Congresso decorre dias 25 e 26 em Caminha, com a participação de especialistas de vários países
Caminha recebeu ontem à tarde a visita de uma comitiva francesa multidisciplinar, da cidade de Avignon, composta por representantes do Município, investigadores e profissionais da área alimentar. No Mercado Municipal de Caminha, o grupo foi recebido pelo Presidente da Câmara, Rui Lages, reunindo a seguir com a Associação Profissional de Pescas do Rio Minho e do Mar. Nesta reunião participou também a vereadora Liliana Ribeiro, responsável do Município pelas compras, gestão e fornecimento das refeições escolares.
O grupo está a realizar uma visita ao território do Alto Minho, no âmbito do projeto FEAST - Food systems that support transitions to healthy and sustainable diets, que está a ser dinamizado pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho) e pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), em conjunto com outros parceiros europeus.
De acordo com a CIM, a comitiva de Avignon inclui Christian Rocci, vereador da Agricultura e Compras Públicas do Município de Avignon; Esther Sanz-Sanz e Claude Napoleone, investigadores do INRAE - Instituto Nacional Francês de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente; Jennifer Macia, representante da Direção da Cozinha Central do Município de Avignon; e Elsa Chiffard-Carricaburu, investigadora do projeto FEAST do Living Lab Avignon.
O objetivo desta visita alargada é “partilhar boas práticas do território do Alto Minho e o modus operandi em matéria de compras públicas ‘verdes’ dos municípios, bem como visitar várias cozinhas e cantinas escolares com diferentes modelos de gestão e fornecimento de refeições, com destaque para modelos que incorporam as dietas locais, sustentáveis e os produtos locais produzidos em regimes de qualidade (variedades vegetais regionais e raças autóctones). A comitiva pretende também entrevistar produtores que fornecem cantinas escolares (valorizando assim a produção e os produtos locais), bem como responsáveis pelas compras públicas e gestão das cantinas”.
O projeto FEAST foi aprovado pelo programa Horizonte Europa Pilar II – Cluster 6: Alimentação, bioeconomia, recursos naturais, agricultura e ambiente e está a ser desenvolvido por um consórcio de 36 entidades europeias, entre instituições públicas, empresas, universidades e atores políticos, liderado pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha.
A visita está inserida no projeto "PA9. Enogastronomia: Sabores, ofertas e conhecimento”, do PROVERE Minho Inovação – Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos, aprovado pelo Norte 2020, do qual faz parte o III Congresso de Enogastronomia "Amar o Minho”, que ocorrerá nos próximos dias 25 e 26 de setembro, em Caminha.
III CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENOGASTRONOMIA AMAR O MINHO
III International Congress of Enogastronomy Amar o Minho
Caminha - Portugal
25 - 26 SET'23
SETEMBRO'23 DIAS 13 | 14 VISITAS AO TERRITÓRIO
DIA 25
FOOD DESIGN THINKING
Incubadora Verde
DIA 26
CONGRESSO ABERTO AO PÚBLICO
Museu Municipal de Caminha
Aberto ao público mediante inscrição gratuita/obrigatória
8h30 - Receção de boas-vindas e registo dos participantes
9h00 - ABERTURA OFICIAL DO 2º DIA DO CONGRESSO
Rui Lages - Presidente da Câmara Municipal de Caminha
Manoel Batista - Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho
António Cunha - Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N)
9h30 - Keynote Speaker Anant Jani Scientist - Heidelberg Institute of Global Health, University of Heidelberg; University of Oxford
10h00 - PITCH DO LABORATÓRIO DE IDEIAS MINHO FOOD DESIGN THINKING
REFLEXÃO SOBRE OS RESULTADOS
Chair: José Paulo Queiroz - Coordenador Executivo do Consórcio Minho Inovação
Bruno Caldas - Primeiro Secretário do SEI da CIM Alto Minho
Rafael Amorim - Primeiro Secretário do SEI da CIM do Cávado
Marta Coutada - Primeira Secretária do SEI da CIM do Ave
Júlio Pereira - Autoridade de Gestão do PO 2030
11h10
Giorgia Dalla Libera Marchiori - Health Scientist and Systems Thinker - The Australian National University
11H40 - MINHO: UM TERRITÓRIO VIVO
Chair: Ana Sofia Rodrigues - Vice-Presidente IPVC e Investigadora do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade - CISAS-IPVC
Speakers:
Rita Pinheiro - Subdiretora ESTG-IPVC e Investigadora do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade - CISAS-IPVC
Nuno Brito - Coordenador do Núcleo Tecnológico para a Sustentabilidade Agroalimentar - CISAS-IPVC
Andreia Afonso - R&D Director & CO-Founder - Deifil - Green Biotechnology
Rui Dantas - Presidente da Federação Nacional das Associações de Raças Autóctones - FERA
ALMOÇO
14h00
Samuele Tonello - Research Coordinator - EuroHealthNet - European partnership for health, equity & wellbeing - Brussels
14H30 - COMMUNITIES/CITIES TAKING ACTION: THE INFLUENCE OF HEALTHY AND SUSTAINABLE SCHOOL MEALS
Chair:
Amalia Ochoa - Project Coordinator for the Food Cluster Europe - ICLEI - Local Governments for Sustainability - Brussels
Speakers:
Elsa Chiffard-Carricaburu
Chargée de mission Foodshift 2030 Ville d’Avignon - France
José Luis Cruz Maceín - Researcher and Head of Rural Development Department in the Agriculture Research Institute of Madrid Region (IMIDRA) - Spain
15H30 - CAPACITAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO PARA A ENOGASTRONOMIA
Chair:
Manuela Vaz Velho - Diretora do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade - CISAS- IPVC
Speakers:
Carlos Fernandes - Coordenador da Licenciatura de Gastronomia e Artes Culinárias - IPVC
Helena Cardoso - Diretora da Escola de Hotelaria e Turismo de Viana do Castelo
Carlos Antunes - Diretor do Aquamuseu
Maria Isabel Valin - Diretora da ESA-IPVC e Coordenadora Centro de Tecnologia e Inovação do Agroalimentar CISAS-IPVC
17h00 - ENCERRAMENTO
Carlos Rodrigues - Presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
Rui Lages - Presidente do Município de Caminha
Manoel Batista - Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho
Gonçalo Rodrigues - Secretário de Estado da Agricultura
A imagem mostra um pescador em Caminha, na foz do rio Minho, levando a sua pescaria. A foto encontra-se publicada no livro “Portugal e o Mar”, de Frederic P. Marjay, editado pelo autor em 1957 com o patrocínio da Junta Nacional da Marinha Mercante e dos Organismos Corporativos da Pesca.
Passam precisamente 100 anos sobre a data da publicação pela primeira vez da obra “Os Pescadores” de Raúl Brandão”. Uma obra de grande interesse etnográfico que relata a vida árdua dos pescadores do nosso país.
Retrato de Raul Brandão (1928), por Columbano Bordalo Pinheiro (pormenor); col. MNAC
"Os Pescadores" é um livro do escritor português Raul Brandão, publicado em 1923. Trata-se de um conjunto de crónicas que retratam a vida difícil dos pescadores portugueses, desde o Minho ao Algarve, detendo-se nalgumas comunidades piscatórias como Caminha, Póvoa de Varzim, Leixões, Murtosa, Mira, Nazaré, Peniche, Sesimbra e Olhão, entre outras.
Ao longo da obra, Raul Brandão descreve paisagens, gentes e situações, sendo evidente a simpatia que nutre pela difícil vida de trabalho dos pescadores. Nesses retratos, não se esquece de utilizar as falas típicas e os dizeres pitorescos, aliados a descrições quase poéticas de grande beleza, num estilo de impressionismo pictural.
Fonte: Wikipédia
Fonte: Vieira, José Augusto. Ilustração: Almeida, João de. O Minho Pittoresco. Livraria António Maria Pereira. 1886
“Os Pescadores” é uma obra literária do escritor português Raul Brandão, publicada em 1923. O livro apresenta uma narrativa poética e intensa sobre a vida dos pescadores da cidade de Vila do Conde, no litoral de Portugal, e suas lutas diárias para sobreviverem em meio ao mar. Brandão retrata os pescadores como heróis anônimos, cujo trabalho é marcado por uma relação estreita com o mar e a natureza, mas também por grandes sacrifícios e riscos. A obra é uma ode à simplicidade e à força de um povo que vive em harmonia com a natureza, mas que também enfrenta suas adversidades. A escrita de Brandão é marcada por uma grande sensibilidade e poesia, que transmitem com muita intensidade a emoção e o sofrimento dos personagens. Além disso, a obra é um registro histórico e social de um período importante da cultura portuguesa, que retrata a vida dos pescadores e suas tradições. "Os Pescadores" é considerado um dos grandes clássicos da literatura portuguesa e uma das obras mais importantes de Raul Brandão. Através de sua escrita, o autor conseguiu retratar com maestria a vida dos pescadores, suas dificuldades e desafios, e ao mesmo tempo, homenagear a beleza e a grandiosidade do mar e da natureza.
Fonte: Porto Editora
A revista “Ilustração Portuguesa”, de 3 de Março de 1923, registava através da foto que junto se reproduz, o temporal ocorrido alguns dias antes em Vila Praia de Âncora.
O escritor Raul Brandão, na sua obra “Os Pescadores” publicada em 1923, descrevia a comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora da seguinte forma: “À direita, encostado ao forte de Lippe, que forma o outro lado da bacia, com o portinho e o varadouro, ficam as casas dos pescadores.
(…) A parte dos pescadores no areal difere completamente nos tipos, nos costumes e nas casas, naturalmente noutros tempos barracas de madeira construídas sobre estacas. Há quatrocentos pescadores pouco mais ou menos, e cento e trinta e dois barcos varados na praia, todos pintados de vermelho. São maceiras, de fundo chato, tripuladas por dois homens, volanteiras ou lanchas de pescada por doze homens, e barcos de sardinha, que levam cinco ou seis peças de sessenta braças cada uma, e quatro homens. As redes têm nomes: peças as da sardinha, volantes as da pescada. Chama-se galricho a uma espécie de massa com que se apanha a faneca; rastão ao camaroeiro; patelo à rede que colhe o caranguejo ou mexoalho; e rasco à da lagosta. As redes da sardinha são do mestre, e as da pescada dos pescadores. Os quinhões dividem-se conforme o peixe.”
E, mais adiante, acrescenta: "No Agosto começa a faina do patelo, assim se chama ao mexoalho ou pilado, que se deita vivo à terra para estrume. Junta-se no mar uma esquadra de barcos, que vêm da Póvoa, de Viana e de Caminha; junta-se na praia uma fiada de carros de todas as aldeias, próximas ou longínquas, que o transportam para o interior das terras. O areal está alastrado de patelo que remexe. Vende-se a lanço ou a cesto, que leva cada um dois alqueires, e custa três tostões. E por toda a costa neste tempo vai a mesma agitação na apanha do sargaço…”
"Os Pescadores", de Raúl Brandão
Sob o título “Venda de peixe na praia de Âncora”, a revista “Ilustração Portugueza”, na sua edição de 14 de Outubro de 1922, dedicou uma página a Vila Praia de Âncora com breves referências ao seu património histórico e ao ambiente pitoresco que anima o portinho junto ao Forte da Lagarteira.
Em pleno dia comemorativo dos Marinheiros ou das ‘Gentes do Mar’ (25 de junho), o Município de Vila Nova de Cerveira inaugura, este domingo, pelas 10h30, uma escultura de homenagem aos Pescadores do Rio Minho. A obra, da autoria do artista Acácio de Carvalho, vai erguer-se junto ao Cais de Vila Nova de Cerveira, incorporando um cariz internacional por ser o evento final do projeto DiadES.
Trata-se da figura recortada de um pescador a lastear as redes, em cimento armado e chapa de ferro, com dimensões de 2x3. Segundo o artista Acácio de Carvalho, “o recorte transmite a transparência de algo sólido, permitindo às pessoas continuar a desfrutar da paisagem natural de toda aquela envolvência”.
O Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira justifica esta homenagem aos pescadores do rio Minho, “por ainda ser uma prática com grande atividade no concelho, e porque é importante preservar as memórias coletivas e os símbolos que caracterizam a nossa comunidade”. Rui Teixeira reconhece a importância “de cada pescador para a economia local e nacional, numa atividade que implica muitos riscos e sacrifícios individuais”.
Complementarmente, o último evento de comunicação do projeto DiadES conta ainda com uma atividade pedagógica intitulada “O Futuro dos Peixes Migradores do rio Minho em contexto de mudanças climáticas”, agendada para este sábado, dia 24, às 10h00, no Aquamuseu. Tendo como caso de estudo a Truta Marisca, o objetivo é apresentar os resultados conseguidos no âmbito do projeto.
Financiado pelo programa europeu Interreg Espaço Atlântico, o projeto DiadES teve como propósito avaliar e melhorar os serviços de ecossistema prestados pelas espécies diádromas (migradoras), ao longo da costa atlântica europeia e, paralelamente, o estado de conservação destas espécies, tendo explicitamente em conta os impactos esperados das alterações climáticas na sua distribuição.
Ao longo de quatro anos de execução e de um orçamento de 3ME, o projeto DiadES baseou-se na intensidade da cooperação entre cientistas das ciências naturais e economistas ambientais, reunindo uma rede de gestores que trabalham com espécies migradoras - salmão, truta-marisca, sável, savelha, enguia, lampreia, lampreia-de-rio, solha, tainha - dos cinco países do Espaço Atlântico (Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido).
Inauguração do Abrigo de Pesca Desportiva, na praia de Suave Mar, em Esposende, em 30 de julho de 1955, vendo-se um conjunto de individualidades, entre as quais um representante eclesiástico, a subir o acesso ao Abrigo. Esta inauguração aconteceu no mesmo dia das cerimónias de homenagem nacional ao poeta António Correia de Oliveira, que decorreram em Esposende. Com o tempo, o Abrigo de pesca desportiva passou a ser conhecido como "Bar da Praia". Terá sido neste bar que o poeta Ruy Belo se terá inspirado ou escrito o poema " A morte da água", publicado no livro "Homem de Palavra(s)", editado em 1969. Sofreu alterações ao longo do tempo, e da estrutura arquitetónica pouco existe, mas continua a existir como bar.
A referência a esta inauguração encontra-se no artigo publicado no jornal Diário de Noticias, de 30 de Julho de 1955, em que descreve detalhadamente as cerimónias realizadas em Esposende, no âmbito da Homenagem Nacional ao poeta António Correia de Oliveira, referindo que também iria ser inaugurado o Abrigo de Pesca Desportiva. Citação:(1955), "Diário de Lisboa", nº 11728, Ano 35, Sábado, 30 de Julho de 1955.
Aposta no compromisso, no diálogo e na compatibilização de interesses para uma boa solução
A sessão de esclarecimento sobre o Plano de Afetação para as Energias Renováveis Offshore, que hoje decorreu no auditório do Museu Municipal de Caminha, com a presença do diretor geral da DGRM – Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, José Simão, e das associações de pescadores do concelho, foi bastante produtiva e esclarecedora. Ficou claro que nada de definitivo foi ou está decidido e que o esforço será sempre no sentido de encontrar a melhor solução para todas as partes, com destaque para a atividade piscatória.
No final de cerca de duas horas e meia de reunião, o responsável da DGRM (entidade que tem a seu cargo o dissiê) mostrou-se muito agradado e afirmou mesmo: “saio daqui muito feliz. Foi uma reunião muito construtiva, coordenada pela autarquia de Caminha e também com participação da autarquia de Viana do Castelo. Estiveram aqui as associações de pescadores. O diálogo foi muito interativo, mas sobretudo construtivo. Permitiu-nos a nós perceber as preocupações e também passar o máximo de informação, comunicar a dinâmica do processo para chegar à melhor solução para o país e para esta atividade da pesca”.
No mesmo sentido, o Presidente da Câmara Municipal de Caminha elogiou os pescadores do concelho: “são uma comunidade muito conscienciosa, muito consciente”. Rui Lages defendeu que agora é preciso compatibilizar os interesses: “um interesse energético, de produção de energias renováveis e de não dependência de outros tipos de energias e de países terceiros e também o interesse que é o económico, da pesca, e das nossas comunidades ligadas à pesca, e temos de encontrar um equilíbrio. E foi isso que os nossos pescadores hoje, aqui, nos disseram: que não são contra, mas precisam de ter as soluções, precisam de ver ou reaver aquilo que é polígono de implantação, por forma a minimizar o impacto nas zonas onde habitualmente pescam”.
Rui Lages destacou que, da parte da DGRM, “o que ouvimos é que há uma abertura para continuarmos a trabalhar nesse sentido, mas sobretudo uma abertura para continuarmos a trabalhar em diálogo. Soubemos hoje que haverá estudos socioeconómicos, para termos uma melhor perceção da realidade do nosso território, e estudos ambientais, que nos vão ajudar a tomar as decisões. Foi uma reunião muito positiva para todos, autarquias, pescadores e DGRM”.
O Presidente deixou claras as suas prioridades: “o meu compromisso é ser uma voz ativa na defesa dos interesses da nossa população. Nós fomos eleitos para defender o nosso território, a nossa população num todo”. O Presidente sublinhou que há, a jusante, toda uma economia ligada à pesca e dependente da atividade da pesca e defender os pescadores é defender a economia local, o território e a população, o que somos, sendo certo que a racionalidade e a razão também têm de estar em cima da mesa – “o que hoje aqui vimos foi que os nossos pescadores têm muitas razões: não estão contra o parque eólico, não estão contra as energias renováveis, mas também querem ver soluções que os ajudem a levar para a frente a sua atividade profissional”.
Ficou muito claro que o processo está completamente em aberto e o que aconteceu até agora foram fases apenas preliminares. José Simão afirmou isso mesmo: “não é um processo fechado, foi elaborada uma proposta inicial de áreas, uma proposta preliminar e foi promovida uma audiência pública, no sentido de auscultar opiniões, a sociedade em geral. Não era uma obrigação prevista na lei, mas foi uma decisão tomada e executada (…) Com base nessa proposta preliminar, está agora a ser executado o processo formal do plano de afetação”. Entretanto haverá mais contactos e mais interações com as atividades envolvidas.
“São agora densificados os fatores de perturbação que estes parques poderão ter, e serão feitos os ajustes necessários, com vista a minimizar o impacto nessas atividades. Obviamente que a atividade da pesca nos preocupa muito e será levada em linha de conta como uma prioridade nesta afinação das áreas, que terão de ter caraterísticas muito próprias”. Além disso, disse o diretor da DGRM, “aprendemos com Viana e não há motivo nenhum para que dentro desses parques a pesca seja completamente proibida (…) Estamos em fase do processo de formalização e auscultação das partes no plano de afetação, que está a ser elaborado - o Governo fixou seis meses, temos um prazo confortável para trabalhar. Em paralelo decorre a avaliação ambiental estratégica, que fará parte do plano de afetação”.
Seguir-se-á então a consulta pública, prevista na lei, que não é o que foi feito antes, que não passou de uma auscultação preliminar.
Recorde-se que o Presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, reuniu já com a Secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, em Lisboa, por forma a expor à governante as preocupações da comunidade piscatória do concelho de Caminha, quanto à delimitação das zonas de exclusão para a implementação do parque eólico ao largo da costa de Caminha e Viana do Castelo. Desse encontro ficou também garantida uma linha de diálogo aberta e permanente com o Governo.
No próximo sábado, dia 13 de maio, Melgaço volta a promover a Festa dos Pescadores das Pesqueiras do Rio Minho. A iniciativa, com início previsto para as 10h30, junto ao acesso ao rio Minho, na freguesia de Alvaredo (coordenadas: 42.101261, -8.313881), marca o encerramento da época piscatória nos dois lados da fronteira deste rio (no troço compreendido entre a linha que passa pelas torres do Castelo da Lapela, em Monção – Portugal, e pela igreja do Porto, em Espanha, e o limite superior da linha fronteiriça).
O evento, que se assume como um momento de convívio entre os pescadores das pesqueiras do Rio Minho, bem como das diversas instituições/ entidades com as quais mantêm relações, tem como propósito chamar a atenção para a importância da atividade piscatória nas pesqueiras do rio Minho, nomeadamente ao nível dos aspetos económicos, ecológicos, sociais, patrimoniais e culturais.
A festa oferecerá aos participantes uma experiência associada à gastronomia, com produtos endógenos da região, onde se destacam a lampreia e o sável pescados e confecionados pelos pescadores, e à descoberta das suas origens: os visitantes terão a oportunidade de conhecer in loco as pesqueiras e a arte ancestral de pesca que aqui se faz. Caso as condições climáticas atmosféricas sejam adversas, o evento decorrerá nas instalações da A Associação “A Batela” (Alvaredo).
O rio Minho marca a identidade das gentes de Melgaço e a ele estão ligadas as principais atividades que foram, durante anos, as suas fontes de sobrevivência e desde cedo se assumiu como uma das principais fontes de rendimento. Naquela época, o rio era um meio de subsistência por ser rico em espécies que ainda hoje fazem as delícias gastronómicas da região, como o salmão, o sável, a savelha e, sobretudo, a lampreia, e que são hoje produtos de promoção turística. Atendendo à enorme variedade piscícola que o rio oferecia, a população foi utilizando os seus recursos e a sua própria topografia para construir armadilhas de pesca em pedra ao longo das suas margens - as pesqueiras do rio Minho.
PROGRAMA
10h30 - Concentração dos pescadores e entidades convidadas no acesso ao Rio Minho (coordenadas: 42.101261, -8.313881)
10h30 - Receção de boas-vindas
» Presidente da Câmara Municipal de Melgaço, Manoel Batista Calçada Pombal
» Presidente da Junta de Freguesia de Alvaredo, Diogo Castro
» Presidente da PESQUEIRAS, Associação dos Pescadores do Rio Minho, Venâncio Fernandes
11h00 - Caminhada pelas pesqueiras e explicação da arte da pesca
12h30 - Almoço convívio com música tradicional
AS PESQUEIRAS DO RIO MINHO INTEGRAM HOJE O INVENTÁRIO NACIONAL DO PATRIMÓNIO IMATERIAL
A origem da construção das pesqueiras do rio Minho perde-se na História: as primeiras referências documentadas são do séc. XI. Já eram utilizadas pelos romanos para a pesca daquela que é considerada uma das maiores iguarias do rio Minho: a lampreia. Testemunham saberes ancestrais na escolha dos melhores sítios para a sua implementação, na sua orientação em relação às correntes do rio, no processo de trabalhar a pedra e erguer os muros, na escolha das redes mais adequadas e, ainda, no sistema de partilha comunitária do seu uso.
O rio internacional concentra, nas duas margens e apenas no troço de 37 quilómetros, entre Monção e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras (das quais cerca de 350 estão ativas), “engenhosas armadilhas” da lampreia, do sável, da truta, do salmão ou da savelha.
AUTARCA DE MELGAÇO REIVINDICA LEGALIZAÇÃO DO TRABALHO DOS PESCADORES AMADORES NO RIO MINHO
Estas construções, que integram desde novembro de 2022 o Inventário Nacional do Património Imaterial, representam um património ímpar que tem de ser conservado e preservado. «As pesqueiras do rio Minho são um património único no Alto Minho e no país e esta é a prova da importância incalculável que estas têm. São um legado vivo e ativo que devemos preservar. E ainda, mais do que guardar a história que estas pesqueiras encerram, temos de dar-lhes dinâmica, do ponto de vista económico, tornando-as numa referência para o setor do turismo.», atenta Manoel Batista, autarca de Melgaço, reivindicando pela legalização do trabalho dos pescadores amadores no rio Minho: «É preciso criar uma figura jurídica que permita aos pescadores amadores no rio Minho venderem o que pescam. Para que esta gente deixe de estar nalguma ilegalidade e tenha oportunidade de fazer negócio de forma clara e transparente.»
Câmaras Municipais de Caminha e de Viana do Castelo promovem reunião conjunta com a Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e as Associações de Pescadores dos concelhos de Caminha e de Viana do Castelo
A Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos realizará no próximo dia 18 de maio, pelas 12h00, no Auditório do Museu Municipal de Caminha, mais uma sessão de esclarecimento sobre o Plano de Afetação para Energias Renováveis Offshore.
Esta tem sido uma matéria que as Câmaras Municipais de Caminha e de Viana do Castelo têm acompanhado com proximidade, junto da DGRM e do Governo.
A sessão será mais um fórum de participação e de auscultação das comunidades com interesse na matéria e contará com a presença de José Simão, Diretor-Geral da DGRM.
Num concelho que têm rios, mar e comunidades piscatórias, a Câmara Municipal decidiu designar maio como o mês do Mar, dos Rios e da Pesca. Este é o terceiro de uma série de meses temáticos, uma iniciativa que o Município de Caminha lançou em março e vai prolongar-se ao longo do ano de 2023.
Depois de termos dedicado o mês de março ao Ambiente e à Sustentabilidade, o de abril à Saúde e o Bem-Estar, vamos dedicar este mês, como já referimos, ao Mar, aos Rios e à Pesca com uma panóplia de atividades para todos os gostos e idades, com destaque para os percursos interpretativos, caminhadas, aulas abertas de stand up paddle e Kayak, conferências, exposições, limpezas de praia, exercício der salvamento aquático, XI Triatlo Longo de Caminha, entre muitas outras.
Referimos ainda que, em maio, é o mês em que se comemora o Dia Mundial da Língua Portuguesa. o Dia da Marinha, Dia Nacional do Pescador, o Dia Internacional da Biodiversidade Biológica. Assim, vamos assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, com a iniciativa “Dois Versos e um Copo - Recital de Poesia de Obras de Autores da Ribeira Minho”; o Dia da Marinha, com uma visita ao Posto da Foz do Rio Minho, da Polícia Marítima e aula aberta de stand up paddle e Kayak; o Dia Internacional da Biodiversidade Biológica com a conferência “Biodiversidade do rio Minho e as suas principais ameaças” e o Dia Nacional do Pescador.
MÊS DO MAR, DOS RIOS E DA PESCA
MAIO 2023
DOIS VERSOS E UM COPO – Recital de Poesia de Obras de Autores da Ribeira Minho
Comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa
Data: 5 maio (18h00)
Local: After Eight Galeria Bar, Caminha
Produção: Krisálida – Associação Cultural do Alto Minho
Apoio: Câmara Municipal de Caminha; DGArtes
Público-alvo: Público em geral
ANDAINA – Illa de Sálvora e passeio pelas Pedras Negras de San Vicente do Mar – O Grove
Data: 06 maio (08h00-19h00)
Local: O Grove, Pontevedra, ESPANHA
Organização: Municípios de A Guarda e de Caminha
Público-alvo: Público em geral (mediante inscrição)
“PLANO DE AFETAÇÃO PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE”
Sessão de Esclarecimento
Data: 18 maio (12h00)
Local: Auditório do Museu Municipal de Caminha
Organização: DGRM – Direção-Geral da Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
Apoio: Câmara Municipal de Caminha
DIA DAS ESCOLAS AZUIS – LIMPEZA DE PRAIA
Programa Escola Azul
Data: 19 maio (09h30 – 12h00)
Local: Praia de Vila Praia de Âncora
Organização: Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha
Apoio/Parceria: Câmara Municipal de Caminha; Ministério da Economia e do Mar
Público-alvo: Alunos do Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha; Crianças da Creche Mundo Colorido; Utentes do Lar de Santa Rita; Público em geral
ANDAINA – Ecopista do Rio Minho - Monção/Valença
Data: 20 maio (08h00-16h00)
Local: Monção/Valença
Organização: Municípios de A Guarda e de Caminha
Público-alvo: Público em geral (mediante inscrição)
CONFERÊNCIA “A IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO DA CAMARINHA”
pela Dr.ª Alexandra Lima
Data: 26 maio (10h00)
Local: Escola Básica e Secundária de Caminha
Organização: COREMA – Associação de Defesa do Património; INIAV - Instituto de Investigação Agrária e Veterinária; Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha
Apoio: Câmara Municipal de Caminha
Público-alvo: Alunos do Agrupamento de Escolas do Concelho de Caminha
MERCADO MENSAL DA NUCEARTES
Data: 27 maio (10h00 – 17H00)
Local: Mercado Municipal de Vila Praia de Âncora
Organização: Nuceartes – Núcleo de Estudos e Artes do Vale do Âncora
Apoio: Câmara Municipal de Caminha
XI TRIATLO LONGO DE CAMINHA
Campeonato Nacional de Clubes de Triatlo Longo
Prova Aberta – Distância Standard
Data: 27 maio (10h30)
Local: Caminha / Rio Minho
Organização: Federação de Triatlo de Portugal; Associação Triatlo de Caminha; Câmara Municipal de Caminha
“No S. João, a sardinha pinga no pão” – diz o povo imbuído na sua sabedoria empírica. Com efeito, é por esta altura que a sardinha é mais gorda, devendo-se tal facto a circunstâncias de ordem climática e geofísica únicas na costa portuguesa que fazem desta espécie um exemplar único em toda a Península Ibérica.
Tradição de origens remotas, a sardinha era tradicionalmente pescada por meio da arte xávega, método que consistia numa forma de pesca por cerco. Deixando uma extremidade em terra, as redes são levadas a bordo de uma embarcação que as vai largando e, uma vez terminada esta tarefa, a outra extremidade é trazida para terra. Então, o saco é puxado a partir da praia, outrora recorrendo ao auxílio de juntas de bois, atualmente por meio de tração do guincho ou de tratores. Entretanto, as modernas embarcações de arrasto vieram a ditar a morte da arte xávega e, simultaneamente, a ameaçar a sobrevivência das próprias espécies piscícolas, colocando em causa o rendimento familiar dos próprios pescadores.
A sardinha constitui um das suas principais fontes de rendimento, representando quase metade do peixe, calculado em peso, que passa nas lotas portuguesas. Matosinhos, Sesimbra e Peniche são os principais portos pesqueiros de sardinha em todo o país.
Quando, no início da Primavera, o vento sopra insistentemente de norte durante vários dias, os pescadores adivinham um verão farto na pesca da sardinha, do carapau, da cavala e outras espécies que são pescadas na costa portuguesa. A razão é simples e explica-se de forma científica: esta época do ano é caracterizada por um sistema de altas pressões sobre o oceano Atlântico, vulgo anticiclone dos Açores, o qual se reflete na observância de elevadas temperaturas atmosféricas, humidade reduzida e céu limpo. Verifica-se então uma acentuada descida das massas de ar que resultam no aumento da pressão atmosférica junto à superfície e a origem de ventos anticiclónicos que circulam no sentido dos ponteiros do relógio em torno do centro de alta pressão, afastando os sistemas depressionários. Em virtude da situação geográfica de Portugal continental relativamente ao anticiclone, estes ventos adquirem uma orientação a partir de norte ou noroeste, habitualmente designado por “nortada”.
Sucede que, por ação do vento norte sobre a superfície do mar e ainda do efeito de rotação da Terra, as massas de água superficiais afastam-se para o largo, levando a que simultaneamente se registe um afloramento de águas de camadas mais profundas, mais frias e ricas em nutrientes que, graças à penetração dos raios solares, permite a realização da fotossíntese pelo fito plâncton que constitui a base da cadeia alimentar no meio marinho. Em resultado deste fenómeno, aumentam os cardumes de sardinha e outras espécies levando a um maior número de capturas. E, claro está, o peixe torna-se mais robusto e apetecível.
O mês de Junho, altura em que outrora se celebrava o solstício de Verão e agora se festejam os chamados "Santos Populares" – Santo António, São João e São Pedro – é, por assim dizer, a altura em que a sardinha é mais apreciada e faz as delícias do povo nas animações de rua. Estendida sobre um naco de pão, a sardinha adquire um paladar mais característico, genuinamente à maneira portuguesa.
Por esta altura, muitos são os estrangeiros que nos visitam e, entre eles, os ingleses que possuem a particularidade de a fazerem acompanhar com batata frita, causando frequente estranheza entre nós. Sucede que, o “fish and chips” ou seja, peixe frito com batatas fritas, atualmente bastante popular na Grã-Bretanha, teve a sua origem na culinária portuguesa, tendo sido levado para a Inglaterra e a Holanda pelos judeus portugueses, dando mais tarde origem à tempura que constitui uma das especialidades gastronómicas mais afamadas do Japão.