O Caminho de Santiago é o tema de uma exposição patente no Posto de Turismo de Fátima, no concelho de Ourém, que mostra um vasto conjunto de objetos e fotografias relacionados com a peregrinação jacobeia, organizada pela Associação Espaço Jacobeus.
“Não passes pelo Caminho... Deixa antes que o Caminho passe por ti” é o título da mostra, concebida para levar os visitantes a seguirem “as famosas setas amarelas, como se fossem peregrinos, conhecendo um percurso que nunca acaba”, explicou a delegada da AEJ em Fátima, Carina Frazão.
“Assim que terminamos um caminho, já estamos a preparar outro”, adiantou a peregrina durante a inauguração da exposição, no sábado, dia 21, dando como exemplo objetos expostos tradicionalmente usados pelos peregrinos: o cajado, a cabaça, a mochila e a credencial.
A exposição, que resulta de uma parceria entre a AEJ, o Turismo Centro de Portugal e o Município de Ourém, é constituída por peças que integram o espólio da associação ou que foram cedidas por peregrinos para esta iniciativa.
Os visitantes podem observar fotografias dos diferentes caminhos de Santiago e do património que atravessam, objetos relacionados com a peregrinação jacobeia, imagens, símbolos e estatuetas de Santiago. Há ainda um conjunto de histórias ilustradas de peregrinos, recordações, peças de artesanato e o pote da típica queimada galega.
Para o presidente da AEJ, António Devesa, “esta exposição é um desafio a quem visita o posto de turismo para iniciar a preparação do Caminho de Santiago”. “Quem começar a ler os testemunhos, a ver as fotografias, a observar o património exposto, perceberá melhor o que é o Caminho e se vai ao encontro dos seus desejos”, salientou.
“Este evento foi um sonho agora concretizado. Isto prova que, trabalhando juntos, conseguiremos alcançar muito. Agora, quem vem a Fátima tem a oportunidade de ver a exposição, num centro estratégico de peregrinações, logo no lugar ideal”, acrescentou o presidente da AEJ.
O diretor do Núcleo de Informação Turística (NIT) do Turismo Centro de Portugal, Carlos Figueiredo, considerou “a mostra fantástica, que precisa de ser divulgada e servir como um motivo de aproximação das pessoas e de partilha de conhecimento”.
Por seu turno, a vice-presidente do Município de Ourém, Isabel Costa, destacou a importância da exposição para a divulgação do Caminho de Santiago, na medida em que “muitas vezes, a ideia de que as pessoas já sabem o que é não corresponde à realidade”.
A vereadora confessou, por outro lado, que “não tinha noção do impacto que o Caminho de Santiago tem no Concelho de Ourém”, garantindo que agora, com a tomada de consciência deste facto, o município “vai envolver-se mais”.
A exposição “Não passes pelo Caminho... Deixa antes que o Caminho passe por ti” está patente até dia 3 de novembro, de segunda a sexta, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00; aos sábados, domingos e feriados, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
A Associação Espaço Jacobeus – Confraria de São Tiago foi fundada em 2004 e tem 800 associados. É uma organização católica com sede em Braga, que “preserva, na sua essência, o espírito ecuménico de aceitação de todas as pessoas, de todas as raças e credos, congregando nas suas atividades pessoas de diferentes fés e fundamentações humanísticas”.
Em 2006, foi oficialmente reconhecida pela Arquidiocese de Braga e agregada à Arquiconfraria Universal do Apóstolo Santiago, com sede em Santiago de Compostela.
Com uma grande logística, assegurada pelos serviços do município, 2.700 povoenses, em 45 autocarros, rumam ao Santuário de Fátima no próximo sábado, dia 14 de Setembro.
A Câmara Municipal, contando com a colaboração da maioria das Juntas/Uniões de Freguesia, e consciente da importância que esta visita tem para a grande maioria das pessoas, em especial para os seniores, organizou mais uma vez este evento que, desde 2023, passou a ter um formato diferente, expresso nas palavras do Presidente da autarquia Frederico Castro "É um dia organizado a pensar na possibilidade de todos os povoenses poderem marcar presença, por isso decidimos em 2023 agendar esta visita a Fátima num sábado e em 2024 mantivemos essa decisão, para que trabalhadores e estudantes que tenham iniciado recentemente o novo ano letivo tenham a mesma oportunidade de participar que têm os nossos seniores."
Como já é habitual, a saída das freguesias está marcada para muito cedo, no entanto, é com entusiasmo que todos/as se apresentam à hora marcada para a partida. A expectativa de visitar o Santuário é grande e ninguém falta à chamada, de farnel no braço. Avizinha-se um dia diferente, daqueles que há poucos no ano…
A celebração da Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade, pelos padres de paróquias povoenses, Luís Fernandes e Rafael Poças, envolvendo a expressão de fé e recolhimento espiritual a que este local tão bem apela, está marcada para as 12h30.
No final da Missa, o almoço/convívio irá decorrer num dos parques, que terá mesas e bancos disponíveis para todos/as. Após a oferta de bolo e café, seguem-se momentos de animação que pretendem aportar a este dia oportunidades de convívio e de reencontro entre os/as participantes, tudo organizado com o contributo precioso dos serviços do município.
O tradicional convívio sénior promovido anualmente pelo Município de Famalicão reuniu, este ano, cerca de nove mil seniores famalicenses em Fátima, entre os dias 4 e 6 de setembro.
Foi o caso de Maria Arminda, da freguesia de Delães, a quem este passeio permite sair de casa, espairecer e passear. “Com esta idade, temos de aproveitar o convívio”, disse.
Raul Silva e Lucinda Carvalho, de Lousado, veem no encontro um motivo para viajarem e conviverem. “Vimos há muitos anos [a Fátima] e, se tudo correr bem, estaremos cá para o ano”, notou Raul.
O presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, esteve em Fátima nos três dias do convívio. Para o autarca, a iniciativa cumpre “um conjunto de objetivos”: motivar os seniores a saírem de casa e do concelho, preencher uma dimensão espiritual e criar momentos de confraternização e divertimento.
O edil traçou assim um “balanço positivo” do encontro. “É bom ver o grau de satisfação das pessoas. Sou um Presidente de Câmara satisfeito”, referiu, no último dia do convívio.
Refira-se ainda que o passeio anual promovido pela Câmara Municipal foi acompanhado, nos três dias, pelos Bombeiros Famalicenses, Bombeiros de Famalicão, pelos Bombeiros de Riba de Ave e pelo Núcleo da Cruz Vermelha de Ribeirão.
Passeio sénior realiza-se entre os dias 4 e 6 de setembro
Na próxima semana, cerca de 9 mil seniores famalicenses, provenientes das 49 freguesias do concelho, vão rumar até Fátima para o tradicional passeio sénior promovido pela Câmara Municipal. O convívio vai distribuir-se por três dias, entre 4 e 6 de setembro.
Na próxima quarta-feira, dia 4, rumam a Fátima os seniores da União das Freguesias de Antas e Abade de Vermoim, da União das Freguesias de Arnoso (Santa Maria e Santa Eulália) e Sezures, da União das Freguesias de Gondifelos, Cavalões e Outiz, da União das Freguesias de Lemenhe, Mouquim e Jesufrei, da União das Freguesias de Famalicão e Calendário, de Brufe, Gavião, Louro e de Nine.
Quinta-feira, dia 5, é a vez da União das Freguesias de Avidos e Lagoa, da União das Freguesias de Carreira e Bente, da União das Freguesias de Esmeriz e Cabeçudos, da União das Freguesias de Ruivães e Novais, da União das Freguesias de Seide, de Bairro, de Delães, de Fradelos, Landim, Lousado, Ribeirão e de Vilarinho das Cambas.
Por último, no dia 6, sexta-feira, é a vez de Castelões, Cruz, Joane, Mogege, Oliveira Santa Maria, Oliveira São Mateus, Pedome, Pousada de Saramagos, Requião, Riba de Ave, Vale São Martinho e Vermoim, e da União das Freguesias de Telhado, Vale São Cosme e Portela.
Em comparação com o encontro do ano passado, o convívio deste ano conta com mais 600 seniores. Os participantes neste convívio são cidadãos com 65 anos ou mais ou reformados a partir dos 60 anos.
Note-se que o Passeio Sénior a Fátima é um encontro tradicional que permite reunir a comunidade sénior do concelho. O passeio é também um dos maiores convívios seniores realizados no país. O encontro não tem qualquer custo para os seniores e é organizado pela divisão de Ação Social da Câmara Municipal, em articulação com todas as Juntas de Freguesia do concelho.
Para além do bacalhau em cardápio especial e ao gosto de António Feijó e Eça de Queirós que o degustavam principalmente em férias de diplomatas que serviam respectivamente no Brasil e França, haverá produtos regionais nomeadamente os famosos enchidos, os doces e selecionados vinhos verdes da casta Loureiro. O melhor da cozinha limiana mostra se na capital pela mão de consagrados nomes da cozinha regional. Inscrições limitadas.
Cerca de 300 idosos que integram o Programa Celorico a Mexer, do Município de Celorico de Basto, estiveram ontem, 2 de julho, no Santuário de Fátima, o maior local de culto de Portugal, e a primeira escolha dos idosos para o passeio anual do Celorico a Mexer.
Todos os anos, o Município de Celorico de Basto proporciona um passeio aos idosos que integram o programa Celorico a Mexer, permitindo-lhes “sair de casa, desfrutar do convívio que este género de atividades proporciona e viver intensamente a fé. Este santuário mariano é sempre a primeira escolha dos nossos idosos” disse José Peixoto Lima, presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, que esteve presente em Fátima com os idosos. O autarca destaca a importância de dar conforto e segurança aos idosos. “O Celorico a Mexer é um programa que desenvolve um trabalho extraordinário na qualidade de vida dos nossos idosos, desenvolvendo atividades adequadas de acordo com as necessidades específicas de casa um, promovendo a estimulação cognitiva, a motricidade, o convívio, proporcionando atividades de envelhecimento ativo de forma a criar a independência e longevidade das pessoas que frequentam este programa. Por outro lado, o programa Celorico a Mexer cria laços, acolhe com carinho, e proporciona experiências gratificantes e enriquecedora para todos os intervenientes. Uma ação que fortalece a nossa comunidade e promove a inclusão social”.
Este passeio a Fátima é sempre um momento comovente porque “os nossos idosos têm uma fé imensurável a Nossa Senhora de Fátima e muitas vezes, não têm outra forma de visitar este santuário. Traze-los a Fátima é ver um brilho especial no olhar e isso é e será sempre o que nos move para fazer mais e melhor por eles. O programa Celorico a Mexer visa essencialmente isso, ter atividades do agrado das pessoas que o frequentam, levando alegria e bem-estar, às pessoas que estão sozinhas, isoladas, estimulando as suas capacidades com vista à prática de um envelhecimento bem-sucedido” disse Helena Martinho, Coordenadora dos Serviços de Desenvolvimento Social e Saúde do Município.
Durante a visita, os idosos assistiram às cerimónias religiosas na Capelinha das Aparições e na Basílica da Santíssima Trindade.
O Celorico a Mexer encerra para férias no dia 25 de julho, depois da apresentação das marchas populares com os idosos como protagonistas, em pleno Feriado Municipal e arranque das Festas do Concelho.
O Município de Braga marcou presença no XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT), que decorreu em Fátima, nos dias 22 e 23 de Fevereiro, em simultâneo com o XX Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável (CITRyS).
Este evento, que conquistou um estatuto ímpar no panorama nacional e até mundial, decorre em Fátima há 10 anos e é organizado pela ACISO – Associação Empresarial de Ourém-Fátima. A iniciativa é considerada um capítulo importante da história do turismo religioso, um segmento que se afirma como uma âncora importante para a economia do país - alavancado não apenas em Fátima, mas também pela relevância que Braga detém em termos culturais e religiosos.
Este certame reuniu diversos agentes do sector turístico oriundos dos mais distintos países, como Filipinas, EUA, Japão e Coreia do Sul, e especialistas em turismo religioso, que assim tiveram oportunidade de partilhar experiências e conhecer todas as potencialidades do Município de Braga no que diz respeito a este segmento estratégico para o Concelho,
Neste contexto, as Solenidades da Semana Santa foram um dos maiores destaques nesta participação, quer pela proximidade das datas, quer pela relevância que assume em todo o mundo cristão, a par do património cultural, arquitectónico religioso e dos Caminhos de Santiago.
Após a conclusão dos trabalhos em Fátima, numa iniciativa conjunta entre a Associação de Turismo do Porto e Norte com o Município de Braga, foi realizada uma acção junto dos operadores turísticos que estiveram presentes no workshop, que tiveram oportunidade de visitar a Sé Catedral e as ruas do centro histórico, bem como uma acção de networking de interacção com os agentes locais.
Segundo dados disponibilizados pela organização, nas dez edições anteriores participaram mais de 5500 profissionais de mais de 60 países e realizaram-se mais de 40 mil reuniões.
Os restos mortais de D. Afonso de Portugal, 1º Marquês de Valença e 4º Conde de Ourém, repousam na cripta da Colegiada de Ourém, em pleno burgo medieval, por si mandada construir em 1445.
Túmulo do Marquês de Valença, na Igreja da Colegiada, para onde foram trasladados em 1487.
No seu túmulo, magnífica obra de arte gótica da autoria do escultor Diogo Pires-o-Velho, pode ler-se o seguinte epitáfio: “Aqui jaz o Ilustre Príncipe D. Afonso, Marquês de Valença, conde de Ourém, primogênito de D. Afonso, Duque de Bragança, e conde de Barcelos, e neto del Rei D. João de gloriosa memória, e do virtuoso, e de grandes virtudes D. Nuno Alvares Pereira, Condestável de Portugal. Faleceu em vida de seu pai, antes de lhe dar a dita herança, de que era herdeiro, o qual foi fundador desta Igreja, em que jaz, cuja fama e feitos este dia florescem. Finou-se a 29 de agosto do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1460 anos.”
Os restos mortais do IV Conde de Ourém repousam na cripta da Igreja da Colegiada, em Ourém.
Conforme refere o Portal da História em (http://www.arqnet.pt/), o 1º Marquês de Valença “Era filho primogénito do 1.º duque de Bragança, D. Afonso filho de D. João I, e de sua mulher D. Brites Pereira, condessa de Ourém, filha do condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Nasceu em Lisboa, faleceu em Tomar a 29 de Agosto de 1460.
Depois de cultivar os estudos próprios da sua hierarquia, tornou se distinto pelas suas virtudes morais e políticas, pelas quais mereceu ser estimado dos príncipes do seu tempo. Seu tio, o rei D. Duarte, resolvido a mandar um embaixador ao concílio de Basileia, que se tinha congregado para pacificar as largas discórdias entre a Igreja Grega e a Latina, que depois foi transferido por Eugénio IV para Ferrara, o nomeou a ele, confiando na sua profunda capacidade, que felizmente desempenharia as obrigações do seu cargo. Com outros companheiros e mais comitiva, saiu de Lisboa a 21 de Janeiro de 1435, e chegando a Bolonha a 24 de Julho do mesmo ano, foi recebido pelo papa com as manifestações de paternal benevolência. Concluído o concilio, foi à Palestina visitar os lugares santos, regressando depois a Lisboa Mais tarde, também teve a incumbência de acompanhar D. Leonor, quando esta infanta, sua prima, foi desposar Frederico III, imperador da Alemanha. Saiu de Lisboa a 20 de Outubro de 1451, como general da armada que a conduziu a Leorne. Desta cidade caminhou até Sena, despertando todas as atenções pela numerosa e magnífica comitiva que os acompanhava Chegando a Roma, procedeu à coroação dos dois esposos o papa Nicolau V. Terminada a cerimónia, o imperador o armou cavaleiro.
Em 1415 fundou a importante colegiada de Ourém, consignando lho copiosas rendas para sustentação das dignidades e cónegos, de que ela se compunha. Edificou também N. Sr.ª das Misericórdias, de Ourém, sumptuoso templo e sede da referida colegiada. D. Afonso V, por decreto de 11 de Outubro de 1451, lhe fez doação da vila de Valença, com todos os seus termos e limites, concedendo-lhe também o título de marquês de Valença, sendo este o primeiro marquesado que houve em Portugal. O seu corpo foi trasladado para Ourém, em 1487, sendo sepultado na capela debaixo do coro da Igreja da colegiada, num soberbo mausoléu, em que se gravou um longo epitáfio.
Dizem alguns antigos escritores, que D. Afonso foi casado ocultamente com D. Brites de Sousa, filha de Martim Afonso de Sousa, senhor de Mortágua, de cujo matrimónio houve um filho, D. Afonso de Portugal, que pretendeu suceder na casa de seu avô, o que se não pôde provar, mas o que não padece dúvida é a existência desse filho, a quem, segundo a tradição, D. João II obrigou a ser clérigo, ainda em curta idade, e foi bispo de Évora do a 24 de Abril de 1552. O marquês de Valença compôs: Itinerario ao Concilio de Basileia no anno de 1435, que saiu impresso no tomo V das Provas da Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, por D. António Caetano de Sousa, pág. 573.”
Tendo sido o primeiro título de marquês concedido em Portugal, este foi criado pelo rei D. Afonso V, através de carta régia de 11 de Outubro de 1451, em favor de D. Afonso de Portugal, constituindo um título nobiliárquico de juro e herdade.
Ao que tudo indica e segundo teoria avançada por José de Figueiredo, seguindo a observação de Virgílio Correia em 1924, da semelhança existente com a respectiva estátua jazente que se encontra na Colegiada de Ourém, a segunda figura de opa verde com colar é identificada com D. Afonso de Bragança, IV Conde de Ourém e Marquês de Valença, no painel dos cavaleiros.
Entretanto, a cripta e o túmulo do Marquês de Valença foram classificados na categoria de Arquitectura Religiosa, através do Decreto n.º 37366, publicado no Diário do Governo n.º 70, de 5 de Abril de 1949.
A este respeito, publicou o IGESPAR a seguinte nota Histórico-Artística:
“Edificada na Igreja Matriz de Ourém, a cripta de D. Afonso, conde de Ourém e Marquês de Valença, é o único exemplar desta tipologia, construída durante o período final do gótico, que subsiste actualmente.
Apresenta semelhanças estruturais e acústicas com a Sinagoga de Tomar (SIMÕES, 1992), desenvolvendo-se em planimetria quadrangular, formada por três naves de três tramos definidos pelas colunas que suportam a abóbada de arestas que cobre o espaço.
Ao centro foi erigida a arca tumular do Marquês de Valença, em pedra de Ançã, com jacente. Os frontais são totalmente decorados com motivos vegetalistas em relevo, integrando o escudo de armas do marquês; sob a tampa foi gravada uma inscrição biográfica de D. Afonso.
A tampa é rodeada por cinta lavrada com rosetas que alastram para a parte superior, onde se dispõe a estátua jacente de mãos postas, repousando a cabeça sobre almofadas, com pés assentes numa mísula. A figura do marquês enverga túnica comprida pregueada, tendo a cabeça coberta por barrete.
A arca tumular foi executada cerca de 1485-1487, tendo sido neste último ano que D. Afonso, que havia falecido em Tomar em 1460, foi trasladado para Ourém. A obra escultórica insere-se no gosto do Gótico final, sendo atribuída às oficinas coimbrãs, nomeadamente ao cinzel de Diogo Pires o Velho. A sua tipologia apresenta muitas semelhanças com o túmulo de Fernão Teles de Menezes, erigido na Igreja de São Marcos de Coimbra.
Catarina Oliveira
IPPAR/2006”
A D. Afonso de Portugal, Marquês de Valença e 4º Conde de Ourém, deve o burgo medieval grande parte da sua histórica grandeza e progresso que só veio a ser interrompido em consequência do terramoto de 1755 e, cerca de meio século depois, as invasões francesas que a pilharam e incendiaram às ordens do general Massena. Não obstante, ainda se conserva o castelo e o palácio que foram do Marquês de Valença e o túmulo onde repousam os seus restos mortais, a convidar a uma visita sobretudo dos valencianos, a escassa distância do Santuário de Fátima.
Mais de oito mil seniores famalicenses rumam esta semana a Fátima, para o tradicional Passeio Sénior concelhio promovido pela Câmara Municipal.
O encontro volta a dividir-se por três dias, realizando-se entre os dias 6 e 8 de setembro.
Esta quarta-feira, dia 6, rumam a Fátima os seniores de Bairro, Delães, Fradelos, Landim, Lousado, Ribeirão, UF Avidos e Lagoa, UF Carreira e Bente, UF Esmeriz e Cabeçudos, UF Ruivães e Novais, UF de Seide e Vilarinho das Cambas.
Quinta-feira, dia 7, é a vez de Castelões, Cruz, Joane, Mogege, Oliveira Santa Maria, Pedome, Pousada de Saramagos, Requião, Riba de Ave, UF Telhado, Vale São Cosme e Portela, Vale São Martim e Vermoim.
Por último, no dia 8, sexta-feira, é a vez de Brufe, Gavião, Louro, Nine, UF Antas e Abade Vermoim, UF Arnoso e Sezures, UF Gondifelos, Cavalões e Outiz, UF Lemenhe, Mouquim e Jesufrei, Oliveira São Mateus e UF Famalicão e Calendário.
Refira-se que o Passeio Sénior a Fátima é um dos maiores convívios seniores realizados no país. Participam neste encontro cidadãos com 65 ou mais anos e os reformados a partir dos 60 anos. Esta é uma iniciativa com uma longa tradição em Vila Nova de Famalicão que se traduz numa grande jornada de convívio entre a comunidade sénior do concelho. O passeio não tem qualquer custo para os seniores e é organizado pela divisão de Ação Social da Câmara Municipal, em estreita articulação com todas as Juntas de Freguesia do concelho.
Em breve sairá da gráfica um novo livro da autoria do escritor Alfredo de Sousa Tomaz deu o título de “A Encantadora de Patos – No tempo em que os patinhos falavam”.
Trata-se de uma obra de ficção cujo tema gira em torno de um grupo de patos do Rio Lima e de uma humana que tem a extraordinária faculdade de “falar” com eles.
Estabelece-se entre a humana (Maria do Encanto) e os patos do rio – principalmente a matriarca “Chiquinha” – uma sobrenatural empatia de que resultam interessantes diálogos à volta das questões ambientais e não só.
O livro sairá ilustrado com várias imagens a cores e o seu custo (sem portes de correio) será de 10,00 €.
Como optoui por edição de autor, o livro não vai estar à venda em livrarias pelo que, caso os leitores estejam interessados. Podem enviar mensagem em seu nome com o nome e contacto para o escritor elaborar uma lista de interessados, através do email: astom@sapo.pt ou https://www.facebook.com/alfredo.tomas.547/about
Alfredo Tomaz nasceu na Cova da Iria, Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, a 29 de Julho de 1942. Sexto filho de uma família numero a e modesta, seu pai, para dar melhores condições de vida aos seus, partiu para Angola no início da década de 50 com os seus irmãos mais velhos, tendo-se-lhes juntado pouco depois o resto da família. Em Outubro de 1961 regressou a Portugal para cumprir o serviço militar na Força Aérea, onde permaneceu até Janeiro de 1965. Pouco depois de regressar a Luanda conheceu Maria de Fátima, com quem veio a casar em Dezembro de 1967. Dessa união nasceram dois filhos.
Em Luanda a sua atividade profissional esteve quase sempre ligada às viagens e turismo, tendo trabalhado na Companhia Nacional de Navegação e numa agência de viagens.
Em 1976, depois de um quarto de século de aventuras, venturas e desventuras, o autor regressou definitivamente a Portugal com a família, tendo-se fixado em Matosinhos, onde exerceu a sua atividade comercial até 2007. Atingida a idade da reforma, foi viver com a esposa para Ponte da Barca, Alto Minho, onde permanecem até hoje, assumindo orgulhosamente a condição de “minhotos adotivos”.
O QUE ACONTECEU NO BARRAL A 10 E 11 DE MAIO DE 1917
O protagonista do caso foi um pobre pastorinho, de nome SEVERINO ALVES, de dez anos de idade, filho de uma pobre e virtuosa viúva, e irmão de mais outros seis, todos eles muito tementes a Deus.
No dia 10 de maio de 1917, deviam ser oito horas da manhã, ia esse rapazinho a caminho do monte rezando o terço, como costumava fazer, quando numa ramada próxima da Ermida de Santa Marinha, sentiu um relâmpago que o impressionou.
Dá mais alguns passos, atravessa um portelo e defronta uma Senhora, sentada, com as mãos postas, tendo o dedo maior da mão direita destacado, em determinada direção. O seu rosto era lindo como nenhum outro, toda Ela cheia de luz e esplendor, de maneira a confundir vista, cobrindo-lhe a cabeça um manto azul e o resto do corpo um vestido branco.
Logo que o pequeno vidente a viu, caiu para o lado surpreendido com tal acontecimento.
Readquirindo ânimo, levantou-se, e exclamou: “Jesus Cristo!”. Nesse mesmo instante desapareceu a Visão.
O pároco da localidade, que não parecia ser um espírito que facilmente se dominava por factos, que não parecessem credíveis, ouviu com atenção o rapazinho, não só atendendo á fama de bem comportado, que gozava na localidade, mas atendendo à sinceridade e à precisão com que relatou tudo o que viu. O pároco aconselhou-o, finalmente, a que voltasse ao lugar da Aparição e pedisse a essa Visão que o informasse quem era.
No dia seguinte ao da primeira Aparição, dia 11 de maio de 1917, uma sexta-feira, deviam ser também oito horas da manhã, pois ia soltar as ovelhas e os carneiros a fim de os levar para o monte, sem que sentisse relâmpago algum, quando atravessava o portelo, deparou-se com a mesma Senhora, que estava sentada no mesmo sítio do dia anterior.
Nesse dia, 11 de maio de 1917, o rosto da Aparição desprendia-se em sorrisos. Quando a viu, o pastorinho caiu de joelhos e disse um pouco surpreendido (para não dizer assustado) o que o pároco lhe havia aconselhado: “Quem não falou ontem, que fale hoje”.
Então a Aparição com uma voz que era um misto de rir e cantar, diferente do falar de todos os mortais que tem visto, tranquilizou-o, dizendo-lhe: “Não te assustes, sou Eu, menino”. E acrescentou: “Diz aos pastores do monte que rezem sempre o terço, que os homens e mulheres cantem a ESTRELA DO CÉU, e se apeguem comigo, que hei-de acudir ao mundo e aplacar a guerra”.
Depois de dizer o que fica escrito, sem que a criança tivesse mais tempo que responder a tudo: “Sim, Senhora”, a Visão, olhando para uma ramada, acrescentou: “Que gomos tão lindos, que cachos tão bonitos!”
Mal o rapazinho tinha olhado para a ramada, voltando a cabeça, já a Visão tinha desaparecido. O privilegiado Vidente foi imediatamente avisar do acontecido as mães dos filhos da localidade que estavam no exército. A comoção do pequeno teria sido tamanha que depois destes factos, nunca mais quis voltar sozinho ao sítio da Aparição.
Às perguntas feitas, o rapazinho respondia sempre da mesma maneira: “Se quiserem acreditar, que acreditem, se não quiserem que não acreditem”, e acrescentava: “Eu fiz a minha obrigação, avisando como me mandaram”.
Na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Misericórdias é possível visitar a Cripta de D. Afonso, IV conde de Ourém e Marquês de Valença, construída no século XV. No centro, encontra-se o túmulo de D. Afonso, falecido em 1460, erigido em pedra de Ançã, com jacente. A figura ostenta uma túnica comprida pregueada. O seu rosto é considerado um dos melhores esculpidos, em todo o território nacional, antes do período renascentista. É um exemplar único dentro da arquitetura gótica, contendo uma forte influência militar.
Conta a lenda que “No dia 4 de Agosto de 1578, ficou prisioneiro dos mouros, Gaspar Moreira, Moço de Câmara de El-Rei Dom Sebastião, Filho de Pedro Alves Bandeira, 4º Neto do Grande Gonçalo Pires Bandeira, era natural de Arcos de Valdevez, Nossa Senhora da Natividade, que se venera nesta Igreja, livrou-o da prisão e cativeiro”. Esta descrição consta num painel de azulejos existente na escadaria que dá acesso à Igreja Paroquial de Rio de Couros, no Concelho de Ourém, reproduzindo uma antiga gravura que outrora existiu na sacristia da antiga igreja que entretanto foi demolida, dela atualmente não restando mais do que a torre sineira.
A LENDA DE RIO DE COUROS
A secção “Lendas de Portugal” que o Jornal “O Século” publicou em 25 de dezembro de 1970 narra-nos o seguinte:
“Porque, antigamente, abundavam, abundavam ali os curtumes, a terra passou a denominar-se Rio de Couros. Ao que se afirma, lá deve ter existido uma cidade ou grande povoação cujo nome se ignora, sendo também, de anotar que houve, nessa terra, uma capela consagrada a Nossa Senhora de Rio de Couros, ou Radecouros, como noutros tempos se dizia, e que, por fim, mudou para o título de Nossa Senhora da Piedade. Em escavações várias, feitas nas próximidades da igreja, foram encontrados não somente ossos de homens de grande estatura, crânios ainda com dentes, cipós, ou seja colunas próprias para a afixação de instruções de interesse público ou decisões do Senado romano, alicerces, pedaços de telha, tudo denotando grande antiguidade.
A fama do santuário da bonita e pitoresca localidade chegava longe, muita gente admirando o fervor religioso da população, de velhos e novos.
Em Rio de Couros passou a viver um dia, um homem, natural de Arcos de Valdevez, chamado Gaspar Moreira, que foi moço de câmara do rei D. Sebastião. Estava na corte de Lisboa quando o “Desejado” se encaminhou para África e travou com os mouros a célebre batalha de Alcácer Quibir, infausto combate ocorrido em 4 de Agosto de 1578, e no qual, entre outros portugueses e bons cristãos, intervieram, não só aquele monarca, como Gaspar Moreira, que ali ficou prisioneiro. A sua presença irritava constantemente os agarenos, que alimentavam o desejo de lhe dar morte violenta. Poucos cativos, como é da história, foram resgatados, e outros ali morreram em consequência de ferimentos que tiveram no duro combate, e, depois, cheios de fome ou maltratados. Os carcereiros mouros revelavam com as atitudes tomadas contra eles o seu rancor à Pátria lusitana.
Gaspar Moreira era tratado de maneira diferente pois estava preso à parte e às ordens de um oficial da moirama. Beneficiava de certo conforto na masmorra e de boa alimentação.
Numa noite luarenta, quando meditava sobre a sua vida, viu o tal oficial andar passeando perto dos muros da prisão. Na mão direita levava uma espada, e, com a esquerda, segurava uma forte corrente de ferro, a que prendia um grande e domado leão.
O lusitano, continuando junto das grades, ouviu, estupefacto e atemorizado, ele falar com a fera, dizendo que não tardaria muito que não lhe proporcionasse um farto banquete, pois o cristão estava engordando e ía atirar com ele para a sua boca para que o devorasse. Queria vingar-se dos portugueses, que tendo expulso os mouros das Espanhas, ali em Marrocos, os tinham, depois, atacado, mas sido vencidos por graça de Alá. Ante tal facto, atemorizado pela ideia de que o leão o mataria, recordou-se das suas romagens ao Santuário de Nossa Senhora de Rio de Couros, lembrando-se também da Batalha de Alcácer Quibir, dos seus companheiros de armas e de D. Sebastião, que ali tinha perdido a vida. No dia seguinte, viu entrar na prisão o oficial mouro que levava um pensamento: verificar se, com efeito, ele estava em condições de satisfazer o seu inclemente intento. Então, o agareno perguntou-lhe se desejava ficar liberto, ao que logo respondeu, afirmativamente. Nova atitude do oficial o deixou perturbadíssimo, pelo que fez uma prece a Nossa Senhora da Natividade para que, milagrosamente, o livrasse do cativeiro e o conduzisse para Portugal.
De repente, uma luz raiou na prisão, aparecendo-lhe a Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços, fazendo-lhe sinal para que a seguisse. Então, as portas do cárcere abriram-se e ele acompanhou a sua libertadora, que, momentos após, desapareceu. De joelhos, tendo reconquistado a liberdade, agradeceu-a ao Céu e à Senhora da Natividade. Logrou, depois, regressar a Portugal, nessa altura já sob dominação castelhana, logo se dirigindo à ermida de Nossa Senhora de Rio de Couros para se lhe mostrar grato pelo seu milagre. Mais algum tempo passou e, quando sentiu a morte aproximar-se, rogou que o seu corpo – e assim se fez – fosse metido num caixão de pedra e sepultado junto da capela. Isso fortificou, justificadamente, a fé que já se tinha na miraculosa Senhora”.
A imagem mostra a igreja de Rio de Couros, em 1961, pouco tempo antes de ser demolida. Foto restaurada em Foto Vítor, de Caxarias, a partir de original cedido por Joaquim Gaspar, de Sandoeira, a quem agradeço a sua amabilidade.
A LENDA DE RIO DE COUROS
A secção “Lendas de Portugal” que o Jornal “O Século” publicou em 25 de dezembro de 1970 narra-nos o seguinte:
“Porque, antigamente, abundavam, abundavam ali os curtumes, a terra passou a denominar-se Rio de Couros. Ao que se afirma, lá deve ter existido uma cidade ou grande povoação cujo nome se ignora, sendo também, de anotar que houve, nessa terra, uma capela consagrada a Nossa Senhora de Rio de Couros, ou Radecouros, como noutros tempos se dizia, e que, por fim, mudou para o título de Nossa Senhora da Piedade. Em escavações várias, feitas nas próximidades da igreja, foram encontrados não somente ossos de homens de grande estatura, crânios ainda com dentes, cipós, ou seja colunas próprias para a afixação de instruções de interesse público ou decisões do Senado romano, alicerces, pedaços de telha, tudo denotando grande antiguidade.
A fama do santuário da bonita e pitoresca localidade chegava longe, muita gente admirando o fervor religioso da população, de velhos e novos.
Em Rio de Couros passou a viver um dia, um homem, natural de Arcos de Valdevez, chamado Gaspar Moreira, que foi moço de câmara do rei D. Sebastião. Estava na corte de Lisboa quando o “Desejado” se encaminhou para África e travou com os mouros a célebre batalha de Alcácer Quibir, infausto combate ocorrido em 4 de Agosto de 1578, e no qual, entre outros portugueses e bons cristãos, intervieram, não só aquele monarca, como Gaspar Moreira, que ali ficou prisioneiro. A sua presença irritava constantemente os agarenos, que alimentavam o desejo de lhe dar morte violenta. Poucos cativos, como é da história, foram resgatados, e outros ali morreram em consequência de ferimentos que tiveram no duro combate, e, depois, cheios de fome ou maltratados. Os carcereiros mouros revelavam com as atitudes tomadas contra eles o seu rancor à Pátria lusitana.
Gaspar Moreira era tratado de maneira diferente pois estava preso à parte e às ordens de um oficial da moirama. Beneficiava de certo conforto na masmorra e de boa alimentação.
Numa noite luarenta, quando meditava sobre a sua vida, viu o tal oficial andar passeando perto dos muros da prisão. Na mão direita levava uma espada, e, com a esquerda, segurava uma forte corrente de ferro, a que prendia um grande e domado leão.
O lusitano, continuando junto das grades, ouviu, estupefacto e atemorizado, ele falar com a fera, dizendo que não tardaria muito que não lhe proporcionasse um farto banquete, pois o cristão estava engordando e ía atirar com ele para a sua boca para que o devorasse. Queria vingar-se dos portugueses, que tendo expulso os mouros das Espanhas, ali em Marrocos, os tinham, depois, atacado, mas sido vencidos por graça de Alá. Ante tal facto, atemorizado pela ideia de que o leão o mataria, recordou-se das suas romagens ao Santuário de Nossa Senhora de Rio de Couros, lembrando-se também da Batalha de Alcácer Quibir, dos seus companheiros de armas e de D. Sebastião, que ali tinha perdido a vida. No dia seguinte, viu entrar na prisão o oficial mouro que levava um pensamento: verificar se, com efeito, ele estava em condições de satisfazer o seu inclemente intento. Então, o agareno perguntou-lhe se desejava ficar liberto, ao que logo respondeu, afirmativamente. Nova atitude do oficial o deixou perturbadíssimo, pelo que fez uma prece a Nossa Senhora da Natividade para que, milagrosamente, o livrasse do cativeiro e o conduzisse para Portugal.
De repente, uma luz raiou na prisão, aparecendo-lhe a Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços, fazendo-lhe sinal para que a seguisse. Então, as portas do cárcere abriram-se e ele acompanhou a sua libertadora, que, momentos após, desapareceu. De joelhos, tendo reconquistado a liberdade, agradeceu-a ao Céu e à Senhora da Natividade. Logrou, depois, regressar a Portugal, nessa altura já sob dominação castelhana, logo se dirigindo à ermida de Nossa Senhora de Rio de Couros para se lhe mostrar grato pelo seu milagre. Mais algum tempo passou e, quando sentiu a morte aproximar-se, rogou que o seu corpo – e assim se fez – fosse metido num caixão de pedra e sepultado junto da capela. Isso fortificou, justificadamente, a fé que já se tinha na miraculosa Senhora”.
ONDE SE SITUA RIO DE COUROS?
A Freguesia de Rio de Couros situa-se a norte do Concelho de Ourém, a poucos quilómetros de Fátima e da estação ferroviária de Caxarias.
Todos os anos, por ocasião do dia 15 de agosto, realizam-se naquela localidade os tradicionais festejos em honra de Nossa Senhora da Natividade, sendo uma das mais concorridas que ocorrem na região.
A atual igreja, de traça bastante moderna, foi construída em 1964 em substituição da antiga igreja matriz que foi demolida por se encontrar em adiantado estado de degradação, não se verificando à época sensibilidade suficiente para preservar o património edificado.
A anterior igreja era de uma só nave, com dois altares laterais, tendo na sua construção sido empregues fragmentos de cipos e outras pedras romanas, algumas das quais com inscrições. Do monumento desaparecido apenas resta a torre sineira, de construção setecentista. Na atual igreja de Rio de Couros guarda-se uma imagem em pedra, de Nossa Senhora da Natividade, com o menino ao colo, remontando muito provavelmente á época em que Gaspar Moreira ali viveu.
QUEM ERA GASPAR MOREIRA?
Gaspar Moreira, o herói da Lenda de Rio de Couros, era 4º neto de Gonçalo Pires Juzarte (Bandeira). Narra a História que, durante a Batalha de Toro, Gonçalo Pires Juzarte e outros portugueses, ao avistarem na escuridão da noite um grupo de cavaleiros castelhanos que, capitaneados por Pedro Velasco e Pedro Cabeza de Vaca, levavam o pendão de D. Afonso V como troféu de batalha, acometeram contra eles logrando recuperar a bandeira. Uma vez na sua posse, Gonçalo Pires levou o estandarte ao príncipe D. João que ainda se encontrava no campo de batalha com a sua ala.
A bandeira em questão tratava-se da que os castelhanos haviam arrancado ao nosso porta-estandarte, o alferes D. Duarte de Almeida que haveria de ficar conhecido pelo “decepado” em virtude de a ter segurado com os dentes após lhe terem decepado os braços.
Como é sabido, o Príncipe veio a suceder a seu pai, o rei D. Afonso V, passando a reinar com o nome de D. João II. Então, como recompensa pelo feito de bravura, atribuiu a Gonçalo Pires Juzarte a tença de cinco mil reais e, tal como nos descreve o cronista Damião de Góis na sua “Crónica do Príncipe D. João”, foi ainda “satisfeito de armas de brasão, misturadas com fidalguia, que lhe o mesmo rei D. João concedeu, com alcunha e sobrenome de Bandeira”. Com efeito, o rei D. João II ordenou que Gonçalo Pires Juzarte e os seus descendentes passassem a usar o apelido de Bandeira e concedeu-lhe armas novas, datadas de 1483, as quais são as seguintes:
“De vermelho, bandeira quadrada de ouro, hasteada do mesmo, perfilada de prata e carregada de um leão azul, armado e linguado de vermelho”. O timbre é constituído pelos móveis do escudo.
Gonçalo Pires Juzarte era natural de S. Martinho de Mouros que fica no concelho de Resende e tornou-se escudeiro honrado da casa do rei D. João II.
A LENDA DE RIO DE COUROS
A fama de Rio de Couros
Já vem de há muitos anos;
Talvez do tempo dos Mouros
Ou do tempo dos Romanos.
Seria vila ou cidade
Antes da era dos Mouros?
Qual o nome de verdade:
Rio de Couros ou Radecouros?
Porque abundava o curtume
De peles nessa região
Daí proveio o costume
Do nome que hoje lhe dão
Numa bonita capela
Acima doutros tesouros
Havia a imagem bela
Da Senhora de Rio de Couros.
E este povo humilde e crente
Pelo seu fervor diário
Atraía muita gente
Ao bonito Santuário!
Entre a gente forasteira
Que a sua vida ali fez
Conta-se Gaspar Moreira
De Arcos de Valdevez.
Viveu nesta região
Até que teve de partir
Com o rei Dom Sebastião
Para Alcácer Quibir.
Na batalha contra os Mouros
Morreu Dom Sebastião
E o homem de Rio de Couros
Foi metido na prisão.
Embora que bem tratado
Dentro da dita prisão
Estava a ser engordado
Para alimento de um leão.
Certa noite à luz da lua
Olhando as grades em frente
Viu um oficial na rua
Com o leão preso à corrente
Falando então para a fera
Disse em voz de “mandarete”:
Só mais uns dias de espera
E terás um bom banquete.
Ao meditar que seria
Vítima de instintos mouros
Rezou à Virgem Maria
Senhora de Rio de Couros.
À Senhora da Natividade
Fez uma prece afinal:
Que lhe desse a liberdade
E o trouxesse a Portugal.
Nisto um milagre se deu:
No meio dum mar de luz
A Virgem lhe apareceu
Trazendo ao colo Jesus.
Então a porta se abriu
E com a sua libertadora
Para a saída seguiu
Desaparecendo a Senhora.
Voltando ao local de origem
Livre do jugo dos mouros
Prostrado agradece à Virgem
Da ermida de Rio de Couros.
O resto da sua vida
Foi de pura santidade
Orando no altar da ermida
À Senhora da Natividade.
E quando velho e cansado
Já prestes ao fim da vida
Pediu para ser sepultado
Junto da bonita ermida.
E assim desta maneira
Se ordenou e se fez:
Ali jaz Gaspar Moreira
De Arcos de Valdevez.
Daí cresceu mais a Fé
Nesse povo e nos vindouros
Vindo muita gente a pé
De romagem a Rio de Couros.
Muita Fé o povo tem
À Senhora da Natividade
Que outrora era também
Nossa Senhora da Piedade.
Há lindas recordações
Que valem grandes tesouros
Achados em escavações
No adro de Rio de Couros.
A graça desta região
É obra da natureza
Em que a nova geração
Não reparou com certeza.
Esta história se comenta
No “Século” de Dia de Natal
De mil novecentos e setenta
Em Lendas de Portugal!...
in INÁCIO, Manuel. Brincando com coisas sérias. 1995