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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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VIANA DO CASTELO: MULHER VIANESA NA PUBLICIDADE DA SINGER

Na sua obra “As Farpas”, Ramalho Ortigão tece ao talento da mulher vianense rasgados elogios, exaltando os seus dotes artísticos nos seguintes termos:

“A aldeã do distrito de Viana é, por via de regra, tecedeira. É preciso não se confundir o que no Minho se chama tecedeira com o que geralmente se entende por teceloa. A tecedeira de Viana não se emprega numa fábrica nem tem propriamente uma oficina. Sabe simplesmente tecer como a menina de Lisboa sabe fazer crochet; e junto da janela engrinaldada por um pé de videira o seu pequenino tear caseiro, como o da casta Penépole, tem o aspecto decorativo de um puro atributo familiar, como um cavalete de pintura ou um órgão de pedais no recanto de um salão. A tecedeira trabalha mais para si do que para os outros nesse velho tear herdado e transmitido de geração em geração, e não tece servilmente e automaticamente, como nas fábricas, sobre um padrão imposto pelo mestre da oficina, mas livremente, como artista, ao solto capricho da sua fantasia e do seu gosto, combinando as cores segundo os retalhos da lã que dispõe, contrastando os tons e variando os desenhos ao seu arbítrio. Tecer em tais condições é educar a vista e o gosto para a selecção das formas num exercício infinitamente mais útil que o de todas as prendas de mãos com que nos colégios se atrofia a inteligência e se perverte a imaginação das meninas de estimação, ensinando-lhes ao mesmo tempo como se abastarda o trabalho e como se desonra a arte.”

Quando nos começos do século XX, a Singer Corporation começou a vender as suas máquinas de costura no nosso país, escolheu precisamente a vianense como alvo da sua publicidade, apresentando-a, laboriosa, com o seu traje domingueiro de lavradeira, sentada junto da máquina de coser da mesma maneira que poderia estar frente ao tear. A Singer conhecia bem as qualidades da mulher de Viana do Castelo!

“VIRA DO CALCITRIN” É UMA INTERPRETAÇÃO ABUSIVA DO FOLCLORE DO MINHO

Não é sem espanto justificado que os minhotos têm vindo a deparar com a utilização indevida do seu folclore para fins comerciais – um anúncio televisivo mostra uma exibição de uma espécie de “vira do calcitrin”, um produto farmacêutico à base de cálcio que se encontra no mercado.

A sua interpretação abusiva é feita por um grupo que se auto-intitula “Etnográfico Danças e Cantares do Minho”, dirigido por quem não sendo minhoto, deveria ao menos respeitar o folclore do Minho, quanto mais não fosse pela confiança que em si depositaram os órgãos directivos da Federação do Folclore Português.

Esta utilização despropositada do nosso folclore em nada dignifica a entidade que o mantém como “técnico” – para os minhotos é uma afronta e um insulto! Trata-se de uma forma oportunista de viver à custa do património do povo do Minho. É um escarro!

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BRAGA: RAFAEL BORDALO PINHEIRO E A PUBLICIDADE AO GRANDE HOTEL DO ELEVADOR DO BOM JESUS DO MONTE

Há 139 anos, a 25 de março de 1882, foi inaugurado o elevador do Bom Jesus, em Braga, o primeiro funicular construído na Península Ibérica.

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O funicular bracarense teve tanto sucesso que, logo em 1882, foi criada em Lisboa a Companhia dos Ascensores, a qual convidou responsáveis por aquele projeto para desenvolver na capital uma série de elevadores funiculares, muitos dos quais se encontram ainda hoje em funcionamento, tais como os de Santa Justa, do Lavra, da Glória e da Bica.

Pouco depois da inauguração do funicular, Rafael Bordalo Pinheiro foi convidado por Manuel Joaquim Gomes, proprietário do Grande Hotel do Elevador do Bom Jesus do Monte, a criar o cartaz publicitário que vemos na imagem. Para além do hotel e do famoso funicular, Bordalo registou ainda um plinto escultórico com indicação de serviços e preçário, observado por um casal de turistas, bem como um retrato do próprio Manuel Joaquim Gomes.

Fonte: https://www.facebook.com/MuseuBordaloPinheiro

MÁSCARAS ANTI-COVID’19 VIRAM SUPORTES PUBLICITÁRIOS

As máscaras estão na moda. Existem modelos para todos os gostos e preferências, de acordo com as preferências políticas e clubísticas, com os símbolos nacionais ou partidários, os emblemas futebolísticos e os logótipos comerciais. Afinal de contas, não há pandemia que resista ao vírus do marketing...

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Não importa se protegem ou não eficazmente contra o vírus da pandemia… o que interessa é que ostentem o emblema do clube ou do partido, mesmo que as mesmas não nos protejam contra a infecção do Coronarírus. E até já se reservam as encomendas! E, numa altura em que a Assembleia da República acaba de aprovar o uso da máscara na via pública, não se entende como ainda existe quem questione as suas vantagens publicitárias…

Quando a pandemia terminar e os cidadãos deixarem de sentir necessidade de continuar a usar a máscara de protecção – ou de publicidade! – haverá certamente quem questione as suas desvantagens alegando o prejuízo para a economia…

A MÁ GESTÃO DA PROPAGANDA

  • Crónica de Gonçalo Fagundes Meira

Miguel Sousa Tavares costuma dizer, com alguma lógica, que por vezes o melhor da televisão é a publicidade. Tenho critérios próprios sobre matéria publicitária e a sedução pelo que nos é sugerido muito pouco me toca. Contudo, não deixo de reconhecer que há anúncios de produtos onde a criatividade é manifesta, a demonstrar que temos bons criadores, bons designers e bons produtores artísticos.

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O cartaz é outro instrumento de propaganda onde a imaginação se pode evidenciar. Vem de tempos a sua produção. O Estado Novo, através do SNI, pela mão de António Ferro (1895/1956), para promover o regime e o país produziu cartazes que hoje são considerados preciosidades. É um encanto olhar os concebidos por Almada Negreiros e outros grandes artistas, independentemente do interesse da mensagem propagandeada. Não menos encantadores são os dos vinhos Ramos Pinto, no mercado desde 1880. “Os Vinhos do Porto de Adriano Ramos Pinto dão alegria aos tristes e audácia aos tímidos”, diz um dos mais antigos cartazes deste produtor, com recurso, como muitos outros, ao elemento feminino em poses sensuais.

A revolução de 25 de Abril de 1974, com a instalação da liberdade e a criação de organizações múltiplas, em especial os partidos políticos, fez do cartaz um elemento de uso corrente. Tudo começou com muito improviso à mistura, mas a aposta regular neste suporte propagandístico fez imperar a qualidade, particularmente no arranjo gráfico. Hoje, com características bem diferentes do que antigamente se fazia, temos cartazes de superior qualidade, produzidos por designers que são já referência extrafronteiras.

Porém o uso do cartaz, independentemente do tipo e formato, tem obrigatoriamente que ser bem gerido. E aqui quase ninguém cumpre regras mínimas. Os partidos políticos, então, são uma vergonha. As últimas eleições aconteceram a 6 de outubro passado, mas não faltam no espaço urbano cartazes a anunciar candidatos e propostas como se o ato eleitoral não tivesse já decorrido. Nos mupis (mobiliário urbano para a informação) distribuídos pela cidade, uma das faces, a menos visível, está ao serviço do Município. Acontece que boa parte das mesmas estão a anunciar iniciativas que já aconteceram há larguíssimo tempo, algumas há anos. Assim não se faz boa informação nem se respeita os elementos informativos no que eles tem de melhor, que é a conceção e a mensagem.

goncalofagundes@gmail.com

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