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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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SABIA QUE MELGAÇO TEM A PONTE INTERNACIONAL MAIS PEQUENA DO MUNDO?

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O lugar a que hoje chamamos de S. Gregório na freguesia melgacense de S. Martinho de Cristoval é de origem bastante antiga. Contudo só conhecemos referências em documentos históricos a partir do século XVII. Até aí, em termos de lugares desta freguesia, apenas aparecem citadas com alguma regularidade o sítio da Ponte das Várzeas ou a vila de Doma.

A origem para o nome do lugar “S. Gregório” merece do Padre Bernardo Pintor um apontamento. Segundo o mesmo, a razão para o seu nome deve derivar do facto de “em tempos remotos que não sei definir edificou-se ali uma capela dedicada a S. Gregório. Tal era a devoção que o lugar tomou o nome do Santo. A sua imagem está lá ainda na capela. Mais tarde, para ali se levou uma imagem de Santa Bárbara mais da devoção popular por ser evocada contra os trovões. De tal modo se desenvolveu o seu culto que se lhe faz uma grande festa e talvez não haja quem se lembre de rezar a São Gregório.” Sabemos que em meados do século XIX, a festa realizada nesta capela era já a de Santa Bárbara e já não há qualquer referência à veneração a São Gregório.

O Padre Bernardo Pintor expressa ainda o receio que “é possível que no decorrer dos tempos a imagem de São Gregório se arruíne e seja arrumada daqui para fora e os vindoiros não saibam qual a razão do nome do lugar. Tem havido muitos casos desses.”

Não temos informação precisa acerca da época de construção da capela. Contudo, NOÉ, P. (2014), considera que a mesma terá sido edificada no século XVII ou XVIII, ainda que a segunda possibilidade seja pouco provável. O pároco, nas Memórias Paroquiais em 1758, escreve que a capela já é antiga nessa época. Ao longo dos tempos, a capela recebeu obras, particularmente no século XX.

A capela de S. Gregório apresenta uma planta retangular simples, tendo adossado à fachada posterior corpo retangular, mais baixo e estreito. Possui volumes escalonados, com coberturas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa em cimento, pintada de cinzento, com cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais sobre acrotério, e terminadas em cornija. A fachada principal apresenta-se virada a sul, terminada em empena truncada por sineira, sobrelevada, em arco de volta perfeita sobre pilares, albergando sino, e rematada em empena com cornija, coroada por cruz latina de cantaria, biselada. É rasgada por portal de verga reta, de moldura simples, e óculo circular, com moldura pintada de branco, existindo entre os dois vãos três lápides inscritas. A fachada lateral esquerda com a capela é rasgada por porta travessa, de verga reta e moldura simples, e janela retangular, sem moldura, e o corpo adossado por janela retangular, maior e também sem moldura, e porta de verga reta, moldurada. Na fachada lateral direita a nave é cega e o anexo rasgado por duas frestas de molduras pintadas de branco. A fachada posterior com a capela e o corpo é adossado terminados em empena, coroadas por cruz latina biselada, sobre acrotério, rasgando-se no anexo janela retangular, de moldura pintada de branco.

A importância do lugar de S. Gregório ao longo dos tempos teve que ver com a importância que a Ponte das Várzeas foi adquirindo, especialmente em época de conflito armado com o país vizinho, nos séculos XVII ou épocas de tensão no século XVIII e XIX.  Não podemos esquecer também que este lugar se situa no muito antigo caminho que vem desde o litoral ao longo de todo o vale do Minho, mais tarde Estrada Real e que se prolongava até à dita ponte e continua pela Galiza. Em finais do século XIX, era já conhecida também como Ponte Internacional de S. Gregório.

Neste sentido, é bom salientar que a existência desta ponte é muito antiga dando inclusivamente nome ao próprio lugar que tinha uma designação comum de ambos os lados do rio: Ponte das Várzeas/Ponte Barxas. Todavia, do lado português, o nome entrou em desuso algures no início do século XX, enquanto que do lado galego, a localidade conserva o nome antigo (Ponte Barxas).

Claro que São Gregório foi desde sempre um local onde o comércio prosperou, quer as trocas legais, quer o contrabando, tão antigo como a própria fronteira ainda que muito mais falado durante o Estado Novo. Deixo-vos contudo um extrato de uma notícia do jornal de Melgaço “A Espada do Norte”, da sua edição de 29 de Dezembro de 1892 que diz o seguinte: "Eis aqui as apprehensões realisadas nos diferentes postos d’esta secção durante o mez corrente: (…) Pelas praças do posto fiscal de S. Gregório, differentes géneros alimentícios, algumas fazendas de lã e algodão, no valor de 3130 réis." Os bens transacionados vão variando ao longo dos tempos mas em nenhuma época os valores envolvidos são tão elevados como durante a segunda guerra mundial.

Há ainda a ter em conta que a antiga Ponte das Várzeas (Ponte Velha) era tão rudimentar como estratégica em termos militares. Historicamente, daquilo que se conhece, era a principal passagem de Melgaço para a Galiza através do vale do rio Trancoso e por isso, um ponto fronteiriço sempre sensível em tempos de guerra. Sabendo que em tempos antigos, o rio Minho era intransponível em praticamente todo o troço que passa por Melgaço, restavam as outras linhas de fronteira natural, entre as quais o traçado do rio Trancoso. Nesta linha fronteiriça, a importância da Ponte das Várzeas é destacada por MOREIRA, L. (2008) que refere que “Desde Castro Laboreiro, à entrada do rio Minho, a fronteira era estabelecida pelo vale do rio Trancoso - também designado por “rio das Várzeas” - cujo vale de margens abruptas era considerado impenetrável. Os únicos pontos de passagem seriam duas pontes: a Ponte de Pouzafolles, ainda em área de montanha, e a Ponte das Várzeas, construída em madeira no lugar de S. Gregório”, relativamente próximo do rio Minho.

Em todos os registos históricos que conhecemos, a Ponte das Várzeas é descrita como sendo construída em madeira. Nas Memórias Paroquiais de 1758, o pároco escreve que a paróquia “tem mais o lugar de Sam Gregório com uma capela antiga do mesmo santo e com vinte vizinhos (fogos), por onde é a estrada deste Reino de Portugal para a Galiza passando-se o regato por uma ponte de táboa que chamam a Ponte das Varges”. Por este registo, se vê que o lugar de São Gregório era o mais extenso da freguesia sendo que o lugar da Porta era, a seguir a São Gregório, o que tinha mais fogos, mas com apenas doze. No lugar da Porta, havia em tempos muito antigos, uma portagem de passagem que as pessoas pagavam pela circulação das próprias e pelas mercadorias.

O facto de uma ponte tão importante como esta ser em madeira durante vários séculos leva-nos a pensar em qual seria a razão para tal. Talvez por ser um ponto de passagem muito sensível no vale do rio Trancoso.

A importância estratégica da velhinha Ponte das Várzeas na perspetiva militar durante a Guerra da Restauração (século XVII) é comprovada pela frequência com que é utilizada por portugueses e espanhóis nas suas incursões em território inimigo. Para comprovar tal ideia, podemos citar um trecho do livro “História do Portugal Restaurado” que nos fala das manobras militares nas fronteiras desta região: “D. Gastão, com outro troço, ficou alojado na Ponte das Várzeas (Cristóval) e para que o inimigo divertisse o poder que tinha junto, mandou entrar na Galiza pela Portela do Homem a Vasco de Azevedo Coutinho e por Lindoso a Manuel de Sousa de Abreu, ordenando-lhes, que segunda feira, nove de Setembro, entrassem na Galiza. No mesmo dia ao amanhecer, dividiu D. Gastão a infantaria em três troços e levantando uma plataforma, fez jogar as duas peças de artilharia que levava, contra o reduto da Ponte da Várzeas (junto a Ponte Barxas) e foram de grande efeito, recebendo o inimigo considerável dano”.

Temos notícia da Ponte das Várzeas no livro “Corografia Portugueza” do padre Carvalho da Costa, publicado em 1706, que refere a propósito de Cristóval que “aqui está a Ponte das Várzeas, que divide este Reyno do da Galliza”.  

No século XVIII, além das Memórias Paroquiais, temos ainda informações sobre São Gregório e a Ponte das Várzeas. Existe um estudo de engenharia militar da autoria de Custódio Villas Boas onde este delineia um plano de defesa em caso de ataque nesta região em finais do século XVIII em época de tensão com Espanha e França, anos antes das invasões napoleónicas. No que toca à defesa de Melgaço, o autor refere que “a defesa da entrada do rio Minho deveria ser feita no rio Trancoso, onde seria necessário construir alguns entrincheiramentos, equipados com os canhões de Melgaço, ao mesmo tempo que se demoliria a Ponte das Várzeas a fim de dificultar o movimento inimigo”. Para a zona entre Melgaço e a Ponte das Várzeas, previu-se a construção de uma linha de baterias "feitas com parapeito em terra, próprias para receber soldados armados com armas ligeiras, mas também onde se poderiam colocar peças de artilharia" (ALMEIDA, C. 2002). Tais estruturas de defesa, foram efetivamente construídas, mas nunca houve uma incursão neste setor durante as invasões e, portanto, não chegaram a ser usadas.

Durante as lutas liberais, S. Gregório teve aqui estacionada uma quantidade significativa de soldados, tendo chegado a existir um Quartel General. Socorremo-nos da publicação “O Imparcial” de 23 de Novembro de 1826 que nos conta que “em S. Gregório, estão 150 homens de infantaria 9, e 30 de Caçadores 12” e acrescenta que “na Ponte das Barges, junto a Melgaço, guarnece este ponto importante, 180 homens do Regimento 9, e Caçadores 12.

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Ainda no século XIX, o lugar de São Gregório é descrito com algum pormenor. De facto, no livro “O Minho Pittoresco”, de 1886, o autor descreve-nos o lugar e a velhinha Ponte das Várzeas: “Chegámos enfim a S. Gregório, o mais importante lugar da freguesia de Cristóval, cuja igreja oculta por detrás da encosta, onde assenta S. Gregório, é o templo que fica mais ao norte em território português.

  1. Gregório apresenta o aspecto duma pequena vila inclinada sobre o rio Trancoso, que ali voltámos a cumprimentar, como a nossa primeira artéria internacional, artéria que junto a Cevide, último lugar de Cristóval, vai desaguar no Minho e cuja confluência marca igualmente o ponto em que este formoso rio se interna em plena Galiza, ou melhor, em que ele, ao vir de lá, beija pela primeira vez a terra portuguesa.
  2. Gregório é, por assim dizer, uma rua única, uma rua verde, em ladeira íngreme até à ponte da Várzea, essa ponte que o nosso desenho representa, e que é a primeira ponte internacional lançada entre os dois países, se não quisermos falar nas poldras de Pousafoles, mais ao nascente, no curso do Trancoso.

Mas, enfim, a ponte da Várzea tem já os seus 4 metros de altura, 6 de comprimento e 2 de largo! É quase a ponte de um lagosinho!

Não se riam dela, contudo, que ali onde a vêem, com os seus dois troncos de castanheiro, lançados de margem a margem, e os seus torrões como pavimento macio, é um símbolo de fraternidade entre dois países que vivem em plena paz, e seria um baluarte de independência a conquistar, quando o clarim de guerra ressoasse desoladoramente por aquelas quebradas fora.   

Ponte Várzea é o lugar espanhol, donde o pontilhão tira o nome e que pertence à alcaidaria de Padrenda, com quem S. Gregório faz o seu comércio meio lícito, meio... de contrabando!

Que diabo queriam, porém, que fizesse S. Gregório, se no inverno é a margem de Ponte Várzea que lhe dá por empréstimo um bocadito de sol, a cujos raios vão aquecer-se aqueles pobres friorentos gelados das suas sombras de meses!

Na pequena vila, — chamemos-lhe assim, que não seja senão por patriotismo, — há uma capela onde se festeja Santa Bárbara!

Uns anos mais tarde, mais concretamente em 1894, São Gregório e a sua área envolvente que envolve o lugar foram alvo de um estudo por parte do investigador Adolpho Moller onde nos deixa uma descrição do lugar “S. Gregório é uma pequena povoação que fica situada na fronteira e dista de Melgaço oito kilometros. Outrora esta povoação teve um commercio importante, mas depois decahiu muito; actualmente porém tende outra vez a animar-se. A estrada que a liga com Melgaço tem já 7 kilometros concluídos, falta-lhe o oitavo e último, que anda em construcção.

  1. Gregório não é sede de freguezia, a igreja matriz está n'uma pequena povoação a cerca de um kilometro de distância. Este facto, de povoações importantes não serem sedes de freguezia, dá-se em vários pontos do paiz, como por exemplo na Mealhada e no Cargal do Sal que são cabeças de concelho e têm a matriz em aldeias próximas. A parte alta de S. Gregório está a cerca de 250 metros acima do nível do mar e o rio Minho fica-lhe ao norte à distância aproximada de 1,500 metros.

Do nascente, banha a parte baixa d'esta povoação o pequeno rio ou ribeira de Trancoso, affluente do Minho, que limita Portugal da Galiza e tem a sua origem próxima a Alcobaça, Há uma pequena ponte internacional sobre a ribeira de Trancoso, que liga S. Gregório com uma pequena aldeia hespanhola e onde existe um posto de fiscalização aduaneira(…). 

Dos lados sul e poente de S. Gregório está a serra que tem por ponto culminante o castello de Castro Laboreiro o qual fica a cerca de 1,250 metros de altitude. Para se ir a esta povoação passa-se pela aldeia denominada Alcobaça, situada na fronteira e que fica perto de 2 horas e meia de caminho de S. Gregório.

A poente de Alcobaça há um monte que tem a mesma altitude de Castro Laboreiro (…)

O solo em volta de S. Gregório ó todo de origem granítica. Esta povoação é abundante em água e de boa qualidade. S. Gregório é saudável e o seu clima é temperado na estação invernosa e quente durante a calmosa. Para exemplo diremos que, no dia 26 de Junho ás 2 horas da tarde estando a atmosphera bastante carregada de electricidade, dentro de casa marcava o thermometro 30° C. O quarto onde fiz esta observação thermometrica tinha duas janellas voltadas para o norte e estavam com as vidraças abertas. Na mesma occasião fiz a leitura do meu aneróide o qual marcava 738 mm. 

A cultura principal de S. Gregório e povoações limítrofes é a vinha, milho, batata, algum centeio e os prados. A videira é toda cultivada em parreiras ou ramadas, mas estabelecidas a pouca distancia do solo, isto é, em média a cerca de 1 metro e meio d'altura.

O vinho é magnifico e achamo-lo muito mais agradável ao paladar do que o affamado de Monsão. Árvores fructíferas observamos a cerejeira, em grande quantidade, pereiras, macieiras, ameixoeiras, pessegueiros, laranjeiras, etc. N'outro tempo cultivava-se ali a oliveira, mas como a producão era muito incerta os lavradores foram-nas arrancando, de sorte que hoje esta árvore é ali rara. Talvez valesse a pena introduzir as variedades hespanholas de maturação precoce e próprias dos climas septentrionaes do paiz.

Enquanto árvores florestaes encontram-se: o carvalho, castanheiro, pinheiro, vidoeiro, amieiro e alguns salgueiros.

Próximo a uma azenha que fica junto à ribeira de Trancoso e não muito distante de S. Gregório, vimos um lindo exemplar de vidoeiro com o tronco muito direito. Teria uns 20 metros de altura por 60 centímetros de diâmetro na base. As essências florestaes abundam principalmente na parte inferior da serra, próximo aos ribeiros e corgas. A parte elevada tem pouco ou nenhum arvoredo e só matto rasteiro, e este mesmo não apparece em todas as localidades.

Em 1894, a velha Ponte Internacional de S. Gregório foi reconstruída em madeira ainda que apresentasse algumas peças da estrutura em ferro. Esta ponte foi destruída ainda na década de 1930.

Em final de Abril de 1935, foi inaugurada a nova Ponte Internacional de S. Gregório, não muito longe da antiga ponte.

O lugar é descrito na época pelo escritor Júlio Dantas que parece ter visitado S. Gregório mais do que uma vez. Sobre o lugar, escreve: “Dez minutos ainda de caminho, e avistamos as primeiras casas de São Gregório, cabrejando na rocha, escoando-se por dois córregos estreitos gorgolejantes de água, íngremes como calejas de velho burgo medieval, que vão dar abaixo, ao rio, conduzindo à ponte internacional de madeira que nos separa da vizinha povoação galega de Puente de Bárzia. É curioso o contraste entre as duas povoações, que testam uma com a outra, de cá e de lá da fronteira. Puente de Bárzia limita-se a um punhado apenas de casebres, de proporções humildes e de nenhum interesse. São Gregório, pelo contrário, é relativamente grande, tem alguns bons edifícios e certo aspecto de prosperidade, expressão de uma actividade comercial que, sobretudo na primeira metade do século passado, parece ter sido considerável. Há nove anos, quando pela primeira vez visitei estas paragens, ainda se encontravam de pé as ruínas de umas casas antigas, com muralhas de fortaleza, refúgio outrora de contrabandistas que, por vezes, se defendiam a tiro. Esta diferença no desenvolvimento das duas povoações fronteiriças é facilmente explicável. O comércio local de São Gregório enriqueceu, noutro tempo, com o que vinha de Espanha, mais do que o de Puente de Bárzia prosperou com o que ia de Portugal.

Há pouco tempo ainda, a estrada de rodagem parava no cimo da povoação. Quem queria descer até ao rio e pisar os últimos palmos de terra portuguesa era obrigado a meter por um quebra-costas de lajedo que estreitava em congosta enfiando até à ponte, entre pocilgas de porcos e jorros de água cachoantes. Não pode afirmar-se que seja propícia a descida, e, muito menos, a subida. Mas a natureza tem, neste rincão minhoto, belezas compensadoras. Muitas vezes me lembrei do grande e saudoso Malhoa, ao transpor alguns recantos viçosos de parreirais em que o sol projectava sombras violetas, e alguns hortejos onde, na polpa das couves galegas, faiscava em gotas a água viva das nascentes. Agora, alcança-se o extremo de São Gregório pela estrada, prolongada há três anos até Espanha, no intuito de estabelecer ligação com a estrada espanhola começada a abrir, nas lombas dos montes galegos vizinhos, por iniciativa de Primo de Rivera. O troço português está pronto. O espanhol parou a pouca distancia da fronteira. Em todo o caso, já pude, de automóvel, atingir o extremo nordeste de Portugal, até ao rio Trancoso, que no verão leva pouca água e que os garotos transpõem de um salto. Parei, durante alguns momentos, nessa «terra última» em que se apoia um dos pilares da nova ponte internacional acabada de construir. De um lado e de outro, as culturas são as mesmas: campos de milho e vinhedos, dispostos em latada, à portuguesa. Ouvia-se, em terras de Espanha, uma voz alegre de mulher cantar em português. Os pardais revoavam, de uma para outra banda, sem respeito pelas determinações da polícia de emigração, e sem pensar que, num simples bater de asas, mudavam de país.

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Fonte: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada. Nº 302. 16 de Agosto de 1911

PONTE DE SÃO GREGÓRIO EM “O MINHO PITTORESCO” DE JOSÉ AUGUSTO VIEIRA

No livro "O Minho Pittoresco", de 1886, José Augusto Vieira dá-nos uma rara descrição do lugar e S. Gregório, na freguesia raiana de Cristóval nessa época:

"Chegámos enfim a S. Gregório, o mais importante lugar da freguesia de Cristóval, cuja igreja oculta por detrás da encosta, onde assenta S. Gregório, é o templo que fica mais ao norte em território português.

Gregório apresenta o aspecto duma pequena vila inclinada sobre o rio Trancoso, que ali voltámos a cumprimentar, como a nossa primeira artéria internacional, artéria que junto a Cevide, último lugar de Cristóval, vai desaguar no Minho e cuja confluência marca igualmente o ponto em que este formoso rio se interna em plena Galiza, ou melhor, em que ele, ao vir de lá, beija pela primeira vez a terra portuguesa.

Gregório é, por assim dizer, uma rua única, uma rua verde, em ladeira íngreme até à ponte da Várzea, essa ponte que o nosso desenho representa, e que é a primeira ponte internacional lançada entre os dois países, se não quisermos falar nas poldras de Pousafoles, mais ao nascente, no curso do Trancoso.

Mas, enfim, a ponte da Várzea tem já os seus 4 metros de altura, 6 de comprimento e 2 de largo! É quase a ponte de um lagosinho!

Não se riam dela, contudo, que ali onde a vêem, com os seus dois troncos de castanheiro, lançados de margem a margem, e os seus torrões como pavimento macio, é um símbolo de fraternidade entre dois países que vivem em plena paz, e seria um baluarte de independência a conquistar, quando o clarim de guerra ressoasse desoladoramente por aquelas quebradas fora.

Ponte Várzea é o lugar espanhol, donde o pontilhão tira o nome e que pertence à alcaidaria de Padrenda, com quem S. Gregório faz o seu comércio meio lícito, meio... de contrabando!

Que diabo queriam, porém, que fizesse S. Gregório, se no inverno é a margem de Ponte Várzea que lhe dá por empréstimo um bocadito de sol, a cujos raios vão aquecer-se aqueles pobres friorentos gelados das suas sombras de meses!

Na pequena vila, — chamemos-lhe assim, que não seja senão por patriotismo, — há uma capela onde se festeja Santa Bárbara! Há também... uma aspiração legítima e justa, que os governos só lembram por ocasião de eleições — é a duma estrada que os ligue com Melgaço!

- VIEIRA, José Augusto (1886) - O Minho Pittoresco, tomo I, edição da livraria de António Maria Pereira- Editor, Lisboa.

Fonte: Entre o Minho e a Serra

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Inauguração da Nova ponte Internacional de São Gregório (26 de Abril de 1935)

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LUÍS VAZ DE CAMÕES NASCEU HÁ 500 ANOS – O POETA DA GRANDIOSA GESTA PORTUGUESA TINHA RAÍZES GALEGAS!

Portugal assinala no próximo ano 500 anos sobre a data de nascimento do seu maior poeta – Luís Vaz de Camões – que representa também um elo de ligação à nação irmã da Galiza.

Luís Vaz de Camões, o poeta que Portugal celebra no próximo ano 500 anos sobre a sua data de nascimento, tinha raízes familiares galegas. Os seus ancestrais eram oriundos da Galiza, próximo do Cabo Finisterra.

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O autor de “Os Lusíadas” descendia, pela via paterna, de Vasco Pires de Camões, trovador galego que se transferiu para Portugal em 1370. Entre os seus antepassados conta-se Antão Vaz de Camões, filho do trovador Vasco Pires de Camões, o qual veio a casar com D. Guiomar da Gama, fidalga aparentada do grande navegador Vasco da Gama. Deles descendem Simão Vaz de Camões que serviu na Marinha Real e fez comércio na Guiné e na Índia e Bento Vaz de Camões que ingressou no Mosteiro de Santa Cruz dos Agostinhos.

Simão Vaz de Camões casou com D. Ana Sá de Macedo de cuja ligação nasceu Luís Vaz de Camões. Desconhece-se em rigor a data e o local do seu nascimento, presumindo-se que tenha sido em Lisboa, em 1524. As suas ligações à região de Santarém provêm do lado materno.

VALENÇA: A FORTALEZA QUE ADOÇA PORTUGAL E ESPANHA

Neste fim de semana, prolongado, devido ao feriado do dia 1 de dezembro, a Fortaleza de Valença recebeu cerca de 42.500 visitantes, no arranque da programação de Natal, com a Fortaleza de Chocolate a conquistar portugueses e espanhóis.

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Os primeiros três dias da Fortaleza de Chocolate bateram recordes de visitantes que percorreram a Fortaleza do Chocolate, bem como desfrutaram, com a pequenada, da Duendelândia e do Mercado de Natal, do presépio de troncos, da árvore multimédia e demais iluminação artística de Natal. E tiveram, ainda, a oportunidade de percorrer e comprar no comércio tradicional e apreciar a restauração e hotelaria valenciana.

Se na sexta a grande maioria dos visitantes foi portuguesa, já no sábado e domingo foram muitos os espanhóis que vieram até Valença. No total, foram mais de 42.500 visitantes, registados pelos sensores de entrada da Fortaleza. O sistema de contagem de entrada de pessoas na Fortaleza registou o maior pico de afluência no sábado, 2 de dezembro, entre as 16h00 e as 17h00. Esperam-se muitos visitantes ao longo de toda a semana, sobretudo, quarta-feira, feriado em Espanha e no fim de semana prolongado de 8 a 10 de dezembro, com o feriado de 8 de dezembro em Portugal e Espanha.

Para o Presidente da Câmara, José Manuel Carpinteira, "a Fortaleza de Chocolate e demais animação de Natal estão a encantar os valencianos e os visitantes portugueses e espanhóis que animam a cidade e dinamizam a atividade económica, sobretudo os setores da restauração e hotelaria".

Cascatas, fondues, crepes, waffles, farturas, brigadeiros, trufas, bombons, torrões, espetadas de fruta, bombocas, ginjinhas e tantos outros produtos encantam na Fortaleza de Chocolate e convidam a deliciar-se e perder de amores em Valença, sempre com a marca Chocolate.

Até domingo, 10 de dezembro, podem apreciar a Fortaleza de Chocolate dez horas por dia, das 10h00 às 20h00 e deliciar-se nesta feira mostra dedicada, em exclusivo, à degustação e compra de uma infinidade de produtos à base de chocolate e com muita animação de rua itinerante complementar. O evento desenvolve-se no interior da Fortaleza.

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RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL FOI HÁ 383 ANOS!

Passam 383 anos desde a data histórica da Restauração da Independência de Portugal em relação ao domínio dos reis de Espanha. Um punhado de portugueses tomou de assalto o Paço da Ribeira, aprisionaram a Duquesa de Mântua e defenestraram o traidor Miguel de Vasconcelos. Estava proclamada a restauração da independência.

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Seguiu-se a aclamação de D. João IV, Duque de Bragança, como rei de Portugal e dava-se início a uma sucessão de batalhas militares que duraram 28 anos, com vista a consolidar a independência, as quais culminaram com a assinatura do Tratado de Lisboa de 1668. Este tratado, celebrado entre Afonso VI, de Portugal e Carlos II, de Espanha, pôs fim à Guerra da Restauração, dando lugar nomeadamente à devolução de Olivença que esteve durante 11 anos sob ocupação espanhola. Apenas a praça de Ceuta ficou na posse de Espanha.

Para o sucesso do golpe palaciano contribuíram diversos fatores internos como o descontentamento dos nobres que haviam perdido os seus privilégios e eram preteridos relativamente à nobreza castelhana; a burguesia que via o seu negócio prejudicado pela concorrência dos comerciantes ingleses, holandeses e franceses e também os constantes ataques aos navios que transportavam os seus produtos e, finalmente, o povo sobre quem recaíam cada vez mais pesados impostos.

Mas, puderam os conjurados de 1640 também contar com diversos fatores externos que se revelaram favoráveis, de entre os quais se salienta a revolta que eclodira na Catalunha em 7 de junho daquele ano, contra o centralismo imposto pelo Conde-Duque de Olivares e a presença de tropas castelhanas em território catalão. Tratou-se da “Guerra dos Segadores”, assim denominada por ter tido origem imediata na morte de um ceifeiro, a qual teve lugar entre 1640 e 1652.

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Os catalães proclamam a República Catalã em 26 de janeiro de 1641. Porém, o falecimento do seu principal chefe Pau Claris, leva a um desenvolvimento do conflito do qual resulta na incorporação de parte da Catalunha no território da França.

Tanto a revolta da Catalunha como a Restauração da Independência de Portugal contaram com o apoio do Cardeal Richelieu, o que aliás explica a defenestração – termo originado de fenêtre – de Miguel de Vasconcelos, prática muito em voga à época em todas as revoltas que ocorreram noutros países europeus. Deste modo, conseguia a França alargar as suas fronteiras políticas, fazendo-as coincidir com acidentes naturais como os Pirinéus a ocidente, o rio Reno e os Alpes a oriente, de maneira a melhor defender-se do poderio da Casa de Áustria de onde descendiam os reis de Espanha cujos domínios, no continente europeu, incluía Portugal, Nápoles, Sicília, Milão, Sardenha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Ilhas Canárias, Maiorca, Rossilhão, Franco-Condado, para além dos reinos de Castela, Leão, Valência, Aragão e a Catalunha propriamente dita.

Com o casamento em 1469, do rei Fernando II de Aragão com Isabel I de Castela, a Catalunha vinha perdendo as suas liberdades enquanto nação soberana e jogava agora a sua oportunidade de recuperar a independência política.

Dando prioridade ao esmagamento da revolta catalã, o rei Filipe IV, de Espanha, ordena ao Duque de Bragança e a muitos nobres portugueses que o acompanhem na repressão à Catalunha, tendo-se a maior parte deles recusado a obedecer.

Enquanto a Catalunha sucumbiu perante o poderio castelhano, Portugal conseguiu sair vitorioso da guerra travada contra a Espanha que durou 28 anos e veio a confirmar a nossa independência como nação soberana, em grande medida graças à revolta catalã. Por conseguinte, possuem os portugueses uma dívida histórica aos catalães na medida em que a sua sublevação foi bem-sucedida em grande medida devido à revolta dos segadores da Catalunha.

É a privação da liberdade nacional que nos leva a atribuir-lhe maior valor, parecendo por vezes que a desprezamos sempre que a damos como garantida!

Decorridos que são 383 anos sobre tais acontecimentos históricos, eis que a Catalunha volta a aspirar à sua própria independência política. Em coerência, não podemos nós, portugueses, deixarmos de reconhecer à Catalunha e ao povo catalão o direito à liberdade que em 1 de dezembro de 1640 lográmos alcançar. Portugal e a Catalunha estão unidas por laços históricos!

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FESTIVAL EM BRAGA UNE BRASIL E PORTUGAL DURANTE FESTIVAL LITERÁRIO DE 11 DIAS

  • Crónica de Ígor Lopes

A cidade portuguesa de Braga vai ser palco, de 2 a 12 de novembro, do Festival Literário Utopia, um evento promovido pela “The Book Company”, em parceria com a Câmara Municipal de Braga.

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O jornalista e escritor brasileiro Afonso Borges, responsável por festivais de renome no Brasil, como o Flitabira, Fliaraxá e Sempre um Papo, irá conduzir, no dia 10 de novembro, pelas 18h30, no Espaço Vita (Capela Imaculada), uma “entrevista de vida a Lélia Wanick Salgado”, arquiteta, fotógrafa e apaixonada defensora da natureza. Em parceria com Sebastião Salgado, Lélia foi uma força motriz por trás de livros e exposições que exploram a fundo questões ambientais e culturais e cofundou o Instituto Terra, uma ONG comprometida com a reflorestação, conservação e educação ambiental, tendo plantado quase três milhões de árvores. O seu trabalho como ambientalista foi reconhecido com o Prémio Gulbenkian para a Humanidade em 2023.

A programação do Festival Literário Utopia será composta por conversas, espetáculos, workshops, sessões com escolas, oficinas, entrevistas, exposições, passeios literários e várias outras propostas. O Espaço Vita concentrará grande parte da programação, mas outros espaços como o Theatro Circo darão também palco a momentos do Utopia.

“Uma das cidades mais dinâmicas de Portugal será a porta de entrada para o encontro de todos aqueles que se encontram e manifestam no livro. É um evento de grande potencial mediático com mais de 100 convidados que, convocando as forças vivas da cidade, como universidades, bibliotecas, livrarias, agentes culturais, contará com autores de primeira linha e será replicável internacionalmente”, mencionaram os responsáveis pelo evento.

Esta iniciativa conta com o apoio do Turismo de Portugal, no âmbito do programa Portugal Events.

A programação completa pode ser consultada em: https://festival-utopia.pt/

Os bilhetes para a sessão com Afonso Borges e Lélia Wanick Salgado podem ser adquiridos no link abaixo:

https://www.eventbrite.pt/e/bilhetes-festival-utopia-sexta-feira-10-de-novembro-18h30-742220520557?aff=oddtdtcreator

CONCLUSÕES DO 2º ENCONTRO DO AGRUPAMENTO EUROPEU DE COOPERAÇÃO TERRITORIAL IBÉRICO

Vigo, 19 de setembro 2023

Quatro anos após a primeira edição deste evento, os participantes mostrámos nossa satisfação por reunir no marco de um novo Encontro de AECT, organizado pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal. Se, por uma questão de proximidade, o encontro de 2019 tinha-se circunscrito aos Agrupamentos luso-espanholas, esta edição tem tido um carácter verdadeiramente ibério, ao dar cabida às AECT da fronteira franco-espanhola, que nos contribuíram um novo ponto de vista sobre a cooperação transfronteiriça.

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Os acontecimentos desenvolvidos desde nosso último encontro -em especial a pandemia de COVID-19- vieram-nos a recordar que Bruxelas, Madrid, Lisboa ou Paris, legislam, mas são as regiões de fronteira da UE e suas 150 milhões de habitantes os que materializam, dia a dia, o mais genuíno espírito da União Européia.

Todas as instituições europeias têm coincidido em realçar, através de numerosos relatórios e declarações, a necessidade de eliminar os obstáculos, tanto físicos como burocráticos, que ainda freiam o pleno desenvolvimento dos territórios de fronteira. Iniciativas como b-Solutions têm posto o foco em muitos destas problemáticas e têm demonstrado que frequentemente é possível encontrar soluções viáveis para facilitar a vida dos cidadãos, cuja implementação pode depender da vontade das administrações competentes. O Parlamento Europeu aponta na mesma direção já que, no ditame que está a preparar sobre o reforço da cooperação transfronteiriça, tem voltado a pôr sobre a mesa a necessidade de um marco comum de coordenação a escala da UE e o Comité das Regiões. Seguem-se dando passos, como o recente acordo europeu sobre teletrabalho que beneficia àqueles habitualmente destacados em outros países, mas fica muito por fazer para facilitar a vida dos 1,3 milhões de trabalhadores transfronteiriços que há na UE.

Esperamos que de todas estas reflexões e processos legislativos saia reforçado o papel das AECT como instituições finque para a cooperação e o desenvolvimento transfronteiriço. Temos confirmado e demonstrado, com exemplos como os que se apresentaram neste encontro, nossa capacidade para atuar como facilitadoras de iniciativas que dinamizam a cooperação trans-fronteiriça e melhoram a vida de seus cidadãos. Também temos dado voz a suas necessidades, como o Estatuto do Trabalhador Transfronteiriço, longamente reclamado e sobre cuja eventual materialização não perdemos a esperança.

Muitas das regiões transfronteiriças são, ao mesmo tempo, periféricas; isto se traduz numa dupla “penalização” e em que os reptos que têm de enfrentar sejam muito específicos. As instituições que têm de trabalhar para superar estes reptos devem contar com um conhecimento profundo do terreno e com a capacidade para atuar como nexo de união entre administrações, tanto de diferentes níveis como de diferentes países. Por isso, as AECT são ferramentas idôneas para liderar iniciativas que contribuam a desenvolver todo o potencial inato desses territórios através da colaboração entre instituições e agentes territoriais.

As áreas de fronteira têm uma longa história comum, que, graças à integração europeia nos permitiu nos converter em espaços de cooperação nos que são mais as coisas que nos unem que as que nos separam. A cultura e o património são, sem dúvida, bons exemplos desta sintonia. Assim, temos podido comprovar como projetos impulsionados pelas AECTs reforçam a identidade comum e o conhecimento mútuo, e contribuem a fomentar o desenvolvimento do tecido empresarial vinculado aos serviços culturais e turísticos. Por outra parte, em matéria de inovação a cooperação promovida pelas AECT contribui a aproveitar de maneira mais eficiente os ativos materiais e humanos das regiões fronteiriças. Neste encontro, expuseram-se projetos que promovem e facilitam sinergias institucionais, empresariais e pessoais, que se traduzem num desenvolvimento mais sustentável e uma melhor qualidade de vida nuns territórios nos que fixar a população é um dos principais reptos a abordar.

Os fundos derivados dos diferentes programas INTERREG têm sido, são e serão fundamentais para a atividade das AECT ibérias, mas, a cada vez mais, devemos abrir-nos a novas vias de financiamento através de outros programas nacionais e comunitários. Somente assim asseguraremos a continuidade e consistência de nosso labor, abrindo o leque de áreas e projetos nos que podemos contribuir nossa contrastada experiência e bom fazer. Consideramos, também, que é necessário reforçar a cooperação com outros territórios da UE, para ampliar nossas perspetivas e ganhar, com o trabalho conjunto, peso institucional nos centros de decisão nacionais e europeus.

Esperamos seguir contando para isso com o apoio da ARFE, pioneiros e “tratores” da cooperação transfronteiriça desde faz mais de 50 anos. Esperamos que este evento tenha sido satisfatório para os assistentes, e que tenha permitido reforçar os contactos entre as AECT. Neste sentido, aproveitamos esta oportunidade para anunciar nossa intenção de dar continuidade, em 2025, a este encontro, já que supõe uma ocasião única para compartilhar nossas experiências, procurar soluções a problemas comuns e abrir novas vias de cooperação.

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“DRAGÃO EUROPEU” GANHA FORÇA

Beesel (Países Baixos) Furth im Wald (Alemanha) Grez-Doiceau (Bélgica), Montblanc (Espanha) e Monção (Portugal), unem-se na certificação da Rota Cultural Europeia do S. Jorge e do Dragão.

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Cinco municípios europeus com a temática do S. Jorge e do Dragão presentes na cultura e tradição locais, assinaram, recentemente, um memorando de entendimento para a certificação da Rota Cultural Europeia do S. Jorge e do Dragão.

A cerimónia teve lugar em Beesel, nos Países Baixos, com a participação das localidades de Furth im Wald, na Alemanha, Grez-Doiceau, na Bélgica, Montblanc, na Espanha, e Monção, em Portugal. O nosso Município esteve representado pelo Vice-Presidente da CMM, João Oliveira. 

O documento tem como finalidade promover o intercâmbio e o conhecimento entre os municípios signatários, através da materialização de um processo colaborativo de partilha de experiências, de forma a potenciar esta herança cultural no campo educacional e turístico.

A certificação da Rota Cultural Europeia do S. Jorge e do Dragão será feita pelo Conselho da Europa. Além da assinatura do documento, o programa englobou a realização de várias conferências, com a presença de oradores especializados na temática, bem como a inauguração dos brasões dos municípios, no BillyBird Park Drakenrijk, em Beesel, castelo para as crianças brincarem.

“O memorando de entendimento resultará numa colaboração efetiva e frutuosa entre os municípios, contribuindo para fortalecer o reconhecimento da Rota Cultural Europeia do S. Jorge e do Dragão e, também, para despertar o interesse dos europeus nesta tradição que une e apaixona os cinco municípios”.

João Oliveira

Vice-Presidente da Câmara Municipal de Monção

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ARCOS DE VALDEVEZ E LOBIOS E ENTRIMO RECONHECEM FRONTEIRA ENTRE PORTUGAL E ESPANHA

Celebrado reconhecimento das Fronteiras nas partes correspondentes aos termos municipais de Lobios e Entrimo (ESPANHA) e Arcos de Valdevez (PORTUGAL)

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Nos termos do Tratado de Limites celebrado a 29 de setembro de 1864, todos os anos em agosto é feito um reconhecimento da fronteira entre Portugal e Espanha, pelos municípios raianos.

Assim, os Municípios de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e de Lobios e Entrimo, na província de Ourense, na Galiza, no âmbito do presente Tratado, procederam renovação das assinaturas das atas de vistoria de fronteira.

A ata de vistoria de fronteira é assinada anualmente por determinação do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério de Relaciones Exteriores.

Este é, igualmente um momento de confraternização e de discussão de temas relevantes para os dois lados da fronteira, o que tem contribuído para o desenvolvimento de projetos de promoção e divulgação da região e para a reivindicação de investimentos para esta região transfronteiriça.

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ACIB PROMOVE SEMINÁRIO DE OPORTUNIDADES PORTUGAL-BRASIL

Assinatura de acordo de cooperação

A ACIB, Associação Comercial e Industrial de Barcelos, vai realizar o Seminário de Oportunidades Portugal-Brasil, no próximo dia 15 de junho, pelas 14:30, na Sede da ACIB, em Barcelos.

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É objetivo do seminário apresentar aos empresários portugueses e brasileiros os mercados e as oportunidades de negócio, quer de Barcelos, epicentro do Minho, quer de São Bernardo do Campo, a porta para São Paulo.

Durante o evento será assinado um protocolo entre a ACIB e a ACISBEC, Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo, que visa fomentar a internacionalização, as parcerias e as exportações das empresas das duas regiões.

São Bernardo do Campo é um importante município da região de São Paulo, onde se localiza a sede da Mercedes-Benz do Brasil, a fábrica da Toyota, entre muitas outras grandes empresas. Tem um PIB de 49 biliões de reais e cerca de 851.000 habitantes.

A ACIB e a ACISBEC vão dar apoio mútuo aos empresários, colocar escritórios de representação mútua e áreas de showroom dos produtos das regiões em cada uma das associações fomentando as exportações e as parcerias entre as empresas.

A participação no evento é gratuita mas sujeita a inscrição.

FLITABIRA, QUE CONTOU COM ESCRITORA PORTUGUESA, TERMINOU COM “EXCELENTES RESULTADOS”

  • Crónica de Ígor Lopes

A comemoração dos 120 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade formou o conceito da segunda edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira -, que aconteceu, no Brasil, entre os dias 31 de outubro e 6 de novembro de 2022, mostrando, segundo os seus organizadores, “um crescimento de público presente em 40%, ou seja, 14 mil pessoas presentes”.  O acesso às redes sociais e de informação do evento alcançou mais de 1 milhão de impressões. A programação do Flitabira vai estender-se por mais um tempo, nas atividades do “Pós-Flitabira”, por força das “exposições e outras ações em curso na cidade”.

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“Inovador, o festival se realizou no formato Figital, que interliga as dimensões possíveis da experiência: ao vivo e on-line, com quatro convidados em palcos de cidades diferentes (Itabira e São Paulo), transmitidos em duas páginas distintas do Youtube  – @cpfsesc e @flitabira) – e, em ambos, público presente e participante. Assim foi a abertura, no dia 3/11:  https://bit.ly/3UJRLI1”, disseram os organizadores.

O Festival reuniu 115 autores e autoras, incluindo locais (62), nacionais (51) e internacionais (2) em mais de 60 mesas de debate, além de exposições,  shows de jazz e atrações para crianças e jovens. Do elenco de convidados, 51 são mulheres, 43 são negros e 14 se reconhecem como LGBTQIAPN+. Além disso, 42 afro-empreendedores da cidade foram retratados na composição da exposição “Muros Invisíveis”, em cartaz na principal praça de Itabira até o final do ano. Some-se a isso também os mais de 30 slamers que participaram na “Batalha de Slam”.

Portuguesa, presente!

A escritora Rute Simões Ribeiro, uma das revelações da nova prosa portuguesa, realizou o lançamento do livro “A breve história da menina eterna” (Editora Nós), no dia 5 de novembro. “A breve história da menina eterna” tem como protagonista uma menina que se apresenta como “M”, nascida em um lugar onde ninguém fala sobre a morte por não saber lidar com ela. Com cerca de 100 páginas, o livro trata deste tema a partir de uma narradora que tece um texto poético, cuidadoso e repleto de sensíveis reflexões.

Como destaca a jornalista e escritora cearense Socorro Acioli na introdução do livro “A morte existe, mas estamos vivos”, depois de encerrarmos nosso convívio com M, a menina eterna, paira uma pergunta: o que pensa fazer nas vidas que lhe hão de vir? A certeza da Morte é, sobretudo, a confirmação diária do quanto precisamos cuidar da Vida que pulsa hoje. Agora. Este romance é sobre a compreensão da Vida.”

Rute Ribeiro nasceu em 17 de novembro de 1977 em Coimbra e vive em Lisboa. Licenciou-se, “por convicção”, em direito e doutorou-se, “por acidente”, em política e gestão da saúde. Entre estes dois pontos, registou uma série de eventos pessoais e profissionais “irrelacionáveis”, a não ser pela lição de conjunto, ainda em estudo. Entre eles, “gosto de saber que, antes de me ter distraído, ajudei a fundar a secção de direitos humanos da Associação Académica de Coimbra e de ter podido trabalhar com jovens privados de crescimento em liberdade ao abrigo de uma tutela educativa”.

“Escrevo. Comecei a fazê-lo poucos meses depois de saber usar a palavra escrita. Não tenho como explicar o que terá acontecido, entretanto, mas só quase 30 anos passados soube reconhecer o que acontece quando escrevo. Sou plena, nada mais em falta. Até então, tinha-me deixado afinal distrair pelo que nunca teria sido suficiente. Estive possivelmente suspensa. Permanecia em transição. Julgo estar prestes a chegar onde só agora poderia ter chegado”, sublinhou Rute Simões Ribeiro.

Outros planos

No campo da economia local, o Flitabira reuniu 335 pessoas em suas diversas categorias de trabalho, contratados direta ou indiretamente, nas mais diversas áreas de atuação: montagem de estrutura, produção, comunicação, fotografia, transmissão on-line, segurança, limpeza, carregadores, gastronomia, somando somam 840 horas trabalhadas. A estrutura do evento contou com 1.300m2 de área coberta, somando 86 toneladas de estruturas e equipamentos.

Também em formato Figital, mais de três mil pessoas alternaram-se durante dia e noite em leituras ao vivo e pré-gravadas nos palcos do CPF Sesc, na capital paulista, e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, simultaneamente. Estudantes, artistas, professores e voluntários fizeram leituras de poemas, crônicas e artigos do Poeta Maior em 24 horas ininterruptas de programação exibidas pelo canal do YouTube do Flitabira e do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF Sesc).

Idealizado pelo jornalista e empreendedor cultural Afonso Borges, o Flitabira teve como curadores locais a professora e mestre em Literatura Sandra Duarte e o gestor cultural Rafael de Sá. A curadoria nacional ficou por conta dos escritores Antônio Carlos Secchin e Tom Farias.

Mais de 60 mesas de debates foram montadas, sendo que 48 aconteceram presencialmente em Itabira e 12 on-line, gravadas previamente. Trata-se do “12 x 120” – um ciclo de debates virtuais em homenagem aos 120 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. A série consistiu em 12 painéis com dois convidados cada, abordando tanto os aspetos genéricos quanto académicos da obra do poeta itabirano. Participaram 24 convidados: Adriano Espínola, Antônio Torres, Arnaldo Saraiva, Catita, Edmilson Caminha, Éle Semog, Elisa Lucinda, Elisa Pereira, Emmanuel Santiago, Eucanaã Ferraz, Felipe Fortuna, Flávia Amparo, Gilberto Araújo, Gilberto Mendonça Teles, José Miguel Wisnik, Lilian Almeida, Marcelo Torres, Miguel Sanches Neto, Míriam Alves, Paulo Scott, Paulo Vicente Cruz, Ricardo Vieira Lima, Salgado Maranhão, Sérgio Alcides. Os mediadores foram Afonso Borges, Antônio Carlos Secchin e Tom Farias.

Das 48 mesas presencias que aconteceram em Itabira, 24 contou com a presença de autores nacionais e internacional. Dentre os convidados que estiveram presencialmente em Itabira estão Ricardo Aleixo, Carla Madeira, Tom Farias, Rute Simões Ribeiro -Portugal-, Simone Paulino, Suely Machado, Adriano Fagundes, Thiago Lacerda e Pedro Drummond, artista visual, neto e curador da obra de Drummond. Todas os debates ficam disponíveis no canal do Flitabira no Youtube.

Para o curador e escritor Tom Farias estar em Itabira é se reconectar de alguma maneira com o poeta Drummond.

“O público – jovens, crianças, homens e mulheres – se sente representado quando a gente traz esse assunto da poesia, do Drummond, e joga luz nessa cidade ‘de ferro’. Com o festival, a gente reverencia Drummond e, ao mesmo tempo, Itabira”, afirmou Tom Farias, destacando que “a cultura pode ser um elemento fundador de novas mentalidades, pode curar doenças psíquicas, promover a união. A literatura salva as pessoas”.

A música também esteve presente no festival, por meio da parceria do Flitabira com o ViJazz, que apresentou nove shows, incluindo nomes renomados nacionais e internacionais ao palco do evento, como Camillle Bertault, James Boogaloo Bolden e Tia Carroll.

O Flitabira é viabilizado com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e parceria do SescSP e Prefeitura de Itabira.

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VIANA DO CASTELO ACOLHE CIMEIRA LUSO-ESPANHOLA

Viana do Castelo acolheu, hoje, a 33ª Cimeira Luso-Espanhola. A cimeira arrancou com honras militares e a receção das comitivas dos governos de Portugal e Espanha na Praça da República.

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O Primeiro-Ministro, António Costa, juntamente com o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, recebeu o Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sanchéz.

As duas comitivas, que integram 18 ministros dos dois governos, ouviram os hinos de Espanha e Portugal, a que se seguiu uma cerimónia militar e a apresentação dos membros dos executivos que participam na cimeira de hoje. Estão em Viana do Castelo nove ministros de cada governo, com as pastas da energia, ambiente, transportes, obras públicas, igualdade, administração interna, negócios estrangeiros e coesão territorial.

Depois das cerimónias militares, os dois governantes visitaram o Museu do Traje de Viana do Castelo, onde receberam, pelas mãos do autarca vianense, camisas regionais personalizadas.

Seguiu-se um breve passeio pelas ruas do centro histórico e, na Praça do Eixo Atlântico, foi descerrada uma placa comemorativa da 33ª Cimeira Ibérica.

Os trabalhos decorrem agora na Pousada de Santa Luzia.

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SALÁRIOS CONSULADOS DE PORTUGAL NO BRASIL

  • Crónica de Ígor Lopes

“Reitero a necessidade de medidas urgentes”, aponta Flávio Martins, do CCP, sobre ordenados dos trabalhadores consulares de Portugal no Brasil

Em carta enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João G. Cravinho, ao Secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo, e ao responsável pela Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, Luís Ferraz, o conselheiro eleito pelo Rio de Janeiro e presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesa (CP-CCP), Flávio Martins, voltou a cobrar do estado português o cumprimento do acordo de resolução assinado em setembro deste ano que visa solucionar a questão da defasagem dos ordenados dos funcionários da rede consular lusa no Brasil.

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“Reitero a necessidade de medidas urgentes quanto à situação experimentada pela maioria dos trabalhadores do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo de Portugal no Brasil, cujos salários foram fixados pelo Decreto-lei número 47/2013 ao câmbio euro-real daquela época”.

Segundo este conselheiro, “desde então, quem trabalha nos Postos Consulares no Brasil ficou cada vez mais prejudicado se comparado a seus homónimos em outros países, haja vista o câmbio atual ultrapassar 5 (cinco) reais, o que corresponde receber menos da metade do que em 2013”.

“Em que pese o acordo de resolução aceite em 06 de setembro pelo Governo e pelos funcionários representados pelo Sindicato, nada ocorreu até agora e dessa notória, angustiante e degradante situação arrastada há anos e Governos, chegou-se ao inacreditável apelo de um funcionário do Consulado-Geral no Rio de Janeiro e que li nas redes sociais esta semana, no qual “vem humildemente implorar” que o acordo seja cumprido”, sublinhou Flávio Martins, que questionou ainda “onde está a proteção à dignidade humana desses trabalhadores?”.

“Com escrevi em maio passado, acompanho de perto o calvário experimentado por funcionários/as no Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro, recebi relatos de outros Postos e manifestei-me individualmente ou com os meus companheiros/as de Conselho das Comunidades (CCP) diversas vezes. Se em 06 de setembro (todos) fomos (positivamente) surpreendidos pelo acordo de “ajuda emergencial” que seria implementado semanas depois, passaram-se quase dois meses desde então e eles (trabalhadores/as) ainda aguardam, céticos e desesperados, a publicação de Portaria do Sr. Ministro das Finanças a ratificar o acordo”, mencionou Martins, que destacou, porém, que “não se trata mais de uma situação de calamidade salarial somente, mas de saber-se o que é credível nas relações do Estado e do Governo com os seus trabalhadores fora de Portugal”.

“Por isso, em solidariedade e em defesa desses trabalhadores, sentimentos que V.Exas. também comungam, eu peço: tomem todas as urgentes providências junto ao Sr. Ministro das Finanças para que a Portaria seja imediatamente publicada, dando-se prosseguimento ao Acordo estabelecido”, finalizou Flávio Martins.

“nos sentimos renegados, castigados”

A nossa reportagem conversou com funcionários consulares que atuam pela diplomacia portuguesa no Brasil. Por receio de retaliação, os entrevistados não autorizaram a divulgação das suas identidades, porém, não esconderam o desafio que enfrentam hoje em dia.

“Nós, funcionários da embaixada e consulados do Brasil, temos um sentimento generalizado de abandono e nos sentimos renegados, castigados, quando a nossa única atitude foi reclamar pelos nossos direitos. Desde 2013, manifestamos que não poderíamos ter salários simplesmente fixados em Reais e passarmos a ter a questão salarial de acordo com a lei Loca. Só que se esqueceram de entender, de estudar, e nos aplicaram uma lei totalmente desconhecida aos trabalhadores do Brasil.  É uma ilegalidade ter os salários congelados”, disse uma das fontes entrevistadas.

“Estamos no fundo do poço”

“Estamos no fundo do poço”, alegou outro membro dos serviços consulares, que sublinho explicou que “temos rendas atrasadas, nomes sujos (sem acesso a crédito), filhos em colégios bastante inferiores, com alimentação reduzida, sem acesso à assistência médica, enfim, vivemos um verdadeiro caos nas nossas vidas”.

“Estamos muito doentes física e mentalmente, desenvolvemos inúmeras doenças, depressão, síndromes, tensão alta, diabetes, etc. O ministério dos Negócios Estrangeiros teve conhecimento que estava errado em congelar salários, porque ter salários regidos pela lei local implica reajustes anuais, um país com inflação, com o custo de vida altíssimo, jamais poderia ter salários congelados. Já nos dispomos a lutar através de uma greve para termos os nossos salários dignos em Euros de volta, mas não temos apoio do Sindicato, que nos incentiva, nos mobiliza e recuam sem que o acordo com os desejados salários fixados em euros esteja efetivamente sacramentado. Nós estamos extremamente desapontados, nem este auxílio emergencial, negociado em julho/agosto, até hoje foi publicado. Não entendemos qual o sentido da palavra urgência para o MNE. Já estamos em novembro e a nossa frustração, a nossa angústia e ansiedade toma conta dos nossos corações, das nossas cabeças, constantemente. Esperamos sinceramente que em 2023 tenhamos os nossos salários em Euros de volta, como os demais trabalhadores do mundo. Não aguentamos mais sermos tratados de forma desigual, com descriminação. As únicas certezas que temos neste momento são que continuamos servindo à nossa comunidade portuguesa com profissionalismo, respeito, dedicação e que as receitas fruto do nosso trabalho, do nosso suor, são enviadas mensalmente para Portugal”, destacou esta mesma fonte.

Segundo apurámos, está prevista uma reunião entre os conselheiros das comunidades portuguesas e o governo central português em Lisboa.

Tentamos obter uma reação do governo português, o que não foi possível até ao encerramento desta edição.

EURORREGIÃO PEDE AO GOVERNO ESPANHOL O INÍCIO DOS TRÂMITES PARA QUE O TGV PORTO-VIGO SEJA INAUGURADO EM 2030, DATA PREVISTA PELO EXECUTIVO PORTUGUÊS

Foi dito hoje, em Vigo, pelo presidente da Xunta, Alfonso Rueda, na sua intervenção na jornada “Desafios atuais em infraestruturas transfronteiriças e desenvolvimento económico da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal”, organizada pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galicia-Norte de Portugal (GNP, AECT) e a Confederação de Empresários da Galiza (CEG).

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O Vice-Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte de Portugal (CCDR-Norte) Beraldino Pinto, afirmou que “a integração da Eurorregião Galiza - Norte de Portugal e a sua afirmação na fachada atlântica e no espaço europeu reclamam uma resposta renovada à ligação ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo que é estruturante nessa resposta e reforça a coesão do território e insere-nos nas modernas redes europeias.

O diretor do AECT da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal, Nuno Almeida, lembrou que “a Eurorregião quer ver resolvidos os impedimentos de mobilidade de pessoas e de produtos numa zona da fronteira que se afirma como uma das mais dinâmicas no que respeita ao movimento de trabalhadores”.

Às portas da Cimeira hispano – lusa de Viana do Castelo, prevista para este mês de outubro, mas ainda sem data definida, a Eurorregião Galiza – Norte de Portugal mandou hoje, em Vigo, uma mensagem ao governo de Madrid pedindo-lhe que “nas decisões da Cimeira de Viana entre os chefes de Governo e os ministros, de ambos os países, seja incluída a ligação ferroviária de alta velocidade Vigo – Porto e que se inicie, de maneira imediata, a tramitação necessária para fazê-la efetiva nos prazos previstos pelo Governo português”. Como afirmou o presidente da Xunta da Galiza, Alfonso Rueda, no encerramento da jornada “Desafios atuais em infraestruturas transfronteiriças e desenvolvimento económico da Eurorregião Galicia – Norte de Portugal”, organizada pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) da nossa Eurorregião e a Confederação de Empresários da Galiza (CEG).

Para o presidente da Xunta, “o realmente importante é tentar assegurar uma ligação de alta velocidade entre A Corunha-Porto-Lisboa. Esta, que é uma velha reivindicação do Governo da Xunta de Galicia, e que se pode materializar, num futuro próximo, se conseguirmos o compromisso do Governo de Espanha e Portugal”, assinalou.

“Tenho que expressar a minha satisfação pelo feito do Governo português se pronunciar de uma forma clara em favor desta infraestrutura e, só cabe esperar e reclamar, do Governo espanhol, que faça o mesmo”, disse o presidente da Xunta. Acrescentando “a Comissão Mista Luso-Espanhola para a Cooperação Tranfronteiriça, que se reuniu no Porto, no dia 22 de setembro, incorporou nas suas conclusões, para a próxima Cimeira Ibérica, a necessidade de afrontar a obra o mais rápido possível, incluindo a saída sul de Vigo”.

No mesmo sentido manifestou-se o vice-presidente da CCDR-Norte, Beraldino Pinto, para quem “a integração da Eurorregião Galiza - Norte de Portugal e a sua afirmação na fachada atlântica e no espaço europeu reclamam uma resposta renovada e reforçada de ligação”. Para o Vice-Presidente da CCDR-Norte “a ligação ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo é estruturante nessa resposta. Reforça a coesão do território e inserem-nos nas modernas redes europeias”.

O diretor do AECT da Eurorregião, Nuno Almeida, sublinhou “a vontade expressa a um lado e outro da Raia de ver resolvidos os impedimentos na mobilidade de pessoas e de produtos numa zona da fronteira que se afirma como uma das mais dinâmicas no que respeita ao movimento de trabalhadores”. Lembrando que “à semelhança da importância mútua que Espanha e Portugal têm nas respetivas balanças comerciais, também o Norte de Portugal e a Galiza são muito interdependentes”, acrescentou e ainda: “Precisamos de ter condições para que a economia funcione. E a presença nesta jornada das confederações empresariais galega e portuguesas mostra a força desta nossa exigência”.

Na jornada, na que estiveram presentes cinquenta empresários da Eurorregião, interviram os presidentes da Confederação de Empresários da Galiza, Juan Vieites, da Associação Empresarial de Portugal, Luís Miguel Ribeiro, e da ConfiMinho, Luís Ceia, e o diretor Geral de Mobilidade da Xunta de Galicia, Ignácio Maestro Saavedra.

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