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O Castro de São Lourenço é um povoado fortificado, no qual foram encontrados vestígios que recuam ao século IV a.C. É um dos destinos em destaque nas Viagens de Instagram desta semana.
O Castro de São Lourenço situa-se na freguesia de Vila Chã, município de Esposende, distrito de Braga. Fica o registo e a dica de passeio para esta primavera pois, além da importância histórica, o enquadramento natural do lugar também é muito bonito.
Fonte: SAPO | Foto: Castro de São Lourenço Instagram / @asaventurasdamargarida
O Município de Braga apresenta amanhã, dia 22 de março, o documentário “A Mamoa de Lamas, um segredo ancestral”, de Raul Losada, sobre o monumento megalítico mais bem preservado de Braga.
Com 5 mil anos de história, a Mamoa de Lamas não é apenas um túmulo funerário, mas um símbolo de identidade e memória coletiva. O documentário explora a sua descoberta e as preciosas gravuras e objetos que revelam as práticas e rituais dos seus construtores.
Este documentário será exibido à tarde, no âmbito da programação do Descentrar.
22 de março | 15h30 | Auditório da Junta de Freguesia de Lamas | Braga | Entrada gratuita
𝐂𝐢𝐜𝐥𝐨 𝐝𝐞 𝐄𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐏𝐚𝐭𝐫𝐢𝐦ó𝐧𝐢𝐨 𝐢𝐫á 𝐩𝐞𝐫𝐜𝐨𝐫𝐫𝐞𝐫 𝐨 𝐩𝐚𝐭𝐫𝐢𝐦ó𝐧𝐢𝐨 𝐏𝐫é-𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧𝐨 𝐞 𝐨 𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧𝐨
23 de novembro (sábado) I 15h00 – Mamoa de Lamas
Inscrições em: https://www.eventbrite.com/e/1081586968739?aff=oddtdtcreator
Trata-se de um ciclo de sete visitas guiadas aos espaços patrimoniais com enfase na fase Pré-Romana e Romana, e que estando associada ao “Passaporte Património” pretende mobilizar as famílias e interessados pelo património para o conhecimento do nosso legado cultural.
Junta de Freguesia de Lamas – Braga
O Município de Arcos de Valdevez, em parceria com o Agrupamento de Escolas de Valdevez, está a dar continuidade, no presente ano letivo, ao projeto "Adota um Monumento".
No presente ano, o projeto envolve os alunos do 3º ciclo do ensino do ensino básico, os quais, na disciplina de História, se encontram a estudar um monumento local, tendo sido escolhido, no presente ano letivo, o Núcleo Megalítico do Mezio!
Com a orientação dos professores, os alunos irão explorar a história, a cultura e os mistérios associados a este monumento ancestral.
No final do ano letivo, os alunos apresentarão os seus trabalhos à comunidade, partilhando as suas descobertas.
Trata-se de um projeto que promove não só o envolvimento dos mais jovens com a história e a cultura de Arcos de Valdevez, mas também, fortalece os laços entre a escola, os alunos e a comunidade.
O Município de Ponte de Lima acolheu entre os dias 4 e 5 de março o I Congresso Ponte de Lima: do Neolítico à Idade Média que pretendeu assinalar o início das celebrações dos nove séculos da atribuição do foral de D. Teresa, que antes mesmo do despontar da nacionalidade fez Vila o lugar de Ponte, em 4 de março de 1125.
O evento contou com a presença de vinte e cinco conceituados professores universitários e investigadores das Universidades do Porto, Coimbra, Minho e NOVA de Lisboa, que presentearam Ponte de Lima e todos os presentes com estudos de elevado valor que dão a conhecer novas luzes sobre diversas temáticas da história deste concelho, desde o período mais remoto até à Idade Média, bem como estimulam a reflexão e o debate em torno da preservação e valorização da nossa memória coletiva e do nosso património material e imaterial.
Seguir-se-á um segundo congresso, agendado para os dias 14, 15 e 16 de novembro, cuja temática incidirá sobre os períodos modernos e contemporâneo da história de Ponte de Lima.
O I Congresso Ponte de Lima: da Idade do Bronze à Idade Média, inserido no programa das comemorações dos 900 anos de Ponte de Lima, irá realizar-se nos dias 4 e 5 de março, no auditório dos Paços do Concelho.
Este primeiro congresso conta com a presença de conceituados investigadores que irão abordar temas relacionados com a génese da vila e do concelho de Ponte de Lima.
Convidam-se os historiadores, professores, investigadores e a comunidade a juntarem-se a marcarem presença neste congresso cujo programa será divulgado em breve.
Acaba de ser inaugurada, na presença do autarca de Viana do Castelo, Luís Nobre, a requalificação e conservação de um dólmen/mamoa encontrado na freguesia. Este monumento funerário foi alvo de qualificação e estudo graças a uma parceria entre a autarquia e uma empresa local e está agora disponível para visita.
Trata-se de um monumento funerário megalítico do período calcolítico com 7.30 metros de largura e, junto ao dólmen, foi encontrada uma cista também do mesmo período. O monumento fica agora visível e pode ser visitado, depois de ter sido qualificado. Para o Presidente da Junta local, Manuel Salgueiro, trata-se de um excelente exemplo de “responsabilidade civil em parceria entre autarquia e empresa”, frisando que agora pode ser visitada “com a dignidade que merece”.
Na cerimónia de inauguração, o autarca Luís Nobre enfatizou o trabalho desenvolvido pelas freguesias e o facto de “uma empresa ter cedido o espaço para o bem coletivo graças à capacidade de mobilização da junta de freguesia que transforma ideias para o bem de todos”.
Depois de inaugurar o monumento, o autarca inaugurou também o novo parque infantil da freguesia, onde voltou a reiterar a importância da coesão territorial e do valor e importância das freguesias para o coletivo e para a Câmara Municipal. “Viana do Castelo são todas as freguesias”, reiterou, vincando que existe uma política municipal que ouve os presidentes de junta e que, em conjunto, são implementados diversos projetos, onde se inclui os que foram agora inaugurados em S. Romão de Neiva.
Em curso projeto para instalação do futuro Espaço da Memória do Mar de Vila Praia de Âncora
Os trabalhos em curso no Forte da Lagarteira, em Vila Praia de Âncora, revelaram um conjunto de exemplares de indústria lítica talhada, pré-histórica, com 15 a 20 mil anos. Os achados foram devidamente registados e acautelados, e delimitado o respetivo perímetro, suspendendo-se aí a intervenção. A Câmara Municipal está a desenvolver no Forte um projeto de recuperação e valorização para instalação do Espaço da Memória do Mar de Vila Praia de Âncora, intervenção financiada pelos programas Norte 2020 e Mar 2020, num investimento global um pouco superior aos 200 mil euros.
O acompanhamento arqueológico que está a ser levado a cabo no âmbito do projeto de recuperação e valorização do Forte da Lagarteira permitiu a identificação de uma sequência estratigráfica que evidencia a existência de vários níveis com materiais arqueológicos enquadráveis na Pré-História. Os achados estão ainda a ser alvo de um estudo mais pormenorizado por técnicos especializados, mas sabe-se já que terão entre 15 e 20 mil anos.
Esta descoberta revelou a necessidade de realização de trabalhos arqueológicos ajustados à natureza dos achados, que serão afetados pela execução do projeto. Assim, foi necessário proceder a escavação arqueológica manual nas áreas de afetação do projeto, de forma a possibilitar por um lado, o registo e compreensão da sequência estratigráfica do sítio, bem como a minimização dos impactes decorrentes da obra.
De acordo com o estudo já elaborado, foi no âmbito do acompanhamento arqueológico dos desaterros realizados na Praça de Armas que se registou a presença de uma sequência estratigráfica na qual se evidencia, pouco abaixo do nível de circulação, a presença de um depósito composto por seixos. “Este assenta sobre uma sequência de depósitos sedimentares homogéneos, globalmente de coloração escura, que cobrem um conjunto de níveis sedimentares acinzentados ou negros, com pouca potência estratigráfica. Na base destes níveis foi possível identificar outro nível de seixos envoltos numa sedimentação fina de coloração acinzentada que assenta sobre o substrato geológico composto por granito.
No âmbito destes trabalhos foi possível identificar um conjunto de exemplares de indústria lítica talhada. Trata-se de indústria macrolítica constituída, nomeadamente, por seixos afeiçoados (unifaciais e bifaciais), picos pesos de rede, lascas, etc. Algumas destas peças apresentam um elevado índice de desgaste.
Os achados recolhidos e a sequência estratigráfica observada enquadram-se na problemática geoarqueológica das formações quaternárias do litoral minhoto”.
Como referimos, a Câmara Municipal de Caminha começou a desenvolver, no final de 2022, o Projeto de Recuperação e Valorização do Forte da Lagarteira A obra permitirá instalar, naquele Forte, o Espaço da Memória do Mar de Vila Praia de Âncora e criar mais um polo de atração para Vila Praia de Âncora e para o concelho.
O futuro Espaço da Memória do Mar de Vila Praia de Âncora (EMMVPA) nasceu pela vontade da Câmara ver recuperado aquele exemplar do património, abrindo-o ainda mais ao público. O futuro Espaço da Memória do Mar de Vila Praia de Âncora resultara de um projeto candidatado a fundos comunitários, nomeadamente ao Programa Mar 2020 e Programa Norte 2020. O apoio solicitado foi de 208 468,74 €, conseguindo-se um apoio de 177 198,43 €.
O Espaço da Memória do Mar de Vila Praia de Âncora será um Núcleo Museológico a instalar no Forte da Lagarteira, dedicado ao património cultural e natural marítimo da costa do concelho de Caminha. Nele, os visitantes poderão conhecer as raízes históricas desta póvoa marinheira e a rica biodiversidade da nossa costa. O mar foi, desde a origem, o garante económico de gerações e gerações de habitantes de Vila Praia de Âncora.
O Forte da Lagarteira é um Monumento de Interesse Público desde 1967 e parte integrante da memória da paisagem de Vila Praia de Âncora.
O Presidente da Câmara Municipal, Frederico Castro, a Vice-Presidente e Vereadora da Cultura, Fátima Moreira e os Vereadores Paulo Gago e Ricardo Alves, visitaram no Dia do Ambiente, a Mamoa do Madorro, localizada na União de freguesias de Calvos e Frades. Os terrenos onde se localiza a mesma, que são propriedade da autarquia, são contíguos ao já sobejamente conhecido Centro de Interpretação do Carvalho de Calvos.
A visita do executivo ao local, acompanhados pelo técnico de arqueologia do município, pretendeu acompanhar a evolução dos trabalhos de delimitação do terreno, a criação de acessos e marcar a decisão de avançar com as várias dinâmicas previstas para aquele espaço arqueológico e que serão determinantes para, além da preservação, para a potencialização e valorização turística do mesmo.
Assim, está previsto que a breve trecho se levem a efeito, entre outras, intervenções arqueológicas, estabelecendo parcerias com Universidades; a sua musealização, garantindo a integridade e prossecução do monumento, para a fruição pública das gerações vindouras; a interpretação da mamoa, recorrendo a painéis informativos; a sua divulgação turística; a dinamização de serviços educativos e a promoção de visitas guiadas.
É também intenção, devido à proximidade do Centro Interpretativo do Carvalho de Calvos, proceder à criação de um polo interpretativo dos resultados arqueológicos nesse espaço.
A “mamoa do Madorro”, que remonta ao período do Neolítico (aproximadamente 4 º milénio a.C.) foi descoberta em 2006, quando iniciou o projeto de valorização da via romana XVII no concelho da Póvoa de Lanhoso. Foi no decorrer desses trabalhos que, nas imediações do Carvalho de Calvos, foi identificada uma estrutura circular de grandes dimensões e com ligeira depressão central, presumindo-se tratar de um monumento sob tumulus, conhecido por mamoa. Esta informação foi posteriormente confirmada com a realização de um estudo de geo radar no qual se verificou a presença de estruturas arqueológicas, caracterizadas com a câmara de inumação, o átrio e o corredor de acesso ao monumento, virado a nascente, tudo coberto pelo montículo artificial de terra.
Até à presente data, esta é a maior mamoa conhecida no concelho da Póvoa de Lanhoso.
𝐄𝐗𝐏𝐎𝐒𝐈ÇÃ𝐎 | "𝐉𝐚𝐫𝐝𝐢𝐦 𝐝𝐨𝐬 𝐃𝐢𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚𝐮𝐫𝐨𝐬" 𝐢𝐧𝐚𝐮𝐠𝐮𝐫𝐚 𝐧𝐨 𝐉𝐚𝐫𝐝𝐢𝐦 𝐝𝐨 𝐂𝐚𝐥𝐯á𝐫𝐢𝐨 𝐧𝐨 𝐝𝐢𝐚 𝟏𝟎 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐭𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨
No dia 10 de setembro, inaugura no Jardim do Calvário uma exposição dedicada aos dinossauros.
"Jardim dos Dinossauros" estará patente até 16 de outubro e promete uma viagem incrível pelo mundo jurássico.
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Espaço vai ser alvo de um projeto de valorização patrimonial
Está confirmado, o Castro de S. Miguel-o-Anjo, em Vila Nova de Famalicão, foi local de vivência humana desde o segundo milénio a. C. A confirmação chegou depois de concluídos os trabalhos de escavação realizados entre fevereiro e dezembro de 2021, onde foram identificadas várias estruturas medievais nomeadamente sepulturas e alguns muros que poderão ter pertencido ao edifício fortificado, tantas vezes associado ao local.
Os trabalhos de escavação foram coordenados por uma equipa de arqueólogos tendo contado com o apoio e logística do Gabinete de Arqueologia do Município de Vila Nova de Famalicão bem como, com a participação de voluntários do Banco de Municipal de Voluntariado. As escavações concentraram-se na parte mais elevada do povoado (Acrópole), onde foram intervencionados três setores, criteriosamente selecionados para obtenção da maior quantidade de dados possível.
Refira-se que o Castro de S. Miguel-o-Anjo se encontra classificado como imóvel de interesse público desde 1990.
Para as além das descobertas arqueológicas que permitiram comprovar que o local teve ocupação humana, também se detetaram estruturas circulares relacionadas com a Idade do Ferro. Mas muitas foram destruídas para que as suas pedras fossem reaproveitadas na construção dos edifícios medievais. Ficou, contudo, nos níveis de revolvimento uma grande quantidade de espólio cerâmico indício de que a acrópole teve uma forte ocupação durante a este período cronológico.
Da Idade do Bronze recolheram-se materiais cerâmicos e pétreos que sugerem a possibilidade de se poderem identificar níveis de ocupação daquela época.
Para o presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, “os resultados obtidos com estes trabalhos permitiram confirmar a importância do local possibilitando também, o arranque da valorização do espaço, que se encontra em fase de projeto, e se vai associar a outros projetos em curso por parte do município, como por exemplo a rede de trilhos atualmente em desenvolvimento pelo Pelouro do Desporto”.
Entretanto foram já colocados painéis informativos no Monte de São Miguel-o-Anjo marcando cada um dos acessos com um painel de sensibilização e informação ao visitante, destacando a entrada em Zona Arqueológica, espaço de cultura onde os trajetos devem respeitar os vestígios e a proteção do património, estando, também os comportamentos em harmonia com a fauna e a flora existentes. No topo do Monte, painéis acolhem e identificam a memória do espaço, com informação que permitirá o reconhecimento de uma história, identidade e herança comuns, e uma fruição de um espaço onde a cultura e o ambiente se unem.
Fonte: ANTT
O dolmen da Barrosa ou a Lapa dos Mouros fica junto à ponte de Abadim, na freguesia de Gontinhães, hoje Vila Praia de Âncora. Na fotografia, junto ao dolmén, foi fotografada uma jovem mulher de ceitoura ou foice na mão.
Fonte: Centro Português de Fotografia
Fonte: Panorama – Revista Portuguesa de Arte e Turismo, nº5-6. 1941 / Hemeroteca Municipal de Lisboa
Pormenor da câmara do balneário da citânia, denominado "Pedra Formosa", outrora confundido com um forno crematório.
Data: 1933
Fonte: Arquivo Municipal do Porto
Aspeto da "pedra dos namorados", baixo-relevo funerário procedente das imediações da estação luso-romana de Bilhares, Freguesia de São Silvestre da Ermida, na Serra Amarela, concelho de Ponte da Barca. Pertencente ao Museu Municipal do Porto e exposta no claustro da Biblioteca Municipal do Porto, atualmente na secção lapidar do Museu Nacional de Soares dos Reis. Deve-se a Rocha Peixoto a recolha desta obra de pedra a qual fora descobrindo nas suas digressões de férias.
Fonte: Arquivo Municipal do Porto
O QUE DIZ O ETNÓLOGO ROCHA PEIXOTO?
Mesmo em S. Silvestre da Ermida, na Serra da Amarela, como noutras povoações de Barroso e do Gerês, os « ajuntos » frequentes para a decisão em comum dos serviços de interesse colectivo – sementeiras e regas, segadas e queimadas, consertos e festividades – a sobrevivência ainda não de todo obliterada dos seis « homens do acordo» para a liquidação de pendências, o regime das vezeiras, a reunião, no mesmo local, dos espigueiros de todos, outros despojos bem vivazes de algumas formas de vida comunal, dão a imagem, com o aspecto da terra, o vestuário, a alfaia, a religiosidade e os costumes, dum aglomerado social já bem remoto.
2Para a cultura da Veiga do Meio, que é a mais próxima da freguesia, o « vivo» fornece uma parte do adubo desde o Outono à Primavera, alojado e mantido nas cortes do lugar ; mas de Junho a Setembro toda a rês é conduzida mais para o alto, para o sítio de Bilhares, e aí fornece então o elemento essencial ao cultivo da campina adjacente. As « cortes de Bilhares » são pequenos casinholos dispostos em grupos e de forma quadrada, com uma só porta de ingresso e saída, coberturas de colmo e apicotadas, elementarmente edificados com pedra solta e assentes num solo do qual se exuma, com frequência, muita pedra aparelhada, restos de cerâmica, telhas de rebordo e umas pequenas mós – que eram as que serviam aos mouros para moerem o ouro e a prata.2
3Pouco distante desta estação luso-romana, numa bouça para onde, aliás, ainda em tempos não esquecidos, fora transportada dum lugar próximo, existia a Pedra dos Namorados. (3) É uma laje pesada e espessa, com a forma que a ilustração representa e já danificada à esquerda e para a base. Jazendo fora do lugar onde primitivamente tivera assento, com o relevo para o alto, revestida de musgos e líquenes, e quase oculta pelo giestal de em volta, o povo denominou-a, na conformidade da representação figurativa, já à data em que fora deslocada. A tradicional atribuição aos mouros deu mesmo origem à lenda dum suposto tesouro que a laje ocultava :
Quem me virar,
Debaixo há de achar.
4E depois de inutilmente voltada :
Já há muito ia,
Que deste lado jazia.
5A natureza dum mau granito, o dilatado tempo de exposição, o meio cósmico, áspero e desabrido, porventura mais do que uma deslocação, tudo concorreu para que deste interessantíssimo monumento subsista apenas um fruste monólito com figuração quase indistinta. Apura-se entretanto que duas personagens, vestidas com uma túnica ou saio que apenas excede os joelhos, dão as mãos direita e esquerda, numa acomodação escultórica bem ingénua e bárbara. A cabeça duma personagem é coifada e a sua mão direita sustenta no peito, já indistinto mesmo ao tacto, um objecto que verosìmilmente era discóide. A outra personagem,. numa posição simétrica do braço esquerdo, mantinha um outro objecto que, pela palpação, se verifica ser alongado, talvez cilindro-cónico. Nenhum outro pormenor avulta a não serem as saliências das orelhas na personagem de cabeça descoberta. Só inferiormente e à direita, num despojo de almofada saliente, mal se divisam uns ténues vestígios do que poderia ter sido um depoimento lapidar.
6Toda a laje mede de alto 1,80 m. e pesa actualmente 740 kgs. A largura na base é de 1 metro e, a meia altura, de 0,95 m. A face posterior bombeia, e a espessura oscila entre 0,15 m. e 0,21 m. Das figuras a altura total não excede 1,10 m. Por fim um rebaixo de 0,02 m. no fundo da laje é outro pormenor que importa registrar.
7As dimensões, a forma e a intenção simbólica do marido e mulher que parece ressaltar desse baixo relevo de modelação tão grosseira e rude, convergem para que se lhe atribua um inicial destino funerário. Ocorrem, ao examinar essa escultura quase informe, as numerosas estelas funerárias cartaginesas e de Esparta, por igual esculpidas com figuras de arte rudimentar (4), os cipos esculturados e dispostos juntos aos túmulos em certas necrópoles etruscas, as estelas, ao alto, ornamentadas com baixos-relevos, ainda na Toscana, as lajes redondas ou ovais, com 1 metro e 2 de altura, muito numerosas em Bolonha (5). Por outro lado é bem sabido que o tema ordinário dos sarcófagos etruscos consistia em representar nas tampas a mulher e o marido (6) numa atitude convencional e quase invariável. Em regra, como nas proximidades de Chiusi, o marido meio deitado mantém numa das mãos um símbolo e com a outra toca familiarmente numa espádua da mulher ; mais pormenorizados, os baixos-relevos narram os factos capitais da vida dos esposos, desde a cerimónia do casamento à última viagem que realizam inseparáveis até à eternidade ; outras vezes o tema apenas varia na atitude, representando os cônjuges deitados face a face e amorosamente abraçados para sempre (7).
8Admitindo o mesmo destino para a Pedra dos Namorados restaria averiguar se como estela ou tampa de sepulcro ela foi esculpida.
9A forma arredondada só na parte superior, a provável inscrição sobposta ao figurado e o rebaixo já aludido levariam a atribuir-lhe o papel duma estela. Mas é bem insignificante a altura do rebaixo para, por via dele, presumirmos uma erecção com solidez ; e convém ainda não desdenhar, considerando a magnífica conservação do granito no lado posterior, esta circunstância do desigual efeito atmosférico nas duas faces do moimento. Como tampa de sarcófago as dimensões já exaradas asseguram a plausibilidade absoluta quanto à largura e mais reduzida apenas, mas suficiente, na altura.
10Ao cognominar o baixo-relevo o povo teve aproximadamente a intuição do assunto representado. Independentemente dos casos conhecidos e dos já citados convém recordar o das sepulturas gaulesas em que marido e mulher estavam colocados lado a lado, olhando-se e dando-se as mãos (8), e ainda os numerosos exemplos dos túmulos romanos em demasia vulgarizados. A obliteração do modelado e a sua infantil incorrecção deixam perceber entretanto e suficientemente as mãos que se unem.
11Os vestuários dum e doutra não se distinguem, como acontecia de resto, em certos casos, nos romanos e nos gauleses (9) sendo até comum o saio a lusitanos, a gauleses, a lígures e a germânicos (10); a capucha (cuculla ?), todavia, diferenceia os sexos. Por fim os símbolos ou atributos que em uma mão cada um suspende recordam motivos similares exibidos como acessórios em algumas esculturas pré-históricas e em certos baixos-relevos hititas, como os cornos ou crossas, os vasos ad umbilicum em várias figuras galo-romanas11, a maçã emblemática da fecundação e o corno da abundância na plástica gaulesa (12), a pátera, contra o peito, de certas terras-cotas fenícias (13) e romanas. A actual situação do modelado, já inicialmente reduzido a uma evidente indigência artística, não permite transpor os horizontes duma conjectura apenas verosímil.
12Esta Pedra dos Namoradas partilha, com as estátuas dos guerreiros lusitanos e outra escultura esparsa de algumas nossas estações proto-históricas, o mesmo carácter duma arte rudimentar que, de resto, é comum aos povos de génio ou dotado ou rebelde a outras e mais altas aspirações estéticas. Todavia pela forma, pelo destino e pela intenção representada constitui um documento de viva curiosidade e indefectível interesse para a arqueologia nacional.
Porto, Maio de 1903.
O Censual de Braga omite no concelho de Ponte da Barca, até ao século XVIII, a freguesia de São Silvestre de Ermida. Porém, segundo alguns autores, o topónimo da freguesia poderá derivar de "uma ermida" com comunidade monástica pré-nacional dedicada a São Silvestre, mártir bracarense do século V.
Américo Costa, descreve-a como um curato anexo à abadia de São Miguel de Entre-Ambos-Os-Rios, pertencendo a apresentação do seu cura ao abade desta freguesia.
Refere ainda que São Silvestre da Ermida viria posteriormente a autonomizar-se de São Miguel de Entre-Ambos-Os-Rios, voltando. contudo, a anexar-se-lhe na primeira metade do século XIX.
Em termos administrativos aparece, em 1839, na comarca de Braga, em 1852, na de Pico de Regalados. Em 1862 fazia parte da comarca de Vila Verde e, em 1878, da de Ponte da Barca.
Em 1927, pelo Decreto-lei nº 13 917, de 9 de Julho, a comarca de Ponte da Barca foi suprimida, ficando as suas freguesias anexas à comarca de Arcos de Valdevez, para efeitos judiciais.
Pertence à Diocese de Viana do Castelo desde 3 de Novembro de 1977.
Fonte: https://digitarq.advct.arquivos.pt/
Desde a reorganização administrativa iniciada em 2012, passou a integrar a União das Freguesias de Entre Ambos-os-Rios, Ermida e Germil.