Está a chegar a terceira edição dos “Dias da Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa”
A Rede Europeia celebrará de 4 a 20 de Outubro de 2024 a terceira edição dos “Dias da Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa
Esta edição integrará no seu programa mais de meia centena de atividades que decorrerão em 15 cidades de países como a Eslovénia, Espanha, Malta, Portugal e Sérvia.
Trata-se de uma iniciativa promovida pela Rede Europeia, tem periodicidade anual e dá a conhecer os valores culturais materiais e imateriais da Semana Santa fora da sua época celebrativa, para além de diversificar a oferta turística e cultural entre a população local e visitante de cada cidade.
Precisamente porque na Semana Santa e Páscoa as pessoas querem disfrutar, nas suas cidades das suas próprias tradições, os “Dias da Rede,” são uma ocasião excecional para conhecer um extraordinário legado em distintos lugares da Europa fora da sua época habitual.
Da programação constam visitas guiadas temáticas e visitas gratuitas a museus, visitas a ateliers de arte sacra e de criação artística contemporânea com demonstrações, concertos, degustação de gastronomia típica, projeção de vídeos, programas educativos para estudantes, representações teatrais, exposições, entre outros.
O Presidente da Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa, Sergio Velasco, através de uma apresentação virtual, convidou todos os interessados “a conhecerem as tradições e a diversidade de manifestações que decorrem em vários lugares da Europa”, referindo que estas atividades permitem “tanto aos cidadãos das cidades que integram a Rede, como aos seus visitantes, aprofundar mais a sua cultura”.
Sergio Velasco lembrou que, desde a sua criação, a Rede Europeia “fixou como objetivo promover, difundir e preservar o património cultural, tanto material como imaterial, relacionado com as celebrações da Semana Santa e Páscoa”.
O Presidente também referiu que “acreditamos numa Europa com um legado partilhado, por isso unimos forças e sinergias para consolidar um modelo de estudo e divulgação do património e das tradições através do trabalho científico e de investigação, além de promovermos o desenvolvimento turístico sustentável”.
Concluiu dizendo que “sem dúvida, que a iniciativa dos “Dias da Rede Europeia das Celebrações da Semana Santa e Páscoa, é uma ocasião para descobrir um imenso património cultural, o passado e presente da nossa história, por forma a alcançar um futuro em que as tradições que nos acompanham continuem vivas”.
A Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa criada em 2019 é uma organização que trabalha em prol da difusão das tradições relacionadas com a Semana Santa e Páscoa salvaguardando, deste modo, o seu rico património. Um dos seus objectivos primordiais é contribuir para um maior conhecimento dos valores de um rico legado, ainda vivo em grande parte da Europa. Um legado que combina notáveis diferenças locais, com uma ampla difusão como elemento comum de muitas regiões.
Município proporcionou momentos de diversão a cerca de uma centena de crianças.
As “Férias Fora de Portas – Páscoa 2024” decorreram no período de interrupção letiva, entre os dias 25 de março a 5 de abril, com a participação de cerca de uma centena de crianças do nosso concelho, que frequentam a Educação Pré-Escolar e o 1º Ciclo do Ensino Básico.
As duas semanas foram preenchidas com a realização de diversas atividades recreativas e desportivas, sem esquecer o espírito da Páscoa, promovendo-se o convívio e a interação social, de forma a fortalecer os laços de amizade entre todas as crianças.
O Município de Monção, promotor da ação, teve como objetivo “oferecer” aos participantes momentos agradáveis e divertidos, procurando, em paralelo, responder às necessidades dos pais e encarregados de educação que, em período de férias, sentem determinadas dificuldades para a ocupação dos tempos livres dos mais novos.
A Pascoela ocorre sete dias após a Páscoa, sendo também designada por Dia da Misericórdia de Deus, oitava da Páscoa ou Quasímodo, denominações caídas em desuso após o Concílio Vaticano II.
Há mais de um século, o escritor e jornalista valenciano José Augusto Vieira, descrevia a Páscoa no Minho, na revista “Branco e Negro” (Semanario Illustrado), nº.1 de 5 de Abril de 1896, nos seguintes termos:
“O Natal é a festa da noite, a Paschoa e festa do dia!
Pelos caminhos da aldeia o parocho revestido de sobrepeliz e estola vae acompanhado pelo mordomo da cruz, pelo caldeirinha de agua benta, pelo campainha, pelo creado encarregado de receber os folares. Partem sol nado.
São muitos e distantes os logares, e a cruz, enfeitada com belos cordões de ouro e laços de fita coloridos, aromatisada com essência de cravo ou rosmaninho, tem de ser beijada por todos os freguezes.
Os vizinhos invadem uns as casas dos outros; os parentes teem de ir beijal-a a casa dos parentes, embora a distancia seja longa.
Avista-se além a Cruz, n’uma volta da azinhage. A campainha vibra no ar ambalsamado pelo perfume das macieiras em flôr, e então todos se dão pressa em juncar de flores e plantas aromaticas a entrada do seu lar, e estender sobre a mesa a alva toalha de rendas, onde o folar é depositado.
O padre chega. Enche-se a casa.
Alleluia, boas festas.
E a todos ajoelhados o parocho dá a Cruz para beijar, correndo assim a freguesia inteira.
Os ausentes teem vindo de fora, esquecem-se antigos ódios, visitam-se amigos velhos; a panella é gorda n’esse dia, o vinho espuma alegremente. É a natureza que ressurge, e quando a seiva ascende exhuberante e fecunda, não é para admirar que o espírito se vivifique pela alegria.”
SEM PÁSCOA NÃO HÁ PASCOELA
“Na Páscoa, o Cristianismo celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo, o que faz desta festividade porventura a mais importante e de maior significado para os cristãos. Com efeito, é a crença na ressurreição de Jesus Cristo que distingue a fé cristã em relação a outras confissões religiosas. Foi apenas no século II que a Igreja Católica fixou a Páscoa no domingo, sem a menor referência à celebração judaica. Sucede que Jesus Cristo, segundo o calendário hebraico, terá morrido em 14 de Nissan, precisamente o início do Pessach ou seja, o mês religioso judaico que marca o início da Primavera.
Com efeito, de acordo com a tradição judaica, a Páscoa provém de Pessach que significa passagem e evoca a fuga dos judeus do Egipto em busca da Terra Prometida. Na realidade, tal significação remonta a raízes ainda mais ancestrais, concretamente às celebrações pagãs que ritualizavam a passagem do Inverno para a Primavera ou seja, as festas equinociais associadas à fertilidade e ao renascimento dos vegetais.
Tais celebrações eram antecedidas pela Serração da Velha, o Entrudo e as saturnais que originaram as festividades de Natal. Mas, as novas religiões monoteístas alicerçaram-se sobre as ruínas das crenças antigas e, por cima dos antigos santuários pagãos ergueram-se as novas catedrais românicas e góticas. Da mesma forma que, sobre as ruínas dos velhos castros foram construídos os castelos medievais. E, assim, também as celebrações pagãs se revestiram de novas formas mais de acordo com novas conceções religiosas e se cristianizaram, adquirindo uma nova simbologia e significação.
Subsistem, no entanto, antigas usanças que denunciam as origens pagãs da festividade pascal associadas a costumes importados da cultura anglo-saxónica que, em contacto com as tradições judaico-cristãs originam um sincretismo que conferem à celebração pascal uma conceção religiosa bastante heterodoxa. É o que se verifica, nomeadamente, com toda a simbologia associada ao coelho e aos ovos da Páscoa, sejam eles apresentados sob a forma de chocolate, introduzidos nos folares ou escondidos no jardim, rituais estes ligados à veneração praticada pelos nórdicos a Ostera, considerada a deusa da fertilidade e do renascimento, por assim dizer a “deusa da aurora”.
Tal como para os judeus, a Pessach alude à passagem do anjo exterminador antes da sua partida do Egipto e, ao assinalarem as suas casas com o sangue do cordeiro levaram a que fossem poupados da praga lançada por Javé, para os cristãos é o próprio Jesus Cristo que incarna a vítima sacrificial ou seja, o cordeiro pascal que expia os pecados dos homens. Também para os cristãos, a Páscoa representa a passagem da morte para a vida eterna e o reencontro com Deus.
Na Páscoa, o sol primaveril irrompe pelas veigas verdejantes enquanto as árvores se espreguiçam num novo amanhecer. As flores exalam um perfume inebriante que inundam os céus e a todos contagia. As casas dos lavradores engalanam-se para receber a visita pascal. Junca-se o caminho com um tapete colorido feito de funcho, cravo e rosmaninho. O pároco, de sobrepeliz e estola entra pelos quinteiros, logo seguido a curta distância pelo mordomo, vestindo a opa vermelha e levando consigo a cruz florida que a dá a beijar, e o sacristão com a sineta e a caldeirinha de água benta. Lá fora, o estalejar dos foguetes indica o local exato onde segue a cruz. Em redor, a natureza renasce e adquire especial fulgor.
A Pascoela ocorre sete dias após a Páscoa, sendo também designada por Dia da Misericórdia de Deus, oitava da Páscoa ou Quasímodo, denominações caídas em desuso após o Concílio Vaticano II.
Há mais de um século, o escritor e jornalista valenciano José Augusto Vieira, descrevia a Páscoa no Minho, na revista “Branco e Negro” (Semanario Illustrado), nº.1 de 5 de Abril de 1896, nos seguintes termos:
“O Natal é a festa da noite, a Paschoa e festa do dia!
Pelos caminhos da aldeia o parocho revestido de sobrepeliz e estola vae acompanhado pelo mordomo da cruz, pelo caldeirinha de agua benta, pelo campainha, pelo creado encarregado de receber os folares. Partem sol nado.
São muitos e distantes os logares, e a cruz, enfeitada com belos cordões de ouro e laços de fita coloridos, aromatisada com essência de cravo ou rosmaninho, tem de ser beijada por todos os freguezes.
Os vizinhos invadem uns as casas dos outros; os parentes teem de ir beijal-a a casa dos parentes, embora a distancia seja longa.
Avista-se além a Cruz, n’uma volta da azinhage. A campainha vibra no ar ambalsamado pelo perfume das macieiras em flôr, e então todos se dão pressa em juncar de flores e plantas aromaticas a entrada do seu lar, e estender sobre a mesa a alva toalha de rendas, onde o folar é depositado.
O padre chega. Enche-se a casa.
Alleluia, boas festas.
E a todos ajoelhados o parocho dá a Cruz para beijar, correndo assim a freguesia inteira.
Os ausentes teem vindo de fora, esquecem-se antigos ódios, visitam-se amigos velhos; a panella é gorda n’esse dia, o vinho espuma alegremente. É a natureza que ressurge, e quando a seiva ascende exhuberante e fecunda, não é para admirar que o espírito se vivifique pela alegria.”
SEM PÁSCOA NÃO HÁ PASCOELA
“Na Páscoa, o Cristianismo celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo, o que faz desta festividade porventura a mais importante e de maior significado para os cristãos. Com efeito, é a crença na ressurreição de Jesus Cristo que distingue a fé cristã em relação a outras confissões religiosas. Foi apenas no século II que a Igreja Católica fixou a Páscoa no domingo, sem a menor referência à celebração judaica. Sucede que Jesus Cristo, segundo o calendário hebraico, terá morrido em 14 de Nissan, precisamente o início do Pessach ou seja, o mês religioso judaico que marca o início da Primavera.
Com efeito, de acordo com a tradição judaica, a Páscoa provém de Pessach que significa passagem e evoca a fuga dos judeus do Egipto em busca da Terra Prometida. Na realidade, tal significação remonta a raízes ainda mais ancestrais, concretamente às celebrações pagãs que ritualizavam a passagem do Inverno para a Primavera ou seja, as festas equinociais associadas à fertilidade e ao renascimento dos vegetais.
Tais celebrações eram antecedidas pela Serração da Velha, o Entrudo e as saturnais que originaram as festividades de Natal. Mas, as novas religiões monoteístas alicerçaram-se sobre as ruínas das crenças antigas e, por cima dos antigos santuários pagãos ergueram-se as novas catedrais românicas e góticas. Da mesma forma que, sobre as ruínas dos velhos castros foram construídos os castelos medievais. E, assim, também as celebrações pagãs se revestiram de novas formas mais de acordo com novas conceções religiosas e se cristianizaram, adquirindo uma nova simbologia e significação.
Subsistem, no entanto, antigas usanças que denunciam as origens pagãs da festividade pascal associadas a costumes importados da cultura anglo-saxónica que, em contacto com as tradições judaico-cristãs originam um sincretismo que conferem à celebração pascal uma conceção religiosa bastante heterodoxa. É o que se verifica, nomeadamente, com toda a simbologia associada ao coelho e aos ovos da Páscoa, sejam eles apresentados sob a forma de chocolate, introduzidos nos folares ou escondidos no jardim, rituais estes ligados à veneração praticada pelos nórdicos a Ostera, considerada a deusa da fertilidade e do renascimento, por assim dizer a “deusa da aurora”.
Tal como para os judeus, a Pessach alude à passagem do anjo exterminador antes da sua partida do Egipto e, ao assinalarem as suas casas com o sangue do cordeiro levaram a que fossem poupados da praga lançada por Javé, para os cristãos é o próprio Jesus Cristo que incarna a vítima sacrificial ou seja, o cordeiro pascal que expia os pecados dos homens. Também para os cristãos, a Páscoa representa a passagem da morte para a vida eterna e o reencontro com Deus.
Na Páscoa, o sol primaveril irrompe pelas veigas verdejantes enquanto as árvores se espreguiçam num novo amanhecer. As flores exalam um perfume inebriante que inundam os céus e a todos contagia. As casas dos lavradores engalanam-se para receber a visita pascal. Junca-se o caminho com um tapete colorido feito de funcho, cravo e rosmaninho. O pároco, de sobrepeliz e estola entra pelos quinteiros, logo seguido a curta distância pelo mordomo, vestindo a opa vermelha e levando consigo a cruz florida que a dá a beijar, e o sacristão com a sineta e a caldeirinha de água benta. Lá fora, o estalejar dos foguetes indica o local exato onde segue a cruz. Em redor, a natureza renasce e adquire especial fulgor.
O tempo ajudou, as nuvens afastaram-se e o sol apareceu para permitir que mais uma vez a Cruz Pascal atravessa-se o Rio Minho, no tradicional e emblemático Lanço da Cruz, entre Cristelo Covo, em Valença e Sobrada, em Tomiño (Galiza).
Esta foi uma edição especial que contou com a presença de uma equipa da Direção Geral do Património que está a avaliar a candidatura desta tradição a Património Imaterial Nacional. A candidatura foi formulada pelo Município de Valença, em parceria com a Fabrica da Igreja de Cristelo Covo e a Comissão de Festas de Srª. da Cabeça.
Pelas 16h00, o pároco com a Cruz Pascal, entrou num barco de pesca e dirigiu-se até ao meio do rio. A meio do rio encontraram-se as duas cruzes, beijadas pelos párocos e comitivas. A portuguesa segui para Sobrada e a galega para Cristelo Covo, sendo dada a beijar nas duas margens, entre o soar dos bombos, das pandeiretas, das castanholas, concertinas e gaitas de foles.
A comitiva portuguesa, além de muitos pescadores e populares, contou, com a presença do Presidente da Câmara Municipal, José Manuel Carpinteira, do Presidente da Assembleia Municipal, José António, Cerqueira, do vereador Arlindo de Sousa, do Presidente da União de Freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão, Diogo Mota, das técnicas do Município, da equipa da Direção Geral do Património, entre outros.
Milhares de minhotos e galegos encheram as duas margens do Rio Minho, nesta festividade onde a tradição, a fé e a devoção misturam o cristianismo com os mais antigos cultos pagãos das águas.
As cavacas são um doce de origem conventual feitas à base de ovos, farinha, açúcar, bauninha e óleo de girasol. As cavacas estão sempre presentes em todas as festas e romarias no Minho, incluindo nas mesas durante a quadra pascal.