irmão pelos exércitos aliados em Abril do mesmo ano.
Curso de Formação de Professores decorre até Sábado
Até Sábado, 7 de Abril, a Escola Secundária Alberto Sampaio, em Braga, acolhe o Curso de Formação de Professores que se debruça sobre o ensino do Holocausto. Organizada pela Direcção Geral de Educação (DGE) em parceria com o Município de Braga, a formação resulta do protocolo de cooperação entre a DGE e o Mémorial de la Shoah, de Paris. Esta instituição, criada durante a Segunda Guerra Mundial, tem como missão preservar a memória e promover o ensino do Holocausto, contando para isso com investigadores e formadores de relevo internacional.
A sessão de abertura, que decorreu esta Quinta-feira, 5 de Abril, contou com a presença da vereadora da Educação da Câmara Municipal de Braga, que considerou ser “fundamental a abordagem deste tema em contexto escolar” como forma de recordar a história do domínio nazi na Europa e evitar acontecimentos similares. Para Lídia Dias, esta é, também, uma forma de desenvolver métodos de educação e memória do Holocausto, com especial incidência nos jovens.
“Para a esmagadora maioria dos cidadãos, o Holocausto é um acontecimento do passado e isso não podia estar mais errado. Infelizmente, o Mundo actual enfrenta vários desafios com algum paralelismo no Holocausto. Por isso, é de extrema importância alertar a sociedade, particularmente os jovens, para as questões que colocam radicalmente em causa os valores de cidadania e direitos fundamentais da humanidade”, referiu Lídia Dias, sustentando que o Holocausto “é e deverá ser sempre um tema actual”.
Esta formação assume-se como momento ideal para capacitar os professores para o ensino do Holocausto, dando as ferramentas necessárias para uma abordagem transversal que culminará no tratamento das questões de cidadania e direitos humanos.
No âmbito da sua missão de assegurar a concretização das políticas educativas relativas às componentes pedagógicas e didáctica dos ensinos básico e secundário, a DGE reconhece a importância e a necessidade da formação contínua dos professores de modo a aumentar a sua capacitação na área da cidadania, promovendo, igualmente, a interligação entre as aprendizagens das disciplinas e os domínios a serem abordados nesta componente curricular.
De referir que o Mémorial de la Shoah é, ao mesmo tempo, um museu e um centro de investigação e documentação único na Europa sobre o Holocausto. Tem por missão transmitir, estudar e ensinar a história do Holocausto no século XX, bem como aprofundar a reflexão e o conhecimento dos genocídios e crimes contra a humanidade contemporâneos. É um espaço de encontro para historiadores, investigadores e formadores, assim como para outros públicos.
Recorde-se que o Holocausto consistiu a perseguição e extermínio em massa de cerca de seis milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.
No próximo dia 1 de outubro, pelas 17H00, no Navio Gil Eannes será apresentado o livro “Tempos de Pesca em Tempos de Guerra” de Licínio Ferreira Amado.
O livro retrata a história do bacalhoeiro O Maria da Glória, lugre de 3 mastros da praça de Aveiro que foi bombardeado a 5 de Junho de 1942 pelo submarino alemão U-94. Dos seus 44 tripulantes só 8 se salvaram.
“Tempos de Pesca em Tempos de Guerra” dá a conhecer aspectos da pesca do bacalhau nos mares do Atlântico Norte e da tragédia dos referidos tripulantes, mas também constitui, acima de tudo, uma sentida homenagem a todos os Homens do Mar.
O jornal “O Público” encontrou os nomes de 40 portugueses deportados de França para os campos de concentração nazis e a indicação de que uma portuguesa a residir na Bélgica também teria morrido em Auschwitz. Entre eles, contam-se 10 minhotos, oriundos nomeadamente de Vila Verde, Vila Nova de Famalicão, Guimarães e Ponte de Lima. Uma parte deles não sobreviveu. Esta lista faz parte de um trabalho de reportagem publicada pelo jornal “O Público”, da autoria dos jornalistas Patrícia carvalho e Nelson Garrido.
Abel Carvalho
n. 04.02.1890, Vila Verde. Deportado a 9 de Agosto de 1944 para Dachau, prisioneiro n.º 94100. Transferido para authausen, desconhece-se o que lhe aconteceu.
Cândido Ferreira
n. 17.04.1922, Castelões, Vila Nova de Famalicão. Deportado para Buchenwald a 31 de Julho de 1944, prisioneiro n.º 69209. Morre no campo a 24 de Fevereiro de 1945. Causa: gastrenterite.
Emílio Pereira
n. 02.02.1910, Prado, Santa Maria, Vila Verde. Deportado para Buchenwald a 22 de Janeiro de 1944, prisioneiro n.º 42352. Sobreviveu à guerra.
Francisco Barbosa da Costa
n. 12.02.1924, Ponte de Lima. Deportado para Dachau a 29 de Junho de 1944, prisioneiro n.º 75950. Transferido para Buchenwald e Bergen-Belsen, morre neste campo em data e de causa desconhecidas.
João Faria de Sá
n. 15.03.1910, Sezures, Vila Nova de Famalicão. Deportado para Buchenwald a 17 de Janeiro de 1944, prisioneiro n.º 41109. Sobreviveu à guerra.
João Fernandes
n. 05.06.1908 ou 1911, Gondariz (?). Deportado para Dachau a 9 de Agosto de 1944, prisioneiro n.º 93945. Transferido para Mauthausen (prisioneiro n.º 98.030) e Natzweiler-Struthof (prisioneiro n.º 42733). Sobreviveu à guerra.
Luiz Ferreira
n. 18.10.1902, Figueiredo, Guimarães. Deportado para Buchenwald a 31 de Julho de 1944, prisioneiro n.º 69369. Sobreviveu à guerra.
Manuel Alves
n. 29.11.1910, Vila Verde. Deportado para Buchenwald a 17 de Janeiro de 1944, prisioneiro n.º 40953. Transferido para Flossenburg (prisioneiro n.º 6670). Sobreviveu à guerra.
Maria Barbosa
n. 23.02.1922, Ponte de Lima. Deportada para Ravensbruck a 31 de Janeiro de 1944, prisioneira n.º 27864. Foi transferida para Neuengamme (prisioneira n.º 5575) e Bergen-Belsen. Sobreviveu à guerra.
Venâncio Dias
n. 14.05.1904 ou 1914, S. Vicente, Vila Verde. Deportado para Buchenwald a 31 de Julho de 1944, prisioneiro n.º 69553. Sobreviveu à guerra.