Rosalía de Castro é justamente considerada a fundadora da moderna literatura galega ou seja, o movimento cultural do rexurdimento que está na origem do nacionalismo galego. A poetisa nasceu em Santiago de Compostela, em 23 de fevereiro de 1837, e faleceu em Padrón, em 15 de julho de 1885.
Escrita em galego e castelhano, a sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca, tendo publicado em galego “Cantares Gallegos”e“Folhas Novas” e, em castelhano, “En las Orillas del Sar”. A Galiza celebra o Dia das Letras Galegas em 17 de Maio, invocando a edição de “Cantares Gallegos”,a sua primeira obra em galego.
Rosalía de Castro é justamente considerada a fundadora da moderna literatura galega ou seja, o movimento cultural do rexurdimento que está na origem do nacionalismo galego. A poetisa nasceu em Santiago de Compostela, em 23 de fevereiro de 1837, e faleceu em Padrón, em 15 de julho de 1885.
Escrita em galego e castelhano, a sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca, tendo publicado em galego “Cantares Gallegos” e “Folhas Novas” e, em castelhano, “En las Orillas del Sar”. A Galiza celebra o Dia das Letras Galegas em 17 de Maio, invocando a edição de “Cantares Gallegos”,a sua primeira obra em galego.
Adriano Xavier Cordeiro, (Ponte de Lima, 9/I/1880 – Porto, 11/IX/1919), embora não tendo pertencido ao grupo fundador do Integralismo Lusitano, juntou-se a Hipólito Raposo na revista “Nação Portuguesa”, onde colaborou até à sua precoce morte.
Xavier Cordeiro tratou sobretudo temas jurídicos sobressaindo, a defesa do poder do rei limitado pelos costumes e tradições, pelas liberdades e regalias dos foros dos concelhos rurais e o repúdio da influência dos direitos estrangeiros no direito português, irremediável fruto do cancro revolucionário de 1820.
É incontornável, por isso, a sua conferência sobre “o Direito e as Instituições”, no âmbito da Questão Ibérica e que teve lugar na Liga Naval a 11 de Maio de 1915.
“Entre as múltiplas manifestações que exteriorizam a alma de um povo, o direito é, por certo, uma das melhores que a tipam e definem.
Refiro-me, é claro, ao direito que nasce das relações familiares e patrimoniais da comunidade, que sendo a expressão das tendências e aspirações mais fundamentais dos povos, com eles se identifica e conserva a marca da natureza não contrafeita por convencionalismos ou exotismos de diversa ordem.
(…) Todo o homem, seja qual for a sua proveniência étnica, tende naturalmente para a associação. A sociabilidade e a religiosidade são as primeiras necessidades da alma humana. Mas se essas tendências são comuns a todos os homens, diversas e bem diversas são as formas por que elas se realizam: - e é nessa diversidade de fórmulas de arranjo social que, mais ainda do que nos estigmas antropológicos, podemos encontrar os lindes que profundamente separam as os povos de diversa etnogenia.
Ora, sendo o direito a regra da associação imposta na infância das sociedades, pela força coerciva do preceito religioso, ele não pode deixar de ser o claro espelho do espírito dos povos que o geram e um seguro guia para a reconstituição do mais remoto “habitat” espiritual e mora das sociedades em que se forma e desenvolve.
Suponho que já é inútil a demonstração de que só a sociedade e a vida de relação, originam o direito.
Creio que de entre os que me escutam já não há quem acredite nos “direitos do homem”, na “bondade imanente” e nessa série de sofismas com que o cérebro dementado de Rousseau anarquizou a inteligência do seu tempo, invertendo por completo os termos da equação social.
Já a velha sabedoria, pela voz de Aristóteles, proclamava que o homem sem a limitação da lei, imposta pela sociedade, não passaria de uma fera bruta e sanguinária, dominada, apenas, pelos impulsos da fome e do apetite carnal.
Nenhum homem aceitaria a limitação da lei se não carecesse, para sua defesa, de limitar também os ímpetos do egoísmo alheio.
A renúncia individual só é possível quando conta com a renúncia dos outros.
Não se compreende o Direito sem a sociedade, nem uma sociedade sem Direito.
Tal é o milenar conceito filosófico que a inteligência do século, liberta da utopia revolucionária, reivindica repondo, enfim, no seu verdadeiro lugar os termos da equação.
A humanidade de hoje, sedenta de ordem e disciplina, repudia a ficção revolucionária que, durante mais de um século, a transviou da estrada direita e iluminada da inteligência.
Não nos digam mais os declamadores da revolução que o homem é fundamentalmente bom e que é a sociedade que o perverte; que o indivíduo nasce livre e revestido de direitos, sendo-lhe, por isso, lícito reconstruir a perversa sociedade, ao sabor da sua fantasia! Não nos repitam essa toada roufenha de “carmagnole”, porque nós não só a não acreditamos, mas até a repelimos e detestamos, como a causa mais funesta dos mais funestos males que há mais de um século nos afligem."
Conferência de Adriano Xavier Cordeiro, salão nobre da Liga Naval, 11 de Maio de 1915
Por Deus, Pátria e Rei legitimo
Fotos: Estudos Portugueses
Adriano Xavier Cordeiro, 1880-1919. Xavier Cordeiro nasceu em 9 de Janeiro de 1880, em Arcozelo, Ponte de Lima, filho de António Xavier Cordeiro, Delegado do Procurador Régio na comarca de Ponte de Lima, e de D. Claudina Elisa Garcia Cordeiro. Sendo o pai magistrado, com uma vida profissional errante, Adriano estudou em liceus de Lisboa, Faro e Santarém, mas iniciou, com 17 anos, os seus estudos de Direito na Universidade de Coimbra. Concluiu a sua licenciatura em 1903, dois anos antes da maior parte dos restantes fundadores do Integralismo Lusitano - Hipólito Raposo, Almeida Braga, António Sardinha, Alberto Monsaraz - iniciarem o seu curso em Coimbra. Adriano era cinco anos mais velho do que Hipólito Raposo, e não pertenceu ao grupo que preparou, na Quinta das Olaias (Figueira da Foz), o lançamento do Integralismo Lusitano mas, sendo este amigo de Hipólito Raposo, que por ele nutria grande apreço intelectual, foi convidado a juntar-se-lhes no lançamento da revista Nação Portuguesa, em 1914. Veio depois a sero primeiro presidente da sua Junta Central, de 1916 até à sua morte, em 1919, quando contava apenas 39 anos. Faleceu no Porto, em 11 de Setembro de 1919. No jornal A Monarquia, Hipólito Raposo publicou dois artigos, em 12 e 13 de Setembro, no último dos quais escreveu: "Rezemos sobre o túmulo do nosso amigo e companheiro, mas trabalhemos, sob a benção de Deus, para que a seara da esperança que amorosamente cultivamos, floresça na montanha maternal e na planície jucunda, em promessas de riqueza, de paz e de virtude que sejam no futuro a justificação, a glória e a recompensa do nosso querido morto!" Xavier Cordeiro tratou sobretudo temas jurídicos - a sua especialidade - tanto na primeira série da revista Nação Portuguesa (1914-1916) como no jornal A Monarquia (1917-1919). Na revista Nação Portuguesa, merece destaque:
"As velhas liberdades e a nova liberdade", Nação Portuguesa, 1 (3), 1914, pp. 86-91. Apologia de um poder do monarca limitado pelos costumes e tradições, pelas liberdades e regalias dos foros dos concelhos rurais e das comunas urbanas, que os Reis juravam respeitar ao subir ao trono, em contraste como os parlamentos contemporâneos, que se consideram dotados de soberania total, com autoridade legitima para em tudo legislar.
"A desnacionalização do nosso Direito", Nação Portuguesa, 1 (9), Outubro de 1915, pp. 286-292. Xavier Cordeiro reage contra a influência dos direitos estrangeiros em Portugal, em especial do Código Napoleónico de 1804, acolhido no direito português na sequência da revolução liberal de 1820.
Participou nas conferências da Liga Naval sobre a Questão Ibérica com uma comunicação sobre o "Direito e Instituições" dos dois estados peninsulares e, em 1917, no mesmo local, nas conferências sobre as "Províncias de Portugal - A Terra, Etnografia, Economia e Estética", tratando a "Província da Estremadura".
Obra contou com a colaboração fotográfica de Carlos Gomes, Administrador do Blogue do Minho
O Movimento 1º de Dezembro procedeu em 2017 ao lançamento do livro “O Novo 1º de Dezembro”, em cerimónia público que decorreu no Palácio dos Condes de Almada, vulgo Palácio da Independência, ao Largo de São Domingos, 11, em Lisboa.
O livro foi apresentado por José Ribeiro e Castro, coordenador da obra e do Movimento 1º de Dezembro, por José Alarcão Troni, presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e Martinho Caetano, Presidente da Confederação Musical Portuguesa.
Com esta iniciativa, pretendeu o Movimento 1º de Dezembro assinalar cinco anos do Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas (2012-16), visando enriquecer e valorizar o dia em que celebramos a independência nacional.
Sob chancela da "Casa Sassetti", uma marca da Editora Princípia, trata-se de um livro-álbum elaborado sob coordenação de José Ribeiro e Castro, apresentando imagens de bandas filarmónicas e outros grupos que, nos últimos cinco anos, já vieram representar 71 concelhos neste "novo 1º de Dezembro", festivo e popular.
Miles de persoas reivindican en Compostela "a forza da nación galega"
Miles de persoas procedentes de todas as comarcas galegas —ao redor de 20.000 persoas— manifestáronse esta quinta feira polas rúas de Compostela convocadas polo BNG nunha grande mobilización polo Día da Patria Galega baixo o lema A forza deste país. A manifestación partiu da Alameda da capital galega pasadas as 12 horas entre bandeiras, gaitas, bombos do Baixo Miño e consignas, e presidida por unha bandeira da Patria xigante; para percorrer as rúas composteláns e desembocar na praza da Quintana. Este 25 de xullo fixéronse 40 anos da “recuperación” da zona vella para a manifestación nacionalista, á que se lle prohibira acceder ao corazón de pedra da capital entre 1981 e 1983. “Non renunciamos á Patria galega”, un dos lemas coreados esta quinta polos manifestantes e que xa estaba presente naquel Día da Patria Galega de 1984.
A faixa co lema deste ano,portada pola Executiva nacional do BNG coa súa portavoz nacional á fronte, Ana Pontón; percorría a capital e ía abrindo paso a unha riada de miles de persoas que celebraban a nación galega. Faixas en defensa do galego ou da sanidade pública, contra Altri e os proxectos de “destrución do territorio”, de defensa dos sectores produtivos, reivindicando a soberanía nacional.... Destacaba unha faixa xigante cos rostros de Castelao e Rosalía, dúas figuras que malia os pasos dos anos, das décadas, manteñen a súa vixencia na simboloxía do nacionalismo. Na manifestación puido verse de novo ao histórico nacionalista Xosé Manuel Beiras, quen xunto Martiño Noriega e Antón Sánchez levaban a pancarta de Anova, coa que a formación escenifica a súa sintonía co proxecto do BNG.
Remonta a 1919 a escolha do dia 25 de julho para celebrar o Dia da Pátria Galega, decisão que foi aprovada em Assembleia das Irmandades da Fala, reunidas em Santiago de Compostela. Refira-se que se trata do dia da festa litúrgica de Santiago Maior, Patrono da Galiza.
GALIZA E PORTUGAL: UM SÓ POVO E UMA SÓ NAÇÃO!
Por um compreensível desconhecimento que tem sobretudo a ver com a conveniência de se manterem boas relações entre Estados, grande parte dos portugueses ignora as verdadeiras afinidades que existem entre a Galiza e Portugal e, no âmbito deste, particularmente em relação ao Minho. Essa falta de conhecimento estende-se a vários domínios, mormente às raízes étnicas comuns de minhotos e galegos e até ao entendimento errado do idioma galego frequentemente confundido com o castelhano e impropriamente designado por “espanhol”. Mesmo entre pessoas que deveriam ser entendidas no domínio do folclore minhoto é recorrente ouvi-las referir-se a uma dança tradicional galega designando-a como “vira espanhol”.
Rosalía de Castro, figura cimeira das Letras Galegas
Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspeto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, atualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho, do Douro Litoral e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galego se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões – a Galiza!
O MINHO E A GALIZA – JOÃO VERDE E AMADOR SAAVEDRA
“Vendo-os assim tão pertinho,
A Galiza mail'o o Minho
São como dois namorados
Que o rio traz separados
Quasi desde o nascimento.
Deixalos, pois, namorar
Já que os pais para casar
Lhes não dão consentimento.”
Na outra margem do rio Minho – da vizinha e irmã Galiza – replicou o poeta galego Amador Saavedra que respondeu nos seguintes termos:
“Se Dios os fixo de cote
Um p’ra outro e teñem dote
Em terras emparexadas,
Pol'a mesma auga regadas
Com ou sem consentimento
D'os pais o tempo a chegar
Em que teñam que pensar
Em facer o casamento.”
João Verde, pseudónimo de José Rodrigues Vale, poeta maior das letras monçanenses, nasceu em 1866, no Largo da Palma, e faleceu em 1934, na “Casa do Arco”, Rua Conselheiro Adriano Machado, conhecida localmente como Rua Direita.
Remonta a 1919 a escolha do dia 25 de julho para celebrar o Dia da Pátria Galega, decisão que foi aprovada em Assembleia das Irmandades da Fala, reunidas em Santiago de Compostela. Refira-se que se trata do dia da festa litúrgica de Santiago Maior, Patrono da Galiza.
Santiago Maior numa obra de Rembrandt
GALIZA E PORTUGAL: UM SÓ POVO E UMA SÓ NAÇÃO!
Por um compreensível desconhecimento que tem sobretudo a ver com a conveniência de se manterem boas relações entre Estados, grande parte dos portugueses ignora as verdadeiras afinidades que existem entre a Galiza e Portugal e, no âmbito deste, particularmente em relação ao Minho. Essa falta de conhecimento estende-se a vários domínios, mormente às raízes étnicas comuns de minhotos e galegos e até ao entendimento errado do idioma galego frequentemente confundido com o castelhano e impropriamente designado por “espanhol”. Mesmo entre pessoas que deveriam ser entendidas no domínio do folclore minhoto é recorrente ouvi-las referir-se a uma dança tradicional galega designando-a como “vira espanhol”.
Rosalía de Castro, figura cimeira das Letras Galegas
Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspeto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, atualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho, do Douro Litoral e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galego se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões – a Galiza!
O MINHO E A GALIZA – JOÃO VERDE E AMADOR SAAVEDRA
“Vendo-os assim tão pertinho,
A Galiza mail'o o Minho
São como dois namorados
Que o rio traz separados
Quasi desde o nascimento.
Deixalos, pois, namorar
Já que os pais para casar
Lhes não dão consentimento.”
Na outra margem do rio Minho – da vizinha e irmã Galiza – replicou o poeta galego Amador Saavedra que respondeu nos seguintes termos:
“Se Dios os fixo de cote
Um p’ra outro e teñem dote
Em terras emparexadas,
Pol'a mesma auga regadas
Com ou sem consentimento
D'os pais o tempo a chegar
Em que teñam que pensar
Em facer o casamento.”
João Verde, pseudónimo de José Rodrigues Vale, poeta maior das letras monçanenses, nasceu em 1866, no Largo da Palma, e faleceu em 1934, na “Casa do Arco”, Rua Conselheiro Adriano Machado, conhecida localmente como Rua Direita.
Remonta a 1919 a escolha do dia 25 de julho para celebrar o Dia da Pátria Galega, decisão que foi aprovada em Assembleia das Irmandades da Fala, reunidas em Santiago de Compostela. Refira-se que se trata do dia da festa litúrgica de Santiago Maior, Patrono da Galiza.
Santiago Maior numa obra de Rembrandt
GALIZA E PORTUGAL: UM SÓ POVO E UMA SÓ NAÇÃO!
Por um compreensível desconhecimento que tem sobretudo a ver com a conveniência de se manterem boas relações entre Estados, grande parte dos portugueses ignora as verdadeiras afinidades que existem entre a Galiza e Portugal e, no âmbito deste, particularmente em relação ao Minho. Essa falta de conhecimento estende-se a vários domínios, mormente às raízes étnicas comuns de minhotos e galegos e até ao entendimento errado do idioma galego frequentemente confundido com o castelhano e impropriamente designado por “espanhol”. Mesmo entre pessoas que deveriam ser entendidas no domínio do folclore minhoto é recorrente ouvi-las referir-se a uma dança tradicional galega designando-a como “vira espanhol”.
Rosalía de Castro, figura cimeira das Letras Galegas
Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspeto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, atualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho, do Douro Litoral e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galego se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões – a Galiza!
O MINHO E A GALIZA – JOÃO VERDE E AMADOR SAAVEDRA
“Vendo-os assim tão pertinho,
A Galiza mail'o o Minho
São como dois namorados
Que o rio traz separados
Quasi desde o nascimento.
Deixalos, pois, namorar
Já que os pais para casar
Lhes não dão consentimento.”
Na outra margem do rio Minho – da vizinha e irmã Galiza – replicou o poeta galego Amador Saavedra que respondeu nos seguintes termos:
“Se Dios os fixo de cote
Um p’ra outro e teñem dote
Em terras emparexadas,
Pol'a mesma auga regadas
Com ou sem consentimento
D'os pais o tempo a chegar
Em que teñam que pensar
Em facer o casamento.”
João Verde, pseudónimo de José Rodrigues Vale, poeta maior das letras monçanenses, nasceu em 1866, no Largo da Palma, e faleceu em 1934, na “Casa do Arco”, Rua Conselheiro Adriano Machado, conhecida localmente como Rua Direita.
Por um compreensível desconhecimento que tem sobretudo a ver com a conveniência de se manterem boas relações entre Estados, grande parte dos portugueses ignora as verdadeiras afinidades que existem entre a Galiza e Portugal e, no âmbito deste, particularmente em relação ao Minho. Essa falta de conhecimento estende-se a vários domínios, mormente às raízes étnicas comuns de minhotos e galegos e até ao entendimento errado do idioma galego frequentemente confundido com o castelhano e impropriamente designado por “espanhol”. Mesmo entre pessoas que deveriam ser entendidas no domínio do folclore minhoto é recorrente ouvi-las referir-se a uma dança tradicional galega designando-a como “vira espanhol”.
Rosalía de Castro, figura cimeira das Letras Galegas
Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspeto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, atualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho, do Douro Litoral e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galego se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões – a Galiza!
Rosalía de Castro é justamente considerada a fundadora da moderna literatura galega ou seja, o movimento cultural dorexurdimentoque está na origem do nacionalismo galego. A poetisa nasceu em Santiago de Compostela, em 23 de fevereiro de 1837, e faleceu em Padrón, em 15 de julho de 1885.
Escrita em galego e castelhano, a sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca, tendo publicado em galego“Cantares Gallegos”e“Folhas Novas”e, em castelhano, “En las Orillas del Sar”. A Galiza celebra o Dia das Letras Galegas em 17 de Maio, invocando a edição de“Cantares Gallegos”,a sua primeira obra em galego.
Rosalía de Castro é justamente considerada a fundadora da moderna literatura galega ou seja, o movimento cultural do rexurdimento que está na origem do nacionalismo galego. A poetisa nasceu em Santiago de Compostela, em 23 de fevereiro de 1837, e faleceu em Padrón, em 15 de julho de 1885.
Escrita em galego e castelhano, a sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca, tendo publicado em galego “Cantares Gallegos” e “Folhas Novas” e, em castelhano, “En las Orillas del Sar”. A Galiza celebra o Dia das Letras Galegas em 17 de Maio, invocando a edição de “Cantares Gallegos”,a sua primeira obra em galego.
Miles de persoas defenden en Compostela unha nación galega “sen límites”
Unha maré volveu percorrer a capital galega, da Alameda ao corazón da zona vella, convocada polo BNG. Máis unha vez, a defensa da soberanía do pobo galego foi a cerna dunha mobilización que reivindicou o vello verso de Celso Emilio Ferreiro: “Común temos a Patria”.
Miles de persoas reivindicaron este domingo en Compostela unha “Galiza sen límites”, convocados polo BNG. A organización nacionalista convocara a se mobilizar na capital galega este Día da Patria Galega para defender o dereito a decidir do pobo galego e a resposta foi clara: unha maré de xente procedente de toda as as comarcas galegas, acudiu a Compostela. “Creo que había anos que non vía tanta xente”, confesaba Carme, de Vigo, que axiña engadía que “e levo vindo desde os 80, eh?”.
A precaución ante a Covid e a a anulación de Festigal e xantares e actos post-manifestación na Carballeira de Santa Susana semellan que non desanimaron á hora de acudira Compostela neste Día da Patria Galega. As estritas medidas contra o coronavirus fixadas polo BNG para esta mobilización levaron a que, ademais da tradicional da Quintana, se habilitase tamén a Praza de Praterías para o remate da mobilización. Tamén ficou pequena e houbo xente que non puido entrar nin nunha nin noutra. Problema? Ningún. Os que non puideron entrar pola limitación de capacidade ficaron na Rúa Nova: gaitas, bandeiras e cánticos para seguir a sumar festa e reivindicación.
“Non era para vir...pero vimos”. Iria e Miguel, de Ourense, recoñecen que até hai uns días non estaban moi convencidos de acudir á manifestación. Mais finalmente, “sabiamos que de non estar aquí iámonos arrepentir”, e acudiron.
Fecho de fronteiras | Bloco apresenta projetos no Parlamento Europeu e na Assembleia da República
Esta semana realizou-se um Encontro entre o Bloco de Esquerda e o Bloco Nacionalista Galego, no qual foi assinada uma “Carta do Porto” que aponta como lutas comuns as “infraestruturas, trabalho e cultura para unir os dois povos”.
No Encontro entre o Bloco de Esquerda e o Bloco Nacionalista Galego (BNG) estiveram em debate três pontos: infraestruturas e investimentos para unir os dois povos, a mobilidade transfronteiriça e o desenvolvimento de laços culturais e linguísticos. E foi aprovado um documento onde Bloco e BNG se comprometem a continuar a coordenar iniciativas políticas e examinar as possibilidades de solucionar os problemas comuns e a contribuir para a sua resolução, através de propostas em diferentes eixos, com prioridade para os investimentos nas infraestruturas de comunicação entre Galiza e norte de Portugal, a resposta às consequências da pandemia para as trabalhadoras e trabalhadores dos dois Povos e as iniciativas culturais.
Em relação à mobilidade transfronteiriça o Bloco compromete-se a apresentar na Assembleia da República um projecto de Resolução para instar ao Governo de Portugal a concretizar um “Cartão de Cidadania Transfronteiriça”, ideia já anunciada na Cimeira Luso-Espanhola da Guarda, em outubro de 2020, no quadro da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, que prevê a “criação de um documento específico que regule a figura do trabalhador transfronteiriço", que ainda não foi concretizado. Os dois partidos apresentarão conjuntamente no Parlamento Europeu e junto da Comissão Europeia a exigência, feita pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT), de que sejam tidos em conta os prejuízos económicos que as autarquias e setores económicos e sociais sofreram, no âmbito do NEXT EU, dos Fundos de Coesão e através de um ITI (Investimento Territorial Integrado).
Galiza e Portugal: impulso de estratégias conjuntas para as relações políticas, socioeconómicas e culturais
Dando continuidade à relação de proximidade entre Portugal e Galiza e à longa relação de cooperação política entre o Bloco de Esquerda e o Bloque Nacinalista Galego, o Encontro do Porto tratou de assuntos de interesse comum, no seguimento do encontro bilateral realizado em dezembro de 2020 em Vigo. Esse trabalho comum entre o Bloco e o BNG tem já passado por iniciativas comuns na Assembleia da República sobre esta cooperação com o Parlamento da Galiza, bem como no Parlamento Europeu, nomeadamente nas “questões estratégicas de desenvolvimento” e nas questões culturais. Esta mesma cooperação tem sido promovida pelo BNG através do seu grupo territorial do BNG Portugal e nos diferentes Parlamentos.
O Bloco de Esquerda e o BNG comprometem-se a continuar a coordenar iniciativas políticas e examinar as possibilidades de solucionar os problemas comuns e a contribuir para a sua resolução, através de propostas em diferentes eixos, com prioridade para os investimentos nas infraestruturas de comunicação entre Galiza e norte de Portugal, a resposta às consequências da pandemia para as trabalhadoras e trabalhadores dos dois Povos e as iniciativas culturais.
Os dois partidos decidem também dinamizar, no futuro, uma Jornada Temática entre Portugal e Galiza, a ter lugar na Assembleia da República portuguesa, impulsionada pelo Bloco e aberta a todas as forças políticas portuguesas.
Infraestruturas e investimentos para unir os dois Povos
Conscientes de que o centralismo do Estado espanhol, tal como o centralismo de Portugal, não ajudam ao desenvolvimento, denunciamos que uma concentração dos investimentos e um desenho de infraestruturas que não promove a coesão territorial e social tem sido um dos obstáculos ao desenvolvimento dos dois países e tem vindo a ser uma das razões de despovoamento de grande parte do território e de falla de ligações modernizadas e seguras.
A região Norte de Portugal tem relações muito próximas, quotidianas, económicas, humanas e culturais com a Galiza. Essas relações têm permitido que este seja um território capaz de manter uma capacidade económica e uma população residente, ao contrário do que aconteceu noutras regiões portuguesas. Por isso, pugnamos pelo desenvolvimento da ferrovia e pela modernização da linha que desenvolva o eixo atlântico, com ligação de Portugal com a Galiza. Tendo o governo de Portugal definido este investimento como prioritário, é agora necessário passar do anúncio aos investimentos efetivos nas infraestruturas. Consideramos que é necessário que o Governo espanhol tenha a mesma vontade de fazer estas ligações ferroviárias para a ligação Vigo-Porto, o Corredor Atlântico de mercadorias e o Eixo Atlântico de mercadorias, projetos fundamentais que defendemos conjuntamente.
No caso da ferrovia, o Governo português tem defendido a ligação Lisboa-Porto-Vigo como prioridade portuguesa para a rede ibérica de alta velocidade. O Governo da Espanha, por seu lado, está a deixar em segundo plano esta ligação com falha de investimentos. O BNG continuará a exigir estes investimentos, tal como solicitou no Parlamento espanhol, e no Parlamento da Galiza, através da iniciativa do BNG que instava o Goberno galego a reclamar do Governo espanhol a priorização do projeto de infraestruturas do Corredor Atlântico na Galiza, assim como a melhoria das ligações com Portugal, através da construção da Saída Sul de Vigo; o financiamento europeu e os investimentos do Estado espanhol necessários para conectar a Galiza nas mesmas condições e nos mesmos prazos que os outros corredores europeus.
É necessário um novo impulso político conjunto dirigido aos dois Estados para que se realizem os investimentos em ambos territórios. O BNG e o Bloco de Esquerda irão tomar iniciativas no Parlamento Português e galego com vista a exigir aos dois Governos que concretizem estes investimentos.
A fronteira reposta pela pandemia que dificulta a vida e a economia dos Povos
Dentro do amplo leque de intercâmbios que se produzem entre a Galiza e o Norte de Portugal, um dos mais destacados é aquele que é protagonizado pelos cidadão que vão de um território a outro para desempenhar a sua actividade profissional, assim como por turismo, estudos e intercâmbios económicos. As restrições à circulação e o encerramento de fronteiras por motivos de saúde pública durante a pandemia provocaram numerosos problemas e consequências económicas. O BNG apresentou no Parlamento de Galiza uma iniciativa, aprovada por unanimidade, para que o Governo galego impulsione junto dos governos espanhol e portugués uma proposta de cartão de proximidade transfronteiriça que se pudesse utilizar em caso de restrições à circulação por razões sanitárias, assim como um cartão de cidadão transfronteiriço para a população residente nos municípios limítrofes do rio Minho internacional. Este cartão é útil para simplificar a vida das pessoas, para aumentar a eficiência na Administração Pública baseada nas TIC, aproveitando a experiência de instrumentos deste tipo já implementados ou em estudo no âmbito das Eurocidades.
Tendo em conta a dupla penalização nestes territórios em consequência do encerramento de fronteiras, dada a profunda interconexão e interdependência socioeconómica entre o Norte de Portugal e a Galiza, são necessárias medidas de compensação pelo prejuízo causado pelas restrições na circulação fronteiriça durante os estados de emergência. Assim, devem ser exigidas medidas de compensação económica no âmbito do programa NEXT EU e dos Fundos de Coesão e também a criação de um Investimento Territorial Integrado de caráter transfronteiriço (ITI) entre os dois estados, dotado financeiramente de fundos europeus para que os territórios transfronteiriços sejam compensados pelo segundo e grave golpe socioeconómico
O Bloco compromete-se a apresentar na Assembleia da República um projecto de Resolução para instar ao Governo de Portugal a concretizar um “Cartão de Cidadania Transfronteiriça”, ideia já anunciada na Cimeira Luso-Espanhola da Guarda, em outubro de 2020, no quadro da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, que prevê a “criação de um documento específico que regule a figura do trabalhador transfronteiriço", que ainda não foi concretizado. Os dois partidos apresentarão conjuntamente no Parlamento Europeu e junto da Comissão Europeia a exigência, feita pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT), de que sejam tidos em conta os prejuízos económicos que as autarquias e setores económicos e sociais sofreram, no âmbito do NEXT EU, dos Fundos de Coesão e através de um ITI (Investimento Territorial Integrado).
A nossa cultura, a nossa língua internacional
A Lei nº 1/2014, do 24 de marzo, para “o aproveitamento da língua portuguesa e vínculos coa lusofonía”, aprovada no Parlamento de Galiza, nasceu da Iniciativa Legislativa Popular Valentín Paz-Andrade, de onde se retira o nome pelo qual a lei é mais comumente conhecida, e visa estreitar os laços da Galiza e do Galego com a língua portuguesa e os países em que ela é oficial, potenciando a projeção internacional desta vantagem histórica.
O objetivo é que os poderes públicos galegos promovam o conhecimento da lingua portuguesa e das culturas lusófonas para mergulhar nos laços históricos que unem a Galiza às comunidades de língua portuguesa e também pelo caráter estratégico que têm as relações culturais, económicas e sociais na Euroregião Galiza- Norte de Portugal. Esta promoção passa pela incorporação progressiva da língua portuguesa no âmbito das competências em línguas estrangeiras nos centros de ensino da Galiza e, de forma especial, por fomentar o conhecimento desta língua por parte dos funcionários públicos, pela participação das instituições em fóruns lusófonos de todo tipo –económico, cultural, ambiental, deportivo, etc.–, pela organización de eventos com presença de entidades e pessoas de territorios que teñan o portugués como lingua oficial.
Depois das iniciativas conjuntas do Bloco e do BNG nos Parlamentos da Galiza, espanhol e Europeu antes de 2014 sobre serviços audiovisuais entre Galiza e Portugal, a Lei Paz Andrade finalmente promove e estimula a adoção de medidas para a aplicação das disposições da Directiva 2007/65/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de serviços de meios audiovisuais sem fronteiras, com vista a favorecer e permitir a reciprocidade das emissões televisivas e radiofónicas entre a Galiza e Portugal, instando também que a CRTVG promova os intercâmbios de produções audiovisuais e de programas completos ou partes destes nos diversos géneros televisivos, colaboração em projetos audiovisuais novos, no emprego de meios de produção técnicos e humanos e a colocação em comum de conhecimento aplicado à produção audiovisual ou à gestão empresarial, com televisões de língua portuguesa.
O Estado português acompanhou as propostas da Iniciativa Legislativa Popular Paz Andrade com a assinatura de um Memorando de Entendimento, em 2015, entre o Instituto Camões e o governo galego, de forma a garantir a formação de professorado e respeitos meios de avaliação para o ensino da língua portuguesa na Galiza. Previa também o desenvolvimento de esforços para expandir a receção aberta em território galego das televisões e rádios portuguesas mediante Televisão Digital Terrestre, o que motivou a assinatura de um Memorando com a RTP (Rádio e Televisão Portuguesa) para o mesmo efeito. Cinco anos depois, a Lei Paz Andrade mostra uma boa orientação, mas bastante lentidão. O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda interpelou a Ministra de Cultura a respeito da aplicação dos acordos para a aplicação da Lei Paz Andrade. Questionou também o Governo sobre as ações de formação de professorado para o ensino da língua portuguesa na Galiza, as ações para a promoção da língua portuguesa e sobre que emissão de televisão e rádio da RTP tem sido promovida na Galiza.
O Bloco de Esquerda e o BNG consideram que é necessário acompanhar de forma mais exigente a implementação da Lei Paz Andrade. Nesse sentido, o Bloco compromete-se a apresentar na Comissão de Cultura da Assembleia da República a proposta para a realização, pelo parlamento português, uma sessão pública parlamentar de balanço sobre a concretização dos compromissos relativos à Lei Paz Andrade e ao Memorando que ela suscitou entre os dois países.
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda promove, amanhã, dia 19 de abril, o Encontro dos povos, recebendo uma delegação do Bloque Nacionalista Galego. O programa do encontro será dedicado às questões do CORREDOR ATLÂNTICO, focando os temas das ligações transfronteiriças e do investimento para a integração regional assim como a língua. Depois do encontro realizado em Vigo, a 14 de dezembro de 2020, que juntou as delegações dos dois partidos, o Encontro dos povos visa afirmar a mobilidade, a necessidade de investimento em infraestruturas, os problemas dos/as trabalhadores/as transfronteiriças e o intercâmbio cultural como instrumentos de resposta às crises.
EIXO ATLÂNTICO 19 de Abril de 2021 PORTO
LOCAL: Salão - Infraestruturas de Portugal (Estação de Campanhã)
PROGRAMA
9h Abertura - José Maria Cardoso (Deputado Bloco de Esquerda e Presidente da Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território). - Ana Miranda (Portavoz BNG Europa)
9h15 - 10h15 Investir a aproximar: a ferrovia e o corredor atlântico
- Isabel Pires (Deputada do Bloco de Esquerda)
- Néstor Rego (Deputado do BNG Parlamento Madrid)
- Alexandra Fernandez (deputada BNG Parlamento de Galiza)
Moderação: Susana Constante Pereira
10h15 - 11h15 Proteger e garantir: os direitos laborais transfronteiriços
- Sindicalista galego - Prefeito/a galego ou português ?
- Uxio Benitez (Dirigente BNG/ Director AECT)
- Moderação: José Soeiro (Deputado do Bloco de Esquerda)
11h15 - 11h30 Intervalo
11h30 Conferência de Imprensa com Catarina Martins e Ana Pontón
11h45 - 12h45 Aprender e partilhar: Lei Paz Andrade e o que falta fazer na cultura.
- João Teixeira Lopes (Professor universitário)
- Alexandra Vieira (Deputada do Bloco de Esquerda)
Galiza pola República convoca para o próximo dia 20 de agosto unha concentración na Coruña contra a monarquía “corrupta e herdeira do franquismo”, devendo contar com participaçóns de várias nacionalidades e sectores republicanos.
Data de 1919 o Decreto emanado pela Junta da Galiza que instituiu o dia 25 de julho para celebrar o Dia da Pátria Galega. Porém, as suas origens remontam a 1919, altura em que as Irmandades da Fala, reunidas em Assembleia em Santiago de Compostela, proclamaram o dia da festa litúrgica de Santiago Maior, Patrono da Galiza, como o Dia da Pátria Galega.
Amanhã, centenas de formações políticas, sociais e culturais do povo galego sairão à rua para celebrar o Dia da Pátria Galega e refletir acerca da atual situação económica e política com vista à construção da soberania e da liberdade da Galiza.
Em face das afinidades culturais que nos unem e fazem de nós uma só nação, os portugueses em geral e os minhotos em particular saúdam as gentes da Galiza no dia da celebração da sua Pátria. Os galegos são nossos irmãos!
Por um compreensível desconhecimento, grande parte dos portugueses possui um entendimento errado em relação à identidade nacional das gentes galegas.
Tal como sucede em relação à língua portuguesa que é o idioma da Galiza e que também é erradamente confundida com o castelhano que é a língua oficial de Espanha, também ela impropriamente por vezes designada por "espanhol". Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspeto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, atualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galego se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões – a Galiza!