O mar da costa de Âncora até Caminha 𝗽𝗿𝗲𝘀𝗲𝗻𝘁𝗲𝗼𝘂 𝘂𝗺 𝗱𝗼𝘀 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗼𝘀 𝗮𝗿𝗺𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗷𝗼𝘃𝗲𝗻𝘀 𝗰𝗼𝗺 com um magnífico exemplar: 𝘂𝗺𝗮 𝗱𝗼𝘂𝗿𝗮𝗱𝗮 𝗱𝗲 𝟯,𝟲𝟬𝟬 𝗸𝗴.
Apesar deste belo prémio, 𝗮𝗻𝗼 𝘁𝗲𝗺 𝘀𝗶𝗱𝗼 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗶𝗰𝘂𝗹𝗮𝗿𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗶𝗳𝗶́𝗰𝗶𝗹 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗮 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮 𝗽𝗿𝗼𝗳𝗶𝘀𝘀𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 não apenas para as embarcações de Vila Praia de Âncora, mas em todo o país. As capturas diminuíram de forma acentuada. Uns dizem que é apenas um 𝗰𝗶𝗰𝗹𝗼 𝗻𝗮𝘁𝘂𝗿𝗮𝗹 𝗱𝗼 𝗺𝗮𝗿, outros apontam a 𝗽𝗼𝗹𝘂𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗲 𝗼 𝗮𝘂𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗲𝘀𝗽𝗲́𝗰𝗶𝗲𝘀 𝗽𝗿𝗲𝗱𝗮𝗱𝗼𝗿𝗮𝘀 como principais causas.
Mas há algo que nunca muda: 𝗮 𝗰𝗼𝗿𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗱𝗼𝘀 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗼𝘀 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀. Mesmo quando o peixe escasseia, 𝗮𝘃𝗲𝗻𝘁𝘂𝗿𝗮𝗺-𝘀𝗲 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝗾𝘂𝗲 𝗼 𝘁𝗲𝗺𝗽𝗼 𝗲 𝗮 𝗯𝗮𝗿𝗿𝗮 𝗼 𝗽𝗲𝗿𝗺𝗶𝘁𝗲 mantendo viva uma tradição que atravessa gerações.
Vila Praia de Âncora, 𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗰𝗮𝗻𝘁𝗶𝗻𝗵𝗼 𝗱𝗼 𝗹𝗶𝘁𝗼𝗿𝗮𝗹 𝗻𝗼𝗿𝘁𝗲 𝗰𝗼𝗹𝗮𝗱𝗼 𝗮𝗼 𝗺𝗮𝗿 𝗱𝗼𝘀 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗼𝘀 𝗵𝗲𝗿𝗺𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗴𝗮𝗹𝗲𝗴𝗼𝘀, possui 𝗰𝗼𝗻𝗱𝗶𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗲𝘅𝗰𝗲𝗹𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮, com 𝗹𝗼𝘁𝗮 𝗲 𝗺𝗲𝗿𝗰𝗮𝗱𝗼 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝗴𝘂𝗻𝗱𝗮 𝘃𝗲𝗻𝗱𝗮 reconhecidos pela qualidade do pescado e pela dedicação dos seus profissionais.
Ainda assim, há melhorias a fazer. A Docapesca - Portos e Lotas, S.A. prepara-se para realizar 𝗮𝗷𝘂𝘀𝘁𝗲𝘀 𝗶𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗻𝗮 𝗼𝘁𝗶𝗺𝗶𝘇𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗲𝘀𝗽𝗮𝗰̧𝗼 𝗱𝗼 𝗠𝗲𝗿𝗰𝗮𝗱𝗼 𝗱𝗲 𝗦𝗲𝗴𝘂𝗻𝗱𝗮 𝗩𝗲𝗻𝗱𝗮, em articulação com a 𝗔𝘀𝘀𝗼𝗰𝗶𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗣𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗣𝗿𝗼𝗳𝗶𝘀𝘀𝗶𝗼𝗻𝗮𝗶𝘀 𝗲 𝗗𝗲𝘀𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝘃𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮, o Caminha Município e a Freguesia de Vila Praia de Âncora para reforçar a qualidade e valorização do nosso pescado.
Por agora, 𝗺𝗮𝗿𝗮𝘃𝗶𝗹𝗵𝗲𝗺𝗼-𝗻𝗼𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗺𝗮𝗴𝗻𝗶́𝗳𝗶𝗰𝗼 𝗲𝘅𝗲𝗺𝗽𝗹𝗮𝗿, que viajou para longe…𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘀𝗲 𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗿 𝗲𝗺 𝗦𝗨𝗦𝗛𝗜 levando consigo o sabor autêntico da nossa costa.
Carlos Sampaio | Presidente interino Associação Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora
Mensagem de Pesar da Assembleia da República pelo Falecimento do Mestre Vasco Presa
A Associação dos Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora recebeu com profundo respeito e gratidão a mensagem de pesar e homenagem enviada pelo Presidente da Assembleia da República, Dr. José Pedro Aguiar-Branco, pela morte do nosso Grão-Mestre Vasco Presa.
As palavras do mais alto representante da Assembleia da República honram não apenas a memória de um homem excecional, mas também toda a comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora, que nele reconhece um símbolo de coragem, entrega e amor ao mar.
O Presidente da Assembleia da República recordou com nobreza e sensibilidade o percurso de Vasco Presa — o homem que, ao longo de mais de meio século, enfrentou os mares do mundo inteiro, liderou a nossa Associação com determinação e lutou incansavelmente por um porto de mar mais digno e seguro para todos os pescadores.
Foi também reconhecido o seu papel como referência cívica e comunitária, a sua capacidade de unir gerações de pescadores e de se manter sempre fiel às causas da pesca artesanal e à defesa das tradições marítimas do concelho de Caminha.
O reconhecimento expresso nesta mensagem constitui um gesto de grande significado para todos nós. Representa a valorização nacional de um percurso de vida dedicado à pesca, à solidariedade e à comunidade — valores que o nosso Grão-Mestre sempre defendeu e que continuarão a inspirar o trabalho desta Associação.
Em nome da família, dos pescadores e de toda a comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora, a Associação agradece ao Senhor Presidente da Assembleia da República a homenagem prestada, que ficará para sempre registada como um ato de respeito e gratidão do país para com um dos seus grandes homens do mar. Grão-Mestre Vasco Presa, símbolo maior da coragem e da identidade marítima de Vila Praia de Âncora, permanecerá eternamente na memória e no coração de todos nós.
Presidente interino Associação Pescadores Profissionais e Desportivos Vila Praia Âncora
O desassoreamento do Porto de Mar de Vila Praia de Âncora vai finalmente avançar, um passo muito aguardado por toda a comunidade piscatória e local. Embora a intervenção decorra numa altura do ano menos favorável, a sua concretização representa um avanço essencial para garantir as condições de navegabilidade e segurança deste porto.
Os atrasos verificados resultaram de procedimentos administrativos e contratuais que exigem rigor e cumprimento de prazos legais. Ainda assim, importa destacar o empenho da DGRM - Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e da Docapesca - Portos e Lotas, S.A. , que tudo fizeram para viabilizar a dragagem antes do final do ano, num esforço conjunto que demonstra compromisso com o setor.
Uma palavra de reconhecimento é devida ao ministério Agricultura e Pesca, José Manuel Fernandes, e ao Secretário de Estado das Pescas, Salvador Malheiro , pela celebração do contrato plurianual de desassoreamento dos portos de pesca do Norte, que abrange o triénio 2025–2027. Este modelo permitirá um planeamento mais estável e previsível das intervenções futuras.
Sabemos que não será fácil executar os volumes contratados nesta época, mas acreditamos no compromisso e competência da empresa responsável #Rohde Nielsen para garantir o melhor resultado possível.
O desassoreamento de 2025 marca, assim, o início de um ciclo de melhorias contínuas. Está já previsto que o Porto de Mar de Vila Praia de Âncora volte a ser dragado em maio de 2026 e maio de 2027, preparando o terreno para a grandem obra de reconfiguração portuária, cuja execução está prevista pela DGRM e pelo Ministério para o período 2027-2030.
Mais do que uma obra pontual, este processo representa um compromisso de continuidade que une instituições, pescadores e comunidade local num mesmo objetivo: valorizar o mar. Garantoir a segurança e promover o futuro do Porto de Vila Praia de Âncora.
Se ainda alguém tem dúvidas da necessidade de 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗻𝗳𝗶𝗴𝘂𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮, as imagens falam por si.
Em apenas 𝗲𝗺 𝗽𝗼𝘂𝗰𝗼 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝗱𝗼𝗶𝘀 𝗮𝗻𝗼𝘀, 𝗼 𝗽𝗼𝗻𝘁𝗮̃𝗼 𝗳𝗹𝘂𝘁𝘂𝗮𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗼𝘀 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗽𝗿𝗼𝗳𝗶𝘀𝘀𝗶𝗼𝗻𝗮𝗶𝘀 já foi alvo de 𝗱𝘂𝗮𝘀 𝗶𝗻𝘁𝗲𝗿𝘃𝗲𝗻𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗮 𝗰𝗮𝘂𝘀𝗮, e aproxima-se agora 𝗮 𝘁𝗲𝗿𝗰𝗲𝗶𝗿𝗮.
O problema não está na degradação do material está nas 𝗰𝗼𝗻𝗱𝗶𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗼 𝗽𝗿𝗼́𝗽𝗿𝗶𝗼 𝗽𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗿, onde 𝗾𝘂𝗮𝗹𝗾𝘂𝗲𝗿 𝗲𝘀𝘁𝗿𝘂𝘁𝘂𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗹𝗼𝗰𝗮𝗱𝗮 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗼 𝗲𝘀𝗽𝗲𝗹𝗵𝗼 𝗱𝗲 𝗮́𝗴𝘂𝗮 𝗲́ 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗿𝘂𝗶́𝗱𝗮 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗳𝗼𝗿𝗰̧𝗮 𝗱𝗼 𝗺𝗮𝗿 𝗱𝗲𝗻𝘁𝗿𝗼 𝗱𝗼 𝗽𝗿𝗼́𝗽𝗿𝗶𝗼 𝗽𝗼𝗿𝘁𝗼.
Está 𝗿𝗲𝗽𝗲𝘁𝗶𝗱𝗮 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗿𝘂𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗮 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮𝗿𝗲𝗹𝗮 põe em causa não apenas a segurança e a operacionalidade do pontão, mas também 𝗮 𝗽𝗿𝗼́𝗽𝗿𝗶𝗮 𝗳𝘂𝗻𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗽𝗼𝗿𝘁𝗼, 𝗾𝘂𝗲 𝗳𝗮𝘇 𝗰𝗮𝗱𝗮 𝘃𝗲𝘇 𝗺𝗲𝗻𝗼𝘀 𝗺𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗿 devido às suas condições atuais.
Ainda neste 𝘂́𝗹𝘁𝗶𝗺𝗼 𝘁𝗿𝗶𝗺𝗲𝘀𝘁𝗿𝗲 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟱, 𝗮 𝗗𝗚𝗥𝗠, em conjunto com a 𝗦𝗲𝗰𝗿𝗲𝘁𝗮𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗘𝘀𝘁𝗮𝗱𝗼 𝗱𝗮𝘀 𝗣𝗲𝘀𝗰𝗮𝘀, 𝗳𝗮𝗿𝗮́ 𝘂𝗺 𝗲𝘀𝗳𝗼𝗿𝗰̧𝗼 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘃𝗶𝗮𝗯𝗶𝗹𝗶𝘇𝗮𝗿 𝗼 𝗱𝗲𝘀𝗮𝘀𝘀𝗼𝗿𝗲𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 do porto. Será um passo importante, mas não resolverá o essencial: a necessidade urgente de 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗻𝗳𝗶𝗴𝘂𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝘁𝗼𝘁𝗮𝗹 𝗱𝗮 𝗶𝗻𝗳𝗿𝗮𝗲𝘀𝘁𝗿𝘂𝘁𝘂𝗿𝗮 𝗽𝗼𝗿𝘁𝘂𝗮́𝗿𝗶𝗮.
O objetivo é que em 𝟮𝟬𝟮𝟳 estejam finalmente reunidas as condições para 𝗹𝗮𝗻𝗰̧𝗮𝗿 𝗼 𝗖𝗼𝗻𝗰𝘂𝗿𝘀𝗼 𝗜𝗻𝘁𝗲𝗿𝗻𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗱𝗮 𝗥𝗲𝗾𝘂𝗮𝗹𝗶𝗳𝗶𝗰𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮.
Só assim será possível devolver segurança, operacionalidade e futuro a este porto e às suas gentes.
Se 𝗗𝗲𝘂𝘀 𝗾𝘂𝗶𝘀𝗲𝗿 e a 𝗣𝗼𝗹𝗶́𝘁𝗶𝗰𝗮 assim o entender em 𝟮𝟬𝟯𝟬 poderemos 𝗶𝗻𝗮𝘂𝗴𝘂𝗿𝗮𝗿 𝗼 𝗻𝗼𝘃𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮.
Um porto funcional, moderno e seguro, à altura das necessidades da pesca artesanal e da identidade marítima da nossa terra.
Diretor (presidente interino) Associação Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora
NOTA DE PESAR E RECONHECIMENTO – POR CARLOS SAMPAIO
Hoje, Vila Praia de Âncora chora a partida de um dos seus maiores homens do mar. Partiu o Mestre Vasco Presa, e com ele leva-se meio século de luta, coragem e resiliência na mais dura das profissões: a PESCA.
Durante mais de cinquenta anos, o Mestre Vasco enfrentou os quatro cantos do mundo, navegou mares revoltos e sobreviveu a tempestades que testariam qualquer coração humano.
Mas foi dessa escola dura, feita de suor, vento e maresia, que nasceu a sua mestria. E foi essa mesma mestria que o fez regressar à sua terra natal, ao seu Porto de Mar de Vila Praia de Âncora onde, ainda jovem, começou a pescar ao lado do pai e do avô.
Foram mais de duas décadas de dedicação plena à comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora.
Logo após a viragem do século, assumiu a direção da Associação dos Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora. Lutou como poucos por um porto de mar mais seguro, mais digno e mais funcional.
Abdicou de centenas de marés de pesca para cumprir a sua missão de dirigente, mas nunca deixou de ser homem do povo, amigo de todos, pescador de todos. Vasco Presa tinha a grandeza de dar a sua “camisola” a quem precisasse, fosse profissional, desportivo ou forasteiro. Era porto de abrigo para quem enfrentava uma necessidade ou um perigo.
Desde 2012, tive o privilégio de partilhar com Vasco Presa não apenas lutas, mas também sonhos. Para mim, foi sempre referência. Para o meu pai, Francisco Sampaio, ele era já o Grão Mestre Vasco Presa – o Téro: senhor na cultura da pesca, senhor na cultura do mar, senhor na cultura da vida. A sua paixão era contagiante, e confesso que nesta última década e meia vivi como aprendiz desse Grão-Mestre. Muito ficou por aprender, porque o Vasco soube fintar o mar, o nevoeiro e a tormenta, mas não conseguiu fintar a doença.
A comunidade piscatória, as freguesias de Vila Praia de Âncora, o concelho de Caminha e até o país lhe deve muito. O melhor tributo que podemos prestar a este Grão-Mestre é não baixar os braços e lutar pela requalificação do nosso porto de mar e das infraestruturas portuárias que ele tanto defendeu. Vasco Presa será sempre o nosso farol, a nossa bússola e o nosso norte, para manter viva a paixão que ele nos legou: a paixão da pesca e do pescador.
À família, deixo uma palavra de respeito profundo.
À esposa 𝗦𝗮𝗺𝗲𝗶𝗿𝗼 quem chamava com carinho o seu “farol”, o porto seguro que o acompanhou em todas as marés da vida.
Aos filhos João e Cátia,camaradas de faina na apaixonante embarcação “Téro”, como tantas vezes dizia. Orgulhava-se de ver neles a mesma garra, porque afirmava que o mar lhes corria nas veias.
À filha Paula que desde cedo o acompanhou nas lidas da venda do pescado. Falava dela com emoção e respeito, pelo empenho, pela dedicação e pelo cuidado que tinha com todos os mestres das embarcações de Vila Praia de Âncora e arredores. Dizia sempre que era uma rapariga dócil, mas incansável e trabalhadora.
À filha mais nova, a Babi como carinhosamente a tratava, reconhecia nela um pilar firme e decisivo na venda do pescado no mercado. Admirava a sua personalidade forte e determinada, dizendo muitas vezes: “a Babi sabe o que quer”.
Os quatro filhos foram o maior orgulho da sua vida. Dois seguiram com ele a vida dura e bela do mar, vivendo a pesca como herança e missão. As filhas acompanharam em terra, dando continuidade à paixão e ao trabalho que o mar exigia. E junto deles, os seus seis netos, que tanto amava e em quem via a esperança e a continuidade de tudo aquilo que defendeu: uma família unida, o mar respeitado e a cultura piscatória preservada.
Grão-Mestre Vasco Pereira, parte fisicamente, mas permanecerá para sempre como símbolo maior da coragem, da fraternidade e da alma do nosso povo do mar.
A sua memória ficará para sempre ligada à identidade e à força da nossa comunidade piscatória.
Foi uma honra partilhar tantas lutas com o Vasco, mas acima de tudo foi um privilégio ter sido seu amigo. É nesse nome, de amigo, que hoje me despeço.
Capitão-Tenente Fernando José Vieira Pereira, Capitão do Porto de Caminha, usando das competências que lhe conferem as leis e regulamentos em vigor e no seguimento das normas aprovadas em sede da Comissão Permanente Internacional do Rio Minho, ao abrigo da Resolução da Assembleia da República n.º 34/2023, publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 80, em 24 de abril de 2023, que define o Acordo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha relativo à Pesca no Troço Internacional do Rio Minho (TIRM), faz saber e torna público o Edital para o exercício da pesca no Troço Internacional do Rio Minho, temporada de 2025/2026:
A Festa do Mar e da Sardinha em Vila Praia de Âncora já começou, e decorre entre os dias 1 a 17 de agosto, no Campo do Castelo. O evento, que tem a sardinha como rainha, é um marco em Vila Praia de Âncora e oferece gastronomia e animação.
“No S. João, a sardinha pinga no pão” – diz o povo imbuído na sua sabedoria empírica. Com efeito, é por esta altura que a sardinha é mais gorda, devendo-se tal facto a circunstâncias de ordem climática e geofísica únicas na costa portuguesa que fazem desta espécie um exemplar único em toda a Península Ibérica.
Tradição de origens remotas, a sardinha era tradicionalmente pescada por meio da arte xávega, método que consistia numa forma de pesca por cerco. Deixando uma extremidade em terra, as redes são levadas a bordo de uma embarcação que as vai largando e, uma vez terminada esta tarefa, a outra extremidade é trazida para terra. Então, o saco é puxado a partir da praia, outrora recorrendo ao auxílio de juntas de bois, atualmente por meio de tração do guincho ou de tratores. Entretanto, as modernas embarcações de arrasto vieram a ditar a morte da arte xávega e, simultaneamente, a ameaçar a sobrevivência das próprias espécies piscícolas, colocando em causa o rendimento familiar dos próprios pescadores.
A sardinha constitui um das suas principais fontes de rendimento, representando quase metade do peixe, calculado em peso, que passa nas lotas portuguesas. Matosinhos, Sesimbra e Peniche são os principais portos pesqueiros de sardinha em todo o país.
Quando, no início da Primavera, o vento sopra insistentemente de norte durante vários dias, os pescadores adivinham um verão farto na pesca da sardinha, do carapau, da cavala e outras espécies que são pescadas na costa portuguesa. A razão é simples e explica-se de forma científica: esta época do ano é caracterizada por um sistema de altas pressões sobre o oceano Atlântico, vulgo anticiclone dos Açores, o qual se reflete na observância de elevadas temperaturas atmosféricas, humidade reduzida e céu limpo. Verifica-se então uma acentuada descida das massas de ar que resultam no aumento da pressão atmosférica junto à superfície e a origem de ventos anticiclónicos que circulam no sentido dos ponteiros do relógio em torno do centro de alta pressão, afastando os sistemas depressionários. Em virtude da situação geográfica de Portugal continental relativamente ao anticiclone, estes ventos adquirem uma orientação a partir de norte ou noroeste, habitualmente designado por “nortada”.
Sucede que, por ação do vento norte sobre a superfície do mar e ainda do efeito de rotação da Terra, as massas de água superficiais afastam-se para o largo, levando a que simultaneamente se registe um afloramento de águas de camadas mais profundas, mais frias e ricas em nutrientes que, graças à penetração dos raios solares, permite a realização da fotossíntese pelo fito plâncton que constitui a base da cadeia alimentar no meio marinho. Em resultado deste fenómeno, aumentam os cardumes de sardinha e outras espécies levando a um maior número de capturas. E, claro está, o peixe torna-se mais robusto e apetecível.
O mês de Junho, altura em que outrora se celebrava o solstício de Verão e agora se festejam os chamados "Santos Populares" – Santo António, São João e São Pedro – é, por assim dizer, a altura em que a sardinha é mais apreciada e faz as delícias do povo nas animações de rua. Estendida sobre um naco de pão, a sardinha adquire um paladar mais característico, genuinamente à maneira portuguesa.
Por esta altura, muitos são os estrangeiros que nos visitam e, entre eles, os ingleses que possuem a particularidade de a fazerem acompanhar com batata frita, causando frequente estranheza entre nós. Sucede que, o “fish and chips” ou seja, peixe frito com batatas fritas, atualmente bastante popular na Grã-Bretanha, teve a sua origem na culinária portuguesa, tendo sido levado para a Inglaterra e a Holanda pelos judeus portugueses, dando mais tarde origem à tempura que constitui uma das especialidades gastronómicas mais afamadas do Japão.
No porto de mar de Vila Praia de Âncora a pesca artesanal não é apenas uma forma de subsistência, é um modo de vida, uma herança, uma missão. Cada jornada no mar, que pode durar 8 a 10 horas, é seguida de outra em terra, onde o trabalho não termina com o desembarque do peixe.
Depois do mar, há redes para desenlear, embarcações para preparar e, muitas vezes, o sargaço para remover essa alga persistente que se agarra às artes e ao esforço dos homens do mar. Seguem limpando, separando, remendando, garantindo que tudo esteja pronto para o dia seguinte. O cansaço é grande, mas o compromisso é maior.
Este esforço silencioso, quase invisível a quem apenas vê o peixe na banca, é o verdadeiro coração da pesca sustentável. Porque estes homens conhecem o mar como poucos respeitam os seus ciclos, os seus fundos, os ventos, os tempos. É um saber antigo, passado de geração em geração, enraizado nas marés da nossa costa.
Em tempos de transição ecológica e discursos sobre sustentabilidade, urg reconhecer o valor real da pesca artesanal: uma atividade que, além de gerar rendimento, preserva os stocks, cuida dos recursos e protege o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
A pesca que aqui se faz é também identidade, gastronomia, turismo, coesão territorial e História. É feita por gente que dedica a vida ao mar, com empenho, dignidade e resiliência. Homens e mulheres que merecem reconhecimento, respeito e políticas públicas que os protejam e valorizem.
E por isso, a renovação geracional não é um luxo, é uma urgência. Porque sem continuidade, sem juventude que abrace esta vocação, perde-se mais do que uma profissão perde se um modo de viver em harmonia com o mar.
Palavras do Secretário Estado das Pescas, hoje na sua rede social Salvador Malheiro:
Foi ontem assinado o contrato de adjudicação da empreitada referente às Dragagens dos Portos de Pesca de Vila Praia de Âncora, Angeiras, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Castelo de Neiva e Esposende num montante global de 6,4 milhões de euros!
Esta é uma Grande Boa Nova para o Sector das Pescas da Região Norte!
Vamos agora esperar que a obra decorra com Naturalidade!
No passado dia 3 𝗱𝗲 𝗷𝘂𝗹𝗵𝗼 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟱, 𝗮 𝗔𝘀𝘀𝗼𝗰𝗶𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗣𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗣𝗿𝗼𝗳𝗶𝘀𝘀𝗶𝗼𝗻𝗮𝗶𝘀 𝗲 𝗗𝗲𝘀𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝘃𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮 recebeu, com enorme honra, a visita oficial da 𝗨𝗚𝗧 𝗡𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 e da 𝗨𝗚𝗧 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗮𝗻𝗮 𝗱𝗼 𝗖𝗮𝘀𝘁𝗲𝗹𝗼.
Foi uma manhã de trabalho, 𝗰𝗼𝗺 𝗿𝗲𝘂𝗻𝗶𝗮̃𝗼 𝗱𝗲𝗱𝗶𝗰𝗮𝗱𝗮 𝗲 𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲𝗴𝗮 𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝘃𝗮́𝗿𝗶𝗼𝘀 𝗱𝗼𝘀𝘀𝗶𝗲̂𝘀, onde tivemos oportunidade de abordar, com frontalidade e sentido de construção, os grandes desafios que marcam a nossa atividade e o futuro da pesca no Alto Minho.
𝗗𝗲𝗯𝗮𝘁𝗲𝗺𝗼𝘀 𝗮 𝗿𝗲𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗱𝗮 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮 𝗹𝗼𝗰𝗮𝗹 𝗲 𝗰𝗼𝘀𝘁𝗲𝗶𝗿𝗮, com especial atenção à sua sustentabilidade e dignificação.
Falámos sobre a 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮 𝘀𝗮𝘇𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗽𝗿𝗮𝘁𝗶𝗰𝗮𝗱𝗮 𝗽𝗼𝗿 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗹𝗼𝗰𝗮𝗶𝘀, que merece enquadramento adequado e justo.
Abordámos em detalhe as 𝗰𝗼𝗻𝗱𝗶𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝘁𝘂𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮, cuja modernização é urgente e inadiável.
E refletimos em conjunto sobre o impacto da instalação das 𝗰𝗼𝗻𝗱𝗶𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝘁𝘂𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮, defendendo o princípio de uma 𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗶𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗲𝗻𝗲𝗿𝗴𝗲́𝘁𝗶𝗰𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗷𝘂𝘀𝘁𝗶𝗰̧𝗮 𝘁𝗲𝗿𝗿𝗶𝘁𝗼𝗿𝗶𝗮𝗹.
Foi uma 𝗿𝗲𝘂𝗻𝗶𝗮̃𝗼 𝗽𝗿𝗼𝗱𝘂𝘁𝗶𝘃𝗮 𝗲 𝗲𝘀𝗰𝗹𝗮𝗿𝗲𝗰𝗲𝗱𝗼𝗿𝗮,que terminou com 𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗲𝗿𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗶𝗺𝗽𝗿𝗲𝗻𝘀𝗮 𝗲𝗺𝗶𝘁𝗶𝗱𝗮 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗖𝗮𝗻𝗮𝗹, reforçando a visibilidade pública desta causa.
Em nome da nossa associação, deixo um 𝗮𝗴𝗿𝗮𝗱𝗲𝗰𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗲𝘀𝗽𝗲𝗰𝗶𝗮𝗹 𝗮̀ 𝗣𝗿𝗲𝘀𝗶𝗱𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗨𝗚𝗧 𝗡𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹, 𝗗𝗿𝗮. 𝗟𝘂𝗰𝗶𝗻𝗱𝗮 𝗗𝗮̂𝗺𝗮𝘀𝗼, 𝗲 𝗮𝗼 𝗦𝗲𝗰𝗿𝗲𝘁𝗮́𝗿𝗶𝗼-𝗚𝗲𝗿𝗮𝗹, 𝗗𝗿. 𝗠𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗠𝗼𝘂𝗿𝗮̃𝗼, pela forma acolhedora, simpática e atenta com que escutaram cada uma das nossas reivindicações.
Agradecemos igualmente à 𝗨𝗚𝗧 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗮𝗻𝗮 𝗱𝗼 𝗖𝗮𝘀𝘁𝗲𝗹𝗼 𝗽𝗼𝗿 𝘁𝗲𝗿 𝗽𝗿𝗼𝗽𝗼𝗿𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗱𝗼 𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗺𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗲𝗻𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗼 𝗶𝗻𝘀𝘁𝗶𝘁𝘂𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹,e pelo gesto simbólico do azulejo com identidade minhota que tanto nos sensibilizou.
Seguimos motivados e confiantes de que 𝗮 𝗳𝗼𝗿𝗰̧𝗮 𝗱𝗮 𝗽𝗲𝘀𝗰𝗮 𝘁𝗿𝗮𝗱𝗶𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝘁𝗲𝗺 𝗮𝗹𝗶𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗮𝘁𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗻𝗼 𝗺𝗼𝘃𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝘀𝗶𝗻𝗱𝗶𝗰𝗮𝗹 𝗻𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹.
A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora vem, por este meio, apresentar um esclarecimento público e um apelo urgente, com vista à boa organização, funcionalidade e segurança estrutural do Porto de Mar de Vila Praia de Âncora.
Este comunicado não visa encontrar culpados, nem pretende alimentar fricções entre organismos ou entidades. O nosso propósito é, mais uma vez, apelar ao bom senso político e à articulação organizativa das administrações públicas, face a situações que colocam em causa a operacionalidade, segurança e dignidade do nosso porto.
Recordamos, com apreço, a visita de V. Exa. ao Porto de Mar de Vila Praia de Âncora, em dezembro de 2024, e a reunião de trabalho à porta fechada, que contou com representantes do poder central, local e de várias entidades administrativas.
Nessa reunião, foram assumidos compromissos fundamentais:
Financiamento do Estudo de Impacte Ambiental, de Custo-Benefício e de Engenharia– promessa cumprida;
Início do Desassoreamento por Lotes– promessa também cumprida.
Por estas duas concretizações, endereçamos desde já o nosso agradecimento a V. Exa.
Contudo, persistem várias decisões por resolver, que afetam gravemente a operacionalidade e segurança do porto, e que não podem continuar adiadas.
Formação de Duna Interior no Porto de Mar
Ao longo dos últimos anos, formou-se uma duna no interior da área portuária, fenómeno amplamente conhecido, discutido na reunião de dezembro e reportado em vários ofícios à DGRM, incluindo o último em 30/03/2025, sem qualquer resposta até à data.
Este problema, identificado no estudo técnico liderado pelo Prof. Trigo e pela equipa de Lisboa, é um fator de assoreamento gravíssimo e compromete a navegabilidade do espelho de água.
Perigo Imediato à Segurança Pública – Risco de Acidente Grave ou Morte
A duna que se formou no interior do porto, além dos impactos na navegabilidade, coloca em risco real e iminente a vida humana, sobretudo a das crianças.
Sem qualquer vedação ou sinalização, a duna dá a sensação de que a praia de Vila Praia de Âncora se prolonga para dentro do porto, levando famílias e turistas a frequentar inadvertidamente uma zona de embarcações em manobra.
Este é um perigo iminente. Estamos perante uma tragédia anunciada:
Crianças podem ser atropeladas por embarcaçõesou cair junto a hélices em funcionamento;
O espelho de água do porto sul está a ser usado para banhos, em total incumprimento e sem qualquer aviso de proibição;
A ausência de barreiras visuais ou físicasfaz com que ninguém saiba onde acaba a praia e começa o porto.
Se alguém morrer, será tarde. E a responsabilidade recairá sobre quem soube e nada fez.
Exigimos com urgência:
A remoção da dunaformada no interior do porto;
A colocação de sinalética e barreiras físicasadequadas;
A implementação de um plano de segurança portuária, acompanhado por regulamento atualizado, aguardado desde 2003.
Requalificação da Rampa Sul do Porto
A rampa sul, essencial para a operação de pequenas embarcações, encontra-se em estado de degradação profunda.
A última intervenção ocorreu em 1996, tendo sido agravada por obras mal executadas nas dunas dos Caldeirões. Discutido na reunião de dezembro e reportado em vários ofícios à DOCAPESCA, incluindo o último em 15/004/2025, aguardamos a resposta ao nosso oficio.
É urgente a sua requalificação, adaptada às exigências atuais de acesso ao mar.
Entrega da Gestão do Portinho Sul ao Município de Caminha
O edifício construído em 2013, com vista à dinamização da náutica de recreio e apoio aos pescadores, continua sem qualquer utilização funcional.
Se não for entregue antes do verão de 2025, teremos novamente o cenário caótico habitual: o logradouro e rampa do Portinho Sul transformados em parque de estacionamento.
Solicitamos a entrega administrativa e temporária do edifício à nossa associação, para evitar esta situação e dar uso digno àquele espaço.
Instalação de Iluminação e Videovigilância
Vários candeeiros públicos no porto sul encontram-se inoperacionais há meses, devido à corrosão dos quadros elétricos pelo salitre.
A E-Redes tem conhecimento da situação. Neste mesmo local, está prevista a instalação de câmaras de vigilância de circuito fechado, medida essencial para a segurança portuária.
Colocação dos Pontões da Náutica de Recreio
Os pontões da náutica de recreio estão em terra desde 2021, por impossibilidade de instalação devido ao assoreamento.
Solicitámos, via e-mail à Docapesca, que em articulação com a DGRM, seja realizada uma adjudicação extraordinária no âmbito do desassoreamento previsto para julho de 2025, garantindo a sua colocação no Portinho Sul.
Pedido de Orçamento Extraordinário e Denúncia de Abandono Estrutural
O Porto de Mar de Vila Praia de Âncora necessita, com urgência, de um orçamento extraordinário de várias centenas de milhares de euros para a modernização integral das suas infraestruturas.
Recentemente e bem foram investidos alguns recursos na reparação da máquina de gelo e do guincho das embarcações, dois equipamentos fundamentais para a pesca, que estiveram mais de 12 anos sem qualquer manutenção, tendo colapsado por completo antes de qualquer intervenção.
Importa lembrar que os investimentos realizados nos últimos 2 a 3 anos centram-se apenas em três equipamentos essenciais, após anos de inação:
A máquina de gelo,
O guincho,
E a grua, solicitada há mais de uma década.
Contudo, a restante estrutura portuária encontra-se em estado de degradação extrema, sem qualquer manutenção desde 2013:
Sistema de água com múltiplas fugas, obrigando ao fecho de ramais que abastecem os armazéns;
Rede de saneamento entupida, cuja limpeza foi assumida pela Câmara Municipal de Caminha;
Falta total de iluminação pública na zona dos armazéns, criando um ambiente de escuridão e insegurança;
Casas de banho para os utilizadores dos armazéns continuam por construirpromessa adiada há mais de 6 anos;
Equipamentos de climatização e bombas de calor nunca foram ligados ou testados;
Infiltrações severas em armazéns e na sede da associação, assim como no edifício da náutica de recreio, com degradação de paredes e pavimentos;
Equipamentos balneários danificados, sem qualquer intervenção;
O Mercado de 2.ª venda tem as duas arcas frigoríficas avariadas há mais de 6 anos;
Portões de acessoà zona portaria completamente danificados;
A falta de Câmaras de Vigilânciano porto norte e sul leva a roubos de equipamentos de pesca;
Os vestiários das peixeiras necessitam de manutenção urgente.
Esta realidade é inadmissível num espaço classificado como porto de mar.
Desde 2015, esta Associação tem enviado dossiês com fotografias, relatórios e dezenas de ofícios a alertar para estas situações, sem que tenhamos obtido resposta ou soluções concretas. Esta ausência de resposta não pode continuar a ser o padrão da relação entre o Estado e uma coletividade sem fins lucrativos que apenas luta por segurança, funcionalidade e desenvolvimento.
O problema estrutural chama-se: falta de Regulamento Portuário
A ausência de um Regulamento Portuário para Vila Praia de Âncora, desde a inauguração da primeira fase em 2003 e da segunda fase em 2013, é a origem do abandono sistemático destas infraestruturas.
Até quando aguardaremos? 2029? 2030? Na inauguração de uma eventual terceira fase?
Sem um regulamento, não há regras claras, nem responsabilidades atribuídas, nem garantias de manutenção ou gestão eficiente.
Apelo Final à Consciência e à Responsabilidade do Poder Político
A Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora é uma entidade sem fins lucrativos, onde nenhum dirigente aufere qualquer compensação pelas milhares de horas dedicadas, nos últimos 15 anos, à defesa da operacionalidade, da segurança e do futuro do Porto de Mar.
Apesar do esforço abnegado, somos frequentemente alvo de críticas dos próprios organismos públicos.
Como V. Exas., também temos as nossas famílias, os nossos trabalhos, os nossos compromissos. Mas ao contrário do Estado, não recebemos qualquer apoio para cumprir uma missão que devia ser vossa: proteger e fazer funcionar este equipamento público estratégico.
O que recebemos, muitas vezes, é o silêncio. O mais doloroso desprezo que uma administração pública pode demonstrar.
Se, após esta comunicação formal e bem fundamentada, não houver um gesto de proximidade, de reconhecimento e de resposta concreta aos nossos ofícios, consideraremos abandonar os cargos por exaustão e desencanto, como reflexo de uma crise associativa provocada pela indiferença do poder político e administrativo.
Não aceitaremos continuar a ser os únicos a lutar por um porto que é de todos.
Senhor Ministro,
Confiamos que esta exposição clara, fundamentada e respeitosa seja compreendida na sua total dimensão: não se trata de exigências políticas, mas de alertas sérios e urgentes de quem conhece profundamente o terreno, vive os problemas todos os dias e nunca virou as costas ao seu porto.
A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora não quer ser vista como um obstáculo, mas como um parceiro ativo e leal na construção de soluções concretas. O nosso único interesse é o bem comum: a segurança dos nossos pescadores, o futuro das nossas embarcações e a dignidade de uma infraestrutura que representa séculos de ligação ao mar.
Apelamos à sensibilidade e à responsabilidade de V. Exa. e das entidades competentes para compreenderem não apenas a urgência destas intervenções, mas também o desgaste profundo de quem, sem qualquer compensação, continua a dar tempo, esforço e muitas vezes a saúde por algo que deveria ser uma prioridade nacional.
Estamos totalmente disponíveis para dialogar, colaborar e apresentar soluções. Mas também precisamos que estejam presentes. Que respondam. Que cuidem.
Por respeito. Por justiça. Por futuro.
Com elevada consideração e estima,
Carlos Sampaio
Diretor
Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora
Sabemos que o Norte de Portugal, em particular Vila Praia de Âncora, está incluído num processo de Estudo de Impacto Ambiental, estudo custo benefício e estudo engenharia para um novo layout do seu Porto de Mar.
Mas não podemos esquecer uma realidade incontornável: Vila Praia de Âncora realiza, sozinha, metade das marés anuais em comparação com outros portos de características semelhantes.
É urgente garantir mais apoios e mais presença do poder central e local para que consigamos resistir até a nova configuração do Porto de Mar, cuja conclusão está prevista apenas para 2029.
Até lá, precisamos de medidas de transição, de apoio reforçado e de um gesto de carinho pelas nossas gentes do mar.
Temos hoje 17 embarcações de pesca profissional que poderão ser outras tantas e 25 embarcações de pesca embarcada desportiva. Não podemos deixá-las definhar.
Vamos unir todos os esforços técnicos, políticos e humanos para que Vila Praia de Âncora continue a ser um porto com futuro.
A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora recebeu hoje, no Porto de Mar de Vila Praia de Âncora, a turma 4B da Escola Básica e Secundária do Vale de Âncora, proporcionando um momento educativo e esclarecedor dedicado à segurança no mar.
A demonstração foi orientada pelo Presidente da Associação, Mestre Vasco Pressa e pelo Vice-Presidente, Carlos Sampaio, que explicaram de forma acessível os principais equipamentos de segurança a bordo, quer individuais, quer coletivos. Foram também abordados temas como a sinalética marítima, os lazeres de navegação e noções básicas da vida no mar.
Este tipo de ações demonstra que a nossa associação não se limita à defesa da pesca profissional e desportva. Estamos profundamente comprometidos com a dimensão educativa, cívica e informativa, contribuindo ativamente para que as crianças da nossa terra compreendam o valor do mar, o esforço dos pescadores e a importância da segurança.
Foi um momento de proximidade e partilha com a comunidade escolar, que reforça o papel da associação como agente ativo na formação marítima das novas gerações.
A Polícia Marítima realizou ação de fiscalização conjunta dirigida à atividade marítimo-turística em Caminha
Os elementos do Comando Local da Polícia Marítima de Caminha, em colaboração com a Câmara Municipal de Caminha, com a ASAE - Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, com a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e com a GNR - Guarda Nacional Republicana, realizaram anteontem de manhã, 12 de junho, uma ação de fiscalização conjunta dirigida à atividade marítimo-turística em Caminha, da qual resultaram mais de 50 infrações, três das quais levaram à cessação temporária da atividade de três operadores.
Durante esta ação, foram fiscalizados oito operadores de atividades marítimo-turísticas, oito embarcações portuguesas e uma espanhola, tendo resultado na elaboração de três autos de notícia pela Polícia Marítima e, consequentemente, na cessação temporária da atividade dos três operadores. Registaram-se ainda 12 autos de contraordenação pela Câmara Municipal de Caminha, oito autos de contraordenação pela GNR, um auto de contraordenação pela ASAE e várias notificações para apresentação de documentos pela ASAE e ACT.
Foi ainda garantida a fiscalização e presença ao longo do Caminho Português da Costa, através dos elementos da GNR e da Câmara Municipal de Caminha, tendo sido removida publicidade e estruturas não licenciadas.
Esta operação permitiu ainda um reforço da cooperação entre as diferentes autoridades, com o objetivo de garantir a legalidade e a segurança da atividade marítimo-turística, atendendo ao aumento significativo do número de peregrinos que seguem em direção a Santiago de Compostela.
Estiveram empenhados nesta operação um total de oito elementos do Comando Local da Polícia Marítima, 18 militares da GNR, cinco elementos da Câmara Municipal de Caminha, cinco inspetores da ASAE e dois inspetores da ACT.
“No S. João, a sardinha pinga no pão” – diz o povo imbuído na sua sabedoria empírica. Com efeito, é por esta altura que a sardinha é mais gorda, devendo-se tal facto a circunstâncias de ordem climática e geofísica únicas na costa portuguesa que fazem desta espécie um exemplar único em toda a Península Ibérica.
Tradição de origens remotas, a sardinha era tradicionalmente pescada por meio da arte xávega, método que consistia numa forma de pesca por cerco. Deixando uma extremidade em terra, as redes são levadas a bordo de uma embarcação que as vai largando e, uma vez terminada esta tarefa, a outra extremidade é trazida para terra. Então, o saco é puxado a partir da praia, outrora recorrendo ao auxílio de juntas de bois, atualmente por meio de tração do guincho ou de tratores. Entretanto, as modernas embarcações de arrasto vieram a ditar a morte da arte xávega e, simultaneamente, a ameaçar a sobrevivência das próprias espécies piscícolas, colocando em causa o rendimento familiar dos próprios pescadores.
A sardinha constitui um das suas principais fontes de rendimento, representando quase metade do peixe, calculado em peso, que passa nas lotas portuguesas. Matosinhos, Sesimbra e Peniche são os principais portos pesqueiros de sardinha em todo o país.
Quando, no início da Primavera, o vento sopra insistentemente de norte durante vários dias, os pescadores adivinham um verão farto na pesca da sardinha, do carapau, da cavala e outras espécies que são pescadas na costa portuguesa. A razão é simples e explica-se de forma científica: esta época do ano é caracterizada por um sistema de altas pressões sobre o oceano Atlântico, vulgo anticiclone dos Açores, o qual se reflete na observância de elevadas temperaturas atmosféricas, humidade reduzida e céu limpo. Verifica-se então uma acentuada descida das massas de ar que resultam no aumento da pressão atmosférica junto à superfície e a origem de ventos anticiclónicos que circulam no sentido dos ponteiros do relógio em torno do centro de alta pressão, afastando os sistemas depressionários. Em virtude da situação geográfica de Portugal continental relativamente ao anticiclone, estes ventos adquirem uma orientação a partir de norte ou noroeste, habitualmente designado por “nortada”.
Sucede que, por ação do vento norte sobre a superfície do mar e ainda do efeito de rotação da Terra, as massas de água superficiais afastam-se para o largo, levando a que simultaneamente se registe um afloramento de águas de camadas mais profundas, mais frias e ricas em nutrientes que, graças à penetração dos raios solares, permite a realização da fotossíntese pelo fito plâncton que constitui a base da cadeia alimentar no meio marinho. Em resultado deste fenómeno, aumentam os cardumes de sardinha e outras espécies levando a um maior número de capturas. E, claro está, o peixe torna-se mais robusto e apetecível.
O mês de Junho, altura em que outrora se celebrava o solstício de Verão e agora se festejam os chamados "Santos Populares" – Santo António, São João e São Pedro – é, por assim dizer, a altura em que a sardinha é mais apreciada e faz as delícias do povo nas animações de rua. Estendida sobre um naco de pão, a sardinha adquire um paladar mais característico, genuinamente à maneira portuguesa.
Por esta altura, muitos são os estrangeiros que nos visitam e, entre eles, os ingleses que possuem a particularidade de a fazerem acompanhar com batata frita, causando frequente estranheza entre nós. Sucede que, o “fish and chips” ou seja, peixe frito com batatas fritas, atualmente bastante popular na Grã-Bretanha, teve a sua origem na culinária portuguesa, tendo sido levado para a Inglaterra e a Holanda pelos judeus portugueses, dando mais tarde origem à tempura que constitui uma das especialidades gastronómicas mais afamadas do Japão.
Ontem foi o Dia do Pescador. Mas a verdade é que todos os dias deviam ser o Dia do Pescador, sobretudo numa freguesia como Vila Praia de Âncora terras de pescadores, terra do mar, terra do peixe capturado na nossa costa, com saber, esforço e tradição
Temos um património vivo, riquíssimo, construído pelos mestres pescadores, pelas suas tripulações, pelas embarcações que desafiam o mar todos os dias.
Temos uma cultura que não pode ser esquecida. Temos uma história que não pode ser apagada nem deixada por contar.
Infelizmente, ontem não se comemorou o dia do Pescador em Vila Praia de Âncora, com dor e tristeza. Muitos perguntaram “porquê?”.
A resposta é simples: querer, queremos. Mas falta-nos tempo, recursos, apoio. A nossa Associação de Pescadores dá tudo de si na luta pela requalificação do porto de mar, pela justiça no mar, pelo respeito devido à nossa gente. Reconhecidos a nível nacional e, esperemos, em breve também na Europa continuamos a lutar por todos.
Mas hoje lanço um desafio mais ambicioso, mais profundo e mais necessário do que nunca: Construir em Vila Praia de Âncora um Museu da Pesca Artesanal.
- Um espaço exclusivo do nosso portinho, do nosso mar, da nossa identidade.
- Um museu que conte a história das embarcações ancestrais, das artes de pesca, das famílias ligadas ao mar, das masseiras, dos viveiros, da construção dos molhos do portinho velho.
- Um museu que preserve as fotografias, os recortes de jornal, as atas de reuniões, as artes, as redes, os utensílios, os barcos, os nomes de quem fez o mar ser vida nesta terra.
Temos tudo para o fazer:
- Testemunhos vivos
- Memória documentada
- Riqueza patrimonial e cultural
- Orgulho em ser comunidade do mar
Vamos mostrar aos nossos filhos, aos nossos netos, aos turistas e à comunidade política que Vila Praia de Âncora não é só um destino de verão – é uma terra nascida para o mar e por causa do mar.
Não queremos um museu qualquer. Queremos um museu só nosso. Do nosso portinho. Da nossa História. Da nossa gente.
31 de maio é Dia do Pescador. Uma data de orgulho, de memória e de identidade para todos aqueles que vivem do mar, com o mar e para o mar. Hoje quero deixar uma palavra especial aos pescadores da minha freguesia, Vila Praia de Âncora, estendendo esse reconhecimento a todos os pescadores do concelho de Caminha. Mas neste dia, quero falar de um homem que simboliza o melhor desta profissão. MESTRE VASCO PRESA.
Mais de meio século ligado à pesca, ainda no ativo, com um saber feito de marés, redes, sal, risco e coragem. Vasco Presa é um perito na arte da pesca artesanal, seletiva e sustentável, e isso basta para lhe reconhecermos valor. Mas há muito mais.
É resiliente como poucos. Um homem que resiste às dificuldades, que luta por aquilo em que acredita, e que nunca virou a cara à comunidade piscatória da qual faz parte e que defende com unhas e dentes.
Conheci o MESTRE VASCO PRESA desde a adolescência, graças ao meu pai, Francisco Sampaio. Mas foi a partir de 2010 que me aproximei verdadeiramente deste lobo do mar. Desde então, partilhámos lutas, projetos, sonhos e revoltas. Lutámos e continuamos a lutar por justiça no mar e por dignidade no nosso porto de mar.
Mas aquilo que mais me marca é o que aprendi com ele — e não fui o único. Ensinou-me a mim e ensinou ao meu filho Joca, tal como ensinou os filhos de muitos outros colegas. Essa generosidade, essa vontade de partilhar o que sabe, revela a grandeza do ser humano que é e a interajuda que vive no seu coração.
Todos os profissionais conhecem a sua sabedoria. E quem pratica pesca desportiva embarcada, como eu, sabe que nada se faz sem escutar o Mestre Vasco Presa. Ele ensina, aconselha, alerta, incentiva e alegra-se com o sucesso dos outros. Porque é assim: vive com generosidade.
Hoje, no Dia do Pescador, deixo este reconhecimento sentido, pessoal e coletivo.
Porque o exemplo de Vasco é, verdadeiramente, a honra de todos os pescadores.
E porque ainda há mestres entre nós que merecem ser celebrados enquanto continuam a ensinar, a resistir e a inspirar.
A todos os pescadores, de ontem, de hoje e de amanhã.
Que nunca vos falte o mar, a força, nem o reconhecimento que merecem.
Neste dia, lembramo-nos de cada rede lançada, de cada madrugada vivida, de cada regresso em segurança.
Obrigado por tudo.
Hoje é o vosso dia mas o vosso valor sente-se todos os dias.