Rainha Mary da Dinamarca brilha no Brasil com peça icónica da ourivesaria portuguesa
Numa recepção no Teatro de Manus, na Amazónia, a mulher do rei Federico X deu nas vistas com uns brincos bem portugueses.
Rainha Mary da Dinamarca está a cumprir uma viagem oficial à Amazónia, no Brasil. A mulher de Federico X está acompanhada pelo ministro do Clima, Energia e Abastecimento, Lars Aagaard, já que a visita centra-se na cooperação dinamarquesa-brasileira em biodiversidade, saúde e combate à violência contra as mulheres.
Mary escolheu uns brincos em filigrana portuguesa. Tratam-se dos famosos "brincos à rainha" de Viana do Castelo. Segundo a história, ofereceram um par de brincos à rainha D. Maria II aquando da sua visita a Viana do Castelo e rapidamente o popular modelo recebeu o seu nome real desde essa altura.
Esta magnifica joia, foi criada nos finais do século XVIII, quando a Raínha D. Maria I (1734-1816) que, grata pelo nascimento do seu filho varão, pediu que lhe fosse feito um coração em ouro em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus.
Esta peça foi concebida numa forma de coração que se tornou icónica, e no topo, tem uma "coroa" com cornucópias que simbolizam as chamas que brotam desse símbolo cristão. Todo ele é preenchido com finos e delicados fios de filigrana.
Durante muito tempo, esta joia foi usada como símbolo religioso de dedicação e culto ao Sagrado Coração de Jesus, mas com o tempo, a sua popularidade conotou-a com o amor profano, passando a ser um símbolo de amor romântico.
Peça do Museu de Ourivesaria Tradicional de Viana do Castelo
A atracção das gentes minhotas por esse metal tão belo quanto precioso remete-nos para os confins da História, a um tempo em que as mulheres – ancestrais das actuais minhotas – se adornavam com torques e braceletes que agora inspiram os designers da moderna ourivesaria minhota.
A esse tempo, já os romanos que aqui se estabeleceram exploraram as jazidas auríferas existentes na nossa região. Porém, a sua importância no costume minhoto tem influências bem mais recentes!
Entretanto, chegado sobretudo ao século XIX, muitos foram o camponeses na região de Entre-o-Douro e Minho forçados a emigrar para o Brasil a fim de escapar à miséria que então assolava os campos. A filoxera que atingiu as vinhas e a indústrialização fomentada pela governação de Fontes Pereira de Melo constituíram alguns dos factores que estiveram na sua origem.
Não raras as vezes, os nossos conterrâneo se ocultaram nos porões dos navios que de Viana do Castelo zarpaval rumo a terras de Vera Cruz. E, uma vez chegados ao porto de Santos, no Brasil, esgueiravam-se sem qualquer registo para depois se aventurarem numa vida de glória ou de miséria.
Muitos dos nossos compatriotas enriqueceram e assim regressaram. Construíram as suas mansões - as chamadas casas dos brasileiros – ao longo do litoral minhoto. Eram eles os “brasileiros de torna-viagem”.
Do seu bolso ajudaram a construir escolas, beneficiaram igrejas e de um modo geral contribuíram para o progresso das suas terras de origem. Mas também não esqueceram as suas afilhadas, oferecendo-lhes geralmente um rico dote em oiro para que também elas viessem a conseguir um bom casamento... é isso que em grande medida explica uma certa ostentação do ouro nesta região!
Por conseguinte, este tornou-se um traço do carácter minhoto que define bem a sua personalidade, que combina bem com a sua natureza exuberante e maneira de estar. Algo que não é facilmente compreendido por pessoas de outras regiões do nosso país…
Distante da monotonia de outras terras, o minhoto vive desde que nasceu rodeado de uma paisagem alegre e ridente onde a grandeza das montanhas contrasta com a doçura verdejante das suas veigas. O minhoto é jovial e alegre. E, em todos os momentos da sua vida, mesmo nos mais difíceis, encara-os de frente e enfrenta-os com um sorriso nos lábios. O trabalho, a religião e a própria gastronomia são vividos em festa!
Foi essa sua paixão pelo ouro e a filigrana em geral que impulsionou a arte da ourivesaria, principalmente em Gondomar e Póvoa de Lanhoso. E, dela fez um dos ex-líbris de Portugal mundialmente reconhecido.
Os restos mortais de D. Afonso de Portugal, 1º Marquês de Valença e 4º Conde de Ourém, repousam na cripta da Colegiada de Ourém, em pleno burgo medieval, por si mandada construir em 1445.
Foto: Museu Municipal de Ourém
Túmulo do Marquês de Valença, na Igreja da Colegiada, para onde foram trasladados em 1487.
No seu túmulo, magnífica obra de arte gótica da autoria do escultor Diogo Pires-o-Velho, pode ler-se o seguinte epitáfio: “Aqui jaz o Ilustre Príncipe D. Afonso, Marquês de Valença, conde de Ourém, primogênito de D. Afonso, Duque de Bragança, e conde de Barcelos, e neto del Rei D. João de gloriosa memória, e do virtuoso, e de grandes virtudes D. Nuno Alvares Pereira, Condestável de Portugal. Faleceu em vida de seu pai, antes de lhe dar a dita herança, de que era herdeiro, o qual foi fundador desta Igreja, em que jaz, cuja fama e feitos este dia florescem. Finou-se a 29 de agosto do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1460 anos.”
Os restos mortais do IV Conde de Ourém repousam na cripta da Igreja da Colegiada, em Ourém.
Conforme refere o Portal da História em (http://www.arqnet.pt/), o 1º Marquês de Valença “Era filho primogénito do 1.º duque de Bragança, D. Afonso filho de D. João I, e de sua mulher D. Brites Pereira, condessa de Ourém, filha do condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Nasceu em Lisboa, faleceu em Tomar a 29 de Agosto de 1460.
Depois de cultivar os estudos próprios da sua hierarquia, tornou se distinto pelas suas virtudes morais e políticas, pelas quais mereceu ser estimado dos príncipes do seu tempo. Seu tio, o rei D. Duarte, resolvido a mandar um embaixador ao concílio de Basileia, que se tinha congregado para pacificar as largas discórdias entre a Igreja Grega e a Latina, que depois foi transferido por Eugénio IV para Ferrara, o nomeou a ele, confiando na sua profunda capacidade, que felizmente desempenharia as obrigações do seu cargo. Com outros companheiros e mais comitiva, saiu de Lisboa a 21 de Janeiro de 1435, e chegando a Bolonha a 24 de Julho do mesmo ano, foi recebido pelo papa com as manifestações de paternal benevolência. Concluído o concilio, foi à Palestina visitar os lugares santos, regressando depois a Lisboa Mais tarde, também teve a incumbência de acompanhar D. Leonor, quando esta infanta, sua prima, foi desposar Frederico III, imperador da Alemanha. Saiu de Lisboa a 20 de Outubro de 1451, como general da armada que a conduziu a Leorne. Desta cidade caminhou até Sena, despertando todas as atenções pela numerosa e magnífica comitiva que os acompanhava Chegando a Roma, procedeu à coroação dos dois esposos o papa Nicolau V. Terminada a cerimónia, o imperador o armou cavaleiro.
Em 1415 fundou a importante colegiada de Ourém, consignando lho copiosas rendas para sustentação das dignidades e cónegos, de que ela se compunha. Edificou também N. Sr.ª das Misericórdias, de Ourém, sumptuoso templo e sede da referida colegiada. D. Afonso V, por decreto de 11 de Outubro de 1451, lhe fez doação da vila de Valença, com todos os seus termos e limites, concedendo-lhe também o título de marquês de Valença, sendo este o primeiro marquesado que houve em Portugal. O seu corpo foi trasladado para Ourém, em 1487, sendo sepultado na capela debaixo do coro da Igreja da colegiada, num soberbo mausoléu, em que se gravou um longo epitáfio.
Dizem alguns antigos escritores, que D. Afonso foi casado ocultamente com D. Brites de Sousa, filha de Martim Afonso de Sousa, senhor de Mortágua, de cujo matrimónio houve um filho, D. Afonso de Portugal, que pretendeu suceder na casa de seu avô, o que se não pôde provar, mas o que não padece dúvida é a existência desse filho, a quem, segundo a tradição, D. João II obrigou a ser clérigo, ainda em curta idade, e foi bispo de Évora do a 24 de Abril de 1552. O marquês de Valença compôs: Itinerario ao Concilio de Basileia no anno de 1435, que saiu impresso no tomo V das Provas da Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, por D. António Caetano de Sousa, pág. 573.”
Tendo sido o primeiro título de marquês concedido em Portugal, este foi criado pelo rei D. Afonso V, através de carta régia de 11 de Outubro de 1451, em favor de D. Afonso de Portugal, constituindo um título nobiliárquico de juro e herdade.
Ao que tudo indica e segundo teoria avançada por José de Figueiredo, seguindo a observação de Virgílio Correia em 1924, da semelhança existente com a respectiva estátua jazente que se encontra na Colegiada de Ourém, a segunda figura de opa verde com colar é identificada com D. Afonso de Bragança, IV Conde de Ourém e Marquês de Valença, no painel dos cavaleiros.
Entretanto, a cripta e o túmulo do Marquês de Valença foram classificados na categoria de Arquitectura Religiosa, através do Decreto n.º 37366, publicado no Diário do Governo n.º 70, de 5 de Abril de 1949.
A este respeito, publicou o IGESPAR a seguinte nota Histórico-Artística:
“Edificada na Igreja Matriz de Ourém, a cripta de D. Afonso, conde de Ourém e Marquês de Valença, é o único exemplar desta tipologia, construída durante o período final do gótico, que subsiste actualmente.
Apresenta semelhanças estruturais e acústicas com a Sinagoga de Tomar (SIMÕES, 1992), desenvolvendo-se em planimetria quadrangular, formada por três naves de três tramos definidos pelas colunas que suportam a abóbada de arestas que cobre o espaço.
Ao centro foi erigida a arca tumular do Marquês de Valença, em pedra de Ançã, com jacente. Os frontais são totalmente decorados com motivos vegetalistas em relevo, integrando o escudo de armas do marquês; sob a tampa foi gravada uma inscrição biográfica de D. Afonso.
A tampa é rodeada por cinta lavrada com rosetas que alastram para a parte superior, onde se dispõe a estátua jacente de mãos postas, repousando a cabeça sobre almofadas, com pés assentes numa mísula. A figura do marquês enverga túnica comprida pregueada, tendo a cabeça coberta por barrete.
A arca tumular foi executada cerca de 1485-1487, tendo sido neste último ano que D. Afonso, que havia falecido em Tomar em 1460, foi trasladado para Ourém. A obra escultórica insere-se no gosto do Gótico final, sendo atribuída às oficinas coimbrãs, nomeadamente ao cinzel de Diogo Pires o Velho. A sua tipologia apresenta muitas semelhanças com o túmulo de Fernão Teles de Menezes, erigido na Igreja de São Marcos de Coimbra.
Catarina Oliveira
IPPAR/2006”
A D. Afonso de Portugal, Marquês de Valença e 4º Conde de Ourém, deve o burgo medieval grande parte da sua histórica grandeza e progresso que só veio a ser interrompido em consequência do terramoto de 1755 e, cerca de meio século depois, as invasões francesas que a pilharam e incendiaram às ordens do general Massena. Não obstante, ainda se conserva o castelo e o palácio que foram do Marquês de Valença e o túmulo onde repousam os seus restos mortais, a convidar a uma visita sobretudo dos valencianos, a escassa distância do Santuário de Fátima.
Túmulo do Marquês de Valença, na Igreja da Colegiada, para onde foram trasladados em 1487.
No seu túmulo, magnífica obra de arte gótica da autoria do escultor Diogo Pires-o-Velho, pode ler-se o seguinte epitáfio: “Aqui jaz o Ilustre Príncipe D. Afonso, Marquês de Valença, conde de Ourém, primogênito de D. Afonso, Duque de Bragança, e conde de Barcelos, e neto del Rei D. João de gloriosa memória, e do virtuoso, e de grandes virtudes D. Nuno Alvares Pereira, Condestável de Portugal. Faleceu em vida de seu pai, antes de lhe dar a dita herança, de que era herdeiro, o qual foi fundador desta Igreja, em que jaz, cuja fama e feitos este dia florescem. Finou-se a 29 de agosto do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1460 anos.”
Os restos mortais do IV Conde de Ourém repousam na cripta da Igreja da Colegiada, em Ourém.
Conforme refere o Portal da História em (http://www.arqnet.pt/), o 1º Marquês de Valença “Era filho primogénito do 1.º duque de Bragança, D. Afonso filho de D. João I, e de sua mulher D. Brites Pereira, condessa de Ourém, filha do condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Nasceu em Lisboa, faleceu em Tomar a 29 de Agosto de 1460.
Depois de cultivar os estudos próprios da sua hierarquia, tornou se distinto pelas suas virtudes morais e políticas, pelas quais mereceu ser estimado dos príncipes do seu tempo. Seu tio, o rei D. Duarte, resolvido a mandar um embaixador ao concílio de Basileia, que se tinha congregado para pacificar as largas discórdias entre a Igreja Grega e a Latina, que depois foi transferido por Eugénio IV para Ferrara, o nomeou a ele, confiando na sua profunda capacidade, que felizmente desempenharia as obrigações do seu cargo. Com outros companheiros e mais comitiva, saiu de Lisboa a 21 de Janeiro de 1435, e chegando a Bolonha a 24 de Julho do mesmo ano, foi recebido pelo papa com as manifestações de paternal benevolência. Concluído o concilio, foi à Palestina visitar os lugares santos, regressando depois a Lisboa Mais tarde, também teve a incumbência de acompanhar D. Leonor, quando esta infanta, sua prima, foi desposar Frederico III, imperador da Alemanha. Saiu de Lisboa a 20 de Outubro de 1451, como general da armada que a conduziu a Leorne. Desta cidade caminhou até Sena, despertando todas as atenções pela numerosa e magnífica comitiva que os acompanhava Chegando a Roma, procedeu à coroação dos dois esposos o papa Nicolau V. Terminada a cerimónia, o imperador o armou cavaleiro.
Em 1415 fundou a importante colegiada de Ourém, consignando lho copiosas rendas para sustentação das dignidades e cónegos, de que ela se compunha. Edificou também N. Sr.ª das Misericórdias, de Ourém, sumptuoso templo e sede da referida colegiada. D. Afonso V, por decreto de 11 de Outubro de 1451, lhe fez doação da vila de Valença, com todos os seus termos e limites, concedendo-lhe também o título de marquês de Valença, sendo este o primeiro marquesado que houve em Portugal. O seu corpo foi trasladado para Ourém, em 1487, sendo sepultado na capela debaixo do coro da Igreja da colegiada, num soberbo mausoléu, em que se gravou um longo epitáfio.
Dizem alguns antigos escritores, que D. Afonso foi casado ocultamente com D. Brites de Sousa, filha de Martim Afonso de Sousa, senhor de Mortágua, de cujo matrimónio houve um filho, D. Afonso de Portugal, que pretendeu suceder na casa de seu avô, o que se não pôde provar, mas o que não padece dúvida é a existência desse filho, a quem, segundo a tradição, D. João II obrigou a ser clérigo, ainda em curta idade, e foi bispo de Évora do a 24 de Abril de 1552. O marquês de Valença compôs: Itinerario ao Concilio de Basileia no anno de 1435, que saiu impresso no tomo V das Provas da Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, por D. António Caetano de Sousa, pág. 573.”
Tendo sido o primeiro título de marquês concedido em Portugal, este foi criado pelo rei D. Afonso V, através de carta régia de 11 de Outubro de 1451, em favor de D. Afonso de Portugal, constituindo um título nobiliárquico de juro e herdade.
Ao que tudo indica e segundo teoria avançada por José de Figueiredo, seguindo a observação de Virgílio Correia em 1924, da semelhança existente com a respectiva estátua jazente que se encontra na Colegiada de Ourém, a segunda figura de opa verde com colar é identificada com D. Afonso de Bragança, IV Conde de Ourém e Marquês de Valença, no painel dos cavaleiros.
Entretanto, a cripta e o túmulo do Marquês de Valença foram classificados na categoria de Arquitectura Religiosa, através do Decreto n.º 37366, publicado no Diário do Governo n.º 70, de 5 de Abril de 1949.
A este respeito, publicou o IGESPAR a seguinte nota Histórico-Artística:
“Edificada na Igreja Matriz de Ourém, a cripta de D. Afonso, conde de Ourém e Marquês de Valença, é o único exemplar desta tipologia, construída durante o período final do gótico, que subsiste actualmente.
Apresenta semelhanças estruturais e acústicas com a Sinagoga de Tomar (SIMÕES, 1992), desenvolvendo-se em planimetria quadrangular, formada por três naves de três tramos definidos pelas colunas que suportam a abóbada de arestas que cobre o espaço.
Ao centro foi erigida a arca tumular do Marquês de Valença, em pedra de Ançã, com jacente. Os frontais são totalmente decorados com motivos vegetalistas em relevo, integrando o escudo de armas do marquês; sob a tampa foi gravada uma inscrição biográfica de D. Afonso.
A tampa é rodeada por cinta lavrada com rosetas que alastram para a parte superior, onde se dispõe a estátua jacente de mãos postas, repousando a cabeça sobre almofadas, com pés assentes numa mísula. A figura do marquês enverga túnica comprida pregueada, tendo a cabeça coberta por barrete.
A arca tumular foi executada cerca de 1485-1487, tendo sido neste último ano que D. Afonso, que havia falecido em Tomar em 1460, foi trasladado para Ourém. A obra escultórica insere-se no gosto do Gótico final, sendo atribuída às oficinas coimbrãs, nomeadamente ao cinzel de Diogo Pires o Velho. A sua tipologia apresenta muitas semelhanças com o túmulo de Fernão Teles de Menezes, erigido na Igreja de São Marcos de Coimbra.
Catarina Oliveira
IPPAR/2006”
Pormenor do túmulo do princípe Dom Afonso, Conde de Ourém e Marquês de Valença, primogénito de D. Afonso Duque de Bragança, fundador da igreja em que jaz, Igreja de Nossa Senhora das Misericórdias. Situada no Largo de Santa Teresa de Ourém.
Temos vindo a constatar uma exibição em crescendo da quantidade de ouro que as mordomas transportam nos desfiles das nossas romarias, aproximando-se do que acontecia em meados do século passado.
Correspondendo ao “apelo” do turismo, a própria imprensa não se cansa de contabilizar o peso e o valor do ouro que as mordomas levarão no desfile da mordomia em Viana do Castelo como se tal fosse o aspeto mais relevante da festa.
É uma espécie de canto de sereia que acaba por desvirtuar a tradição de ourar na nossa região e que é a verdadeira. Importa corrigir e evitar a tentação de repetir os erros do passado.
A exibição de libras a esmo, não raras as vezes por respeitáveis matriarcas, é algo de ridículo que não devia acontecer
Quase toda a gente já ouviu falar nos “três vinténs” – moeda que foi mandada cunhar pelo rei D. Pedro II – e que passou a ser utilizada para identificar a moça enquanto solteira, exibindo-a ao pescoço, um uso que foi com o tempo dando origem a expressões jocosas. Os três vinténs era uma pequena moeda de prata que valia 60 reis, que neste caso servia de amuleto e significava pureza e virgindade. Era feito um furo por onde se introduzia um cordão para a moeda ficar apensa.
Com o tempo, este costume foi sendo substituído pelo anel de aliança, neste caso para identificar uma situação de compromisso já assumida ou seja, o casamento. Em qualquer dos casos, prevenia situações desagradáveis que, um atrevimento por desconhecimento poderia redundar numa situação de pancadaria entre famílias.
No Minho, a moça casadoira exibia 3 libras do lado esquerdo do peito – o lado do coração. Está bem de ver que, sendo moça jovem e solteira – à época o casamento entre pessoas idosas não era bem-visto pela sociedade e dava origem a frequentes assuadas – trajava o seu melhor fato domingueiro, em regra de cores vivas e alegres.
Sucede que assistimos com certa frequência grupos folclóricos nos quais velhas matriarcas trajam com as cores mais garridas como se de moçoilas tratassem e, para cúmulo do ridículo, chegam a exibir as 3 libras – por vezes até mesmo 6 libras, 3 de cada lado do peito! Alguém porventura sabe o seu significado?
Foto: Traje à Vianesa – Viana do Castelo (Caderno de Especificações para a Certificação)
É frequente algumas pessoas de diferentes regiões do país, ligadas ao meio folclórico, questionarem-se acerca da exuberante exibição do ouro em terras minhotas, lembrando as dificuldades com que o povo outrora vivia.
A atracção das nossas gentes por esse metal tão bonito quanto precioso remete-se aos confins da nossa História, ao tempo em que as nossas mulheres se adornavam com torques e braceletes que inspiram a moderna ourivesaria minhota. Os próprios romanos chegaram a explorar as abundantes jazidas existentes na nossa região. Contudo, a importância do ouro na tradição minhota possui uma exlicação bem mais recente!
No meio rural, aliás à semelhança do meio urbano, existiam várias classes sociais de camponeses (na cidade, de burgueses!) ou seja, havia desde os mais abastados até àqueles quem praticamente nem propriedade para cultivar possuíam, sendo por isso forçados a trabalhar ao jornal por conta de outrem.
Na região de Entre-o-Douro e Minho, muitos camponeses foram obrigados a emigrar para o Brasil para escapar à miséria que então assolava os campos. Não raras as vezes escapavam clandestinamente escondidos nos porões dos navios que partiam de Viana do Castelo ou outros portos.
Porém, muitos deles regressaram ricos, construíram os seus solares e casas apalaçadas, as chamadas as casas dos brasileiros, sobretudo ao longo do litoral minhoto. Eram os “brasileiros de torna-viagem”.
Do seu bolso ajudaram a construir escolas, beneficiaram igrejas e de um modo geral contribuíram para o progresso das suas terras de origem. Mas também não esqueceram as suas afilhadas, oferecendo-lhes geralmente um rico dote em oiro para que também elas viessem a conseguir um bom casamento... é isso que em grande medida explica uma exibição mais exuberante do ouro nesta região em contraste com outras regiões do país!
Em relação à exuberância, tal constitui um traço do carácter minhoto que define bem a sua personalidade. Longe da monotonia de outras terras, o minhoto vive desde que nasceu rodeado de uma paisagem alegre e deslumbrante onde a grandeza das montanhas contrasta com a doçura verdejante das suas veigas. Por isso, ele é jovial e alegre. E, todos os momentos da vida, incluindo os mais difíceis, enfrenta-os com um sorriso nos lábios. O trabalho, a religião e a própria gastronomia são vividos em festa! A sua enorme paixão pelo fogo-de-artifício e a forma como decora os arcos de romaria são disso um exemplo… como poderia ser de outro modo o seu gosto pela ourivesaria?
Foi também esta procura pelos objectos de adorno em ouro que permitiu o desenvolvimento da ourivesaria sobretudo em Gondomar e Póvoa de Lanhoso, fazendo desta arte um dos ex-líbris de Portugal mundialmente reconhecido.
Inesgotável, a criatividade cultural de Vila Nova de Cerveira tem um novo elemento identitário, sustentado num passado histórico com um futuro promissor: a Conta de Cerveira – Joia Municipal. Símbolo de estatuto social, a peça arqueológica original (séc. VI), encontrada em 1985, nas escavações do Aro Arqueológico de Lovelhe, distingue-se pela raridade, autenticidade e elegância, critérios rigorosamente respeitados na réplica em ouro idealizada pela Câmara Municipal e que passará a ser comercializada pelos ourives locais.
Assumindo a socialização patrimonial como uma ferramenta crucial para a perpetuação do legado cultural através das gerações, o Município de Vila Nova de Cerveira apresentou publicamente, esta quinta-feira, no Jardim do Solar dos Castros, a réplica da conta suevo-visigótica, numa lógica de preservação cultural, mas também de valorização socioeconómica e de atrativo turístico.
De acordo com o Presidente da Câmara Municipal, o lançamento da Conta de Cerveira – Joia Municipal é “um mergulho na riqueza da criatividade humana, devolvendo este símbolo de união e de identidade de um território a um povo”. Rui Teixeira destacou mais um “marco histórico em que Cerveira marca a diferença na cultura e na arte, neste caso em particular na arte com história, através da valorização do património histórico de Vila Nova de Cerveira”. Enquadrado na estratégia municipal “centrada na cultura, no turismo, na atratividade e na dinamização de Vila Nova de Cerveira nas várias vertentes”, o objetivo é que “a região e internacionalmente conheçam um pouco da nossa história através desta peça, adquirindo uma replica para divulgar Vila Nova de Cerveira através de uma arte como o é a joalharia”, acrescentou o autarca cerveirense.
Encontrada, em 1985, pelo conceituado arqueólogo Carlos Brochado de Almeida, aquando das escavações no Aro Arqueológico de Lovelhe, Vila Nova de Cerveira, a Conta de Cerveira evidencia uma civilização presente no Noroeste Peninsular. Trata-se de uma peça de forma bitroncocónica, composta por 95% de ouro, e 5% de prata e ferro, numa distribuição muito irregular. São 3cm de comprimento e 1.5cm de largura, a pesar 8,5gr, mas de um valor histórico incalculável.
Além de autêntica, é rara porque as contas mais aproximadas que se conhecem a nível ibérico são duas de brincos com fio torso de ouro, uma procedente de Daganzo de Arribas (Madrid), depositada no Museu Nacional de Arqueologia Espanhol (séc. VI); e a outra proveniente de Torre Condimento (Jean) guardada no Museu Arqueológico de Barcelona (séc. VI).
O lançamento da Conta de Cerveira – Joia Municipal ficou marcado pela presença de Inês Carvalho, jovem modelo cerveirense com várias participações em concursos de beleza regionais e nacionais, e que ostentou a peça durante o evento que decorreu no Jardim do Solar dos Castros.
Apresentação Pública da Conta de Cerveira - Joia Municipal | 23 de maio, 18h00, Jardim do Solar dos Castros
O conceituado arqueólogo Carlos A. Brochado de Almeida descobriu, em 1985, uma Conta Suevo-Visigótica, do séc. VI, aquando das escavações no Aro Arqueológico de Lovelhe, Vila Nova de Cerveira.
Símbolo de estatuto social, a peça arqueológica original, pertencente ao espólio Municipal, tem 3cm de comprimento por 1.5cm de largura, com forma bitroncocónica. Decorada com fio de ouro de 1mm espessura, previamente batido sobre uma matriz, formando vários SS, a Conta pesa 8.5gr sendo 95% de ouro e o restante prata e ferro.
As Contas mais aproximadas que se conhecem a nível ibérico são duas de brincos enfiados um fio torso de ouro, uma procedente de Daganzo de Arribas (Madrid) depositada no Museu Nacional de Arqueologia Espanhol (séc. VI); e a outra proveniente de Torre Dondimen (Jean) e depositada no Museu Arqueológico de Barcelona (séc. VI).
Esta quinta-feira, dia 23 de maio, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira apresenta, num ato público, uma réplica da Conta Suevo-Visigótica – Joia Municipal, e que será comercializada pelos ourives concelhios.
A propósito da biografia do grande dramaturgo Gil Vicente subsistem dúvidas quanto ao seu local de nascimento – Barcelos ou Guimarães. O mesmo se verifica em relação à data de nascimento, sugerindo o historiador Queirós Veloso o ano de 1466, Anselmo Brancamp Freire o ano 1460 e ainda Brito Rebelo o período compreendido entre 1470 e 1475. Alguns escritores defendem de igual modo que o poeta e o famoso ourives que criou a célebre Custódia de Belém constituem duas pessoas distintas.
Afinal de contas, o poeta e dramaturgo Gil Vicente era barcelense ou vimaranense?
No próximo dia 18 de janeiro, o Centro de Estudos Regionais leva a efeito mais uma conversa do EntardeCER, uma iniciativa que decorre na terceira quinta-feira de cada mês, até maio de 2024, no no AP Dona Aninhas, Boutique Hotel, em Viana do Castelo, pelas 17.30 horas. Nesta edição contamos com a presença de Rosa Maria dos Santos Mota e a conversa terá como tema a ourivesaria popular no Norte de Portugal e o seu reflexo em Viana do Castelo.
Rosa Maria Mota é doutorada em Estudos de Património, na Universidade Católica Portuguesa, tendo sido bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Na mesma instituição obteve o grau de Mestre em Artes Decorativas, após a licenciatura em Arte e Património. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – monodisciplinar de Inglês, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é investigadora do CITAR-Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes, da Universidade Católica Portuguesa. A sua pesquisa académica incide sobre o ouro popular e o seu percurso, nos séculos XIX e XX em Portugal, com especial incidência no Norte e no seu reflexo nas festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo. Conta com 9 livros publicados.
As conversas do projeto EntardeCER são moderadas por José Carlos Loureiro. A iniciativa é aberta ao público em geral, estando limitada à lotação da sala.
A próxima exposição do Museu Nacional de Arte Contemporânea - FILIGRANA - inaugura dia 14 de Janeiro às 16h.
A Filigrana é feita hoje como era feita há centenas de anos - com a mesma paciência, com o mesmo detalhe, com a mesma técnica. Os alicates, as rilheiras, os rubis e as forjas venceram o tempo, guiados pelas mãos de quem sabe.
Venha conhecer joias únicas feitas à mão, que combinam métodos e desenhos de produção ancestrais, com design contemporâneo.
Exposição patente de 14 de Janeiro a 04 de Fevereiro
É frequente algumas pessoas de diferentes regiões do país, ligadas ao meio folclórico, questionarem-se acerca da exuberante exibição do ouro em terras minhotas, lembrando as dificuldades com que o povo outrora vivia.
A atracção das nossas gentes por esse metal tão bonito quanto precioso remete-se aos confins da nossa História, ao tempo em que as nossas mulheres se adornavam com torques e braceletes que inspiram a moderna ourivesaria minhota. Os próprios romanos chegaram a explorar as abundantes jazidas existentes na nossa região. Contudo, a importância do ouro na tradição minhota possui uma exlicação bem mais recente!
No meio rural, aliás à semelhança do meio urbano, existiam várias classes sociais de camponeses (na cidade, de burgueses!) ou seja, havia desde os mais abastados até àqueles quem praticamente nem propriedade para cultivar possuíam, sendo por isso forçados a trabalhar ao jornal por conta de outrem.
Na região de Entre-o-Douro e Minho, muitos camponeses foram obrigados a emigrar para o Brasil para escapar à miséria que então assolava os campos. Não raras as vezes escapavam clandestinamente escondidos nos porões dos navios que partiam de Viana do Castelo ou outros portos.
Porém, muitos deles regressaram ricos, construíram os seus solares e casas apalaçadas, as chamadas as casas dos brasileiros, sobretudo ao longo do litoral minhoto. Eram os “brasileiros de torna-viagem”.
Do seu bolso ajudaram a construir escolas, beneficiaram igrejas e de um modo geral contribuíram para o progresso das suas terras de origem. Mas também não esqueceram as suas afilhadas, oferecendo-lhes geralmente um rico dote em oiro para que também elas viessem a conseguir um bom casamento... é isso que em grande medida explica uma exibição mais exuberante do ouro nesta região em contraste com outras regiões do país!
Em relação à exuberância, tal constitui um traço do carácter minhoto que define bem a sua personalidade. Longe da monotonia de outras terras, o minhoto vive desde que nasceu rodeado de uma paisagem alegre e deslumbrante onde a grandeza das montanhas contrasta com a doçura verdejante das suas veigas. Por isso, ele é jovial e alegre. E, todos os momentos da vida, incluindo os mais difíceis, enfrenta-os com um sorriso nos lábios. O trabalho, a religião e a própria gastronomia são vividos em festa! A sua enorme paixão pelo fogo-de-artifício e a forma como decora os arcos de romaria são disso um exemplo… como poderia ser de outro modo o seu gosto pela ourivesaria?
Foi também esta procura pelos objectos de adorno em ouro que permitiu o desenvolvimento da ourivesaria sobretudo em Gondomar e Póvoa de Lanhoso, fazendo desta arte um dos ex-líbris de Portugal mundialmente reconhecido.
Decorreu o Sorteio de um coração de filigrana no âmbito da iniciativa dos Fins-de-semana Gastronómicos
Ana Correia, de Braga, foi a vencedora do sorteio do coração de filigrana que decorreu no Castelo de Lanhoso, no âmbito dos “fins-de-semana gastronómicos”.
A edição deste ano apresentou uma novidade com a qual a Câmara Municipal pretendeu reforçar a iniciativa, adicionando-lhe dois ingredientes culturais: o Castelo de Lanhoso e a Filigrana.
A proposta consistiu em oferecer aos clientes dos restaurantes entradas gratuitas para a Torre de Menagem e um cupão que os habilitava ao sorteio de um coração de filigrana certificada de Portugal, produzido pelos filigraneiros locais, que decorreu hoje.
A associação destes parâmetros pretendeu “ajudar a reforçar a identidade da Póvoa de Lanhoso, como terra da Maria da Fonte, do Castelo de Lanhoso e da Filigrana”, tal como realçou o Presidente da Câmara Municipal, Frederico Castro, na conferência de imprensa em que esta iniciativa gastronómica foi apresentada, no passado mês de Fevereiro.
Recordamos que ao longo do ano, foram sete os fins-de-semana em que os restaurantes aderentes apresentaram os mais tradicionais pratos típicos da gastronomia minhota, designadamente: o “Cozido à Portuguesa” (19 e 21 de fevereiro), o “Cabrito à S. José & Rochas do Pilar”( 17 a 19 de março), a Vitela assada (15 e 16 de abril), o “Senhor Bacalhau”(13 e 14 de maio), o “Bife à romaria”(1 a 3 de setembro), o “Pica no Chão”(21 e 22 de outubro), tendo a edição de 2023 ficado completa com as “Papas de sarrabulho e rojões” (25 e 26 de Novembro). De salientar, ainda, o envolvimento do setor turístico com a participação de 12 empreendimentos turísticos que se associaram, oferecendo nos referidos fins-de-semana, descontos de 10% aos clientes.
“Com os olhos postos na promoção do que é nosso, a Câmara Municipal continua apostada em fomentar a organização de iniciativas como esta, que visam a promoção de todas as ofertas culturais, turísticas e gastronómicas da Póvoa de Lanhoso, contribuindo para consolidar as terras da Maria da Fonte como destino de excelência”, reiterou Ricardo Alves, Vereador do Turismo, agradecendo a todos quantos participaram neste sorteio.
Coração de Viana é peça central em mural na inauguração do Little Portugal em Londres
Um tradicional coração de Viana rodeado de objetos e flores de todos os países lusófonos vai estar no centro de um mural a inaugurar na quarta-feira em Londres para celebrar o bairro conhecido por ‘Little Portugal”.
O mural, de quatro metros de altura por três metros de largura, vai ser pintado numa parede junto à biblioteca Tate South Lambeth, em Stockwell, no sul da capital britânica, zona onde se encontram muitos comércios e emigrantes portugueses.
O vereador local da autarquia londrina de Lambeth, Diogo Costa, afirmou à Agência Lusa que a iniciativa pretende dar mais visibilidade à comunidade portuguesa, concentrada há várias décadas naquele bairro.
"O português é a segunda língua mais falada em Lambeth e muitas pessoas não o sabem. A comunidade portuguesa não é muito ativa e não se envolve muito, por isso torna-se invisível”, disse.
A ideia partiu internamente dos serviços municipais, que concorreram a financiamento da Câmara Municipal de Londres, e posteriormente abriram um concurso para executar o projeto.
A candidatura vencedora foi das artistas Alex Bowie e Eduarda Craveiro, em parceria com a organização Brixton Project.
“Já tinha feito outro mural em Brixton e fiquei muito interessada porque, apesar de ser escocesa, quando me mudei para Londres, trabalhei na Stockwell Primary School, que fica em Little Portugal”, explicou Bowie, artista interessada por temas sociais.
As duas já se conheciam e tinham trabalhado juntas, mas a origem portuguesa de Eduarda Craveiro, lusodescendente que cresceu em Watford, a norte de Londres, foi importante para este projeto.
“Achei que o Coração de Viana era um bom símbolo como ponto de partida, e usámos esta ideia de "o que há no teu coração” para fazer 'workshops' com a comunidade”, explicou.
Durante várias semanas, trabalharam com crianças do ensino primário, membros da organização Respeito e outros grupos para fazer desenhos, colagens ou falar sobre coisas que consideravam importantes.
Bowie relatou que perguntaram às pessoas: "Se passassem por um mural na parede, o que acham que as representaria? Que coisas são importantes para a vossa identidade lusófona?’”.
Após semanas de contactos pelo bairro, as duas artistas juntaram-se para desenhar o produto da consulta com a comunidade.
O resultado foi um Coração de Viana decorado com silhuetas de objetos simbólicos, como uma guitarra de fado, uma sardinha, um berimbau, uma máscara de carnaval, uma garrafa e copo de vinho, um chapéu da Madeira, uma tartaruga de Goa.
O fundo é azul para representar o mar e à volta estão flores de diferentes países lusófonos, como cravos e lotus.
As cores dominantes são os tons do traje tradicional da Madeira que viram num rancho folclórico, que são também as cores da maioria das bandeiras dos países de língua portuguesa: amarelo, azul, verde, laranja e vermelho.
“O Coração está no meio, remete para a ideia de saudade, de pensar do país, das coisas que são importantes, a sensação de ser de dois sítios diferentes, e dentro do coração são as pessoas todas juntas”, explicou Eduarda Craveiro.
No mural lê-se "Bem-vindo a Little Portugal", em português e em inglês, e haverá uma placa para explicar sobre os diferentes elementos.
Pessoalmente, para Eduarda Craveiro esta foi também uma viagem de autodescoberta.
"Gosto de Portugal e também gosto de Inglaterra, mas parece que 'Little Portugal' é um bom meio-termo, porque quando lá estamos parece mesmo que estamos em Portugal e não há problema em estar em ambos”, confiou.
A lusodescendente espera que o mural funcione como "uma espécie de ponto de referência para as pessoas saberem que existe o ‘Little Portugal'”.
Arte da Filigrana presente no evento “Portugal Imaterial – A Festa”
O Município da Póvoa de Lanhoso vai estar presente, nos dias 21 e 22 de outubro, no Museu Nacional do Traje, em Lisboa, a convite Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
A DGPC pretende assinalar os 20 anos da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, e está a preparar o programa “Portugal Imaterial – A Festa.”
Na sessão de encerramento deste ciclo de iniciativas, agendada para as 15h30, no mesmo local, será distinguida a Arte da Filigrana da Póvoa de Lanhoso com a passagem de um vídeo sobre a filigrana e contará com a presença dos dois artesãos e da Vice-Presidente da Câmara Municipal e Vereadora da Cultura, Fátima Moreira.
Na passada sexta-feira, a Póvoa de Lanhoso brindou à Filigrana e à integração desta arte no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Numa noite em que a arte da Filigrana foi rainha, outras formas de arte contribuíram para a celebração deste momento, tendo Beatriz Torres, que cantou “Com que voz” de Amália, acompanhada por Eduardo Semanas, na Guitarra Clássica, e João Pedro Monteiro, na Guitarra Portuguesa, dado o início ao espetáculo.
Seguiu-se a intervenção de Frederico Castro, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, que começou por agradecer a presença de representantes da Contrastaria da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, da A.Certifica, do Cindor e da Associação Portugal à Mão, importantes instituições que intervieram no processo da inscrição da Arte da Filigrana no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, bem como dos artesãos povoenses, reforçando também a sua importância em todo este percurso.
Continuou, enfatizando “a decisão do executivo, que desde 2022, quis organizar este grande evento, o “Sentir Póvoa”, que pretende sentir a Póvoa de Lanhoso. Todos os anos nós vamos querer abordar um tema que esteja diretamente relacionado com o nosso ADN, com aquilo que nós somos enquanto povo, com aquilo que fizemos ao longo da história e com aquilo que ainda queremos fazer nos anos que temos pela frente.”
Continuou, dizendo que “o tema deste ano é a Filigrana, mas para falar de filigrana é preciso recuar um pouco no tempo, e falar naquilo que foi conseguido em 2018, quando o Município da Póvoa de Lanhoso e o Município de Gondomar conseguiram dar um passo muito importante que teve a ver com a certificação da filigrana da Póvoa de Lanhoso e de Gondomar. Este foi o passo que deu legitimidade àquilo que fazemos em torno da filigrana na Póvoa de Lanhoso, mas deu-lhe, sobretudo, visibilidade, uma visibilidade acrescida que atribuiu um maior valor ao trabalho que fazem os nossos artesãos, e que nos deu a todos uma responsabilidade acrescida, pois temos vindo, todos, a trabalhar para a valorizar e elevar ainda mais. E foi dessa forma que chegámos também ao processo de inscrição da Filigrana da Póvoa de Lanhoso no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e acho que é muito importante que todos tenhamos a noção da relevância que tem a filigrana da Póvoa de Lanhoso ser assim reconhecida”.
O edil povoense terminou o seu discurso realçando ainda o conteúdo da portaria que atribui tão alto epíteto à filigrana povoense, partilhando com os presentes o texto que remete para a sua importância histórica, cultural e económica e os processos sociais e culturais relacionados com as dinâmicas de transmissibilidade ao longo de gerações de artesãos filigraneiros: “Isto significa duas coisas: uma delas é que somos todos dignos herdeiros do trabalho que foi desenvolvido durante muitos e muitos anos na nossa terra e, como herdeiros deste património histórico, estamos a deixar uma marca que vai perpetuar para as gerações vindouras, a filigrana na Póvoa de Lanhoso, em Portugal e no Mundo”.
O espetáculo continuou com a entrada em palco do Rancho Folclórico da Póvoa de Lanhoso. Com o peito das cantadeiras cobertos das mais brilhantes peças de Filigrana, foram apresentadas duas danças que encheram o palco e aqueceram o coração de todos/as que acorreram em grande número ao Parque do Pontido, emoldurando aquele anfiteatro.
Cumprindo o guião, Diogo Marinho apresentou “Filum”, uma performance pensada e baseada na filigrana e, num momento posterior do espetáculo, este jovem ator e autor povoense presenteou de novo a assistência com a declamação do poema “Filigrana”, de Rogério Beça.
Alinhado com outros eventos, também este Sentir Póvoa deu espaço à “moda de ouro”, com um desfile em que as modelos apresentaram várias peças de filigrana, em ouro e em prata, apresentado nesta montra o que de mais bonito e grandioso se faz nas nossas oficinas.
Danny Leite, outro filho da terra, brindou todos e todas com a grandiosidade da sua voz, apresentando duas árias de ópera, uma do "Il Barbiere di Siviglia" (1816), e a outra, "Tannhäuser" (1845), de Richard Wagner.
Após a interpretação do tema “Ó Gente da Minha Terra”, pela fadista povoense, todos e todas os/as que participaram na realização deste Sentir Póvoa subiram ao palco para receber os merecidos aplausos de uma assistência que se deixou arrebatar durante duas horas por um espetáculo diferente e extasiante. A noite não terminou sem a animada atuação dos DJ Kardo e Eazy.