TEATRO DE BALUGAS LEVA “PÃO NOSSO” A OVAR
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Este sábado, pelas 21h45, a Contacto - Companhia de Teatro Água Corrente de Ovar recebe no seu auditório, no âmbito do XXXI Festival de Teatro de Ovar, a peça «Pão Nosso» do Teatro de Balugas. A obra inspirada na aldeia minhota de Balugães, no vale do rio Neiva, segue para as últimas apresentações, depois de ter recebido inúmeras distinções nacionais e internacionais em Portugal, Espanha, Itália e Mónaco.
O trabalho, com texto e encenação de Cândido Sobreiro, fala-nos da aldeia de Balugães, terra onde já se amassou muito pão e onde se talharam muitas gamelas de pinho. O pão era o sustento, as gamelas também. Uma relação de pequenas histórias que contam mais do que o artefacto, o alimento, o labor. Uma recolha de memórias, ladainhas, cantigas e ofícios, recuperando utensílios e articulando artisticamente com a comunidade a criação do espetáculo. A partir daqui, o Teatro de Balugas aborda de uma forma teatral e poética o ciclo do pão na aldeia, reconstruindo-o a partir de princípios diferentes não tradicionais e quase oníricos.
Reserva de bilhetes através de contacto.corrente@gmail.com ou através do 918 911 593.
A vareira é uma das músicas e danças tradicionais mais populares do Minho, característica sobretudo do litoral do Baixo Minho. É naturalmente dedicada à mulher da beira-mar que se ocupa preferencialmente do amanho e venda de peixe, também conhecida por varina, certamente uma corrupetela de ovarina, gentílico da mulher de Ovar, como quem chama: Ó varina!
Em todo o caso, quaisquer das expressões está associada às características geomorfológicas daquela zona do rio Vouga e das formas que os seus naturais tiveram para se adaptar ao meio. Antes de mais, convém lembrar que o topónimo Ovar possuí a sua origem na raiz Var em acoplação com o artigo definido resultou na sua designação actual: Ovar, de O Var.
Var e vau são designações que significam laguna ou estuário, tornando-se por conseguinte lugares de varadouro, ou seja, sítio propício para as embarcações poderem varar. Precisamente ao invés de fundeadouro, que se refere a um local fundo onde apenas é permitido fundear.
Varar significa também bater com a vara no fundo, fazer encalhar a embarcação para a pôr em seco.
Ora, para as pessoas menos familiarizadas com as lides do mar, também se designam por varadouros as pequenas rampas de acesso a terra que existem junto de muitas lotas e portos de pesca no nosso país, onde frequentemente são deixadas as embarcações em terra firme.
Varadouro é ainda como se designa o lugar onde se guardam as embarcações para consertar ou guardar durante o inverno.
Por seu turno, vareiro é também a designação de um barco característico deste região, pequeno e estreito, de fundo chato como convém e que geralmente é conduzido à vara. Aliás, tal como sucede com os barcos saleiros e moliceiros que, na realidade, são sucedâneos dos velhos barcos vareiros.
Ora, este género de embarcações, muito usual nesta zona do rio Vouga, contrasta profundamente com os barcos saveiros que se aventuram na costa e enfrentam a forte ondulação. Precisamente, o seu fundo chato permite a varação e também navegar… à vara!
Mas, a designação vareiro e varino acaba associado a muitos outros aspectos da vida destas gentes. Assim, por vareiros são também designadas as varas que os homens levavam às costas com um cesto em cada ponta, geralmente para neles transportarem o peixe.
Neste caso, o vareiro consiste numa vara comprida e delgada. E, por vareiros eram também designadas as varas com que outrora formavam as latadas antes de serem substituídas pelo esticadores de arame.
Por vareiro ou varino era também designado o gabão que as gentes desta região vestiam. Era uma espécie de capa que as agasalhava do frio cortante e da brisa marítima nas longas manhãs à espera que os barcos regressassem da faina. Finalmente, a vareira é, juntamente com o vira, uma das danças tradicionais mais características das gentes varinas.
Com o seu chapéu de copa alta e aba curta forrada a veludo como usam os de Ílhavo e de Ovar ou de copa baixa e aba larga como agrada aos da Murtosa, as gentes vareiras constituem um tipo étnico que se distingue facilmente de outras regiões. Possuem talvez maiores afinidades com a região de Entre-o-Douro-E-Minho, provavelmente originadas pelas influências da antiga Galécia que chegou a estender-se até às margens do Mondego.
Lisboa, como todas as grandes cidades cosmopolitas, acolhe dentro dos seus muros pessoas oriundas de localidades nacionais e estrangeiras que, para poderem confraternizar mais assiduamente com os seus conterrâneos, fundam colectividades.
Na capital existiam, em 1950, entre outras, as “Casas de Arganil”, das “Beiras”, do “Alentejo”. Talvez por isso, José Augusto da Cunha Lima insistiu, desde então, numa campanha, a que o extinto semanário “Notícias de Ovar” deu cobertura, para que fosse fundada a “Casa do Concelho de Ovar em Lisboa”.
Teve lugar em 19 de Junho de 1952 uma primeira reunião de ilustres ovarenses que aderiram a esta causa, tendo sido ali constituída uma comissão organizadora, formada pelos seguintes bairristas vareiros: Afonso Pereira de Carvalho, António Pinho Branco, Armando Oliveira Soares, Artur de Oliveira Faneco, Francisco de Oliveira Faneco, José André Redes, José Augusto da Cunha Lima, Manuel de Oliveira Ventura e Pelágio José Ramos.
Assim se fundava, em Junho de 1952, a “Casa do Concelho de Ovar em Lisboa”. As primeiras reuniões foram realizadas ao ar livre, beneficiando do arvoredo amigo de uma esplanada da Avenida da Liberdade. Posteriormente, realizaram-se na federação da Sociedade de Recreio, à Rua da Palma, onde reuniu a primeira Assembleia Geral, para aprovar os seus Estatutos. A Secretaria ficou instalada na casa de João André Boturão e, depois, na de Artur de Oliveira Faneco.
Num dos passeios fluviais a Vila Franca de Xira
A primeira sede situou-se no 3.º andar do prédio n.º 54 da Avenida da Liberdade. Mais tarde, a 15 de Março de 1959, em sessão solene presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Ovar dessa época, foi inaugurada uma nova sede na Calçada dos Santos, nº 37, 1º andar, junto à Igreja de Santos-o-Velho e aos jardins da embaixada de França, no coração da Madragoa, onde residiram e ainda residem tantos conterrâneos nossos, muitos deles lá registados pelos baptismo ou matrimónio naquele vetusto templo, em diversas gerações.
Em Dezembro de 1953 a Casa tinha 526 sócios. Em 18 de Junho de 1955 cantou-se pela 1.ª vez o hino da colectividade, com música do Dr. Elísio de Matos e letra do Dr. António Rasgado Rodrigues: ‘Nos quatro cantos do mundo, / Gente de Ovar se perdeu; / e o seu amor vagabundo, / Jamais a Pátria esqueceu’. Foi ensaiado pelo Dr. Elísio de Matos, na sua própria casa, a um grupo coral de homens e senhoras membros da Agremiação, grupo esse que viria a actuar na sede própria, na Avenida da Liberdade, então sob regência do Sr. Covas.
Exercerem a presidência da direcção da “Casa do Concelho de Ovar em Lisboa”:
1 - Dr. Albino Borges de Pinho (1953-1957)
2 - Mário André Boturão (1959-1962)
3 - José Augusto da Cunha Lima (1963-1966)
4 - Salviano Zagalo de Lima (1967-1970)
5 - José Augusto da Cunha Lima (1971-1972, pela 2.ª vez)
Nos primeiros anos após a sua fundação, tendo como presidente o Dr. Albino Borges de Pinho, a Casa atingiu o período mais brilhante da sua existência, organizando grandes eventos, entre os quais as visitas a Ovar da Imprensa Diária (em 27 e 28 de Junho de 1953), do Núncio Apostólico D. Fernando Cento (6 de Junho de 1954), dos conferencistas Dr. António Luís Gomes (20 de Março de 1954), do escritor do jornal “O Século” Adelino Mendes (12 de Maio 1956), o Encontro (Setembro de 1953), e o Comboio da Saudade…
Visita do Cardeal Cento a Ovar (Chegada à Igreja Matriz)
Pela Páscoa, a Direcção comprava à Sr.ª Teresa da Olaria, fabricante de roscas doces, grande quantidade dessa especialidade vareira para ser distribuída pelos vareirinhos mais necessitados da capital, e nas festas natalícias fornecia géneros alimentícios aos ovarenses lisboetas mais carenciados. Anualmente, no Verão, organizava um passeio fluvial pelo rio Tejo, até Vila Franca de Xira, para sócios e seus familiares, juntando dessa maneira muita gente de Ovar, que dançava e cantava as cantigas da sua terra, numa alegre confraternização que durava enquanto o sol não se escondia.
Na Páscoa, distribuindo as roscas da Sr.ª Teresa da Olaria
A sede, na Avenida da Liberdade, foi algumas vezes visitada pela nossa conterrânea Maria Albertina, grande nome do fado e do teatro, que gostava de conversar com as pessoas mais idosas, recordando, com elas, os tempos antigos da sua infância…
Grupo Coral da Casa da Comarca de Ovar em visita ao Estádio Nacional
Quando o Orfeão de Ovar se deslocou a Lisboa para apresentar, no Parque Mayer, em 16, 17 e 18 de Junho de 1956, a Revista “Aqui Ovar!”, a Casa do Concelho alugou um coche puxado por cavalos, que percorreu as ruas mais importantes da capital com uma tripulação de quatro jovens vestidas à varina, fazendo reclamo ao espectáculo. Ao apreciarem as nossas beldades vareiras, as pessoas de Lisboa dirigiam-lhes piropos, como este: – Se a Revista for tão bonita como as varinas do coche, vale a pena ir vê-la ao Teatro Variedades!...
Em 1955, por iniciativa de Elias Rodrigues Abade, funcionou nas instalações do Centro Vidreiro (antiga fábrica da Varina), ao sul da Praia do Furadouro, uma Colónia Balnear Infantil da Casa do Concelho de Ovar em Lisboa. Mais tarde, em 21 de Junho de 1958, nas comemorações do 6.º aniversário da colectividade, o Dr. João de Araújo Correia proferiu na sede da Casa do Concelho, na Avenida da Liberdade, uma brilhante conferência intitulada “Há Sal na Régua”, que encantou a todos presentes, e cujo texto está totalmente transcrito no “Boletim da Casa do Concelho de Ovar” de Julho de 1958, sendo publicado em separata, merecendo que se faça uma nova edição, para ser mais divulgado na nossa terra!...
A 27 de Janeiro de 1973, a Assembleia Geral da “Casa do Concelho de Ovar em Lisboa”, na sequência duma crise de dirigentes e do desinteresse da maior parte dos sócios, decidiu dissolver aquela Associação, que durou pouco mais de 20 anos.
Foram presidentes da Assembleia Geral da Casa do Concelho de Ovar em Lisboa:
1 - Major Manuel Gomes Duarte Pereira Coentro (1953-1954)
2 - Dr. Luís Valente da Silva (1955-1956), que faleceu Juiz Desembargador.
3 - António Coentro de Pinho (1957-1973)
A Casa acabou, como dizia o Sr. António Coentro de Pinho no “Notícias de Ovar” de 18/02/1988, “por terem falecido ou desistido muitas das suas dedicações, por falta de saúde de uns e cansaço de outros, e o desinteresse acentuou-se e a Casa do Concelho extinguiu-se, quase sem se saber como e porquê!...”
Eu diria que o principal porquê da extinção da Casa foi, precisamente, o falecimento das dedicações vareiras, daqueles que emigraram para Lisboa na primeira metade do século XX, porque actualmente já quase só existem na capital vareiros de 2.ª, 3.ª e 4.ª geração, os quais, embora tenham raízes ovarenses, já não manifestam por Ovar aquele acrisolado amor que os seus progenitores profundamente sentiram…
Fontes de informação: “Monografia de Ovar” e depoimentos de antigos sócios da colectividade.
Artigo publicado no jornal JOÃO SEMANA (15 de Dezembro de 2006)
O Folclore contribui para o conhecimento mútuo, paz e amizade entre os povos
A edição deste ano do FolkLoures’17 – Encontro de Culturas, vai ter o seu início no dia 24 de Junho com a realização de uma exposição e de uma palestra, prolongando-se durante toda a semana até ao dia 1 de Julho, altura em que tem lugar o espectáculo de culturas tradicionais.
Trata-se de uma grandiosa iniciativa de cariz tradicional organizada pelo Grupo Folclórico Verde Minho em colaboração com a Câmara Municipal de Loures, a ter lugar por ocasião das festas do concelho de Loures. Este evento privilegia o folclore da região saloia e ainda de todo o país e das comunidades que constituem actualmente o mosaico social e cultural da região, contribuindo para a inclusão e a promoção da paz entre os povos através do encontro das suas culturas tradicionais.
Mais do que qualquer outra manifestação de índole cultural e desportiva, é o Folclore a forma de expressão cultural que melhor contribui para a paz entre os povos, no respeito das suas diferenças e identidade.
O programa do FolkLoures’17 é o seguinte:
FOLKLOURES'17 - Encontro de Culturas
PROGRAMA
Dia 24 de Junho
- 16 horas. Inauguração da Exposição "Carroças da Região Saloia". Museu Municipal de Loures.
A exposição está patente ao público, até ao dia 1 de Julho, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (Excepto à Segunda-feira)
Entrada gratuita
- 16h30 horas. Palestra sobre "Usos e Costumes tradicionais da Região Saloia", pela Dr.ª Ana Paula de Sousa Assunção, a ter lugar no Auditório do Museu do Museu Municipal de Loures, com passagem pela exposição das Carroças.
Dia 1 de Julho
- 16 horas. Feira de artesanato. Abertura de tasquinhas
- 20 horas. Espetáculo de folclore e recriações da cultura tradicional
- 24 horas. Sessão de encerramento com fogo-de-artifício
GRUPOS PARTICIPANTES
Associação Tira-me da Rua (ATR) – Brasil
Grupo Coral Os Ceifeiros de Cuba - Baixo Alentejo
Gupo Folclórico e Etnográfico Verde Minho – Minho
Grupo Folclórico “O Cancioneiro de Ovar” – Beira Litoral
Grupo Etnográfico Danças e Cantares da Nazaré – Estremadura
Associatia Miorita Portugalia – Moldávia
Rancho da União Cultural e Folclórica da Bobadela – Estremadura / Região Saloia
Grupo de Danças e Cantares da Madeira – Madeira
MUSEU MUNICIPAL DE LOURES EXPÕE “CARROÇAS DA REGIÃO SALOIA”
O Museu Municipal de Loures participa no FolkLoures’17 com a realização de uma exposição subordinada ao tema “Carroças da Região Saloia”, a ter lugar nas instalações do próprio museu, com inauguração prevista no dia 24 de Junho, pelas 16 horas. A exposição tem entrada gratuita e ficará patente ao público, até ao dia 1 de Julho, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (Excepto à Segunda-feira).
O Museu Municipal de Loures encontra-se instalado na Quinta do Conventinho, sita na Estrada Nacional, 8, em Santo António dos Cavaleiros, a escassos 4 quilómetros de Loures, um edifício conventual contruído na segunda metade do século XVI.
Constituído em 26 de julho de 1998, o Museu encontra-se instalado no 13.º convento dos frades franciscanos da Província de Santa Maria da Arrábida, apresentaposições de exposições de temática arqueológica e etnográfica, com o intuito de dar a conhecer a realidade e a vivência das populações rurais do município de Loures, assim como a sua história. Possui duas salas de exposições, oficinas, reservas visitáveis, um centro de documentação especializado em história local, loja, cafetaria com esplanada, parque de estacionamento e acesso para pessoas com mobilidade reduzida.
HISTORIADORA ANA PAULA ASSUNÇÃO PROFERE PALESTRA SOBRE “USOS E COSTUMES DA REGIÃO SALOIA”
A Historiadora e Museóloga Prof. Doutora Ana Paula de Sousa Assunção subordinada ao tema “Usos e Costumes Tradicionais da Região Saloia”, a ter lugar no Auditório do Museu do Museu Municipal de Loures, no dia 24 de Junho, pelas 16h30. A iniciativa insere-se no programa do FolkLoures’17 – Encontro de Culturas que se prolonga até ao dia 1 de Julho, altura em que tem lugar um grandioso festival de cultura tradicional no Parque da Cidade, em Loures.
A Prof. Doutora Ana Paula de Sousa Assunção é historiadora e museóloga, Mestre em História Regional e Local pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É autora de programas museológicos, reformulações de programas e criação de serviços inovadores. Conceção científica do Centro UNESCO A casa da terra. Comissária de exposições de vária índole com museografia de inclusão e género.
Tem como áreas científicas preferenciais a História Local, Saúde, Património industrial (com destaque para Fábrica de Loiça de Sacavém, Oliveira Rocha/Oliveira do Bairro), Património Cultural Imaterial, Património Religioso /obra de arte total – Cripto -história. Exerceu voluntariado na Igreja Matriz de Bucelas com descobertas de cariz científico sobre entalhador, Francisco Lopes. (Artigo no prelo). Musealização da Igreja e interpretação dos espaços em visitas.
Pelo seu trabalho, tem recebido várias distinções de Mérito Cultural e Prémios no campo da Museologia a nível nacional e internacional.
O FolkLoures apresenta um programa cultural rico e diversificado que, sob o impulso e capacidade organizativa do Rancho Folclórico Verde Minho, catapulta o concelho de Loures para a ribalta da cultura tradicional portuguesa.