Na década de setenta do século passado, produziu a Sociedade Nacional de Fósforos uma série de 30 carteiras de fósforos reproduzindo aguarelas alusivas aos pelourinhos portugueses. Tratou-se de uma coleção de interesse cultural que contribuiu para dar a conhecer o nosso património cultural, no caso concreto alguns dos mais belos exemplares de pelourinhos existentes no nosso país, entre os quais se encontra o de Arcos de Valdevez.
Filumenismo é a designação que se dá ao género de colecionismo de caixas e carteiras de fósforos que constitui um passatempo cada vez mais apreciado e um mercado próprio bastante florescente.
A fotografia é da autoria de Eduardo Portugal, data de 1926 e documenta o local onde então se encontrava o pelourinho de Barcelos. O negativo da fotografia é de gelatina e prata em vidro.
A actual organização administrativa do território nacional está desactualizada a todos os níveis e carece de uma profunda reforma. A actual situação de crise económica e financeira apenas veio a acentuar essa necessidade. Porém, a ser implementada, deve a mesma ter em consideração a identidade cultural e histórica das localidades abrangidas e não apenas critérios de ordem economicista ou, mais grave ainda, de aritmética eleitoral.
Pelourinho de Barcelos (Foto: Wikipédia)
Nenhum processo de reforma administrativa será bem sucedido sem um prévio reordenamento territorial que obedeça a uma estratégia de desenvolvimento económico equilibrado. É necessário dotar de novo as cidades intermédias de estruturas económicas e produtivas como um meio de fixar populações sobretudo no interior e suster o seu despovoamento nomeadamente em toda a faixa oriental do território português. Importa compreender que a população portuguesa não registou qualquer aumento significativo ao longo das últimas décadas mas apenas se assistiu a uma deslocação dos grandes aglomerados urbanos para as respectivas periferias, reflectindo-se na criação de novas freguesias e na sua elevação a vilas e até cidades.
Com efeito, ao longo das últimas décadas, algumas localidades até então insignificantes passaram à categoria de freguesias. Existem actualmente, em todo o país, 4260 freguesias que integram núcleos populacionais que variam entre escassas dezenas de indivíduos e mais de uma centena de milhar de habitantes. Semelhante contraste verifica-se em relação ás áreas geográficas correspondentes aos seus limites territoriais e ainda relativamente à quantidade de freguesias que integram cada município.
Sucede que, a necessidade de se constituírem novas freguesias resulta directamente do crescimento populacional nas grandes áreas suburbanas, nomeadamente das cidades de Lisboa e Porto.
A forma como a reforma da administração local tem sido apresentada, pretendendo-se aplicar a mesma a todo o país seguindo apenas critérios numéricos e sem qualquer estudo prévio do território nem perspectiva de desenvolvimento harmonioso do todo nacional, levará seguramente ao fracasso de uma medida que se revela do maior interesse para o país. O processo de extinção de freguesias tal como é apresentado só é comparável à política que nos últimos anos tem vindo a ser seguida no que respeita ao encerramento de escolas, hospitais e centros de saúde: apenas promove o despovoamento e agrava as condições de vida das populações!
Sem um efectivo reordenamento do território com vista à adaptação de toda a estrutura administrativa do Estado – e não apenas das autarquias locais! – mais valeria limitar a fusão de freguesias aos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto, cidades que devido ao fenómeno da terciarização têm vindo a perder a sua população de forma bastante acentuada em detrimento dos concelhos periféricos.