Ao longo do tempo, várias têm sido as versões criadas do Hino da Maria da Fonte – o Hino do Minho! – adaptadas à música composta por Ângelo Frondoni, ao jeito de várias sensibilidades ideológicas. Porém, a letra original, composta por Paulo Midosi em 1846, é a seguinte:
Baqueou a tirania Nobre povo, és vencedor, Generoso, ousado e livre, Dêmos glória ao teu valor.
Refrão: Eia avante, Portugueses! Eia avante, não temer! Pela santa Liberdade, Triunfar ou perecer!
Algemada era a Nação, Mas é livre ainda uma vez; Ora, e sempre, é caro à Pátria O heroísmo Português.
Lá raiou a Liberdade Que a Nação há-de aditar! Glória ao Minho que primeiro O seu grito fez soar!
Segue, ó Povo, o belo exemplo De tamanha heroicidade: Nunca mais deixes tiranos Ameaçar a Liberdade.
Fugi déspotas! Fugi, Vis algozes da Nação! Livre, a Pátria vos repulsa, Terminou a escravidão
Casimiro José Vieira (Vieira do Minho, 1817 – 1895), foi um sacerdote católico português. Era um forte defensor do culto das Cinco Chagas de Cristo e um legitimista convicto, que proclamava El-Rei D. Miguel do alto do Bom Jesus do Monte, e que foi um dos líderes da Revolução da Maria da Fonte. Tendo ido viver para a vila de Margaride no concelho de Felgueiras, foi aí pároco da Paróquia de Margaride (Santa Eulália) de 27-03-1867 a 09-12-1867.
Publicou um relato das suas atividades guerreiras à frente de um grupo de camponeses, sob o título: Apontamentos para a história da Revolução do Minho em 1846 ou da Maria da Fonte, Braga, Typographia Lusitana, 1883; Lisboa, Rolim, 1987 (edição facsimile da edição de 1883 com prefácio de José Manuel Sobral).
Rebelião que deflagrou no Minho em abril de 1846, iniciada por um grupo de mulheres lideradas por Maria da Fonte, assim chamada por ser oriunda de Fonte Arcada.
A causa para a rebelião foram as leis da saúde de novembro de 1845 que, entre outras disposições, proibiam os enterramentos nas igrejas como sempre se fizera até aí, confinando-os aos cemitérios.
As mulheres minhotas protestaram pela primeira vez em 19 de março na aldeia de Santo André de Frades, concelho de Póvoa do Lanhoso, quando, após obrigarem o pároco a sepultar na igreja uma mulher recentemente falecida, as autoridades decidiram exumar o corpo no cumprimento da lei. Logo os sinos tocaram a rebate e um grupo de camponesas obrigou à fuga das autoridades, com risco das próprias vidas.
De uma forma aparentemente espontânea e genuinamente popular, os protestos foram-se repetindo até meados de abril, quando passaram a ser direcionados para os funcionários da Fazenda que faziam um levantamento de bens para efeitos do lançamento de impostos.
Num misto de anarquia e defesa de dignidade, houve, em Vieira do Minho, novos protestos, mas assumindo já o carácter de uma revolta; as mulheres assaltaram a Administração e destruíram os arquivos. A revolta depressa alastrou pelo resto do Minho e Trás-os-Montes.
Partiu então de Braga uma força de infantaria para restabelecer a ordem. Como reação, o movimento toma o aspeto de grupos de guerrilha. É na liderança destes grupos que surge uma série de clérigos como o padre Casimiro José Vieira, o padre João Cano, o padre Manuel de Agra, entre outros, que dão ao movimento popular um carácter político, visando a restauração do absolutismo de D. Miguel. Posteriormente, também os setembristas se colocariam do lado dos revoltosos.
Com o apoio das Câmaras, Costa Cabral nomeia o seu irmão, José Bernardo, comissário do Governo com poderes quase ilimitados sobre as autoridades civis e militares. À força que José Bernardo iria empregar responde o país com a formação de Juntas locais um pouco por todo o lado, as quais detiveram o poder por algum tempo à escala regional, recusando-se a obedecer ao governo central.
O duque da Terceira, presidente do ministério, perante tão conclusiva demonstração de força e apercebendo-se de que tinha todo o país contra si, convoca uma reunião do Gabinete, presidido pela rainha, em que propõe à monarca a demissão do governo como única forma de debelar a revolta.
A rebelião parece ser a resposta popular aos exageros da ditadura de Costa Cabral; mas, se assim foi, o povo só se inquietou quando se sentiu diretamente atingido, ou seja, com as leis da saúde e com os impostos. Não se trata, pelo menos inicialmente, de uma revolta de cariz político mas tão-somente de defesa de valores tradicionais e seculares.
Fonte: Porto Editora – Maria da Fonte na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-03-19 16:29:36]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$maria-da-fonte
No âmbito do prolongamento da linha Vermelha de São Sebastião a Alcântara, o Metropolitano de Lisboa informa que o Jardim da Parada manterá todas as suas atuais características depois das obras de construção da nova estação de Campo de Ourique.
O prolongamento da linha Vermelha a Alcântara constitui um projeto estratégico no âmbito do Plano de Expansão da rede e resulta de um processo de análise aprofundado e detalhado, de envolvimento de diversas entidades de reconhecido mérito e competência técnica e de pareceres das autoridades decisoras, tendo recebido parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), condicionado ao cumprimento de um conjunto de termos e condições que serão cumpridas pelo Metropolitano de Lisboa mas que não implicam a deslocalização de qualquer uma das quatro novas estações previstas.
O Metropolitano de Lisboa, em articulação com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Junta de Freguesia de Campo de Ourique, organizou em junho passado, uma sessão Pública de esclarecimento aberta à população da Freguesia de Campo de Ourique, sobre o projeto de Extensão da Linha Vermelha a Alcântara e em particular sobre a implantação da estação de Campo de Ourique e localização dos respetivos acessos. Da mesma forma, o Metropolitano de Lisboa recebeu todas as organizações que mostraram interesse em reunir com esta empresa sobre esta matéria.
Num projeto desta natureza, a compreensão de aspetos particulares do projeto só poderá ser alcançada através de uma compreensão robusta da globalidade da extensão do prolongamento em causa, das suas condicionantes e restrições ao traçado do projeto, reconhecimento hidrogeológico e geotécnico do território atravessado e à coerência do mesmo no espaço urbano consolidado com potencial para implantação dos túneis e estações.
Na análise de viabilidade do projeto, consubstanciada nas suas diferentes disciplinas e na ponderação de todos os fatores, concorrem para a opção de localização da estação Campo de Ourique sob o Jardim da Parada, os seguintes principais fatores:
A sua centralidade relativamente ao Bairro de Campo de Ourique, possibilitando a distribuição rápida para outras zonas de Lisboa, nomeadamente para o centro e zona oriental da cidade e redução significativa dos tempos estimados de percurso;
Assegurará 12% dos movimentos diários das novas quatro estações do prolongamento da linha Vermelha. Para qualquer outra localização avaliada para a estação Campo de Ourique não se alcançaram resultados desta ordem de grandeza;
Menor risco de interferência dos processos construtivos com a estabilidade do edificado da envolvente;
Menor impacto durante o período construtivo no que respeita à definição das áreas destinadas a estaleiro e à interferência das mesmas com vias de circulação públicas.
A área predominante do Jardim manterá a sua utilidade e atividade social atual. Será implementado um Plano de Monitorização do Ruído e de Vibrações;
Redução de interferências com infraestruturas técnicas no subsolo.
A solução adotada servirá, assim, o máximo de pessoas causando o menor impacto e constrangimentos possíveis noutros locais da freguesia, marcada por uma malha urbana apertada, com uma única faixa de circulação por via e com pouco estacionamento, bem como evitar a proximidade do túnel aos edifícios existentes, na fase de construção.
A estação Campo de Ourique ficará implantada sob o Jardim da Parada a uma profundidade de 35 metros e será construída integralmente em zona rochosa de maciço calcário, estrato onde ocorre a perfuração para a travessia do túnel e que é favorável em termos de estabilidade.
Relativamente à estrutura arbórea existente no Jardim da Parada, constata-se que as espécies em presença, tendo em consideração o seu porte e idade, terão uma profundidade máxima do enraizamento de cerca de 6 metros, situando-se na camada de aterros e argilas não atravessada pelo futuro túnel e pela estação de metro. Assim, pode aferir-se que os trabalhos que o Metro de Lisboa irá realizar no subsolo não terão qualquer interferência no enraizamento das árvores.
Para montar o estaleiro e fazer a estação (e realça-se que o estaleiro do Metro ocupará somente cerca de 15% da área do Jardim), será necessário retirar seis lódãos (situação prevista e conciliada com a Direção Municipal dos Espaços Verdes da CML). Como medida de compensação, serão plantadas 50 novas árvores na freguesia de Campo de Ourique, em local a definir entre a CML e a Junta de Freguesia. No final da obra, desses seis lódãos que foram retirados, quatro (não esses, mas outros) serão plantados exatamente no mesmo local. Os outros dois lódãos não podem ser plantados exatamente no mesmo sítio, mas serão plantados dentro do jardim. Ou seja, no balanço final, não haverá supressão de árvores no Jardim da Parada.
Ainda no que às árvores diz respeito, na fase de obra será garantida uma zona de proteção de 20 metros de raio dos 3 exemplares arbóreos classificados (fitomonumentos) existentes e que o Metro de Lisboa não irá intervir. Será, igualmente, garantido o acompanhamento ambiental do estado fitossanitário desses exemplares classificados.
Foi também coordenado com os serviços da CML, o estudo pela autarquia para o programa de requalificação do Jardim da Parada com eventual ampliação da área verde e criação de via pedonal na Rua 4 de Infantaria, ou seja, implementação de um programa de recuperação e integração paisagística, a definir pela autarquia.
Na fase de execução de obra, e por questões de segurança, o espaço infantil existente será relocalizado e as áreas de estaleiro a ocupar serão restringidas ao máximo. Será construído um único poço no espaço onde hoje pontua um edifício para apoio. Quando a estação abrir ao público, dois elevadores serão apenas as únicas estruturas emergentes, ficando localizados no espaço atualmente ocupado pelo edifício atrás referido.
A implantação dos acessos à estação foi definida em estreita colaboração e coordenação com a Direção Municipal do Urbanismo e Direção Municipal da Mobilidade da CML, prevendo-se um acesso na Rua Almeida e Sousa, próximo do cruzamento da Rua Ferreira Borges e outro na Rua Francisco Metrass, potenciando assim a ligação e o fácil acesso ao serviço da estação de Metro às zonas do bairro de Campo de Ourique de maior densidade habitacional, de serviços e de atividade social.
O prolongamento da linha Vermelha é um projeto complexo, que exige uma visão global e abrangente, oferecendo a melhor solução de mobilidade aos lisboetas. A localização de cada uma das quatro estações previstas não resulta de uma análise casuística, mas de uma ampla e exigente ponderação para a adoção de uma solução equilibrada, assente em estudos técnicos e na consulta de diversas entidades da especialidade de reconhecido mérito e competência.
Depois da linha Circular, o futuro do Metropolitano passa pelo prolongamento da linha Vermelha a Alcântara. Previsto no PRR, conta com um investimento de 304 milhões de euros e afigura-se essencial para o novo paradigma da mobilidade sustentável e da descarbonização.
O Jardim Teófilo Braga ou jardim da Parada em Campo de Ourique é da autoria de António Augusto da Costa Motta. Em 1920 para comemorar os 100 anos da proclamação do regime liberal, foi inaugurado o monumento à Maria da Fonte da autoria de Costa Motta. A estátua é de mármore branco e representa uma mulher jovem, descalça, envergando vestes minhotas, empunhando um chuço sobre o ombro esquerdo, e uma pistola erguida na mão direita.
As obra de prolongamento da rede de metropolitano em Lisboa vão dispor de uma entrada no Jardim da Parada, desconhecento-se até ao momento se a estátua da Maria da Fonte não deverá ser relocalizada.
A Presidência do Conselho, através do Despacho de 28 de Março, publicado em Diário do Governo nº. 74/1969, Série I de 28 de Março de 1969, determinou que os membros do Governo têm direito ao Hino da Maria da Fonte de acordo com o Regulamento de Continências e Honras Militares.
Maria da Fonte (ou Revolução do Minho) é o nome dado a uma revolta popular ocorrida na primavera de 1846 contra o governo cartista (designação que se deu em Portugal à tendência mais conservadora do liberalismo surgido após a revolução de 1820, centrada em torno da Carta Constitucional de 1826, outorgada por D. Pedro IV), presidido por António Bernardo da Costa Cabral. A revolta resultou das tensões sociais remanescentes das guerras liberais (guerra civil travada em Portugal entre liberais constitucionalistas e absolutistas sobre a sucessão real, que durou de 1828 a 1834), exacerbadas pelo grande descontentamento popular gerado pelas novas leis que se lhe seguiram de recrutamento militar, por alterações fiscais e pela proibição de realizar enterros dentro de igrejas.
Iniciou-se na zona de Póvoa de Lanhoso (Minho) por uma sublevação popular que se foi progressivamente estendendo a todo o norte de Portugal. A instigadora dos motins iniciais terá sido uma mulher do povo chamada Maria, natural da freguesia de Fontarcada (que até ao início do século XIX constituiu o couto de Fonte Arcada, um lugar imune), que por isso ficaria conhecida pela alcunha de Maria da Fonte. Como a fase inicial do movimento insurreccional teve uma forte componente feminina, acabou por ser esse o nome dado à revolta.
Maria da Fonte e os motins iniciais…
Depois de múltiplos incidentes e arruaças isoladas, ocorridos um pouco por todo o país, mas com maior relevo no norte, o gatilho da revolta será um acontecimento deveras banal: a morte, a 21 de Março de 1846, da idosa Custódia Teresa, habitante da freguesia de Fontarcada, dos arredores da Póvoa de Lanhoso.
Quando na manhã do dia seguinte, 22 de Março de 1846, um grupo de vizinhos, onde predominavam mulheres, decide proceder ao sepultamento da defunta na Igreja do Mosteiro de Fonte Arcada, sem autorização da Junta de Saúde e ao total arrepio das normas legais (lembre-se: era proibido realizar enterros dentro de igrejas), as autoridades decidem intervir, até porque aquele seria o segundo incidente do género naquele ano (a 20 de Janeiro, no enterro de José Joaquim Ribeiro, ali falecido).
No caso do sepultamento de Custódia Teresa, o povo não permitiu que o comissário de saúde viesse atestar o óbito, tendo-o espancado, nem os familiares aceitaram pagar a taxa de covato (taxa de funeral). O enterro terá sido mesmo feito sem acompanhamento religioso (o pároco recusou-se a participar no desacato, embora o povo alegasse que o fazia por razões religiosas, pois se o corpo fosse enterrado fora da igreja, noutro chão qualquer que não o do templo, o morto estaria desprotegido).
Talvez por considerarem menos provável que as autoridades agissem de forma violenta contra mulheres, parecem estas ter tido papel preponderante nos eventos e é às mulheres do lugar que se imputam as principais culpas. Esta imagem de liderança feminina também pode ter resultado da forma como o evento foi descrito pelas autoridades, que procuraram minimizar os incidentes atribuindo-os a grupos de beatas fanatizadas pelos apostólicos.
Perante os fatos, as autoridades resolveram prender as cabecilhas da revolta e proceder à exumação do cadáver e à sua sepultura no terreno destinado a cemitério. Para tal a 24 de Março dirigiram-se à freguesia, tendo sido recebidas à pedrada pela população armada com foices, tamancos e cajados. Sem poderem exumar o cadáver, procederam à prisão de quatro mulheres que foram consideradas cabecilhas dos incidentes dos dias anteriores: Joaquina Carneira, Maria Custódia Milagreta, Maria da Mota e Maria Vidas.
Quando a 27 de Março as presas iam ser ouvidas pelo juiz, os sinos tocaram a rebate, reunindo o povo, que marchou até à vila para arrombar com machados as portas da cadeia. À frente deste grupo, confiadas de que não se atreveriam a atirar sobre as mulheres, estavam algumas jovens, entre elas, vestida de vermelho, Maria Angelina, a irmã do sapateiro local, que terá sido a primeira a acometer à machadada a porta da cadeia.
Então, quando as autoridades procuravam identificar os rebeldes, a jovem Maria Angelina, que se distinguia das demais apenas por estar vestida de vermelho, foi colocada no topo da lista. Como os circunstantes se recusavam a identificar os amotinados, ficou registada simplesmente por Maria da Fonte Arcada, depois abreviado para Maria da Fonte.
Contudo, sobre esta matéria as opiniões divergem, já que nos anos imediatos muitas foram as Marias da Fonte que apareceram pelo norte de Portugal, reclamando, com maior ou menor justiça, a glória do nome. A identificação com Maria Angelina, que de fato foi processada e pronunciada nos tumultos da Póvoa de Lanhoso, parece a mais credível, já que o padre do lugar, Casimiro José Vieira, pertencia à corrente mais à esquerda do movimento liberal e viveu de perto os acontecimentos, deixando testemunhos nos seus Apontamentos para a História da Revolução do Minho em 1846 ou da Maria da Fonte. Outra explicação alternativa, dado o enquadramento social e político dos eventos, é a alcunha Maria da Fonte ser um epíteto desdenhoso, lançado pelos políticos contrários à revolução, para designar colectivamente as mulheres que, convenientemente para a versão minimizadora dos incidentes, pareciam liderar a contestação. Assim, em vez de uma Maria da Fonte, teríamos uma multidão de Marias. Depois, romantizado pela intelectualidade da época, a Maria da Fonte acabaria por transformada no epítome das virtudes guerreiras das mulheres do norte de Portugal, passando de defensora de ideias reaccionárias, materializadas em costumes atávicos, a genuína expressão do desejo de liberdade da alma popular. Afinal, é assim que nascem os mitos. Durante a Revolução da Maria da Fonte, Angelo Frondoni (músico, maestro, compositor, poeta e crítico de arte, de origem italiana que fez carreira em Portugal) compôs um hino popular que ficou conhecido pelo nome de Hino da Maria da Fonte ou Hino do Minho, música patriótica que teve larga divulgação e que chegou a ser aceite, pela generalidade da população portuguesa, nos últimos tempos da Monarquia, quase como hino nacional. Obra que respira entusiasmo belicoso e que por muito tempo foi o canto de guerra do Partido Progressista (um dos partidos históricos portugueses do rotativismo da Monarquia Constitucional de finais do século XIX, caracterizado pela alternância no poder dos dois grandes partidos políticos do centro-direita e centro-esquerda).
Ainda hoje, o Hino da Maria da Fonte continua a ser a música com que se saúdam os ministros portugueses, sendo utilizado em cerimónias cívicas e militares.
A Revolução da Maria da Fonte teve início na freguesia de Fontarcada na Primavera de 1846, e foi protagonizada por centenas de mulheres do concelho da Póvoa de Lanhoso, aproveitando o pretexto da contestação das “Leis da Saúde” para pôr em causa o exercício das novas autoridades liberais.
Rapidamente replicados os confrontos por todo o Minho, e por todo o país, a Revolução culminaria com a demissão do Governo da nação.
A Maria da Fonte – heroína / mulher – vai, ao longo dos anos, tornar-se no maior símbolo da luta por justiça e igualdade em Portugal, sendo-lhe erigida a primeira estátua em 1920, em Lisboa, na evocação do centenário da Revolução Liberal.
Na vila da Póvoa de Lanhoso, apesar de tentativas anteriores, apenas lhe é dedicada uma estátua em 1978, do escultor bracarense Jorge Ulisses.
Em 29 de maio de 2022 esta estátua é recolocada neste local, o dos primeiros confrontos que marcam o início da Revolução!
Passam precisamente 177 anos sobre a data em que as heróicas mulheres do Minho se revoltaram contra a ditadura do governo do Partido Cartista de Costa Cabral. A faúlha que incendiou a revolta teve origem na Póvoa de Lanhoso com a proibição dos enterramentos no interior das igrejas, tendo-se alastrado às novas leis de recrutamento militar resultantes das guerras liberais e das alterações aos pagamentos das décimas – apelidadas de “papeletas da roubalheira” – que levaram o povo a acorrer às vilas e assaltar as repartições de finanças.
As valorosas mulheres repeliram a soldadesca enviada pelo governo com o fim de repor a ordem pública e a revolução alastrou a todo o Minho.
Por essa ocasião, o compositor de origem italiana Angelo Frondoni compôs o “Hino da Maria da Fonte” com letra de Paulo Midosi, o qual viria a tornar-se o Hino do Minho, sendo executado até à atualidade nomeadamente em cerimónias militares ou celebrações patrióticas como o 1º de Dezembro.
Na imagem, a Maria da Fonte (1846), aguarela de Roque Gameiro.
Ângelo Frondoni, compositor italiano que viveu em Portugal foi quem compôs o Hino do Minho, vulgarmente conhecido como Hino da Maria da Fonte.
A imagem mostra a partitura do Hymno do Minho, inserto numa colectânea de partituras dos “Hymnos nacionaes portuguezes”, existente na Biblioteca Nacional de Portugal.
O maestro e compositor Ângelo Frondoni veio para Portugal a convite do Conde de Farrobo, tendo aqui feito carreira e falecido em 1891 com setenta e nove anos de idade.
“I Conferências de Fafe”: General Ramalho Eanes amanhã em Fafe
O ex-Presidente da Republica, General Ramalho Eanes, participa amanhã, terça-feira, dia 3 de Maio, às 18h30, no Teatro Cinema de Fafe, na primeira sessão das “I Conferências de Fafe”, onde fará uma reflexão dedicada ao tema “Os passos mais significativos dos 48 anos de democracia”, com a moderação de Luís Marques Mendes.
A iniciativa, promovida pela Câmara, no âmbito das comemorações dos 48 anos do 25 de Abril, levará a Fafe os ex-Presidentes da República e o atual Presidente para uma reflexão ampla sobre os 48 anos de construção da democracia portuguesa.
Arcos de Valdevez comemorou mais uma vez o 25 de Abril, o "Dia da Liberdade".
As comemorações tiveram início de manhã cedo na Praceta Combatentes do Ultramar (1961-1974), junto ao elemento escultórico de homenagem aos militares arcuenses, inaugurado no Dia do Concelho em 2012, com uma homenagem aos combatentes arcuenses tombados no Ultramar, onde foi colocada uma coroa de flores junto ao elemento escultórico, pelo Presidente da Câmara Municipal, João Esteves.
Após este ato, prosseguiram as comemorações com a Cerimónia Oficial na Praça Municipal onde se reuniram o presidente da Câmara Municipal, João Esteves, os vereadores do município, membros da Assembleia Municipal e os Presidentes da Junta de Freguesia, bem como muitas pessoas que se juntaram no local para, também, testemunharem o hastear das bandeiras com guarda de honra efetuada pelos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, o Corpo Nacional de Escutas e a Banda da Sociedade Musical de Arcos de Valdevez, neste dia de tanto simbolismo para a Nação Portuguesa.
De seguida teve lugar no Auditório da Casa das Artes, o Concerto pela Banda da Sociedade Musical de Arcos de Valdevez, o qual contou com bastante adesão por parte da população.
Neste momento, o Presidente da Câmara, João Manuel Esteves, felicitou a Banda de Música, o Maestro e a Direção, pela sua excelente atuação e pelo seu importante papel na divulgação de Arcos de Valdevez.
O autarca também apelou à “força e envolvimento dos arcuenses para, com os valores da Democracia, Liberdade e Desenvolvimento do 25 de Abril, continuarmos a construir o futuro de Arcos de Valdevez”.
Neste mesmo dia foi também, exibido, na Casa das Artes, à noite, o filme “SALGUEIRO MAIA: O IMPLICADO”.
A programação destas comemorações teve início no dia 22, sexta-feira, no Centro Interpretativo do Barroco, com os Encontros Literários do Alto Minho: “As palavras que nos unem”, com os escritores Tiago Salazar e Rui Cardoso Martins e a participação da Universidade do Saber da SCMAV.
No dia 23, sábado, na Casa das Artes, foi apresentada a peça de Teatro: “O HOMEM DA AMÁLIA” com Vergílio Castelo. No domingo, também na Casa das Artes, decorreu o concerto de Ricardo Ribeiro “Respeitosa Mente”.
Foi num ambiente de festa e entusiasmo característico da liberdade que o Município de Celorico de Basto celebrou um dos grandes momentos da história de Portugal e da Democracia, a revolução do 25 de Abril, com a apresentação das Músicas da Revolução.
Um espetáculo que contou com a interpretação de músicas de protesto por intérpretes do concelho.
O espetáculo iniciou com a intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, José Peixoto Lima, que discursou de forma entusiasta demonstrando a importância e a força da democracia. “O 25 de Abril foi um dos maiores marcos históricos da nossa democracia, a força de um povo que cansado da ditadura articulou de forma pacífica e guiado pelas músicas da revolução, a libertação da censura imprimindo a liberdade. Uma liberdade que temos que enaltecer e valorizar, uma liberdade que nos permite evoluir de forma concertada, todos a caminhar no mesmo sentido, no sentido do crescimento do país na criação das melhores condições de vida para todos, de forma equitativa”. O autarca observou a vitória de Macron como um reflexo da importância da liberdade face ao poder absoluto e ditatorial. “Foi uma vitória da democracia, da Liberdade, da continuidade da União Europeia. Foi uma vitória de todos aqueles que acreditam que só com a liberdade poderemos alcançar grandes feitos e fazer mais e melhor por toda a humanidade”.
Pelo palco passaram músicas e poemas que marcaram e continuam a marcar as gerações com letras de intervenção que marcaram uma época mas que continuam atuais.
Pelo palco do Centro Cultural passou a Cooperartes que interpretou um medley com as músicas “A morte saiu à rua” e “Venham +5” de Zeca Afonso. O Zé Faria e Inês Calafate interpretaram “Vejam Bem” e “Vampiros” de Zeca Afonso e “Que Força é essa” e “Maré Alta” de Sérgio Godinho. Os Basfado interpretaram “Trova do Vento que passa” de Adriano Correia de Oliveira, “Os meninos do Huambo” de Paulo de Carvalho e “Os olhos Negros” de Adriano Correia de Oliveira. Os Cavaquinhos da Escola Profissional e Agrícola Eng Silva Nunes interpretaram “Venham mais cinco” e “Somos Livres” de Ermelinda Duarte. O jovem Eduardo Meireles cantou a músicas “Era tão bom” de Bezegol e por fim o Grupo Cultural de Gandarela interpretou a música “Venham mais cinco” de Zeca Afonso e “Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho.
O espetáculo contou ainda com a leitura de um poema de protesto por Teresa Seco e a interpretação pelo Grupo de Teatro Celoricense (GTC) de um trecho da peça “o Referendo” de Bertolt Brest do livro “Terror e Miséria no III Rich”.
No final do espetáculo foram todos convidados, com os cravos na mão, a interpretar à capela a música “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso, uma das músicas mais simbólicas da Revolução dos Cravos.
“Cuidar de Abril é cuidar das autarquias locais, dar-lhes a responsabilidade e a confiança que merecem” – Mário Passos, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
Mário Passos criticou processo de descentralização nas comemorações do 25 de Abril. Autarca famalicense fala em “tiques do centralismo nacional”.
O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão acredita que “já é altura de o país confiar definitivamente nas autarquias locais”. A descentralização de competências foi um dos temas abordados por Mário Passos no discurso proferido nas comemorações do 25 de Abril que, após dois anos de interregno, voltou a ser celebrado nos Paços do Concelho do município.
O edil reafirmou ontem a disponibilidade para “aceitar mais competências, mas não a qualquer custo”. Mário Passos defende que a descentralização “não pode ser feita por decretos-de-lei frágeis, que se limitam a impor um conjunto de tarefas às autarquias” e que o debate sobre o assunto “tem que ser acompanhado de outros temas” tais como regionalização, competências do poder local, governação multinível e a eficiência de políticas públicas. “Não basta descentralizar administrativamente, importa abordar esta questão numa visão holística”, acrescentou.
O processo foi também criticado pelo presidente da Assembleia Municipal, Nuno Melo, que se referiu a Portugal como “um país onde há demasiada Lisboa e menos tudo o resto”. O conflito armado na Ucrânia foi também mencionado pelo responsável político para lembrar que “o que temos não é um dado adquirido”.
Refira-se ainda que a tradicional sessão solene extraordinária da Assembleia Municipal comemorativa do 25 de Abril contou também com a habitual intervenção dos vários partidos políticos.
A manhã ficou ainda marcada pelo hastear da bandeira nos Paços do Concelho ao som do hino nacional interpretado pela Banda de Música de Famalicão e pela plantação, simbólica, de um carvalho nos jardins dos Paços do Concelho, espécie autóctone caracterizada pela sua simbologia associada à força e resiliência.
As comemorações do 25 de Abril em Famalicão decorrem desde o passado dia 22 e prolongam-se até dia 30. Destaque para a programação da Casa das Artes para este fim-de-semana, com a apresentação do espetáculo de dança “Autópsia” da Companhia Olga Roriz e do concerto “Eixo do Jazz Ensemble Meets” com Mário Laginha.
Sessão solene evocativa contou com intervenções de representantes de diversas estruturas juvenis
O Município de Braga realizou esta Segunda-feira, 25 de Abril, uma sessão solene evocativa dos 48 anos da Revolução de Abril. A cerimónia, realizada no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Minho, ficou marcada pela participação de jovens e de representantes de diversas estruturas juvenis que evocaram os valores da Democracia e da Liberdade.
Para Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, a celebração do 25 de Abril é um exercício de memória sempre “oportuno e necessário”, nomeadamente para as gerações mais jovens. Foi por este motivo, explicou o Autarca, que o Município de Braga decidiu realizar uma sessão evocativa com um formato diferente, dando a oportunidade aos jovens do Concelho de expressarem a sua opinião sobre o país, sobre o mundo e sobre a herança de Abril.
“O 25 de Abril deu-nos o poder de transformar as nossas convicções e causas individuais num exercício de escolha, algo que se materializa não só nos actos eleitorais, mas também no confronto de ideias que deve ser estimulado na nossa comunidade”, referiu Ricardo Rio na cerimónia que contou com a presença da presidente da Assembleia Municipal, Hortense Santos, de vereadores, deputados municipais, de representantes de diversas autoridades civis, militares e académicas, assim como de diversas estruturas políticas e de juventude.
De entre as diversas transformações ocorridas no país a partir de 1974, Ricardo Rio destacou a criação do poder local democrático. “Temos hoje um poder local de proximidade, consciente das necessidades dos territórios e dos cidadãos, um poder verdadeiramente transformador. Um poder de proximidade, que não seja centralista, que não congregue numa única esfera de decisão todos os recursos é, seguramente, mais capaz de responder aos anseios da população”, afirmou, defendendo a optimização do actual modelo, através de uma nova revisão administrativa do país.
O Autarca Bracarense terminou a sua intervenção com um apelo ao exercício da cidadania activa, nomeadamente dos mais jovens. “É através dos jovens e da sua voz que se celebra Abril e se olha de diferentes formas o futuro”, disse.
Ricardo Rio deixou ainda um agradecimento público à Universidade do Minho, que esteve representada pelo vice-reitor Eugénio Campos Ferreira, pela disponibilização do Salão Nobre da Reitoria para a realização da sessão solene evocativa do 25 de Abril.
Exmos. Sra e Srs Presidentes de Junta de Freguesia
Exmos. Convidados
Exmos. Antigos Combatentes
Exma. Comunicação Social
Minhas senhoras e meus senhores,
Começo, naturalmente, em nome da Assembleia Municipal de Amares, por agradecer e saudar a vossa presença e a todos os que contribuíram para a realização destas comemorações. Que enumero sem ordem de importância: Banda Filarmónica de Amares, Bombeiros Voluntários de Amares, Núcleo da Cruz Vermelha de Amares, Secção Columbófila de Amares, Clube Desportivo Recreativo e Cultural Amarense, Estudos Musicais Luís Capela, Associação Fluir Artes Musicais, Agrupamento de Escolas de Amares, entre outras.
Minhas senhoras e meus senhores,
Os jovens são a garantia do futuro com as suas perspetivas, novos horizontes e desafios. Porém, sabemos que, ao terem como garantida a liberdade e a democracia, existe uma certa desvalorização pela sua conquista e manutenção. Além disso, na ausência de respostas aos seus problemas, recorrem, cada vez mais, ao voto de protesto em movimentos antissistema, exploradores da incerteza e descontentamento, que colocam em causa os ideias de abril.
Precisamos de afirmar que as principais funções da democracia são a proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, religião, orientação sexual; igual de género, proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, económica, e cultural da sociedade.
Nesta sessão comemorativa da liberdade, com a devida anuência dos meus colegas desta nobre Assembleia, pretendo adotar o discurso que em seguida será proferido por um aluno do Agrupamento de Escolas de Amares. Sem lápis azul e sem uma consulta prévia.
Se acreditamos que os jovens são a garantia do futuro, temos que ser consequentes, temos que os ouvir, temos que lhes dar as respostas que precisam, temos que os deixar voar.
Este simbolismo tem, também, como intuito sinalizar o importante trabalho da Escola, em particular o do Agrupamento de Escolas de Amares, na construção desse futuro, que merece ser sempre apoiado. A qual agradeço a todos os docentes e não docentes, na pessoa da sua diretora, professora Flora Monteiro.
Aproveito, também, para agradecer aos docentes envolvidos que organizaram e promoveram estes dois momentos que em muito vos deve orgulhar e nos orgulha a todos nós. Na certeza de continuarmos a trabalhar em conjunto pela nossa terra.
Para não ferir o regimento da nossa Assembleia após dar como terminada esta sessão iremos ter a intervenção anteriormente referenciada.
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Amares
Senhoras e Senhores Vereadores
Digníssimos Membros da Assembleia Municipal
Senhoras e Senhores Presidentes de Junta
Comunicação Social
Ilustres Amarenses
O passado dia 24 de março de 2022 fica registado como a data em que, no nosso país, o regime democrático superou em longevidade o regime autoritário que o antecedeu. Hoje celebramos, com todo o simbolismo, o primeiro 25 de abril em que os dias de democracia são mais do que os dias de ditadura – é um marco feliz da história de Portugal!
Em 1974, o Movimento das Forças Armadas abriu as portas deste novo ciclo do tempo, deste novo início de tudo que a Revolução dos Cravos desencadeou.
Do outro lado, 48 anos da ditadura mais longa da europa do seculo XX. Fascismo. Tortura. Presos Políticos. Guerra colonial. Pobreza. Censura. Analfabetismo. Opressão. Um profundo atraso social, económico e cultural que cada um de nós pôde testemunhar diretamente ou através das histórias contadas pelos nossos pais e avós.
Mas deste lado, rasgado nesse dia “inicial e limpo”, como Sophia o descreveu, contamos também 48 anos de Democracia. Uma democracia sonhada e conquistada por militares e sociedade civil que em espontânea alegria festejaram nas ruas com cravos vermelhos a liberdade e a paz. Democracia que devolveu às famílias os presos políticos e permitiu a Liberdade de expressão e de pensamento. Democracia que trouxe os homens da guerra e a descolonização. Que permitiu as lutas pela Igualdade de género e de oportunidades. Mais justiça social. Mais tolerância. Um sistema nacional de saúde para todos. Mais e melhores infraestruturas básicas. Mais escolaridade. Melhor qualidade de vida e maior esperança média de vida. Um sistema político com espaço para construir consensos e diálogos mas também para expressar opiniões e ideias divergentes.
Nunca mais se fechem estas portas que abril abriu, como disse Ary dos Santos no seu imortal poema, porque mesmo com todas as suas falhas e imperfeições, a democracia permitiu-nos construir uma forma nova de viver e estar.
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Membros da Assembleia Municipal
Colegas de executivo
Amarenses
Na madrugada em que celebramos a conquista da nossa democracia, a Ucrânia conta dois meses de luta pela sua liberdade na sequência da invasão pela Rússia em 24 de fevereiro. E o poema do Português Jorge Sena podia ser dito na praça da Independência em KIEV:
Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver .
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Não há conquistas absolutas.
Estamos a caminho dos 50 anos do 25 de Abril de 74.
O mundo continua a girar.
No rescaldo de uma pandemia que abalou as nossas convicções e modelos de vida, deparamo-nos agora com a instabilidade provocada pela guerra. Não sabemos as consequências deste conflito mas conhecemos a inevitabilidade dos danos humanitários, económicos, sociais e políticos que já lhe estão associados.
Neste mundo global que partilhamos, não ficamos indiferentes às perdas humanas que se estilhaçam na sequência da intolerância e da falta de respeito pela vida e pela liberdade.
A democracia é hoje e sempre um processo inacabado que é preciso alimentar com coragem e determinação.
Como representantes dos amarenses, ao longo deste quase meio século de poder local, os órgãos executivos, esta assembleia e os senhores presidentes de junta, viveram diversas provações.
Numa democracia que hoje está mais madura e enfrenta outras questões para ser bem-sucedida, sabemos que há muito a fazer para concretizar o concelho que os amarenses idealizam e legitimamente ambicionam.
No horizonte próximo temos a transferência de competências em diversas áreas, mas também a instabilidade económica fruto da especulação de matérias-primas e energia que terá consequências na capacidade de concretizarmos projetos. É necessário prosseguir um caminho de atratividade económico, inovação e melhoria das acessibilidades, ações na área do ambiente e clima, mobilidade, desenvolvimento sustentável, Infraestruturas de Águas Residuais e Abastecimento de Água.
Creio que, para pensar o futuro, é necessário olhar com orgulho para a forma como fizemos história e passar o testemunho aos jovens, olhos nos olhos. Porque neste meio tempo (48 anos de ditadura e 48 anos de democracia) temos ainda possibilidade de diálogo entre os obreiros da revolução e os capitães do futuro.
Deixo este apelo aos jovens, para que nos ajudem a continuar a cumprir o abril iniciado pelos capitães sem medo numa revolução que ainda hoje inspira o mundo. Através das armas mais fortes: o pensamento crítico mas fundamentado; a educação e compreensão das mudanças; a capacidade de olhar com criatividade e inovação para as várias dimensões da vida coletiva; e a da participação efetiva no debate e nas decisões importantes.
Precisaremos sempre de bravura e de capitães em cada tempo. Da convicção e mobilização da sociedade. Dos ideais dos partidos e movimentos políticos. E da capacidade de sonhar e fazer acontecer de todos os que fazem o nosso concelho e o nosso país.
Neste 25 de Abril, em que soltamos pombas brancas e cantamos canções de esperança, deixamos a nossa solidariedade para com aqueles que, no mundo, procuram a paz.
Viva Amares! Viva a participação democrática! Viva o 25 de Abril!
10h00: Hastear das Bandeiras, Homenagem aos Ex-combatentes, com deposição de coroa de flores, Largada de Pombos (Sociedade Columbófila de Amares) e Revista às Forças em Parada;
10h20: Atuação da Banda Filarmónica de Santa Maria de Bouro (frente aos Paços do Concelho);
11h00: Participação do Centro de Estudos Musicais Luís Capela (Salão Nobre dos Paços do Concelho);
11h10: Homenagem a Trabalhadores do Mapa de Pessoal do Município (Salão Nobre dos Paços do Concelho);
11h15: Intervenção de um aluno da Escola Secundária do Agrupamento de Escolas de Amares;
11h25: Atuação da AFAM – Associação Fluir Artes Musicais (Salão Nobre dos Paços do Concelho);
11h35: Sessão Solene da Assembleia Municipal de Amares (Salão Nobre dos Paços do Concelho).