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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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IN MEMORIAM COMENDADOR ANTÓNIO FERNANDES BARROS – UM FAFENSE NO BRASIL

  • Crónica de Daniel Bastos

No passado dia 19 de outubro, assinalou-se o 98.º aniversário natalício do saudoso Comendador António Fernandes Barros (1925-2015), uma das figuras mais reconhecidas do associativismo de matriz minhota na comunidade portuguesa em São Paulo.

Natural da freguesia de Antime, município de Fafe, na região do Baixo Minho, onde concluiu a instrução primária, e trabalhou durante a adolescência na Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe, antiga fábrica têxtil que chegou a ser uma das maiores do Norte com mais de 2000 operários, António Fernandes Barros emigrou para o Brasil em 1957.

Tendo-se estabelecido em São Paulo, a maior cidade do Brasil, onde iniciou um percurso empresarial de sucesso na área das transações comerciais, foi, no entanto, no campo associativo, cultural e na promoção da língua portuguesa, sempre em interligação com o seu torrão natal, que o emigrante fafense se tornou uma das figuras mais gradas da comunidade portuguesa na capital paulista.

No seu profícuo currículo associativo e cultural luso-brasileiro, destaca-se, entre outros, a ligação ao Centro de Estudos Históricos Pedro Álvares Cabral, ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisas Hospitalares, ao Centro de Estudos Fernando Pessoa, à Casa de Portugal de São Paulo, à Associação Portuguesa de Desportos e ao Elos Clube de São Paulo.

A sua impagável experiência associativa e cultural luso-brasileira, em consonância com um profundo apego à terra que o viu nascer, foi de enorme importância para a fundação nos anos 90, da Casa da Cultura Portuguesa de Porto Seguro, que contou então com apoio do Município de Fafe. Edificada no objetivo principal de proporcionar um espaço privilegiado para pesquisas, projetos culturais e de aprofundamento das relações entre Portugal e o Brasil, a Casa da Cultura Portuguesa de Porto Seguro é constituída por um anfiteatro, biblioteca, museu e o Panteão de Cabral, o primeiro navegador a chegar a terras brasileiras, mormente a Porto Seguro em 22 de abril de 1500.

O seu comprometimento e a constante dinamização das relações culturais luso-brasileiras estão na base, nesse período, da atribuição pelo então Presidente da República, Mário Soares, da Ordem de Mérito no Grau de Comendador, destinada a galardoar atos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade. Assim como do título de Cidadão Honorário de Porto Seguro – Estado da Baía, e da Medalha de Prata de Mérito Concelhio da Câmara Municipal de Fafe.

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Comendador António Fernandes Barros (1925-2015)

De facto, uma das suas características marcantes era a forte ligação que mantinha com as suas raízes, expressa em várias viagens à Sala de Visitas do Minho, e que concorreram para que tenha oferecido uma bola autografada de Pelé, um dos maiores jogadores da história do futebol, ao Operário Futebol Clube (OFC) de Antime, coletividade da qual foi sócio fundador, juntamente com camisolas do Santos Clube Futebol, um dos maiores clubes de futebol do Brasil. Bem como, tenha doado ainda em vida, o distintivo da Ordem de Mérito ao Museu das Migrações e das Comunidades.

Um espaço museológico, sediado em Fafe, cuja missão assenta no estudo, preservação e comunicação das expressões materiais e simbólicas da emigração portuguesa, detendo-se particularmente na emigração para o Brasil do século XIX e primeiras décadas do XX, e na emigração para os países europeus da segunda metade do século XX.

Uma das figuras mais gradas da comunidade portuguesa em São Paulo, o percurso de vida e o inestimável contributo do saudoso Comendador António Fernandes Barros para o aprofundamento das relações culturais Brasil – Portugal, rememora a ligação umbilical entre os dois povos irmãos, singularmente anotada por Eça de Queirós: “O Brasileiro é o Português – dilatado pelo calor”.

JOSÉ SALDANHA: FAFENSE LUTADOR PELA LIBERDADE, EMIGRANTE E EMPREENDEDOR

  • Crónica de Daniel Bastos

Entre 1933 e 1974 vigorou em Portugal um regime autoritário e conservador, designado de Estado Novo, sustentado na força repressiva da polícia política (PIDE), nas amarras da censura e na ausência de liberdade. Um regime idealizado pelo seu principal mentor, Oliveira Salazar, ditador de um país eminentemente rural, pobre, atrasado e analfabeto.

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José Saldanha

Apesar da repressão e violência foram vários os que se opuseram às ideias do Estado Novo, e instaram na luta política de oposição ao regime em defesa dos ideais da liberdade e da democracia. Entre esses vários lutadores pela liberdade e democracia, muitos deles protagonistas anónimos da história portuguesa, destaca-se o percurso inspirador e singular de José Saldanha, um emigrante empreendedor de sucesso no Brasil.

Natural de Fafe, concelho localizado na região do Baixo Minho, José Saldanha nasceu em 1929, no ocaso da Primeira República, no seio de uma família comprometida com os ideais democráticos republicanos. Filho do comerciante e político António Saldanha (1904-1978), afamado oposicionista estadonovista no distrito de Braga, inúmeras vezes preso pela PIDE e proprietário do Café Avenida, em Fafe, base dos resistentes antifascistas na Sala de Visitas do Minho, e em várias ocasiões, antecâmara da viagem “a salto” para quem procurava melhores condições de vida, José Saldanha cedo seguiu as pisadas do pai na luta pelos ideais da liberdade e democracia.

Com um percurso educativo que computou a frequência do vetusto Colégio Araújo Lima, na cidade do Porto, José Saldanha foi um elemento ativo do Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) na região nortenha. Na esteira da figura paterna, foi um entusiasta da candidatura oposicionista do general Norton de Matos à Presidência da República em 1949, assim como da candidatura oposicionista de Humberto Delgado, o “General Sem Medo”, em 1958, que acabaria assassinado em 1965 por agentes da PIDE, após ter sido atraído para uma cilada em Badajoz (Espanha).

Em 1961, após no final da década antecedente ter acumulado experiência profissional na área petrolífera em Angola, antiga colónia portuguesa em África, José Saldanha alertado pela ameaça de prisão da PIDE, com o auxílio do pai atravessa clandestinamente o rio Minho, para a Galiza, adquirindo em Vigo o bilhete da passagem de barco para o Brasil.

No vasto país sul-americano, onde continua a residir a maior comunidade lusa da América Latina, o oposicionista e emigrante por motivos políticos conheceu em 1962, no Rio de Janeiro, a brasileira Nilza Saldanha, grande suporte e companheira de vida. Encetando uma carreira fulgurante e bem-sucedida no ramo comercial e empresarial, através da representação de firmas de tecidos que eram exportados para Angola, assim como de representante da Philips e Volkswagen Brasil, orientado a exportação de material elétrico e automóveis para territórios africanos de expressão portuguesa. O emigrante fafense, manteve-se concomitantemente um oposicionista estadonovista ativo no Movimento Nacional Independente (MNI), uma organização criada por Humberto Delgado que visava manter unidas as forças da oposição no combate à ditadura após as fraudulentas eleições de 1958 que elegeram como Presidente da República, Américo Tomás, e impeliram em 1959, Humberto Delgado para o exílio no Brasil.

Nas memórias vivas de José Saldanha, ainda hoje o mesmo revive diversos episódios da sua ligação, enquanto 2.º Secretário do MNI, na luta contra o Estado Novo a partir do Brasil.  Mormente, o facto de ter custeado as despesas das cerimónias fúnebres no Brasil de Arajaryr Campos, cidadã brasileira e Secretária do General Humberto Delgado, assassinada conjuntamente com o herói da liberdade português pela PIDE em 1965. Ou, ter sido, com o seu passaporte que Hermínio da Palma Inácio (1922–2009), conhecido revolucionário que participou em diversas ações subversivas, partiu do Brasil em direção a Portugal, concretizando em 17 de maio de 1967, o histórico assalto da dependência do banco de Portugal da Figueira da Foz, procurando assim financiar as operações antifascistas no exterior.

Neste sentido, o percurso inspirador e singular do nonagenário lutador pela liberdade, emigrante e empreendedor de sucesso no Brasil, profundamente dedicado e estimado pela extensa prole, e que periodicamente regressa ao seu torrão natal para passar as férias e matar saudades, inspira-nos a máxima do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana, os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem”.

O NOTÁVEL DINAMISMO DAS COMUNIDADES LUSO-AMERICANAS DA CALIFÓRNIA

  • Crónica de Danies Bastos

A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel socioeconómico-cultural na principal potência mundial.

Atualmente, segundo dados dos últimos censos americanos, residem nos EUA mais de um milhão de portugueses e luso-americanos, sendo que só no estado mais populoso do país, a Califórnia, residem mais de 300 mil luso-americanos, na sua maioria oriundos dos Açores, que trabalham por conta de outrem, na indústria. Embora, sejam muitos, os que trabalham nos serviços ou se destacam na área científica, no ensino, nas artes, nas profissões liberais e nas atividades políticas.

No seio das numerosas comunidades luso-americanas da Califórnia, o estado com maior diáspora de origem portuguesa nos EUA, proliferam dezenas de associações recreativas e culturais, meios de comunicação social, clubes desportivos e sociais, fundações para a educação, bibliotecas, grupos de teatro, bandas filarmónicas, ranchos folclóricos, casas regionais, sociedades de beneficência e religiosas. E inclusive, um espaço museológico que homenageia e perpetua a herança cultural portuguesa na Califórnia, mormente, o Museu Histórico de São José, que alberga desde os anos 90 um conjunto de várias exposições que perpassam a história da emigração lusa para a Costa Oeste dos Estados Unidos da América.

Este notável dinamismo foi o leitmotiv que impulsionou a recente visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aos principais centros da emigração portuguesa na Califórnia, um itinerário que incluiu deslocações a San Diego, Artesia (perto de Los Angeles), São José e São Francisco, e passagens pelas comunidades do vale central em Turlock e Gustine.

Ao longo da visita de cinco dias a uma das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro, o Chefe de Estado conviveu com as forças vivas das comunidades luso-americanas da Costa Oeste, conheceu o seu profundo apego à pátria de Camões, os seus projetos, os seus anseios e as várias trajetórias de portugueses que começaram do nada na América e ascenderam na escala social graças ao trabalho, ao mérito e ao empenho. Verdadeiros self-made man, como o comendador Manuel Bettencourt, um reputado dentista que tem empreendido relevantes contributos em prol da comunidade luso-americana; o comendador Manuel Eduardo Vieira, o maior produtor mundial de batata-doce biológica; o comendador Batista Sequeira Vieira, uma das figuras mais proeminentes da comunidade portuguesa nos EUA; ou o dirigente associativo, criador de gado e produtor de leite no Vale de São Joaquim, João Borges Pires, que foi distinguido pelo mais alto magistrado da Nação com a comenda da Ordem do Mérito, durante um encontro no salão português de Gustine.

Estes são apenas alguns, dos vários “portugueses que conquistaram a Califórnia”, na esteira conselheiro das comunidades, produtor e realizador luso-americano Nelson Ponta-Garça, que ao longo dos últimos anos tem procurado documentar a história e o legado da comunidade portuguesa na Califórnia.

Estes são alguns dos fautores do notável dinamismo das numerosas comunidades luso-americanas da Califórnia, que constitui também o leitmotiv para a apresentação no próximo ano, entre 31 de março e 7 de abril, na Califórnia, do livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”. Uma obra que reúne as crónicas que o historiador Daniel Bastos tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, e onde o autor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam nas pátrias de acolhimento e de origem. Como é o caso da comunidade lusa na Califórnia, a mais numerosa das comunidades portuguesas nos EUA e uma das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro.

Um livro, que nas palavras de Luís Marques Mendes, conhecido advogado e comentador que assina o prefácio da obra, é “o espelho da homenagem que Daniel Bastos quer prestar aos milhões de portugueses que, fora do nosso país, honram, servem e prestigiam Portugal. E fá-lo como deve ser: com simplicidade e com verdade, com entusiasmo e com realismo, com autenticidade e com pragmatismo, com respeito pelo passado mas sem descurar a ambição do futuro”.

ESPECIALISTA BRASILEIRO DEFENDE SEREM “URGENTÍSSIMOS” NOVOS GASODUTOS E OLEODUTOS ESTRATÉGICOS DE CONEXÕES ENTRE PAÍSES

  • Crónica de Ígor Lopes

O atual cenário internacional, pós pandemia e com conflitos armados ativos entre nações, chama a atenção para as dependências entre países e regiões em termos de abastecimento energético e de alternativas para combater essa escassez que pode ser provocada por uma crise pontual ou de infraestrutura ou, mesmo, por uma guerra, como a que acompanhamos entre a Rússia e a Ucrânia.

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Neste sentido, as questões que envolvem estratégias geopolíticas em torno da existência ou construção de gasodutos e oleodutos dominam o cotidiano dos especialistas que afirmam ser importante encontrar formas de se contornar estes obstáculos que possam prejudicar populações inteiras a nível mundial.

O engenheiro Paulo Roberto Gomes Fernandes, presidente da empresa brasileira Liderroll Indústria e Comércio LTDA, uma das líderes neste segmento na América do Sul, desenvolvedora de soluções de dutos especiais em projetos nos EUA, Jordânia, Chile, Peru, Rússia, Turquemenistão e vencedora do maior prémio na área de dutos, concedido pela ASME - EUA, como a melhor empresa de soluções especiais do mundo em 2011 para a construção de dutos em ambientes confinados, disse à nossa reportagem acreditar que é preciso serem reeditadas e repensadas as maneiras e filosofias conservadoras que eram utilizadas no passado, as quais estão hoje servindo de tábua de salvação para muitos países e, com isso, ultrapassar esta dependência.

Na sua visão, “não há mais tempo para se tentar reinventar a roda ou se buscarem soluções de consolidação para dez anos, como é o caso do hidrogénio, muito pelo contrário, a necessidade agora é de se trocar o pneu com o carro andando”.

“Infelizmente, tivemos que estar passando por uma operação especial coordenada de intervenção militar de um país sobre um outro país para que as autoridades que compõem alguns governos pudessem enxergar o que muitos ainda não se deram conta que é a necessidade de ser ter um planeamento para uma boa malha de dutos, tanto interna nos seus países, como em parceria com os seus países vizinhos ou grandes polos produtores”, defendeu Paulo Fernandes, que sublinhou ainda que “esta rede de gasodutos, oleodutos ou aquedutos, ou o que seja necessário transportar a granel, deve ter o objetivo de subsistência, pois é isso que define a geopolítica mandataria para a segurança e manutenção da vida de qualquer povo e raça”.

Este engenheiro, ex-professor federal e antigo funcionário da Petrobras é reconhecido pela experiência no ramo e por ser um dos principais especialistas no mundo em construção de gasodutos e oleodutos no interior de túneis de longas distâncias em ambientes confinados. Possui mais de oito patentes exclusivas registadas e concedidas em mais de 53 países, inclusive na comunidade europeia e na Índia.

Este responsável acredita que é “importante ter outras portas de entradas deste graneis, insumos e produtos a base de hidrocarbonetos utilizando como portas alternativas os píeres existentes ou a serem construídos, portos e terminais marítimos, sobretudo no continente europeu” e em outras partes do mundo que possam passar por este mesmo cenário.

“Jamais deve-se ficar unicamente focado no modismo do politicamente correto, pois, isto ainda vai demorar a acontecer e a prova disto é que algumas outras alternativas aos hidrocarbonetos já avançaram bastante, porém, estão recuando em alta velocidade também e com certa dose de vexame”, disse Paulo Fernandes.

“Não vejo que estaremos livres dos hidrocarbonetos tão facilmente como querem alguns pseudos iluminados de gel no cabelo e fatos ou ternos alinhados, mas que se quer já pisaram o chão de uma fábrica. É um politicamente correto que está fazendo o mundo oscilar sem objetividade e até mesmo está atrasando a obtenção de uma alternativa correta e sustentável. Há muita gente em diversos países tentando reinventar a pólvora numa corrida individual, cada um para um lado e da sua maneira. Isto não traz resultado consistente”, comentou.

A questão tem ganhado espaço no cenário internacional a cada dia com mais força, uma vez que as temperaturas já começaram a descer na Europa e o frio acaba sendo uma arma silenciosa a custo zero. Como contra golpear ou minimamente se manter vivos sem os hidrocarbonetos? (gás e petróleo), explica Paulo Fernandes.

“As eólicas não conseguem atender, os carros da tesla, do que servem? Os satélites do Elon Musk aquecem de que forma? O Windows esquenta as panelas de comida? Data para esperar a vinda do tão almejado Hidrogénio Verde? A que custo? É uma questão simples de ser constatar que não há como se descartar os hidrocarbonetos (gás e petróleo) da noite para o dia como querem os influencers de plantão. Todos sabem que é só manter os dutos vindos da Rússia fechados ou sabotados em pleno inverno que, com as temperaturas negativas, o pior poderá acontecer”, destacou Paulo Fernandes, que foi mais além:

“Na minha opinião, está claro que a matriz energética que está em funcionamento deve ser mantida pelo tempo que for necessário, porém, deve ser criado um grupo centralizado que pode ser o BRICS com a contribuição de mais alguns outros países que detenham tecnologias em energia, grupo que, em paralelo, criará, definirá e escolherá, esgotando todas as teses do que será adotado mundialmente como a filosofia e metodologia para se ter uma energia menos poluente, para, aos poucos, irmos nos desconectando da base de hidrocarbonetos. Assim, teríamos uma ação centralizada, bem diferente da corrida maluca que vemos hoje. A cada três meses vemos um novo midas pelo mundo gritando eureca. Está feio e está desestimulando os pensadores sérios”, frisou Paulo Roberto Gomes Fernandes.

“Desta forma, eu vejo como inevitável e urgentíssimo o imediato recomeço de se traçar novos projetos e a construção de gasodutos e oleodutos estratégicos de conexões entre países e continentes. O que é de domínio público, simples e rápido de se construir. Temos tudo a mão. Isto, inclusive, irá acalmar os ânimos e remover algumas vantagens logísticas e bélicas de uma nação sobre a outra”, finalizou este responsável.

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PAULO PORTO FERNANDES RECEBE HOMENAGEM NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

  • Crónica de Ígor Lopes

O Conselho Estadual Parlamentar das Comunidades de Raízes Estrangeiras (CONSCRE), órgão criado pela Mesa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Brasil, decidiu homenagear Paulo Porto Fernandes, advogado luso-brasileiro e ex-deputado da Assembleia da República Portuguesa, como “Personalidade da Comunidade”, numa cerimónia no último dia 7 de novembro.

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Segundo Gabriel Sayegh, presidente do CONSCRE, esta iniciativa visa “homenagear as personalidades que mais se tenham destacado dentro das suas comunidades no ano anterior”, tendo o nome de Paulo Porto sido indicado pela comunidade portuguesa para receber a referida homenagem em 2022.

“Foi uma honrosa homenagem, a qual dediquei à nossa valorosa comunidade luso-brasileira. Infelizmente, não pude receber pessoalmente esta grande distinção, pois encontrava-me em Portugal por motivos profissionais, mas muito me honrou ser representado no ato pelo Dr. Renato Gonçalves, segundo vice-presidente da Casa de Portugal de São Paulo, ilustre advogado luso-brasileiro e meu grande amigo”, afirmou Paulo Porto à nossa reportagem, que comentou ainda que “na ocasião, na pessoa do nobre Deputado Delegado Olim, pude manifestar a minha gratidão e grande admiração pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, saudando a todos e a todas parlamentares e a todas as comunidades representadas no CONSCRE”.

“Na última legislatura na Assembleia da República de Portugal, tive a grande felicidade e o privilégio de ser eleito para representar os milhões de emigrantes portugueses espalhados pelo mundo, os quais formam esta nossa maravilhosa Diáspora Portuguesa e, apesar de um mandato limitado pela pandemia, pude dar o meu contributo para minimizar desigualdades e propiciar justiça aos cidadãos que um dia tiveram que emigrar em busca de uma vida melhor para si e para os seus”, explicou este responsável.

“Ainda através do Dr. Renato, pude enviar a minha mensagem aos presentes e citar um pensamento do escritor brasileiro Fernando Teixeira de Andrade, que muitas vezes é equivocadamente atribuído a Fernando Pessoa, que retrata a alma do emigrante: ‘Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos’”, finalizou Paulo Porto.

Ações que viraram lei em Portugal

Paulo Porto Fernandes foi o primeiro deputado luso-brasileiro eleito para atuar no parlamento português, com atividades voltadas para o círculo de fora da Europa pelo Partido Socialista (PS) português, cargo que tem como objetivo tratar das políticas públicas voltadas para as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

Nos últimos dias, foi anunciado que os emigrantes portugueses vão pagar impostos somente sobre 50 por cento das mais-valias imobiliárias, alteração que foi proposta pelo PS, idealizada e trabalhada desde o início da última legislatura por Paulo Porto Fernandes e os seus colegas de Grupo Parlamentar.

Por outro lado, há cerca de dois anos está em vigor a nona alteração à Lei da Nacionalidade (Lei 37/81 de 3 de outubro), fruto, segundo o ex-deputado, de “um incansável trabalho do Grupo Parlamentar do PS, o qual tive a honra de participar ativamente, coroado com o resgate da dignidade dos lusodescendentes e um grande avanço na legislação portuguesa”.

ESPECIALISTA LUSO-BRASILEIRO CRITICA “GENERALIZAÇÃO” NOS ESTUDOS SOBRE JOGOS DIGITAIS E O AUMENTO DO “QI”

  • Crónica de Ígor Lopes

O cientista luso-brasileiro, Fabiano de Abreu Agrela, sublinhou, no dia 13 de novembro, durante palestra na Campus Party Brasil, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, que reuniu, em São Paulo, diversos palestrantes internacionais, que existem estudos que abordam “a relação entre o uso de videogames ou consolas e o aumento do QI (quociente de inteligência)”, no entanto, referiu este responsável, “os resultados positivos da pesquisa não devem ser generalizados”.

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Este pós-PhD em neurociências e membro de quatro sociedades internacionais de alto QI questionou a generalização de resultados de estudos que alegam que o aumento de QI está relacionado ao uso de videogames.

“A forma como os resultados do estudo foram divulgados passaram a impressão de que o uso de videogames é exclusivamente benéfico, sem considerar que existem as outras variáveis, como o tempo gasto com os jogos, os tipos de jogos em relação à faixa etária do jogador, e vários outros”, declarou Fabiano de Abreu, que comentou que “um benefício não apaga os seus malefícios, todos os aspetos devem ser considerados, é importante saber utilizar os jogos para estimular os benefícios e não apenas ignorar o lado negativo”.

Este neurocientista foi mais além e afirmou que “as pessoas criam as ideias que convém”.

“As pessoas criam as lógicas que as convém, uma lógica da incoerência onde se confortam e a tomam como verdade absoluta, é perigoso analisar resultados de pesquisas isoladamente”, contestou Fabiano de Abreu, que destacou os perigos da manipulação dos resultados de estudos científicos.

Toda esta discussão, segundo Fabiano de Abreu, tem ganhado relevância no campo científico uma vez que “a relação entre videogame e cérebro sempre despertou curiosidade e medo, devido a isso, diversas pesquisas foram realizadas para identificar os benefícios ou malefícios que os jogos eletrónicos trazem à mente”.

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A HOMENAGEM DA COMUNIDADE LUSO-CANADIANA AO COMENDADOR MANUEL DaCOSTA

  • Crónica de Daniel Bastos

No passado dia 5 de novembro, o Centro Cultural Português de Mississauga (PCCM), uma representativa agremiação lusa na província do Ontário, no Canadá, promoveu a Gala Community Spirit Award, um importante momento de justíssima homenagem ao Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto.

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Sessão de homenagem ao Comendador Manuel DaCosta no decurso da Gala Community Spirit Award promovida pelo PCCM

Empresário multifacetado, com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, premissas que estão na base das insígnias do grau de comendador que lhe foram atribuídas pelas autoridades portuguesas, Manuel DaCosta, natural de Castelo do Neiva, concelho de Viana do Castelo, dirige presentemente uma das mais importantes empresas de comunicação social luso-canadianas, designadamente, a MDC Media Group.

O sucesso que tem alcançado ao longo das últimas décadas no mundo dos negócios, tem sido constantemente acompanhado de um generoso apoio a projetos emblemáticos da comunidade portuguesa em Toronto, capital da província do Ontário e maior cidade do Canadá, onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no segundo maior país em área do mundo.

Entre outras iniciativas, é fautor do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano. Assim como, dGaleria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.

Sempre longe dos holofotes mediáticos, o empresário e filantropo “Cidadão de Honra de Viana do Castelo” tem sido dinamizador e patrocinador de várias atividades, e projetos de cariz sociocultural e solidário. Como o que promete vir a ser um dos mais relevantes da comunidade luso-canadiana, mormente a Magellen Community Charities, uma organização sem fins lucrativos que pretende inaugurar em 2025 um centro orçado em vários milhões de dólares, capaz de acolher mais de duas centenas de idosos, especialmente direcionado para a comunidade portuguesa.

Nesse sentido, a justa e merecida homenagem na Gala Community Spirit Award ao Comendador Manuel DaCosta, cujo percurso de vida relembra-nos a máxima do escritor António Lobo Antunes “é preciso viver, viver como homem comum entre homens comuns. Só um homem comum pode fazer grandes coisas”, além de abarcar um dever de gratidão e de reconhecimento por tudo quanto o mesmo tem feito de forma devotada e desprendida em prol da comunidade luso-canadiana. É ainda um exemplo inspirador e um agradecimento coletivo a todos os compatriotas espalhados pela diversa geografia da diáspora, que afincadamente demonstram como a solidariedade remanesce uma marca genética das comunidades portuguesas.

CCRB E CÂMARA DE COMÉRCIO BRASIL PORTUGAL – SANTA CATARINA JUNTAS PARA PROMOVER A FINBRASIL 2023

  • Crónica de Ígor Lopes

Durante dez dias, a Câmara de Comércio da Região das Beiras (CCRB) acompanhou, entre outubro e novembro, uma missão da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Brasil – Portugal que esteve em território luso para cumprir uma extensa agenda de trabalho com o intuito de “apresentar o estado de Santa Catarina, no Brasil, e promover a Feira Internacional de Negócios (FIN)”, que terá lugar em março 2023 em Florianópolis, Sul do Brasil.

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O programa incluiu visitas aos representantes e presidentes das Comunidades Intermunicipais Viseu Dão Lafões, Beira Serra da Estrela, Oeste, Médio Tejo, Beira Baixa, além da Mais Boticas, InovCluster e CATAA - Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar. Nestas oportunidades, foram apresentadas as potencialidades da região das Beiras, como a tecnologia, inovação, infraestruturas, turismo, saúde, bem receber e produtos endógenos de excelência.

“Cerca de 128 municípios nacionais foram contactados onde o acolhimento foi excecional, além de 20 de Moçambique. (…) A CCRB foi o fio condutor para que a Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Brasil – Portugal pudesse promover a FINBRASIL 2023”, disse Ana Correia, presidente da Câmara de Comércio da Região das Beiras.

“Poderemos ajudar com assessoria contabilística, apoio logístico e jurídico nos locais à FINBRASIL, além de estarmos a preparar uma candidatura conjunta à Internacionalização”, reforçou Ana.

Segundo os seus responsáveis, “a CCRB está convicta de que este evento, FINBRASIL, é uma grande oportunidade para que, tanto os municípios, como as empresas possam divulgar a sua região, mostrar as suas oportunidades relevantes para atrair investimentos, comercializar produtos, bem como atrair novos residentes e turismo”.

“A grande vantagem desta missão é conseguir atingir uma coletividade de pessoas do Brasil, bem como de outros países e, em especial, o povo de Santa Catarina. E a missão inversa é o culminar de tão ambiciosa missão”, afirmou Ana Correia.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Brasil – Portugal, Jatyr Ranzolin, afirma que esta missão “foi de suma importância para permitir que os brasileiros possam conhecer outras regiões extremamente fortes de Portugal e com uma gama de possibilidades, tanto para empreender, como para fazer turismo”.

“Tenho a certeza de que os portugueses da região das Beiras terão muito sucesso nesta missão rumo ao Estado de Santa Catarina para apresentar essa maravilhosa região a todos os presentes na FINBRASIL 2023”, destacou Jatyr Ranzolin.

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LUSO-BRASILEIRO FABIANO DE ABREU É O MAIS NOVO MEMBRO DA SIGMA XI, SOCIEDADE INTERNACIONAL DE HONRA E CIÊNCIA

  • Crónica de Ígor Lopes

Fabiano de Abreu Rodrigues, cientista luso-brasileiro, Pós-PhD em neurociências, chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International e membro de sociedades internacionais de alto QI como Mensa, Intertel e TNS, também membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, maior sociedade de neurociências do mundo, foi eleito o mais novo membro da sociedade de honra, Sigma Xi.

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“Eu faço pesquisas o tempo inteiro, por alguns motivos, entre eles, a curiosidade excessiva e a vontade de fazer a minha parte em prol da sociedade. Desde criança eu quero entender as coisas, saber o real motivo, vou em busca até encontrar a raiz da questão. Por exemplo, ao estudar neurociências, eu não me contentava em conhecer os neurotransmissores, eu tinha que chegar às partículas elementares que formam a substância”, contou Fabiano de Abreu sobre seu trabalho como cientista.

“Eu pensei em algumas coisas e me debrucei para comprovar o meu pensamento, não apenas para mim, mas para alertar as pessoas. E eles foram se comprovando. É uma percepção lógica que precisa tomar a decisão de decifrar com argumentos que comprovem e que beneficie a todos”, complementou este responsável.

Segundo apurámos, a Sigma XI é uma das mais importantes sociedades de honra em ciência e engenharia no mundo, com sede na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Esta sociedade não tem fins lucrativos e possui atualmente cerca de 100 mil membros, sendo 200 prémios Nobel.

Durante os seus mais de 120 anos, a sociedade dedica-se a integrar pesquisas e descobertas de diversas áreas do conhecimento, além de reunir recursos para patrocinar programas de apoio à ciência e incentivar jovens pesquisadores.

IN MEMORIAM MIGUEL MONTEIRO

  • Crónica de Daniel Bastos

No passado dia 3 de novembro, assinalaram-se treze anos do falecimento do saudoso historiador e professor, Miguel Monteiro (1955-2009), um dos mais reputados investigadores no campo do estudo dos “brasileiros de torna-viagem” na região noroeste do continente português. E, em particular, no concelho de Fafe, uma cidade situada no distrito de Braga, cuja história e identidade está intrinsecamente ligada ao fluxo migratório para o Brasil no alvorecer do séc. XX.

Natural da freguesia do Rego, município de Celorico de Basto, onde concluiu a instrução primária, Miguel Monteiro, finalizou os estudos liceais na capital do Minho, tendo, no início dos anos 80, obtido a Licenciatura em História na Faculdade de Letras do Porto. Com uma profícua carreira no campo do ensino básico, secundário e superior, foi no entanto, no campo da investigação histórica, que o Mestre em História das Populações pela Universidade do Minho (1996), instituição onde foi doutorando em Sociologia e investigador do Núcleo de Estudos da População e Sociedade, deixou a suas principais marcas.

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O investigador Miguel Monteiro (ao centro), no âmbito da coordenação do seminário internacional “Memórias e Migrações” que decorreu em 2007 na Sala de Visitas do Minho

Mormente, ao nível da contribuição dos “brasileiros” de torna-viagem no noroeste de Portugal, e principalmente, as suas marcas na Sala de Visitas do Minho. Como asseverou apaixonadamente, recuando localmente à segunda metade do séc. XIX, encontramos nos “brasileiros” de Fafe aqueles que alcançando fortuna no Brasil, “construíram residências, compraram quintas, criaram as primeiras indústrias, contribuíram para a construção de obras filantrópicas e participaram na vida pública e municipal, dinamizando a vida económica, social e cultural”.

Especialista na área da emigração portuguesa para o Brasil no decurso do séc. XIX para o séc. XX, contexto que levou a que em meados de 2000 tenha integrado o Comissariado Científico da exposição “Os Brasileiros de Torna-Viagem no Noroeste de Portugal”, da iniciativa da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, o investigador é autor, entre outras, das obras Fafe dos Brasileiros (1860-1930) – Perspectiva histórica e patrimonial, e Migrantes, Emigrantes e Brasileiros (1834-1926) – Territórios, itinerários e trajectórias.

O seu trabalho original em torno da figura do “brasileiro de torna-viagem”, e sobretudo, o contributo relevante que infundiu para a preservação e conhecimento do património que os “brasileiros” de Fafe deixaram no concelho, contribuiu decisivamente para que, em 12 de julho de 2001, por deliberação da Câmara Municipal de Fafe, fosse criado o Museu das Migrações e das Comunidades.

Percursor no seu género em Portugal, o espaço museológico assenta a sua missão no estudo, preservação e comunicação das expressões materiais e simbólicas da emigração portuguesa, detendo-se particularmente na emigração para o Brasil do século XIX e primeiras décadas do XX, e na emigração para os países europeus da segunda metade do século XX.

Agraciado pela edilidade fafense com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio, no âmbito da sessão solene comemorativa do 5 de outubro de 2008, o trabalho e percurso de vida do alma mater do Museu das Migrações e das Comunidades, encontra-se sintetizado nas palavras abalizadas do bibliotecário Henrique Barreto Nunes, no prefácio que então escreveu no livro Fafe dos Brasileiros (1860-1930) – Perspectiva histórica e patrimonial: “Miguel Monteiro, é um dos elementos que mais se tem dedicado ao conhecimento, ao estudo, à preservação e à divulgação do património cultural e natural de Fafe”.

SALÁRIOS CONSULADOS DE PORTUGAL NO BRASIL

  • Crónica de Ígor Lopes

“Reitero a necessidade de medidas urgentes”, aponta Flávio Martins, do CCP, sobre ordenados dos trabalhadores consulares de Portugal no Brasil

Em carta enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João G. Cravinho, ao Secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo, e ao responsável pela Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, Luís Ferraz, o conselheiro eleito pelo Rio de Janeiro e presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesa (CP-CCP), Flávio Martins, voltou a cobrar do estado português o cumprimento do acordo de resolução assinado em setembro deste ano que visa solucionar a questão da defasagem dos ordenados dos funcionários da rede consular lusa no Brasil.

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“Reitero a necessidade de medidas urgentes quanto à situação experimentada pela maioria dos trabalhadores do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo de Portugal no Brasil, cujos salários foram fixados pelo Decreto-lei número 47/2013 ao câmbio euro-real daquela época”.

Segundo este conselheiro, “desde então, quem trabalha nos Postos Consulares no Brasil ficou cada vez mais prejudicado se comparado a seus homónimos em outros países, haja vista o câmbio atual ultrapassar 5 (cinco) reais, o que corresponde receber menos da metade do que em 2013”.

“Em que pese o acordo de resolução aceite em 06 de setembro pelo Governo e pelos funcionários representados pelo Sindicato, nada ocorreu até agora e dessa notória, angustiante e degradante situação arrastada há anos e Governos, chegou-se ao inacreditável apelo de um funcionário do Consulado-Geral no Rio de Janeiro e que li nas redes sociais esta semana, no qual “vem humildemente implorar” que o acordo seja cumprido”, sublinhou Flávio Martins, que questionou ainda “onde está a proteção à dignidade humana desses trabalhadores?”.

“Com escrevi em maio passado, acompanho de perto o calvário experimentado por funcionários/as no Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro, recebi relatos de outros Postos e manifestei-me individualmente ou com os meus companheiros/as de Conselho das Comunidades (CCP) diversas vezes. Se em 06 de setembro (todos) fomos (positivamente) surpreendidos pelo acordo de “ajuda emergencial” que seria implementado semanas depois, passaram-se quase dois meses desde então e eles (trabalhadores/as) ainda aguardam, céticos e desesperados, a publicação de Portaria do Sr. Ministro das Finanças a ratificar o acordo”, mencionou Martins, que destacou, porém, que “não se trata mais de uma situação de calamidade salarial somente, mas de saber-se o que é credível nas relações do Estado e do Governo com os seus trabalhadores fora de Portugal”.

“Por isso, em solidariedade e em defesa desses trabalhadores, sentimentos que V.Exas. também comungam, eu peço: tomem todas as urgentes providências junto ao Sr. Ministro das Finanças para que a Portaria seja imediatamente publicada, dando-se prosseguimento ao Acordo estabelecido”, finalizou Flávio Martins.

“nos sentimos renegados, castigados”

A nossa reportagem conversou com funcionários consulares que atuam pela diplomacia portuguesa no Brasil. Por receio de retaliação, os entrevistados não autorizaram a divulgação das suas identidades, porém, não esconderam o desafio que enfrentam hoje em dia.

“Nós, funcionários da embaixada e consulados do Brasil, temos um sentimento generalizado de abandono e nos sentimos renegados, castigados, quando a nossa única atitude foi reclamar pelos nossos direitos. Desde 2013, manifestamos que não poderíamos ter salários simplesmente fixados em Reais e passarmos a ter a questão salarial de acordo com a lei Loca. Só que se esqueceram de entender, de estudar, e nos aplicaram uma lei totalmente desconhecida aos trabalhadores do Brasil.  É uma ilegalidade ter os salários congelados”, disse uma das fontes entrevistadas.

“Estamos no fundo do poço”

“Estamos no fundo do poço”, alegou outro membro dos serviços consulares, que sublinho explicou que “temos rendas atrasadas, nomes sujos (sem acesso a crédito), filhos em colégios bastante inferiores, com alimentação reduzida, sem acesso à assistência médica, enfim, vivemos um verdadeiro caos nas nossas vidas”.

“Estamos muito doentes física e mentalmente, desenvolvemos inúmeras doenças, depressão, síndromes, tensão alta, diabetes, etc. O ministério dos Negócios Estrangeiros teve conhecimento que estava errado em congelar salários, porque ter salários regidos pela lei local implica reajustes anuais, um país com inflação, com o custo de vida altíssimo, jamais poderia ter salários congelados. Já nos dispomos a lutar através de uma greve para termos os nossos salários dignos em Euros de volta, mas não temos apoio do Sindicato, que nos incentiva, nos mobiliza e recuam sem que o acordo com os desejados salários fixados em euros esteja efetivamente sacramentado. Nós estamos extremamente desapontados, nem este auxílio emergencial, negociado em julho/agosto, até hoje foi publicado. Não entendemos qual o sentido da palavra urgência para o MNE. Já estamos em novembro e a nossa frustração, a nossa angústia e ansiedade toma conta dos nossos corações, das nossas cabeças, constantemente. Esperamos sinceramente que em 2023 tenhamos os nossos salários em Euros de volta, como os demais trabalhadores do mundo. Não aguentamos mais sermos tratados de forma desigual, com descriminação. As únicas certezas que temos neste momento são que continuamos servindo à nossa comunidade portuguesa com profissionalismo, respeito, dedicação e que as receitas fruto do nosso trabalho, do nosso suor, são enviadas mensalmente para Portugal”, destacou esta mesma fonte.

Segundo apurámos, está prevista uma reunião entre os conselheiros das comunidades portuguesas e o governo central português em Lisboa.

Tentamos obter uma reação do governo português, o que não foi possível até ao encerramento desta edição.

ESCRITOR PORTUGUÊS JOÃO MORGADO DEFENDEU A LÍNGUA PORTUGUESA NA INDONÉSIA

  • Crónica de Ígor Lopes

João Morgado, escritor e presidente da Casa do Brasil – Terras de Cabral, participou no Ubud Writers & Readears Festival, que decorreu de 27 a 31 de outubro, em Bali, na Indonésia. Durante o evento, Morgado defendeu que “a história não é fixa, vai mudando. O nosso trabalho é mudar as perguntas para que a história nos mude as respostas”.

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No painel “Looking to the Past: Writing about History”, Morgado ressaltou a necessidade de ir além da “história oficial dos povos” e “humanizar o passado” para além do elencar de datas e acontecimentos. Neste que foi o último dia deste evento internacional, João Morgado contou com a presença da embaixadora de Portugal em Jacarta, Maria João Lopes Cardoso.

A presença do autor português neste que é considerado o maior festival literário da Ásia teve o apoio da embaixada de Portugal e do Instituto Camões. João Morgado lançou o seu livro “Surga Laut”, versão em bahasa indonésio da obra “O Céu do Mar”, editado pela Amazon australiana. O livro serviu de mote para a sua participação numa tertúlia no bar Boliche, em Ubud, que contou com outros autores internacionais para falarem de viagens não exploradas — The Uncharted Voyage.

“A morte ainda é uma viagem desconhecida, que por isso fascina a literatura. Ainda inventamos céus para pacificar as almas dos que permanecem vivos!”, defendeu o autor.

No painel “O Poder da Poesia” houve ainda tempo para ler poesia em português. Para compreensão de todos os que estavam no auditório, os poemas foram traduzidos para inglês por uma portuguesa que vive em Bali, Sílvia Barros, mas João Morgado fez questão de os ler em Português.

“Por si só, a nossa língua já é carregada de poesia, mas que não entendam o que se diz. É como ouvir fado, há um sentimento que vai para além das palavras. A reação das pessoas foi excelente! Estava presente uma portuguesa, da Madeira, que foi aos dois anos de idade para a Austrália. Não falava português, mas emocionou-se com a leitura. Por vezes andamos quilómetros para sentir um pedaço da nossa casa — disse ela”.

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COMENDADOR CARLOS DE LEMOS: UM PALADINO DA COMUNIDADE LUSO-AUSTRALIANA

  • Crónica de Daniel Bastos

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas é a sua dimensão empreendedora e benemérita, como corroboram os percursos de diversos compatriotas que dinamizam atividades de relevo a nível económico, político, cultural e social.

Nos vários exemplos de patrícios que compõem e engrandecem a diáspora lusa, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia na promoção do país, destaca-se a trajetória do comendador Carlos de Lemos, antigo Cônsul Honorário de Portugal em Melbourne, na Austrália, e um dos mais devotados paladinos da cultura e história portuguesa no continente-ilha.

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O comendador Carlos de Lemos, acompanhado do historiador Daniel Bastos, no decurso de uma visita no mês de outubro à Capital do Minho

Natural de Melgaço, vila raiana no distrito de Viana do Castelo, onde nasceu em 1926, Carlos Pereira de Lemos iniciou a sua vida profissional como topógrafo em Portugal, trabalhando depois em Moçambique, África do Sul, Timor e na Austrália. No périplo que encetou pelo mundo, o alto-minhoto que começou a trabalhar com apenas 12 anos de idade numa loja em Melgaço, e já adolescente num café em Monção, conheceu personalidades marcantes como Nelson Mandela, Samora Machel, Rui Cinatti ou José Ramos-Horta.

Detentor de uma formação eclética, Carlos de Lemos foi estudante na África do Sul – Rhodes University e University of South Africa, onde se licenciou em Ciências Políticas e Sociologia. E pós-graduou-se em Pedagogia na Universidade de Melbourne, tendo sido professor de Sociologia e Ciências Políticas no Royal Melbourne Institute of Technology, e de línguas na Universidade de Monash, assim como representante do Banco Borges em Melbourne.

A chegada ao território australiano na década de 80, onde viria a estabelecer-se, marcou o princípio de uma profunda ligação à comunidade luso-australiana, atualmente constituída por cerca de 50 mil portugueses, essencialmente disseminados por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney.

Paralelamente à sua atividade profissional, Carlos de Lemos tornou-se um importante dirigente associativo luso-australiano, através da criação de uma escola de português e de um programa de rádio. Em 1988, foi nomeado Cônsul Honorário de Portugal em Melbourne, incumbência que exerceu durante três décadas com intenso trabalho, num verdadeiro espirito de missão em prol da comunidade luso-australiana.

Nesse âmbito, foi o grande impulsionador do Festival Português de Warrnambool, uma cidade na costa sudoeste de Vitória, onde pelo seu incansável labor foi inaugurado em 2001 um padrão de homenagem aos navegadores portugueses, tendo inclusive sido dado a uma das ruas de Warrnambool o seu nome, “De Lemos Court”. Ainda, no alvorecer deste ano, o dinâmico nonagenário luso-australiano proferiu no Museu Marítimo de Warrnambool uma palestra onde abordou a tese da descoberta portuguesa da Austrália, que escora que terá sido o navegador Cristóvão Mendonça, por volta de 1522, o primeiro português a avistar as costas australianas, quando navegava na zona por ordem de D. Manuel I, dois séculos e meio antes do capitão inglês James Cook.

O notável percurso de vida de Carlos de Lemos, patenteado no seu livro História de Uma Vida, publicado em 2016 e prefaciado pela antiga secretária de Estado da Emigração, Manuela Aguiar, foi distinguido em 2002 com a Ordem de Mérito, no grau de Comendador, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio. Mais recentemente Carlos de Lemos foi condecorado pelo Estado de Timor-Leste e pelo governo australiano com a Ordem da Austrália, assim como pelo Município de Melgaço com a atribuição da medalha de Cidadão de Mérito.

Uma das figuras mais conhecidas da comunidade luso-australiana, o exemplo de vida do comendador Carlos de Lemos, devotado paladino da cultura e história portuguesa no continente-ilha, relembra-nos a interpelação de Nelson Mandela: “Será que alguém pensa genuinamente que se não conseguiu algo foi por não ter tido o talento, a força, a resistência e a determinação nesse sentido?”.

ENTIDADE BRASILEIRA VISITA PORTUGAL PARA ATRAIR PARTICIPANTES PARA A FEIRA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS DE FLORIANÓPOLIS

  • Crónica de Ígor Lopes

A Câmara de Comércio da Região das Beiras (CCRB) vai acompanhar uma missão da Câmara do Comércio, Indústria e Turismo Brasil - Portugal que está em Portugal a cumprir uma extensa agenda de trabalho entre os dias 25 de outubro e 4 de novembro com o intuito de apresentar o estado de Santa Catarina, no Brasil, e promover a Feira Internacional de Negócios (FIN)”, que terá lugar em março 2023 em Florianópolis, Sul do Brasil.

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Segundo fontes ligadas à esta iniciativa, “o objetivo é sensibilizar as empresas portuguesas a participarem neste certame que possibilita trocas comerciais e relações institucionais que valorizam a dinâmica de aproximação entre Brasil e Portugal”.

A comitiva brasileira e portuguesa irá manter contato com empresários e autarcas em diversas localidades deste país europeu, como na Mealhada, Viseu, Leiria, Castelo Branco, Coimbra, Fundão, Nazaré, entre outras.

Segundo Ana Correia, presidente da CCRB, “esta é uma excelente oportunidade de aproximação entre os dois países em vários domínios, com foco na promoção de produtos com potencial de exportação e importação”.

Por sua vez, Jatyr Ranzolin Junior, presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Turismo Brasil - Portugal no Estado de Santa Catarina, Brasil, a missão para aproximação e divulgação do Estado de Santa Catarina e Portugal através da CCRB está a ter uma excelente repercussão.

“O resultado das reuniões é um sucesso, sendo que a divulgação da FINBRASIL 2022 está sendo muito proveitosa e muito bem aceite pela comunidade portuguesa, especialmente pelos empresários, produtores, Comunidades Intermunicipais (CIM's) e Câmaras Municipais. Através da CCRBEIRAS, está feita também a ponte com Moçambique. O município de Quelimane bem, como com a Associação de Empresários de Pequenas e Médias Empresas e outros grupos, já garantiram a sua presença”, disse Jatyr Junior, que frisou ainda que, “com toda a certeza, teremos uma FINBRASIL realizada com muita participação de Portugal, sobretudo da região das Beiras, do centro de Portugal e da Europa, com os mais de 300 empresários que estarão expondo as suas oportunidades de negócios e investimentos”.

A FINBRASIL 2022, Feira Internacional de Negócios, vai decorrer durante os dias 27, 28 e 29 de março de 2023 em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, Brasil.

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EMPRESÁRIOS BRASILEIROS “DESCOBREM” POTENCIAIS VIAS DE INVESTIMENTO EM PORTUGAL DURANTE MISSÃO LIDERADA POR ADVOGADOS LUSO-BRASILEIROS

  • Crónica de Ígor Lopes

Um grupo de empresários brasileiros visitou Portugal entre os dias 8 e 15 de outubro para conhecerem as oportunidades de investimento neste país europeu. Os participantes integraram uma missão empresarial organizada pela Sociedade de Advogados Pinto Machado, com sede no Brasil e em Portugal.

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O roteiro contemplou passagens por Lisboa, Oeiras, Estoril e Cascais, privilegiando espaços do ecossistema empresarial português, abrangendo as áreas da tecnologia, estado de defesa, inovação, sustentabilidade, imobiliária e investimentos em geral.

Houve visitas ao Oeiras Valley, a Tagus Park, ao World Trade Center, às instalações dos bancos BTG Pactual e Edmond de Rothschild, além de um encontro com o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais. Os empresários conheceram o Museu da Cerveja e as instalações fabris da Riberalves. O programa terminou com um almoço no restaurante Mandarim, no Casino Estoril, onde o grupo pode também assistir a um conjunto de palestras com informações sobre oportunidades de investimento na Europa.

Na capital portuguesa, e arredores, os empresários e investidores provenientes do Brasil tiveram a oportunidade de contatar empresas portuguesas em vários ramos de atuação. Muitos empresários residentes em Portugal também participaram.

Segundo Adriano Machado e Ana Sofia Pinto, sócios no escritório Pinto Machado, a avaliação da missão foi “extremamente positiva, pois os participantes alcançaram os seus objetivos e aumentaram as possibilidades de conexões profissionais entre os dois países”.

“O feedback que tivemos dos participantes foi muito positivo. Foi muito gratificante sentir que as pessoas desenvolveram importantes sinergias de negócio na nossa missão e simultaneamente fizeram novas amizades. Foi um grande desafio ter organizado esta missão pela primeira vez e, felizmente, o saldo final foi muito positivo”, disse Ana Sofia, que ressaltou ainda que “esta missão trouxe vários desafios e um caminho muito próspero para percorrer. Seguramente faremos mais edições de missões empresariais em Portugal, no Brasil e, quem sabe, noutros países que estejam abertos a receber investimento no tecido empresarial”.

Por sua vez, Adriano Machado mencionou que a ideia central da missão foi “apresentar o mercado português aos brasileiros, uma vez que muitos empresários estão carentes de informações concretas sobre o atual estado do mercado português e faltam referências sobre quem procurar para concretizar negócios em Portugal e no continente europeu”.

Presente no último dia da programação desta missão, Carlos Páscoa, ex-deputado na Assembleia da República de Portugal, eleito pela imigração pelo círculo de Fora da Europa, confirmou que esta iniciativa é “fundamental porque possibilita uma maior interação entre Brasil e Portugal em vários domínios”.

“Esta iniciativa em solo português contou com uma programação voltada para quem procura, na Europa, tranquilidade financeira, aumentar o património pessoal e familiar e realizar sonhos. Muitos empresários estão já a investir em Portugal, seja em empresas ou em aplicações que rendam juros ou outra forma de remuneração”, referiram os membros da Sociedade de Advogados Pinto Machado.

Segundo apurámos, está prevista uma nova missão, desta vez no Brasil, provavelmente em março de 2023.

Profissionais “experientes” no mercado luso-brasileiro

Adriano Pinto Machado é advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e de Portugal, filiado à comunidade luso-brasileira. Conta com ampla experiência na obtenção de nacionalidade portuguesa, vistos, revalidação de diplomas em Portugal e reconhecimento de sentenças estrangeiras.

Já Ana Sofia L. Pires Pinto é advogada inscrita na Ordem dos Advogados de Portugal, Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com pós-graduação em Direito do Urbanismo e Contencioso Administrativo e Fiscal, ambas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Durante o seu percurso profissional, tem participado ativamente na constituição de sociedades comerciais, operações de M & A, assessoria jurídica, e acumula, ainda, experiência em matérias de comercial e societário, nacionalidade portuguesa, golden visa, prestando assessoria a clientes nacionais e internacionais.

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FABIANO DE ABREU – NEUROCIENTISTA LUSO-BRASILEIRO – LANÇA LIVRO COM ACESSO GRATUITO PARA ESTUDANTES

  • Crónica de Ígor Lopes

O neurocientista luso-brasileiro, Fabiano de Abreu, lançou o livro “Razão da vida: As células do sistema nervoso”, que será distribuído gratuitamente a todos os estudantes interessados. Para isso, basta contacta o autor pelas suas redes sociais.

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“O que é ser um neurocientista? Segundo regras internacionais é necessário que haja uma graduação equivalente, mestrado e/ou doutorado em neurociências e ter pesquisas e artigos publicados. No entanto, atualmente essas regras têm sido deixadas de lado à medida que pessoas concluem a sua pós-graduação e se autodenominam neurocientistas”, explicou Fabiano de Abreu, Pós PhD em neurociências e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, que destacou ainda que o livro serve para “chamar a atenção para a importância dos estudos do cérebro humano e a necessidade de avançar nos estudos em neurociência”.

Estímulo ao surgimento e especialização de neurocientistas

Ao acreditarem que a pós-graduação é o ‘patamar necessário’ para se tornar um neurocientista, avança Fabiano de Abreu, “perdem-se diversas oportunidades de uma maior especialização na área e desestimulam os estudantes que se querem aprofundar em neurociências”.

“O livro está à venda, mas os universitários na área da saúde que me solicitarem através das minhas redes sociais forneço o livro gratuitamente. Uma das minhas metas na vida é levar conhecimento, procuro meios de incentivar a formatação desta cultura curiosa”, elucidou Fabiano de Abreu, que disse também a obra é interessante para quem “nutrem curiosidades sobre o cérebro humano e têm interesse em seguir na área”.

“O livro é uma excelente oportunidade para se conhecer um pouco mais sobre o estudo e o funcionamento desse órgão tão importante. A obra é destinada a biólogos, biomédicos, médicos, psicólogos e profissionais da saúde que podem basear-se neste conteúdo para aprimorar o conhecimento, no entanto, ele também é importante para curiosos com sede de conhecimento que querem aprender mais sobre o cérebro humano”, reforçou este especialista.

O desafio de trazer conteúdos profundos de forma didática

A neurociência contempla diversos estudos acerca do cérebro humano, o seu desenvolvimento e funcionamento, o que faz com que alguns conteúdos sejam muito complexos para serem explicados em poucas páginas, no entanto, é este desafio que Fabiano de Abreu está dedicado a superar.

“É um livro didático. Tentei colocá-lo de forma resumida, mas profunda, chamo de profundo o conteúdo completo, que se desenvolve a partir da origem. O livro é sobre a neuroanatomia dos neurónios e das células de suporte, assim como as substâncias relacionadas à vida como um todo, já que controlam o nosso humor, fome, emoções, sentimentos e também descrevo a relação dessas substâncias com as doenças e distúrbios mentais”, finalizou Fabiano de Abreu.

O livro “Razão da vida: As células do sistema nervoso” está disponível mundialmente na Amazon e Google Books, além de ser disponibilizado gratuitamente para estudantes da área da saúde.

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LUCIANE SERIFOVIC - RENOMADA PROFISSIONAL BRASILEIRA DA ÁREA IMOBILIÁRIA – ESTEVE NO MINHO E PALESTROU NO ESTORIL

  • Crónica de Ígor Lopes

Nos últimos dias, passou por Braga a brasileira Luciane Serifovic, considerada a corretora mais importante de Nova Iorque, nos EUA. Esta profissional é responsável por vender imóveis de luxo de vários artistas e milionários norte-americanos e estrangeiros.

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A visita a esta cidade na região do Minho, em Portugal, contemplou passagens pelo Hotel Bracara Augusta, além de conhecer pontos turísticos de Braga, num tour que contou com a presença de António Costa, dono do Hotel Bracara Augusta, do engenheiro César Gaspar e do neurocientista luso-brasileiro Fabiano de Abreu.

Luciane Serifovic esteve em solo português em virtude de ser uma das convidadas para palestrar no maior evento global da mediação imobiliária, que teve organização da UCI e se realizou nas instalações do Centro de Congressos do Estoril no último dia 20. Nesse local participaram os maiores especialistas do mercado imobiliário norte-americano.

Radicada nos EUA, esta cidadã brasileira é fundadora e CEO da imobiliária de luxo Luxian.

Com destaque entre os profissionais pelo seu sucesso internacional, Luciane foi a primeira brasileira a participar neste evento.

Outra marca da corretora de luxo é os 20 anos de carreira nos EUA. Nesse período, Luciane consolidou-se com diversas transações milionárias para clientes de todo o mundo. Para além disso, ela tem atuação como treinadora de milhares de agentes imobiliários e é autora do livro “Handle It: Get it Together and Finally Have It All”.

“Sou das que defendem o ‘ter tudo’. Ou seja, das que garantem casas e investimento de sonho, enquanto se aproveita a família e amigos e se tem um estilo de vida saudável e sustentável”, disse Luciane Serifovic.

“Fiquei muito empolgada com esse evento que reuniu diversos nomes importantes desse nicho”, finalizou.

VÃO OS DESFILES DO TRAJE POPULAR SUBSTITUIR OS FESTIVAIS DE FOLCLORE?

Após mais de dois anos de confinamento devido à pandemia do covid-19, eis que a organização de desfiles do traje popular parece adquirir predominância em relação aos habituais e na maioria dos casos pouco imaginativos festivais de folclore ao ponto de ameaçar substituí-los.

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Atendendo à necessidade de mobilizar um número suficiente de componentes para exibir as suas danças, interpretar as suas músicas e cantares em vez de limitar a desfilar na passerelle um reduzido número de modelos, esta opção veio disfarçar a crise de sobrevivência com que alguns grupos folclóricos se debatem neste período pós-pandemia.

Isto não significa que os desfiles do traje popular não possuam o seu interesse enquanto forma de divulgação da nossa cultura tradicional. Antes pelo contrário. Sucede, porém, que o folclore não se resume ao traje e, limitar a atuação dos grupos folclóricos aos desfiles corresponde a remeter os mesmos a uma quase insignificância. Nessas circunstâncias, nada mais justificaria a sua existência!

DAVID OLIVEIRA: O EXEMPLO DE UM “SELF-MADE MAN” LUSO-AMERICANO

  • Crónica de Daniel Bastos

A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico na principal potência mundial.

No seio da numerosa comunidade lusa nos EUA, segundo dados dos últimos censos americanos residem no território mais de um milhão de portugueses e luso-americanos, destacam-se vários percursos de vida de compatriotas que alcançaram o sonho americano ("the American dream”).

Entre as várias trajetórias de portugueses que começaram do nada na América e ascenderam na escala social graças a capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e resiliência, destaca-se o percurso de sucesso do empresário e dirigente associativo David Oliveira, umas das figuras mais proeminentes da comunidade luso-americana em Yonkers, a quarta maior cidade do estado de Nova Iorque.

Natural da freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias, concelho de Ourém, David Oliveira emigrou na década de 1980 para os Estados Unidos da América, na esperança de vir a construir um futuro melhor numa época em que Portugal vivia uma crise profunda, com níveis de inflação e de desemprego elevados. A chegada ao território americano, no início da idade adulta, adveio após passagem da fronteira com o México, tendo-se estabelecido na cidade de Yonkers, burgo do estado de Nova Iorque, onde encontraria trabalho como serralheiro no ramo das estruturas metálicas.

Atividade profissional, em que celeremente começou a trabalhar por conta própria, e cuja técnica, conhecimentos precisos e específicos o catapultou para um renomado empresário da metalurgia alicerçado na sua empresa de sucesso, a Westchester Metal Works Inc., fundada no alvorecer dos anos 90 e que hoje emprega cerca de meia centena de funcionários.

Entre as obras mais emblemáticas do self-made man luso-americano, muitas delas em Manhattan, o distrito mais conhecido e importante de Nova Iorque, encontram-se o restauro do carrossel de Coney Island, uma das incontornáveis atrações do Luna Park, na “Big Apple”, ou o restauro do Fulton Market.

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O empresário e dirigente associativo luso-americano David Oliveira, com o Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa, em 2018 no âmbito da Gala anual da PUSCC, no Harvard Club em Nova Iorque 

Empresário e empreendedor com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, o sucesso que o emigrante oureense alcançou têm sido acompanhados de um apoio constante à comunidade luso-americana em Yonkers. Cidade onde tem sido no decurso dos últimos anos, um dos principais dinamizadores do Centro Comunitário Português, uma das mais ativas associações luso-americanas, conhecida pela sua escola portuguesa, bar, restaurante, sala de festas, rancho folclórico e clube de futebol, e que tem sido frequentemente distinguido pelo Conselho Municipal.

Nunca esquecendo as suas raízes, frequentemente visita o seu torrão natal, e ainda em 2019 no âmbito das cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas no Estado de Nova Iorque, na qualidade de presidente do Clube de Yonkers, recebeu a delegação dos bombeiros de Ourém, na comemoração do 40.º aniversário da Fanfarra, aos EUA, o percurso de vida do empresário luso-americano David Oliveira recorda-nos a máxima do arquiteto Frank Lloyd Wright: “Eu sei o preço do sucesso - dedicação, trabalho duro, e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer”.

HAVAI: HISTÓRIAS DE PORTUGALIDADE

  • Crónica de Daniel Bastos

No passado sábado (15 de outubro), o Centro Cultural John Dos Passos, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura da Madeira, que homenageia desde o alvorecer do séc. XXI o escritor americano com raízes lusas e localizado no centro da vila da Ponta do Sol, promoveu o evento “Havai: histórias de portugalidade”.

A iniciativa, aberta à comunidade, incluiu a projeção dos documentários “Mandem saudades”, realizado em 1997, do jornalista de cinema, escritor e apresentador de televisão, Mário Augusto, e “Portuguese in Hawaii”, rodado em 2018, pelo realizador luso-descendente Nelson Ponta-Garça, assim como um painel com intervenientes em presença e também online desde o Havai.

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O painel presencial e online no decurso do evento “Havai: histórias de portugalidade” no Centro Cultural John Dos Passos

No painel, moderado pelo coordenador do Centro Cultural John dos Passos, Bernardo de Vasconcelos, participaram, presencialmente, além de Mário Augusto e Nelson Ponta-Garça, que apresentaram livros de sua autoria concebidos no âmbito dos documentários; Daniel Bastos, autor do livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”, já em segunda edição, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo; Danny Abreu, descendente de madeirenses, da ilha de Oahu e de visita à Madeira propositadamente nesta altura para este evento, e que está atualmente envolvido na dinamização do Centro Histórico e Cultural Português no arquipélago americano; e Susana Caldeira, investigadora madeirense que tem centrado o seu trabalho na emigração de naturais da Pérola do Atlântico para o Havai.

Participaram também no painel, mas em formato online desde o Havai, Audrey Rocha Reed, descendente de madeirenses e com um papel fundamental na preservação da cultura lusa através do Centro Cultural Português e do Heritage Hall em Maui; Tyler Dos Santos-Tam, cônsul honorário de Portugal em Honolulu; e Paul Neves, havaiano a residir em Hilo, neto de emigrantes madeirenses e mestre de dança Hula.

Numa fase em que se perspetiva a curto prazo a assinatura de um acordo de geminação entre a Região Autónoma da Madeira e o Estado do Havai. A iniciativa promovida pelo Centro Cultural John Dos Passos, e que contou na sessão de encerramento com a presença do Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, teve o condão de homenagear os cerca de 27 mil portugueses que, no final do século XIX e até 1913, muitos deles madeirenses, fizeram uma longa rota de emigração para o meio do Pacífico, e cujos milhares de descendentes são hodiernos pilares da sociedade havaiana.

Concomitantemente, esta linha de ação do Centro Cultural John Dos Passos, mormente o da diáspora madeirense, ao salientar a importância do fenómeno emigratório num território em que muitos dos seus naturais se encontram espalhados por nações como a África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, França, Reino Unido ou Venezuela. Lança quiçá, as bases vindouras para a dinamização, por exemplo, no Centro Cultural John Dos Passos, de um núcleo museológico no arquipélago, que possa homenagear, estudar, preservar e comunicar as expressões materiais e simbólicas da emigração madeirense, que pelas suas enormes potencialidades culturais e turísticas seria seguramente uma mais-valia para a região e para o país.