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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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VIANA DO CASTELO: AUTO DA FLORIPES UNE AS NEVES E A ILHA DO PRÍNCIPE

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As entidades responsáveis pela salvaguarda do Auto da Floripes das Neves e da ilha do Príncipe estabelecem uma parceria, que inclui uma calendarização de iniciativas e projetos conjuntos, e lançam as bases para um protocolo de cooperação.

Sonia Carmen da Mata, Secretária Regional da Cultura, Economia e Turismo da Região Autónoma do Príncipe e João Pina Batista, presidente da associação cultural “Auto de Floripes” da ilha do Príncipe, estiveram presentes em Viana do Castelo para reunir com a Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, representados, respetivamente, por Manuel Vitorino (vereador da cultura do município vianense) e Pedro Rego. Os intervenientes trocaram lembranças e impressões sobre o Auto da Floripes, nomeadamente sobre o seu valor patrimonial e identitário, bem como sobre a importância e a necessidade de uma estratégia sustentável para a sua salvaguarda.

Esta valiosa partilha patrimonial mobilizou as instituições locais para um projeto comum de salvaguarda do Auto da Floripes e de promoção social das comunidades que o herdaram e vivem. Neste sentido, após vários contactos, trocas de informações, reuniões presenciais e protocolo entre as partes, estão a ser desenvolvidas diligências para uma cooperação profícua, que se consubstancia na salvaguarda deste património cultural imaterial.

Por conseguinte, foi assinado no Fórum Cultural das Neves o documento que materializa a parceria e calendariza um conjunto de iniciativas e projetos a desenvolver nos próximos 18 meses. A assinatura do protocolo de cooperação está prevista para meados do mês de agosto na ilha do Príncipe.

O convite à comitiva da ilha do Príncipe foi endereçado, após inúmeras diligências, pelo Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de agosto. A par das diversas reuniões com múltiplos intervenientes e da visita guiada à cidade de Viana do Castelo e ao Largo das Neves, a comitiva da ilha do Príncipe teve a oportunidade de assistir a um excerto do Auto da Floripes local.

O “Auto da Floripes” é uma peça teatral secular que se realiza em São Tomé e Príncipe, mais concretamente a 15 de agosto na ilha do Príncipe, por ocasião das Festas de S. Lourenço, e no município português de Viana do Castelo, nomeadamente a 5 de agosto no lugar das Neves, nas festas da Senhora das Neves. O Auto da Floripes é um elemento integrante da identidade cultural das duas comunidades, afirmando-se como um ex-líbris da ilha do Príncipe e da comunidade tripartida das Neves (Barroselas, Mujães e Vila de Punhe).

Fonte: Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto

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O “AUTO DE FLORIPES” OU O TEATRO POPULAR PORTUGUÊS PRÉ-VICENTINO

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Um pouco por todo o país e ainda além-fronteiras, persistem nas tradições populares representações teatrais cujas origens remontam à Idade Média e versam a história lendária do imperador Carlos Magno e a temática das guerras entre cristãos e sarracenos, estes geralmente identificados como turcos em virtude da sua dominação se ter estendido a zona oriental do mar Mediterrâneo.

É célebre a representação do “Auto de Floripes” que ocorre no mês de Agosto, em Mujães, no concelho de Viana do Castelo. A ação decorre entre o adro da igreja paroquial de onde sai o cortejo até à Capela da Senhora das Neves, na confluência com as freguesias de Barroselas e Vila de Punhe. Ainda, no concelho de Viana do Castelo, na localidade de Portela Suzã esta representação toma a designação de “Auto de Santo António”.

Em S. João da Ribeira, no concelho de Ponte de Lima, a peça toma a designação de “Auto da Turquia” e tem lugar de Crasto, por ocasião da Festa do Senhor da Cruz da Pedra que se realiza no segundo domingo de Agosto. Aqui defrontam-se dois exércitos, ostentando as bandeiras onde se inscrevem as respetivas insígnias – a cruz da Cristandade e a Lua Minguante com a Estrela que identifica os muçulmanos – e integrando doze personagens cada, incluindo o rei, o porta-bandeira, o capitão e um espião. Os cristãos saem sempre vitoriosos e o auto termina com a rendição inevitável dos turcos e a sua conversão ao Cristianismo.

Com ligeiras alterações e diferentes designações, encontramos ainda a representação do “Auto da Floripes” em Palme, no concelho de Barcelos e “Baile dos Turcos”, em Penafiel. Em Argozelo, no concelho de Vimioso, é designado por “Auto da Floripes”ou ainda “Comédia dos doze pares de França”. Em Parada, no concelho de Bragança, chamam-lhe “Auto dos Sete Infantes de Lara”. Em Sobrado, no concelho de Valongo, designa-se por “Dança dos Bugios e Mourisqueiros” enquanto em Vale Formoso, na Covilhã, toma o nome “Descoberta da Moura”. Também é representada no concelho de A Canhiza, na Galiza, com o nome “Auto do Mouro e do Cristão”.

Em Pechão, no concelho de Olhão, o auto “Combate de Mouros e Portugueses” serviu de argumento a uma longa-metragem do realizador Miguel Mendes que, num misto de ficção e documentário, procura retratar o sofrimento da comunidade piscatória daquela vila algarvia.

À semelhança do que sucede com outros elementos da nossa cultura, também o “Auto das Floripes” foi pelos portugueses levado para paragens distantes onde sofreu naturalmente algumas mutações e é atualmente representado com o consequente carácter híbrido resultante do encontro de culturas. É o que sucede em São Tomé e Príncipe, com a representação de “A Tragédia do Marquês de Mântua e do Príncipe D. Carlos Magno”, também designado por “São Lourenço”por ocorrer no dia dedicado a este santo. Este auto toma no dialeto são-tomense a designação de “Tchiloli” cuja representação tem lugar na Ilha do Príncipe.

A autoria da peça, na forma como é interpretada, é atribuída ao poeta Balthasar Dias, originário da Ilha da Madeira, devendo ter sido introduzida em São Tomé e Príncipe nos finais do século XVI pelos portugueses que aí foram plantar a cana-de-açúcar. Os colonos, constituídos na sua maioria por madeirenses, começaram por integrar nas suas representações os escravos negros provenientes do Congo, Gabão e Camarões, os quais foram gradualmente introduzindo elementos da sua cultura original.

“Tchiloli” tornou-se já numa das mais importantes atrações turísticas da Ilha do Príncipe com larga projeção internacional. Serviu de argumento ao filme “Floripes” de Afonso Alves e Teresa Perdigão e tema do livro “Floripes Negra, de Augusto Baptista, no qual o autor procura demonstrar as suas origens portuguesas.

A alusão ao imperador Carlos Magno relaciona-se naturalmente com o fato daquele imperador ter procedido à conversão forçada ao cristianismo dos povos que conquistou, objetivo que, curiosamente, jamais logrou alcançar na Península Ibérica. Outra particularidade consiste na escolha do dia dedicado a São Lourenço de Huesca para a sua representação, cuja festa litúrgica ocorre a 10 de Agosto.

Em várias localidades, a representação destes autos têm-se verificado de forma cada vez menos regular e, nalguns casos, correm inclusive o risco de passar ao esquecimento. As peças são quase sempre preservadas apenas pela tradição oral. E, apesar de poderem constituir um meio de atrair visitantes e promover as potencialidades culturais das regiões, a maioria dos municípios e entidades culturais não procede à sua divulgação. Trata-se de uma situação que pode e deve ser invertida mediante a intervenção dos grupos de teatro e outras associações que procuram preservar a cultura tradicional.

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Representação do Auto de Floripes em São Tomé e Príncipe.

VIANA DO CASTELO E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE UNEM-SE PARA PRESERVAR TEATRO POPULAR COM 200 ANOS

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Duas associações culturais de Viana do Castelo e da ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe, vão trabalhar em conjunto para preservar uma representação popular com mais de 200 anos, foi hoje divulgado.

Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente do Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, Pedro Rego, adiantou que, na terça-feira, em Viana do Castelo, as duas associações assinaram um carta de intenção “que materializa a parceria e calendariza um conjunto de iniciativas e projetos a desenvolver nos próximos 18 meses”.

“O Auto da Floripes celebra-se nos contextos próprios de cada uma das duas comunidades. Ele afirma uma cultura viva, num contexto histórico, e imprime uma identidade. Ao mesmo tempo, ele dialoga com territórios e experiências históricas específicas, preservando na oralidade um livro com séculos e perto de 1.000 anos de uma história que se transformou em símbolo de lutas e diálogos. Por todas estas razões, os responsáveis e herdeiros desta tradição do teatro popular manifestam a necessidade e a intenção de projetar a salvaguarda e promoção do Auto da Floripes”, lê-se na carta de intenção a que a Lusa teve hoje acesso.

Segundo Pedro Rego, a assinatura do protocolo de cooperação entre as duas associações acontecerá em agosto, na ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe.

“Esta parceria justifica-se pelo património cultural imaterial excecional que o Auto da Floripes representa, ao ser vivido e celebrado em contextos tão diferenciados e com histórias comunitárias tão contrastantes”, sublinhou o responsável.

O acordo foi celebrado na sequência de uma visita a Viana do Castelo da secretária regional da Cultura, Economia e Turismo da Região Autónoma do Príncipe, Sónia Cármen da Mata, e do presidente da associação cultural “Auto de Floripes” da ilha do Príncipe, João Pina Batista.

A deslocação, a convite da câmara da capital do Alto Minho, acompanhada pelo vereador da Cultura, Manuel Vitorino, “mobilizou as duas associações para um projeto comum de salvaguarda do Auto da Floripes e de promoção social das comunidades que o herdaram e vivem”.

“As duas comunidades do Príncipe e de Viana do Castelo definem o Auto da Floripes como um dos rostos da universalidade da cultura lusófona e, ao entendê-lo como um íman que une dois povos diferentes, numa relação de amizade e de respeito mútuo, desejam que esta manifestação seja um ponto de partida para novos contextos, relações e parcerias”, destacou Pedro Rego.

A par disso, prossegue, as comunidades acreditam na cultura e na diversidade cultural como via para o desenvolvimento, para a fraternidade e para a paz entre os povos.

Em Viana do Castelo, a representação popular é realizada todos os anos na tarde de 05 de agosto, durante as festividades do lugar das Neves, comum a três freguesias, Vila de Punhe, Mujães e Barroselas, todas na margem esquerda do rio Lima, em Viana do Castelo.

O auto é levado à cena por cerca de 25 comediantes populares da região e baseia-se num episódio extraído da guerra entre o imperador Carlos Magno e o rei turco Almirante Balaão, uma disputa entre cristãos e mouros, que os primeiros acabam por vencer.

Em São Tomé e Príncipe, o Auto da Floripes é representada no dia 15 de agosto na ilha do Príncipe, por ocasião das Festas de São Lourenço.

“Na génese destas tradições está a história ficcionada de Carlos Magno e os seus 12 pares de França, a qual, depois de ser moldada por séculos de traduções, adaptações e reinterpretações, chegou recheada de imaginação e fantasia a vários cantos do Mundo. Entre eles, ressalta o lugar tripartido das Neves [Viana do Castelo] e a ilha do Príncipe [São Tomé e Príncipe], locais que, para além de imprimirem a sua matriz diferenciadora, são os que preservaram ininterruptamente a celebração deste auto popular”, acrescenta a carta de intenção.

Fonte: Agência Lusa

VIANA DO CASTELO ACOLHE ENCONTRO DE TEATRO POPULAR

O Núcleo Promotor do Auto das Floripes leva a efeito no próximo dia 8 de Julho o 10º Encontro de Teatro Popular do Noroeste Peninsular 2003, a ter lugar na Casa do Teatro Popular, no Largo das Neves, em Mujães.

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O “AUTO DAS FLORÍPES” OU O TEATRO POPULAR PORTUGUÊS PRÉ-VICENTINO

Um pouco por todo o país e ainda além-fronteiras, persistem nas tradições populares representações teatrais cujas origens remontam à Idade Média e versam a história lendária do imperador Carlos Magno e a temática das guerras entre cristãos e sarracenos, estes geralmente identificados como turcos em virtude da sua dominação se ter estendido a zona oriental do mar  Mediterrâneo.

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É célebre a representação do “Auto de Floripes” que ocorre no mês de Agosto, em Mujães, no concelho de Viana do Castelo. A ação decorre entre o adro da igreja paroquial de onde sai o cortejo até à Capela da Senhora das Neves, na confluência com as freguesias de Barroselas e Vila de Punhe. Ainda, no concelho de Viana do Castelo, na localidade de Portela Suzã esta representação toma a designação de “Auto de Santo António”.

Em S. João da Ribeira, no concelho de Ponte de Lima, a peça toma a designação de “Auto da Turquia” e tem lugar de Crasto, por ocasião da Festa do Senhor da Cruz da Pedra que se realiza no segundo domingo de Agosto. Aqui defrontam-se dois exércitos, ostentando as bandeiras onde se inscrevem as respetivas insígnias – a cruz da Cristandade e a Lua Minguante com a Estrela que identifica os muçulmanos – e integrando doze personagens cada, incluindo o rei, o porta-bandeira, o capitão e um espião. Os cristãos saem sempre vitoriosos e o auto termina com a rendição inevitável dos turcos e a sua conversão ao Cristianismo.

Com ligeiras alterações e diferentes designações, encontramos ainda a representação do “Auto da Floripes” em Palme, no concelho de Barcelos e “Baile dos Turcos”, em Penafiel. Em Argozelo, no concelho de Vimioso, é designado por “Auto da Floripes”ou ainda “Comédia dos doze pares de França”. Em Parada, no concelho de Bragança, chamam-lhe “Auto dos Sete Infantes de Lara”. Em Sobrado, no concelho de Valongo, designa-se por “Dança dos Bugios e Mourisqueiros” enquanto em Vale Formoso, na Covilhã, toma o nome “Descoberta da Moura”. Também é representada no concelho de A Canhiza, na Galiza, com o nome “Auto do Mouro e do Cristão”.

Em Pechão, no concelho de Olhão, o auto “Combate de Mouros e Portugueses” serviu de argumento a uma longa-metragem do realizador Miguel Mendes que, num misto de ficção e documentário, procura retratar o sofrimento da comunidade piscatória daquela vila algarvia.

À semelhança do que sucede com outros elementos da nossa cultura, também o “Auto das Floripes” foi pelos portugueses levado para paragens distantes onde sofreu naturalmente algumas mutações e é atualmente representado com o consequente carácter híbrido resultante do encontro de culturas. É o que sucede em São Tomé e Príncipe, com a representação de “A Tragédia do Marquês de Mântua e do Príncipe D. Carlos Magno”, também designado por “São Lourenço”por ocorrer no dia dedicado a este santo. Este auto toma no dialeto são-tomense a designação de “Tchiloli” cuja representação tem lugar na Ilha do Príncipe.

A autoria da peça, na forma como é interpretada, é atribuída ao poeta Balthasar Dias, originário da Ilha da Madeira, devendo ter sido introduzida em São Tomé e Príncipe nos finais do século XVI pelos portugueses que aí foram plantar a cana-de-açúcar. Os colonos, constituídos na sua maioria por madeirenses, começaram por integrar nas suas representações os escravos negros provenientes do Congo, Gabão e Camarões, os quais foram gradualmente introduzindo elementos da sua cultura original.

“Tchiloli” tornou-se já numa das mais importantes atrações turísticas da Ilha do Príncipe com larga projeção internacional. Serviu de argumento ao filme “Floripes” de Afonso Alves e Teresa Perdigão e tema do livro “Floripes Negra, de Augusto Baptista, no qual o autor procura demonstrar as suas origens portuguesas.

A alusão ao imperador Carlos Magno relaciona-se naturalmente com o fato daquele imperador ter procedido à conversão forçada ao cristianismo dos povos que conquistou, objetivo que, curiosamente, jamais logrou alcançar na Península Ibérica. Outra particularidade consiste na escolha do dia dedicado a São Lourenço de Huesca para a sua representação, cuja festa litúrgica ocorre a 10 de Agosto.

Em várias localidades, a representação destes autos têm-se verificado de forma cada vez menos regular e, nalguns casos, correm inclusive o risco de passar ao esquecimento. As peças são quase sempre preservadas apenas pela tradição oral. E, apesar de poderem constituir um meio de atrair visitantes e promover as potencialidades culturais das regiões, a maioria dos municípios e entidades culturais não procede à sua divulgação. Trata-se de uma situação que pode e deve ser invertida mediante a intervenção dos grupos de teatro e outras associações que procuram preservar a cultura tradicional.

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Representação do Auto de Floripes em São Tomé e Príncipe.

BRAMÉDICA APOIA MISSÃO HUMANITÁRIA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Luvas esterilizadas e não esterilizadas, batas cirúrgicas, pensos e adesivos foram alguns dos produtos doados pela empresa bracarense

A Bramédica, empresa bracarense de distribuição de equipamentos médicos e hospitalares e material cirúrgico em todo o território nacional, doou hoje um conjunto de material médico e cirúrgico à Associação - Missão Humanitária Médico-Cirúrgica “Be@live”.

Luvas esterilizadas e não esterilizadas, batas cirúrgicas, pensos e adesivos servirão para auxiliar a ação dos vários médicos-cirurgiões, anestesistas, ginecologistas/obstetras, enfermeiros de anestesiologia, circulantes e instrumentistas na próxima missão humanitária em São Tomé e Príncipe, onde as carências de meios humanos e de material hospitalar são muitas.

Esta Missão Humanitária Médico Cirúrgica, que irá decorrer entre os dias 20 de setembro e 4 de outubro de 2019, visa levar uma equipa médico-cirúrgica completa para atuar nas áreas de cirurgia geral e ginecologia/obstetrícia. No Hospital Central de São Tomé, onde vai decorrer a missão, existem duas salas de bloco operatório pelo que se objetiva ajudar um maior número de pessoas. Com duas equipas a realizar cirurgias e consultas em simultâneo, estima-se conseguir operar entre 80 a 100 doentes neste período.

Estas missões médico-cirúrgicas realizam-se nos mais carenciados países da Comunidade de Língua Portuguesa. A Associação já operou cerca de 257 doentes e fez mais de 1000 consultas médicas, números que podem parecer insignificantes, mas que tiveram um impacto significativo naquelas populações. O acesso a cuidados de saúde diferenciados é escasso, pelo que esta intervenção consegue contribuir, também, para a diminuição da mortalidade materno infantil e para que os pais e mães melhorem a sua saúde e continuem a cuidar dos seus filhos.

A Responsabilidade Social é uma das apostas da Bramédica, que comemorou o seu 37º aniversário a 16 de junho. Esta é apenas uma das ações de cariz solidário planeadas pela empresa de Braga. “A Responsabilidade Social foi sempre uma preocupação nossa. Acreditamos que, enquanto empresa, devemos também trabalhar para a construção de uma sociedade mais justa e solidária”, afirma Manuel Martins, CEO da Bramédica.

Nos últimos anos, a Bramédica tem apresentado um crescimento bastante significativo, pelo que o seu sentido de responsabilidade tem crescido gradualmente também. No ano passado, o objetivo passava por consolidar o volume de faturação promovendo a estabilidade empresarial, mas acabou por ser superado e 2018 foi o melhor ano de sempre da empresa.

A Bramédica, certificada pelo INFARMED, I.P., é reconhecida pela qualidade, alta tecnologia e serviço personalizado de distribuição de equipamentos médicos, hospitalares e material cirúrgico, em todo o território nacional, pelo que para 2019 os objetivos são mais arrojados, com uma perspetiva de crescimento maior, de acordo com as estratégias definidas. São vários os projetos em negociação e já em desenvolvimento com o objetivo de criar um dinamismo superior na empresa, ao nível das vendas, da competitividade no mercado e, ao mesmo tempo, do alcance de potenciais clientes.

Sobre a Bramédica

Atuando em áreas como a fisioterapia, o desporto, a cardiologia, a ginecologia/obstetrícia, a ortopedia, o bloco operatório, a medicina no trabalho, a dentária e, mais recentemente, a área farmacêutica, o catálogo da Bramédica tornou-se muito mais vasto e completo. No entanto, a sua capacidade de resposta não diminuiu, estando preparada para responder de forma célere e eficiente ao pedido mais exigente.

Sempre com o principal objetivo de satisfazer os seus clientes, desenvolve um trabalho de elevado profissionalismo em colaboração com os seus parceiros, garantindo que os produtos e serviços prestados correspondem às mais altas exigências do mercado.

Sobre a Missão Humanitária Médico-cirúrgica “Be@live”

A “Be@live” é constituída por uma equipa de profissionais de saúde: médicos-cirurgiões, médicos anestesistas, médicos ginecologistas/obstetras e enfermeiros de anestesiologia, circulantes e instrumentistas, que levam a cabo missões humanitárias de forma voluntária e missionária em países subdesenvolvidos e com carência elevada na área da saúde.

O material médico necessário para os procedimentos cirúrgico é comprado, recolhido e angariado em Portugal. Posteriormente é transportado e acompanhado pela Equipa para os locais onde decorrem as missões humanitárias.

As missões são de curta duração, cerca de 15 dias, durante os quais a equipa promove procedimentos cirúrgicos, consultas e assistência médica as populações locais. Neste período são efetuados cerca de 50 procedimentos cirúrgicos e várias dezenas de consultas médicas a população local.

ESPOSENDENSES SOLIDÁRIOS COM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Loja Social de Esposende coopera com as comunidades mais vulneráveis de São Tomé e Príncipe

Consolidada como uma rede de partilha e solidariedade de toda a comunidade, a Loja Social de Esposende teve oportunidade de alargar a sua intervenção a um dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), nomeadamente São Tomé e Príncipe, através da doação de vestuário e calçado.

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Esta cooperação decorre do contacto da empresa Fundiviana - Fundição de Metais, Lda, sediada na Zona Industrial do Neiva, cujo sócio-gerente é natural do concelho de Esposende, e que, com o apoio da Embaixada da Alemanha, tem apoiado as comunidades mais vulneráveis, nomeadamente a ARCAR - Associação para Reinserção de Crianças Abandonadas em Situação de Risco e a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Perante as necessidades prementes daquelas comunidades, e dada a possibilidade de incluir outros bens na carga enviada pela empresa para São Tomé e Príncipe, João Batista disponibilizou-se para levar a ajuda da Loja Social àquelas instituições.

A ARCAR - Associação para Reinserção de Crianças Abandonadas em Situação de Risco é uma instituição particular de solidariedade social, sediada na cidade de S. Tomé e apoiada pela Misericórdia de S. Tomé, que tem vindo a desenvolver um trabalho em bairros comunitários da periferia da cidade de S. Tomé, com intervenção na sensibilização da divisão de tarefas no seio das famílias, na oferta de educação de apoio escolar, na oferta de formação de artes e ofícios (oficina de costura) e de cursos de alfabetização.

A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, sediada na ilha de São Tomé, é promotora do Projeto para o Desenvolvimento Integrado de Lembá (PDIL), que é uma “resposta aos inúmeros problemas sociais que afligem o distrito de Lembá, em São Tomé e Príncipe, mormente no que concerne a crianças e idosos desfavorecidos, e famílias desestruturadas”, abrangendo as vertentes da Educação, Apoio Social, Emprego e Formação.

Ao associar-se a esta ação, a Loja Social de Esposende evidencia a sua intervenção no eixo da cooperação, através da construção de laços de solidariedade e reforço mútuo, como objetivo de contribuir para um mundo mais equitativo e solidário, traduzido num maior impacto junto dos cidadãos mais desfavorecidos.

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GUIMARÃES RECEBE DELEGAÇÃO SÃO-TOMENSE NOS PAÇOS DO CONCELHO

Guimarães estreita laços com São Tomé e Príncipe e fortalece geminação com Mé-Zochi

Cultura, educação e economia foram áreas da sociedade abordadas no encontro com responsáveis de São Tomé e Príncipe. Delegação foi recebida na Câmara Municipal.

O Presidente do Município de Guimarães pretende fortalecer a relação cultural, potencializar a vertente económica e aprofundar projetos educativos com Mé-Zochi, segunda principal região de São Tomé e Príncipe com quem Guimarães formalizou uma geminação há 26 anos. Domingos Bragança manifestou o desejo de elaborar projetos com parceiros comuns no âmbito do novo quadro comunitário de apoio, no sentido de desenvolver ações concretas na área da cultura, economia, educação e componente científica.

«Vamos fortalecer a nossa geminação, porque encontro uma forte vontade de trabalharmos em conjunto por parte de uma jovem Presidente, com um conhecimento tão denso sobre o que pretende para as suas pessoas», afirmou o Presidente da Autarquia, esta quinta-feira, 13 de agosto, no final de uma reunião realizada nos Paços do Concelho com uma delegação da Câmara Distrital de Mé-Zochi, liderada pela Presidente Isabel Domingos, na qual fizeram igualmente parte a Vereadora da Saúde, Educação e Proteção Social, o Cônsul de São Tomé e Príncipe em Portugal, entre outras individualidades.

Defensora da natureza e com preocupações ecológicas, Isabel Domingos destacou elementos comuns entre a cultura portuguesa e são-tomense, realçando nomes como Almada Negreiros, Bruno Celestino Graça ou Viana da Mota, que nasceram em Mé-Zochi. «O nosso interesse é trabalhar pelo nosso país, não obstante a sua pequenez geográfica, com apenas 200 mil pessoas. Mas isso, para nós, é uma vantagem, pois somos mais atrativos. Vamos congregar esforços e aproveitar os pontos fortes uns dos outros», sugeriu a Presidente da Câmara Distrital de Mé-Zochi.

Região atrativa de São Tomé e Príncipe

A nível de atividade económica, a indústria agropecuária predomina neste distrito de São Tomé e Príncipe, destacando-se a produção de café e cacau, constituindo um dos principais produtos de exportação do país. Localizado a cerca de 300 quilómetros da costa ocidental de África, junto à linha do Equador, o distrito de Mé-Zochi é um dos locais mais aprazíveis em termos climatéricos.

Mé-Zóchi, na ilha de São Tomé, é um dos seis distritos da República de São Tomé e Príncipe, tem cerca de 42 mil habitantes, distribuídos pelos 122 quilómetros quadrados de superfície. Habitado por volta de 1470, por altura da descoberta de toda a ilha de São Tomé e Príncipe, quando os navegadores portugueses ali chegaram, esteve sob o domínio português até à independência nacional em 1975.

AUTARCA SÃO-TOMENSE VISITA GUIMARÃES

Domingos Bragança recebe amanhã o Presidente da Câmara Distrital de Mé-Zochi (São Tomé e Príncipe)

Encontro decorrerá na Câmara Municipal de Guimarães. Área social é uma das apostas de Isabel Domingos para São Tomé e Príncipe.

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O Presidente do Município de Guimarães, Domingos Bragança, reúne esta quinta-feira, 13 de agosto, pelas 10 horas, nos Paços do Concelho, com Isabel Domingos, Presidente da Câmara Distrital de Mé-Zochi, região de São Tomé e Príncipe com quem Guimarães tem uma geminação formalizada desde 1989.

O distrito de Mé-Zóchi, na ilha de São Tomé, da República de São Tomé e Príncipe, cuja capital é Trindade, tem cerca de 42 mil habitantes, distribuídos pelos 122 quilómetros quadrados de superfície. Tendo sido habitado por volta de 1470, por altura da descoberta de toda a ilha de São Tomé e Príncipe, quando os navegadores portugueses ali chegaram, esteve sob o domínio português até à independência nacional em 1975.

A nível de atividade económica, a indústria agropecuária predomina no distrito, destacando-se a produção de café e cacau, constituindo um dos principais produtos de exportação do país. Localizado a cerca de 300 quilómetros da costa ocidental de África, junto à linha do Equador, o distrito de Mé-Zochi é um dos locais mais aprazíveis em termos climatéricos.

MODELO DE TRANSPORTES DE BRAGA INSPIRA SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

O vice-presidente do Município de Braga, Firmino Marques, recebeu hoje, dia 3 de Junho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o presidente da Câmara Distrital de Água Grande, de São Tomé e Príncipe, Ekeneide Lima dos Santos, e representantes da Associação para a Cooperação, Cultura e Desporto entre Portugal e São Tomé e Príncipe.

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A deslocação a Braga, realizada no âmbito da cooperação estabelecida entre os dois municípios, teve como principal enfoque as áreas da mobilidade e transportes e incluiu uma visita aos Transportes Urbanos de Braga (TUB). O autarca de Água Grande aproveitou a ocasião para conhecer mais aprofundadamente o modelo de gestão da rede de transporte público do Município Bracarense que servirá de base para a criação de um sistema similar em São Tomé e Príncipe.

“O nosso objectivo é conhecer o que Braga faz nesta área em termos de gestão de transportes e manutenção. Numa primeira fase, iremos aplicar o modelo no Município de Água Grande, mas o objetivo final será alargar o sistema a todo o território de São Tomé e Príncipe”, explicou Ekeneide Lima dos Santos.

Na ocasião, Firmino Marques, que também preside ao Conselho de Administração dos TUB, destacou o trabalho que a empresa municipal tem realizado em termos de recuperação de passageiros e na melhoria do serviço. “Estamos a fazer um esforço para aumentar a frota e temos conseguido, com sucesso, optimizar o serviço, aumentar a cadência de autocarros e recuperar passageiros”, referiu.

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O “AUTO DE FLORIPES” OU O TEATRO POPULAR PORTUGUÊS PRÉ-VICENTINO

Um pouco por todo o país e ainda além-fronteiras, persistem nas tradições populares representações teatrais cujas origens remontam à Idade Média e versam a história lendária do imperador Carlos Magno e a temática das guerras entre cristãos e sarracenos, estes geralmente identificados como turcos em virtude da sua dominação se ter estendido a zona oriental do mar Mediterrâneo.

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É célebre a representação do “Auto de Floripes” que ocorre no mês de Agosto, em Mujães, no concelho de Viana do Castelo. A ação decorre entre o adro da igreja paroquial de onde sai o cortejo até à Capela da Senhora das Neves, na confluência com as freguesias de Barroselas e Vila de Punhe. Ainda, no concelho de Viana do Castelo, na localidade de Portela Suzã esta representação toma a designação de “Auto de Santo António”.

Em S. João da Ribeira, no concelho de Ponte de Lima, a peça toma a designação de “Auto da Turquia” e tem lugar de Crasto, por ocasião da Festa do Senhor da Cruz da Pedra que se realiza no segundo domingo de Agosto. Aqui defrontam-se dois exércitos, ostentando as bandeiras onde se inscrevem as respetivas insígnias – a cruz da Cristandade e a Lua Minguante com a Estrela que identifica os muçulmanos – e integrando doze personagens cada, incluindo o rei, o porta-bandeira, o capitão e um espião. Os cristãos saem sempre vitoriosos e o auto termina com a rendição inevitável dos turcos e a sua conversão ao Cristianismo.

Com ligeiras alterações e diferentes designações, encontramos ainda a representação do “Auto da Floripes” em Palme, no concelho de Barcelos e “Baile dos Turcos”, em Penafiel. Em Argozelo, no concelho de Vimioso, é designado por “Auto da Floripes”ou ainda “Comédia dos doze pares de França”. Em Parada, no concelho de Bragança, chamam-lhe “Auto dos Sete Infantes de Lara”. Em Sobrado, no concelho de Valongo, designa-se por “Dança dos Bugios e Mourisqueiros” enquanto em Vale Formoso, na Covilhã, toma o nome “Descoberta da Moura”. Também é representada no concelho de A Canhiza, na Galiza, com o nome “Auto do Mouro e do Cristão”.

Em Pechão, no concelho de Olhão, o auto “Combate de Mouros e Portugueses” serviu de argumento a uma longa-metragem do realizador Miguel Mendes que, num misto de ficção e documentário, procura retratar o sofrimento da comunidade piscatória daquela vila algarvia.

À semelhança do que sucede com outros elementos da nossa cultura, também o “Auto das Floripes” foi pelos portugueses levado para paragens distantes onde sofreu naturalmente algumas mutações e é atualmente representado com o consequente carácter híbrido resultante do encontro de culturas. É o que sucede em São Tomé e Príncipe, com a representação de “A Tragédia do Marquês de Mântua e do Príncipe D. Carlos Magno”, também designado por “São Lourenço”por ocorrer no dia dedicado a este santo. Este auto toma no dialeto são-tomense a designação de “Tchiloli” cuja representação tem lugar na Ilha do Príncipe.

A autoria da peça, na forma como é interpretada, é atribuída ao poeta Balthasar Dias, originário da Ilha da Madeira, devendo ter sido introduzida em São Tomé e Príncipe nos finais do século XVI pelos portugueses que aí foram plantar a cana-de-açúcar. Os colonos, constituídos na sua maioria por madeirenses, começaram por integrar nas suas representações os escravos negros provenientes do Congo, Gabão e Camarões, os quais foram gradualmente introduzindo elementos da sua cultura original.

“Tchiloli” tornou-se já numa das mais importantes atrações turísticas da Ilha do Príncipe com larga projeção internacional. Serviu de argumento ao filme “Floripes” de Afonso Alves e Teresa Perdigão e tema do livro “Floripes Negra, de Augusto Baptista, no qual o autor procura demonstrar as suas origens portuguesas.

A alusão ao imperador Carlos Magno relaciona-se naturalmente com o fato daquele imperador ter procedido à conversão forçada ao cristianismo dos povos que conquistou, objetivo que, curiosamente, jamais logrou alcançar na Península Ibérica. Outra particularidade consiste na escolha do dia dedicado a São Lourenço de Huesca para a sua representação, cuja festa litúrgica ocorre a 10 de Agosto.

Em várias localidades, a representação destes autos têm-se verificado de forma cada vez menos regular e, nalguns casos, correm inclusive o risco de passar ao esquecimento. As peças são quase sempre preservadas apenas pela tradição oral. E, apesar de poderem constituir um meio de atrair visitantes e promover as potencialidades culturais das regiões, a maioria dos municípios e entidades culturais não procede à sua divulgação. Trata-se de uma situação que pode e deve ser invertida mediante a intervenção dos grupos de teatro e outras associações que procuram preservar a cultura tradicional.

GOMES, Carlos. In http://www.folclore-online.com/index.html

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Representação do Auto de Floripes em São Tomé e Príncipe.

O "AUTO DE FLORIPES" NO TEATRO POPULAR PORTUGUÊS

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Um pouco por todo o país e ainda além-fronteiras, persistem nas tradições populares representações teatrais cujas origens remontam à Idade Média e versam a história lendária do imperador Carlos Magno e a temática das guerras entre cristãos e sarracenos, estes geralmente identificados como turcos em virtude da sua dominação se ter estendido a zona oriental do mar Mediterrâneo.

É célebre a representação do “Auto de Floripes” que ocorre no mês de Agosto, em Mujães, no concelho de Viana do Castelo. A acção decorre entre o adro da igreja paroquial de onde sai o cortejo até à Capela da Senhora das Neves, na confluência com as freguesias de Barroselas e Vila de Punhe. Ainda, no concelho de Viana do Castelo, na localidade de Portela Suzã esta representação toma a designação de “Auto de Santo António”.

Em S. João da Ribeira, no concelho de Ponte de Lima, a peça toma a designação de “Auto da Turquia” e tem lugar de Crasto, por ocasião da Festa do Senhor da Cruz da Pedra que se realiza no segundo domingo de Agosto. Aqui defrontam-se dois exércitos, ostentando as bandeiras onde se inscrevem as respectivas insígnias – a cruz da Cristandade e a Lua Minguante com a Estrela que identifica os muçulmanos – e integrando doze personagens cada, incluindo o rei, o porta-bandeira, o capitão e um espião. Os cristãos saem sempre vitoriosos e o auto termina com a rendição inevitável dos turcos e a sua conversão ao Cristianismo.

Com ligeiras alterações e diferentes designações, encontramos ainda a representação do “Auto da Floripes” em Palme, no concelho de Barcelos e “Baile dos Turcos”, em Penafiel. Em Argozelo, no concelho de Vimioso, é designado por “Auto da Floripes”ou ainda “Comédia dos doze pares de França”. Em Parada, no concelho de Bragança, chamam-lhe “Auto dos Sete Infantes de Lara”. Em Sobrado, no concelho de Valongo, designa-se por “Dança dos Bugios e Mourisqueiros” enquanto em Vale Formoso, na Covilhã, toma o nome “Descoberta da Moura”. Também é representada no concelho de A Canhiza, na Galiza, com o nome “Auto do Mouro e do Cristão”.

Em Pechão, no concelho de Olhão, o auto “Combate de Mouros e Portugueses” serviu de argumento a uma longa-metragem do realizador Miguel Mendes que, num misto de ficção e documentário, procura retratar o sofrimento da comunidade piscatória daquela vila algarvia.

À semelhança do que sucede com outros elementos da nossa cultura, também o “Auto das Floripes” foi pelos portugueses levado para paragens distantes onde sofreu naturalmente algumas mutações e é actualmente representado com o consequente carácter híbrido resultante do encontro de culturas. É o que sucede em São Tomé e Príncipe, com a representação de “A Tragédia do Marquês de Mântua e do Príncipe D. Carlos Magno”, também designado por “São Lourenço” por ocorrer no dia dedicado a este santo. Este auto toma no dialecto são-tomense a designação de “Tchiloli”.

A autoria da peça, na forma como é interpretada, é atribuída ao poeta Balthasar Dias, originário da Ilha da Madeira, devendo ter sido introduzida em São Tomé e Príncipe nos finais do século XVI pelos portugueses que aí foram plantar a cana-de-açúcar. Os colonos, constituídos na sua maioria por madeirenses, começaram por integrar nas suas representações os escravos negros provenientes do Congo, Gabão e Camarões, os quais foram gradualmente introduzindo elementos da sua cultura original.

O “Tchiloli” tornou-se já numa das mais importantes atracções turísticas da Ilha do Príncipe com larga projecção internacional. Serviu de argumento ao filme “Floripes” de Afonso Alves e Teresa Perdigão e tema do livro “Floripes Negra, de Augusto Baptista, no qual o autor procura demonstrar as suas origens portuguesas.

A alusão ao imperador Carlos Magno relaciona-se naturalmente com o facto daquele imperador ter procedido à conversão forçada ao cristianismo dos povos que conquistou, objectivo que, curiosamente, jamais logrou alcançar na Península Ibérica. Outra particularidade consiste na escolha do dia dedicado a São Lourenço de Huesca para a sua representação, cuja festa litúrgica ocorre a 10 de Agosto.

Em várias localidades, a representação destes autos têm-se verificado de forma cada vez menos regular e, nalguns casos, correm inclusive o risco de passar ao esquecimento. As peças são quase sempre preservadas apenas pela tradição oral. E, apesar de poderem constituir um meio de atrair visitantes e promover as potencialidades culturais das regiões, a maioria dos municípios e entidades culturais não procede à sua divulgação. Trata-se de uma situação que pode e deve ser invertida mediante a intervenção dos grupos de teatro e outras associações que procuram preservar a cultura tradicional.

GOMES, Carlos. In http://www.folclore-online.com/index.html

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Representação do Auto de Floripes em São Tomé e Príncipe.