João Alpuim Botelho nasceu em 1967, em Viana do Castelo. Licenciado em História (FLL, 1989), possui o Mestrado em Museologia, tendo defendido uma tese sobre “Panorama Museológico do Alto Minho” (U.N.L., 2007).
Desde 1991, trabalha na Câmara Municipal de Viana do Castelo e, desde 1999, foi responsável pelo Museu do Traje, criado em 1997, com a gestão e direção da instalação e processo de adesão à Rede Portuguesa de Museus concluído em 2004.
No âmbito da sua atividade no Museu do Traje realizou cerca de 20 exposições de temática etnográfica, ligada à investigação e pesquisa da vida rural tradicional e da identidade alto minhota.
Publicou, entre catálogos e artigos, cerca de 50 trabalhos sobre a mesma temática. Destes trabalhos relevo a edição de Uma Imagem da Nação, O Traje à Vianesa, com Benjamim Pereira e António Medeiros (ed CMVC, 2009)
Ainda no âmbito dos Museus desenvolvi um conjunto de Núcleos Museológicos situados nas freguesias do Concelho de Viana do Castelo, que dispõe de cinco em funcionamento (Moinhos de Vento de Montedor, em Carreço; Moinhos de Água, em S.L. Montaria; do Pão, em Outeiro; do Sargaço, em Castelo de Neiva; das actividades Agro-Marítimas, em Carreço) estando esta rede em permanente alargamento.
Desde Julho de 2009 sou Chefe de Divisão de Museus da Câmara Municipal de Viana do Castelo, tendo a meu cargo dois Museus que integram a Rede Portuguesa de Museus: o Museu de Arte e Arqueologia e o Museu do Traje
Iniciou a sua vida profissional no Centro Nacional de Cultura com Helena Vaz da Silva, no Dep de Divulgação Patrimonial em 1990/91. Entre 1995 e 2002 deu aulas no Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPVC de História de Artes e Ofícios Tradicionais, Animação Cultural e Património e Museologia.
Entre 2002 e 2005, foi Diretor Executivo da Culturporto – associação de produção cultural privada, financiada pela Câmara Municipal do Porto, responsável pela gestão do Teatro Rivoli e pela Animação da Cidade. Durante este período, e para além da atividade normal do teatro Rivoli, organiza o projeto Bairros - projeto de criação artística com crianças de bairros desfavorecidos, a Festa na Baixa, conjunto de atividades de animação e divulgação do património da Baixa do Porto, o Capicua 2002, Ciclo de programação comissariado por Eduardo Prado Coelho, o Pontapé de Saída, ciclo de programação de encontro entre as artes e o futebol, no âmbito do Euro 2004, Colóquio Encenação do Passado, com Marc Augé, Vítor Oliveira Jorge, Jorge Freitas Branco, Nuno Carinhas, Abertura da Livraria do Rivoli, primeira livraria do Porto dedicada às Artes de Palco, Fundação da Sem Rede, Rede de Programação de Novo Circo, para a divulgação da disciplina de novo circo, integrada por 13 espaços culturais.
Integrou o Grupo de Trabalho para a Animação da Cidade durante o Euro 2004, criado pela Câmara Municipal do Porto para a coordenação da animação da cidade durante o Campeonato Europeu de Futebol e também a Comissão Executiva da exposição Homenagem a Fernando Galhano: 1904 -1994, na Biblioteca Almeida Garrett, em Novembro de 2004.
Realizou a Exposição Sala do Oriente de José Rodrigues Proposta para uma viagem, no Convento de S. Paio, Vila Nova de Cerveira, em Dezembro de 2006.
Atualmente é o responsável pelo Museu Bordalo Pinheiro, um dos museus municipais de Lisboa.
O Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, visitou recentemente a empreitada concluída de renovação e valorização do Museu do Quartzo, localizado junto ao Santuário de Nossa Senhora da Paz, em Barral, Vila Chã de S. João. Esta intervenção representou um investimento significativo da autarquia, totalizando cerca de 300.000 euros. O projeto envolveu a renovação do museu e a requalificação da área envolvente, incluindo o Parque de Merendas.
Este forte investimento teve como objetivo modernizar este importante foco de atração turística do concelho, que se destaca tanto no turismo religioso quanto no cultural. A renovação abrangeu espaços, equipamentos e material expositivo, criando melhores condições para peregrinos e visitantes, quer na perspetiva de culto, quer na de conhecimento e lazer.
Para o autarca de Ponte da Barca, Augusto Marinho, esta beneficiação proporciona “aos visitantes um maior usufruto deste espaço, junto a um local religioso de culto para muitos peregrinos e que representa a identidade e a história da freguesia”.
O autarca aproveitou ainda a ocasião para agradecer à Confraria de Nossa Senhora da Paz, “na pessoa do seu Presidente José Sousa, e a todos os membros e voluntários da confraria”. Agradeceu também “à D. Rosa e à sua filha pela dedicação”.
Recorde-se que é no Museu do Quartzo onde se encontra a maior coleção de cristais de quartzo do país, com centenas de exemplares que podem ser vistos tanto no interior do museu assim como no seu exterior.
É também em Ponte da Barca que existe uma das maiores pedras de quartzo cristalizada da Península Ibérica com 2 metros e 52 centímetros de comprimento, 1,25 metros de altura e três toneladas de peso e, desde maio de 1971, que serve como altar na cripta da capela dedicada à Nossa Senhora que terá aparecido naquele preciso local, 10 e 11 de maio de 1917, testemunhadas pelo pastorinho Severino Alves.
DEPUTADO DO PCP REUNIU COM DIRECTORA DOS MUSEUS D. DIOGO DE SOUSA E DOS BISCAINHOS
Na sequência da decisão do Governo do PS de reorganizar a Direção Geral do Património Cultural, a gestão dos museus D. Diogo de Sousa e dos Biscainhos corre o risco de passar para a esfera da Câmara Municipal de Braga, com todos os perigos que esta opção comporta.
Depois de apresentada na Assembleia da República uma pergunta escrita dirigida ao Ministério da Cultura, o PCP visitou o Museu D. Diogo de Sousa, em Braga, e reuniu com a directora do Museu, que é simultaneamente directora do Museu dos Biscainhos.
A delegação do PCP integrou, entre outros, Manuel Loff, deputado à Assembleia da República, e Bárbara Barros, vereadora da Câmara de Braga.
Na visita, o PCP teve oportunidade de reiterar a sua inquietação perante a nova organização da Direção Geral do Património Cultural e a intenção do Governo de, ao mesmo tempo que pretende criar “entidade pública com gestão empresarial” com a designação de Museus e Monumentos de Portugal, E. P. E., para gerir uma pequena seleção de museus e monumentos nacionais, transferir para os municípios a tutela e a gestão dos museus que, no conjunto do país, não venham a ficar sob a tutela daquela entidade. À semelhança daquilo que se tem vindo a verificar em áreas tão importantes como a Educação, a Saúde, os Transportes e outras, a municipalização de vários museus corresponde a mais uma desresponsabilização da Administração Central pela gestão de bens públicos.
À delegação do PCP foram transmitidas pela Direção dos museus D. Diogo de Sousa e dos Biscainhos diversas preocupações relativamente a este processo, nomeadamente sobre a forma como a decisão foi tomada, sem qualquer consulta prévia aos responsáveis dos museus e das autarquias envolvidas, mas também sobre os critérios que estão subjacentes a esta decisão, assim como acerca dos riscos de uma futura gestão economicista dos museus, como habitualmente nestes casos com preocupações meramente de viabilidade financeira.
Foram também partilhadas interrogações sobre a capacidade de a Câmara de Braga gerir e manter estes museus em funcionamento nos moldes actuais.
A reunião tornou mais clara a necessidade de Ricardo Rio e da maioria municipal liderada pelo PSD rejeitarem a possibilidade de municipalização dos museus. Depois de na última reunião da Câmara o assunto ter sido debatido e de ter sido assumido o compromisso de elaboração de uma posição contrária a este processo, o facto é que em várias declarações públicas entretanto realizadas, Ricardo Rio, lamentavelmente, não fechou completamente a porta a esta possibilidade.
Esta reunião e a análise da situação criada pela decisão do Ministério da Cultura vem confirmar a justeza das considerações que fundamentaram o Projecto de Resolução pela “Valorização dos arqueólogos e demais trabalhadores do Património Cultural”, entregue na Assembleia da República pelo Grupo Parlamentar do PCP no passado dia 12 Julho, no qual se afirma que:
“Quando se implementa uma profunda reconfiguração orgânica da gestão do património cultural, muitas são as apreensões sentidas pelas estruturas representativas do sector e seus profissionais. Ainda no mês passado foram aprovadas duas alterações, em Conselho de Ministros:
- Um decreto-lei que procede à criação do Património Cultural, I. P., no âmbito da reorganização da DGPC. De acordo com o Governo, “este instituto público terá como objetivo corrigir problemas criados pelas sucessivas reformas das últimas décadas, tornando a gestão do património cultural nacional mais ágil e eficaz. Terá como principais competências a salvaguarda, investigação, conservação e restauro, valorização, divulgação e internacionalização do património cultural imóvel e imaterial.”
- A criação de uma nova entidade pública empresarial, a Museus e Monumentos de Portugal, E. P. E. Já esta entidade, diz o Governo, “tem como objetivo introduzir uma lógica empresarial na gestão dos museus, mais orientada para o público, com maior capacidade de inovação e de resposta aos desafios atuais e com maior capacidade de projetar as coleções e o património nacional no país e internacionalmente.” Esta empresa, a quem será garantida autonomia, terá um conselho de curadores, que será composta pelos maiores mecenas do país.
Uma outra questão problemática diz respeito à transferência de competências técnicas específicas, anteriormente integradas nas Direções Regionais de Cultura, em estruturas com um espectro de atuação abrangente, sem a especialização técnica e científica necessária como são as CCDR, antevendo-se a diluição das exigências e procedimentos particulares fundamentais no tratamento e gestão do património cultural. Esta medida é controversa também pelo potencial risco de conflito de interesses e falta de transparência que acarreta, uma vez que se aglutinam no mesmo organismo competências que carecem de total independência, como sejam a execução e, simultaneamente, a fiscalização de projetos. Por clarificar permanece a relação entre tutelas, concretamente a articulação entre as CCDR e a DGPC doravante.
Estas decisões vêm comprovar a orientação do Governo no sentido da privatização da gestão do património cultural, tornando-a mais complexa e centralizada. E não são mais do que medidas de desresponsabilização do Estado no que respeita ao património cultural.”
O PCP saúda as diversas acções e posições públicas contrárias ao processo de municipalização dos museus que, justamente, se têm vindo a manifestar, e valoriza o seu contributo na mobilização contra esta grave decisão do governo do PS.
O PCP afirma que continuará a acompanhar este processo e a intervir em torno no mesmo na Assembleia da República e nos órgãos autárquicos.
Projecto conta com a parceria da UMinho e representa investimento de 3,3 milhões de euros
A Câmara Municipal de Braga prepara-se para lançar o concurso público com vista à musealização das ruínas arqueológicas da Ínsula das Carvalheiras e criação do Centro de Interpretação e área envolvente. O assunto será analisado em sede de Reunião do Executivo Municipal, que se realiza Segunda-feira, 10 de Julho, no gnration.
Depois de mais de 20 anos de investigação, a parceria entre o Município de Braga e a Universidade do Minho concluiu o projecto que levará à valorização, musealização e à adequação à visita daquele conjunto arqueológico. A obra terá um prazo de execução de 18 meses, representando um investimento de 3,3 milhões de euros.
Para Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, a Ínsula das Carvalheiras será um local de visita obrigatória e uma enorme mais-valia para a Cidade. “Este será um espaço de fruição para aqueles que aqui residem e que, obviamente, poderão também desfrutar das condições muito interessantes que, no projecto, foram asseguradas para os moradores a para os habitantes da nossa Cidade”, sustenta o Autarca.
Afirmando-se como um instrumento de regeneração urbana, o projecto representa uma “aposta clara na valorização patrimonial e o testemunho de uma parceria sempre renovada com a Universidade do Minho”. Por outro lado, acrescenta Ricardo Rio, a Cidade passará a dispor de um parque verde na sua malha central que será fruível por todos os cidadãos.
A Ínsula das Carvalheiras vai proporcionar uma viagem no tempo, com a entrada num Centro Interpretativo que terá uma dimensão moderna e tecnológica e com um percurso até ao interior deste espaço que constitui um importantíssimo legado romano. Para além da componente arqueológica, o projecto prevê a criação de um parque urbano anexo às ruínas, que facultará um usufruto qualificado do espaço pelos cidadãos e o desenvolvimento de actividades culturais e de lazer.
A Cidade passará assim a dispor de uma ampla área patrimonial musealizada e aberta ao público, que constituirá um equipamento de grande valor histórico e cultural, verdadeiramente emblemático da origem romana de Braga, capaz de ajudar a reforçar a sua identidade e a diferenciar a oferta cultural da Cidade.
De referir que o projecto é da autoria de Alejandro Beltran-Caballero e Ricardo Mar, dois arquitectos com reputada experiência na relação com a arqueologia e na musealização de vestígios romanos.
3.ª edição da ‘APOM em Movimento’ acontece nos dias 13 e 14 de janeiro
Nos dias 13 e 14 de janeiro, Famalicão vai acolher a 3.ª edição de ‘APOM em Movimento’ uma iniciativa promovida pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), com o apoio do Município de Vila Nova de Famalicão, que pretende constituir-se como um momento de encontro entre os profissionais dos museus, promovendo a partilha de experiências e a criação de sinergias.
A iniciativa arranca na sexta-feira, dia 13, pelas 14h30, com um encontro na Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, onde vai decorrer a apresentação de projetos da região distinguidos nos Prémios APOM ao longo dos últimos anos, bem como o impacto desta atribuição nas respetivas instituições museológicas.
O programa da 3.ª edição do ‘APOM em Movimento’ fica completo no dia seguinte, 14 de janeiro, com a visita acompanhada a alguns museus e exposições famalicenses, com início pelas 10h00.
A inscrição é obrigatória e gratuita, para qualquer um dos dias do evento, através do formulário disponível em: https://cutt.ly/52a6wPv .
Refira-se que a APOM foi fundada em 1965 com o objetivo de servir a comunidade de profissionais de museus portugueses e atribui, anualmente, desde 1997, os Prémios APOM a museus, projetos, profissionais e atividades desenvolvidas no setor.
De recordar que a Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão já foi distinguida pela APOM com o prémio ‘Melhor Museu do Ano’ em 2006, entregue na altura à Casa-Museu de Camilo, em Seide, e em 2015 recebeu uma menção honrosa pela nova sinalética que ajuda a descobrir os museus que fazem parte da rede municipal. Nesta mesma edição, a Fundação Cupertino de Miranda foi agraciada com uma menção honrosa no âmbito do ‘Prémio Investigação’ - "A Reinvenção do Real". Já em 2020, os Museus de Famalicão receberam uma menção honrosa na categoria ‘Informação Turística’, pelo roteiro ‘Famalicão Turismo Industrial’, que agrega três museus famalicenses, e a Fundação Cupertino de Miranda voltou a ser premiada, desta vez, com o ‘Prémio Incorporação’, pelo conjunto de 47 obras de Isabel Meyrelles, e o ‘Prémio Catálogo’, pela publicação: ‘Cruzeiro Seixas – Ao longo do longo caminho’.
Nova 'Declaração de Princípios' foi assinada no passado dia 26 de novembro entre os 11 museus-membros
A Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão comemorou uma década de existência no passado dia 26 de novembro, e para assinalar esta data reuniu os representantes dos 11 museus-membro, para a renovação do compromisso de adesão à rede. A assinatura da nova 'Declaração de Princípios' aconteceu no passado sábado, nos Paços do Concelho.
Dez anos após a assinatura da primeira 'Declaração de Princípios', a Rede de Museus entendeu renovar o compromisso de prosseguir e intensificar o caminho de cooperação iniciado em 2012, potenciando a crescente ligação entre os seus museus-membro, as pessoas e o território. Para o efeito foi lavrada uma nova declaração, atualizando a lista dos museus-membros (dez museus e uma coleção visitável) e dando resposta às exigências do trabalho em rede na atualidade, que também integra a visão, missão e os princípios orientadores da Rede de Museus.
"Ao renovarmos este compromisso queremos dar continuidade e, se possível, intensificar este trabalho em rede, sem abdicar da identidade de cada um dos museus" afirmou o vereador da Cultura, Pedro Oliveira. "A forte projeção do Município, do ponto de vista cultural, também se deve ao trabalho que tem sido desenvolvido por esta rede".
A renovação deste compromisso de parceria surgiu englobada no VI Encontro da Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão que aconteceu nos dias 25 e 26 de novembro, e que coincide com as comemorações do 10.º aniversário da Rede.
Neste âmbito, também aconteceu o lançamento do 2.º volume da coleção 'Ser e fazer Museu no século XXI': 'Definir um caminho... onde estamos, para onde vamos', na passada sexta-feira, 25, no Museu Nacional Ferroviário – Núcleo de Lousado. Um novo volume que documenta todo o projeto 'Museus de amalicão. Desenvolvimento sustentável na prática', iniciado durante o ano de 2021 com a realização de duas conferências, e que teve continuidade em 2022 com a medição do Índice de Sustentabilidade dos Museus de Famalicão, bem como a definição de ações a implementar para trilhar um caminho mais sustentável.
Recorde-se que a Rede de Museus é coordenada pelo Município de Vila Nova de Famalicão através do pelouro da Cultura. Atualmente fazem parte desta rede municipal a Casa de Camilo - Museu.Centro de Estudos, o Museu Bernardino Machado, o Museu Fundação Cupertino de Miranda - Centro Português do Surrealismo, o Museu Nacional Ferroviário - Núcleo de Lousado, o Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave, o Museu de Cerâmica Artística da Fundação Castro Alves, o Museu do Automóvel, o Museu da Guerra Colonial, a Casa-Museu Soledade Malvar e o Museu de Arte Sacra da Capela da Lapa e o Museu da Confraria de Nossa Senhora do Carmo de Lemenhe, este último com estatuto de coleção visitável.
Existem alguns grupos folclóricos que em palco exibem trajes tradicionais que garantem serem originais, legados de geração em geração. Sucede que um traje considerado original deve ter ao menos um século de existência visto que os mesmos deixaram de se usar com a finalidade para que foram criados e o artesanato cedeu o lugar à indústria, padronizando gostos e costumes.
Pelo uso que certamente teve, sobretudo a roupa de trabalho, dificilmente apresentará o melhor estado de conservação. Naturalmente, encontraremos trajes de noiva, mordoma e domingueiros em melhores condições.
Uma peça de vestuário conta-nos uma história e, por conseguinte, faz parte do nosso património cultural. Assim, a mesma deve ser preservada nas melhores condições ambientais, protegida das poeiras, da luz direta e em temperatura controlada. E, uma possível limpeza jamais deve ser feita nos mesmos moldes com que fazemos com o vestuário que atualmente usamos. Caso contrário, os tecidos e as cores podem alterar-se e danificar seriamente o traje a um ponto que se torna irrecuperável.
Da mesma forma, as peças originais do traje em circunstância alguma devem servir nas atuações dos grupos folclóricos, sujeitos a poeiras, sujidades e até a pequenos acidentes. E muito menos a estrambelhar em jogos tradicionais. Eles devem ser cuidadosamente guardados em instalações e meios apropriados dos respetivos grupos folclóricos ou entregues ao cuidado dos museus do traje.
Devem, contudo, servir de modelo à execução de cópias o mais rigorosas possível, quer na forma como nos materiais com que são confecionados – os tecidos, botões e outros acessórios – depurando os mesmos das fantasias que com o tempo foram introduzidas e hoje, por imitação resultante da preguiça de investigar, são tomados como fazendo parte do traje original. É caso para dizer: cuidado com as imitações!
Sessão inaugural acontece amanhã, dia 14 de outubro, às 18h00.
Amanhã, dia 14 de outubro, pelas 18h00, terá lugar a inauguração da exposição bilingue «Abraço vivamente a sua ideia. Bernardino Machado, José Leite de Vasconcelos e os Museus em Portugal», no Museu Bernardino Machado. A exposição resulta de uma parceria entre o Município de Vila Nova de Famalicão, o Museu Nacional de Arqueologia e a Imprensa Nacional – Casa da Moeda, e conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República.
A sessão inaugural conta com a presença do Presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, do Diretor-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, do Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, António Carvalho, e do coordenador científico do Museu Bernardino Machado, Norberto Cunha.
A exposição estará patente até dia 23 de abril de 2023 no espaço museológico e resulta de uma candidatura ao projeto ProMuseus – Programa de Apoio Financeiro a Museus da Rede Portuguesa de Museus (Direção-Geral do Património Cultural / Ministério da Cultura), da qual resultou um financiamento na ordem dos 30 mil euros, que corresponde a cerca de 60% do total investido, sendo que o restante valor será suportado pelo três parceiros envolvidos.
A criação do Centro Interpretativo do Soajo compreende duas fases, uma de obras de adaptação do edifício e outra de montagem do espaço/exposição, num investimento global de cerca de 160 mil euros.
A primeira fase, relativa à empreitada Centro Interpretativo do Soajo - Alteração e adaptação funcional de edifício está terminada. A mesma teve por objetivo a alteração e adaptação funcional de edifício, para vir a albergar o Centro Etnográfico do Soajo.
Localizada no Largo do Eiró, no edifício que albergou a Casa da Câmara, esta primeira intervenção do Centro Interpretativo e Etnográfico de Soajo foi consignada por 73.197,61 € (com IVA) e possibilitou a recuperação da estrutura do edifício. O piso inferior manteve-se de apoio, com instalação sanitária de acesso público, e zona de arrumos e armazenagem. O piso superior foi reorganizado e adaptado ao centro etnográfico, compartimentado com pequeno backoffice e espaços de exposição infraestruturados para receber os conteúdos temáticos do projeto.
Segue-se a fase da montagem das exposições temáticas que irão promover o legado histórico e etnográfico de Soajo, através de um discurso interpretativo que seja acessível a escolas, turistas e à própria comunidade local.
Esta segunda fase foi adjudicada por cerca de 80 mil euros e compreende a criação de conteúdos sobra a História, o Território e a Etnografia, que serão comunicados através de uma multiplicidade de meios, assentes no multimédia, vídeos, objetos e painéis interpretativos.
A Operação “NORTE-06-3928-FEDER-000184- Qualificação das Experiências de Touring Cultural do Minho - Centro Etnográfico de Soajo / Arcos de Valdevez”, é cofinanciada pelo FEDER, Programa Operacional Norte2020, Portugal2020, Eixo Prioritário 6 – Emprego e Mobilidade dos Trabalhadores, e conta com um Investimento Elegível de 151.275,55€ e Comparticipação Comunitária de 128.584,22€.
Através deste investimento pretende-se valorizar e promover o vasto e rico património cultural de Soajo, bem como reforçar a sua identidade local e atrair visitantes, dinamizar o comércio, a restauração e o turismo.
O desígnio e imperativo de valorização do conhecimento da história da emigração portuguesa têm impelido, nos últimos anos, o poder político a procurar incrementar estratégias culturais capaz de aglutinar os espaços museológicos ligados ao fenómeno migratório que se encontram disseminados pelo território nacional.
Uma dessas estratégias foi implementada no alvorecer do ano que agora está a findar, através da apresentação por parte da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, liderada por Berta Nunes, de um projeto que visa a criação de uma rede museológica digital dedicada à emigração lusa.
Uma rede museológica, cuja principal ambição passa por ligar a história da diáspora portuguesa e suas vias de acesso, via digital e num itinerário real, fisicamente implantado, apto a reconhecer os diferentes fluxos migratórios e capaz de atrair o interesse pelo país e suas gentes. Como sustenta Luís Castro Mendes, embaixador e antigo ministro da Cultura que preside ao conselho de consultores do projeto, pretende-se assim fomentar “uma rede entre espaços museológicos, com vantagens em relação a um museu que concentrasse tudo”.
Precursora de uma visão museológica desconcentrada, esta rede museológica visa, mediante a dinamização de uma plataforma online, disponibilizar os acervos do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, do Espaço Memória e Fronteira, localizado em Melgaço, e do Museu da Emigração Açoriana, instalado na Ribeira Grande. Uma plataforma que seguramente também não olvidará projetos e instituições como o Cais da Língua e das Migrações, em Matosinhos, o Museu Português da Migração, no Sabugal, o Espaço Memória e Fronteira, no Fundão, o Museu do Salto, em Vilar Formoso, ou o Museu da Família Teixeira, na Madeira.
Esta plataforma, que pretende ligar os espólios que em Portugal contam a história da emigração portuguesa, pode e deve aglutinar ainda espaços museológicos que têm sido construídos ao longo das últimas décadas por portugueses no estrangeiro. Como, por exemplo, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, em Toronto, impulsionada no presente pelo comendador Manuel DaCosta, e que se dedica à dinamização do legado dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá; o Museu da Imigração, em Lausanne, na Suíça, criado pelo português Ernesto Ricou, que depois de quase uma vintena de anos de atividade na Avenida de Tivoli, tem uma nova casa na rua Saint-Martin 36, incluído no centro dedicado aos migrantes, com o apoio das igrejas católicas e protestantes; o Museu Etnográfico Português em Sydney, na Austrália, que tem procurado manter viva a identidade cultural da comunidade luso-australiana; ou o Museu Histórico Português em São José, Califórnia, dedicado às tradições lusas, em especial religiosas, neste estado norte-americano.
Uma ligação que pode e deve ainda procurar interligar-se com vários museus nacionais espalhados pela geografia da diáspora portuguesa, e cujos espólios acentuam o contributo marcante da imigração portuguesa no desenvolvimento dessas pátrias de acolhimento. Como, por exemplo, o Museu Nacional da Imigração Canadiano, localizado em Halifax, na província da Nova Escócia, que conserva nas suas variadas coleções inúmeros testemunhos da presença portuguesa no país; o Museu Nacional da História da Imigração em Paris, cujos documentos de arquivo, imagens, obras de arte, objetos da vida diária e testemunhos visuais e sonoros destacam o papel e importância da comunidade portuguesa em França, ou o Museu da Baleação de New Bedford, cuja ala dedicada aos baleeiros dos Açores, presta homenagem aos portugueses, mormente açorianos e o seu significativo contributo para a herança marítima norte-americana.
Estes espaços museológicos, e outros que se encontram ou possam vir a ser projetados na pátria de origem ou de acolhimento dos portugueses espalhados pelo mundo, são uma indubitável mais-valia na perpetuação da memória da emigração lusa, e fundamentais para a prossecução da missão descentralizada e polinuclear da rede museológica digital dedicada à emigração portuguesa.
Assinatura do protocolo de valorização, musealização e adequação à visita da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças
O Município de Braga procede amanhã à assinatura do protocolo de valorização, musealização e adequação à visita da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças, em cerimónia que terá lugar na Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças.
O reconhecimento do valor histórico, cultural e científico da estação arqueológica de Santa Marta das Cortiças, a par da percepção do seu elevado potencial de valorização, motivou o Município de Braga, em parceria com a Junta de Freguesia de Esporões e o Conselho Económico da Paróquia de Esporões, a promover um projecto de estudo, conservação, valorização e divulgação da Estação Arqueológica de Santa Marta das Cortiças, concretizando-se deste modo, a garantia da sua conservação, o seu acesso público e a criação de condições para a sua integração no Roteiro Arqueológico de Braga.
A iniciativa contará com a presença do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio.
Nota Histórico-Artística
A segunda metade do século XIX assistiu, entre nós, a uma autêntica explosão de interesse pelas, então, denominadas antiguidades nacionaes, seguindo os trilhos desbravados além-fronteiras por insignes precursores dos estudos arqueológicos, antropológicos, etnográficos e etnológicos.
Com efeito, o conhecimento destas práticas, fosse indirectamente, através da bibliografia que chegava até ao país, fosse pela visão de algumas personalidades ou, ainda, pelo contacto directo mantido nestas esferas por parte de certas individualidades, investiu Portugal de estabelecimentos científicos que, apesar das polémicas nas quais foram pontualmente envolvidas, exerceram uma actividade fundamental para o desenvolvimento ulterior destas jovens disciplinas. Disso são bons exemplos, embora com graus de relevância assaz diferenciados, a Commissão dos Estudos Geológicos, a Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes, a Sociedade de Geographia de Lisboa e, por fim, o Muzeu Ethnographico Portuguez. Eram, contudo, organismos lisboetas. Não obstaram, porém, à formação de outros espaços culturais em importantes cidades portugueses, antes incentivando-as. Foi o que sucedeu em Guimarães, com a Sociedade Martins Sarmentos, da iniciativa do escritor, historiador e arqueólogo vimarenense Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento (1833-1899), a quem se devem algumas das descobertas mais notáveis da Arqueologia praticada ao tempo entre nós (veja-se o caso da Citânia de Briteiros), e com quem privaram individualidades que haveriam de prosseguir o seu caminho.
Foi o que sucedeu com Albano Belino (1863-1906), infatigável indagador do passado minhoto, em geral, e bracarense, em particular, enquanto se correspondia com personalidades marcantes dos estudos arqueológicos portugueses de finais de oitocentos, dos quais se destacava, sem dúvida, o nome de José Leite de Vasconcellos (1858-1941), mentor e primeiro director do actual Museu Nacional de Arqueologia, entre 1893 e 1929.
Deve-se-lhe, na verdade, o reconhecimento de várias estações arqueológicas datáveis da Idade do Ferro, nomeadamente castros - ou citânias -, temática bastante grata aos investigadores da época, quer por se enquadrar na linha geral de investigação conduzida noutros países sobre a expansão celta, quer por se revelar um meio de acentuar as particularidades da região nortenha ancoradas nesses tempos e nesses lugares.
Não surpreende, por conseguinte, que os castros povoassem desde então, tanto o imaginário colectivo da região, quanto o interesse intelectual de sucessivos investigadores, acabando por identificar exemplares desta tipologia arqueológica. Foi o caso, entre outros, da "Estação arqueológica de Santa Marta das Cortiças", localizada numa plataforma superior do Monte da Falparras.
Dotado de um sistema defensiva composto de três linhas de muralha erguidas com pedra solta de grande dimensões, o povoado possuía diversas estruturas habitacionais de planta predominantemente circular, na área interna definida pelo muralhado, elementos datáveis do primeiro momento de ocupação do sítio, ou seja, da Idade do Ferro.
Entretanto, as escavações arqueológicas conduzidas na estação já na década de cinquenta de novecentos permitiram localizar os alicerces de uma construção constituída por ábside semicircular e três naves, erguida entre os séculos V e VI d. C., enquanto o final dos anos setenta trouxe à luz do dia um número considerável de sepulturas romanas de incineração com bastante espólio associado, identificadas pelos investigadores nas proximidades deste mesmo edifício de tipo basilical. Uma realidade que reafirmava, no fundo, a possível reutilização deste espaço ao tempo da conquista romana, a julgar pelos materiais de construção recolhidos no local por A. Bellino, entre os quais tegulae - telhas rectangulares - e imbrex - telhas em forma de meia cana.
Sábado, dia 22 de Maio, pelas 10h00, no Museu D. Diogo de Sousa
O Município de Braga procede à apresentação pública do projecto final de arquitectura para a musealização das ruínas arqueológicas da “Insulae das Carvalheiras”, que terá lugar amanhã, Sábado, dia 22 de Maio, pelas 10h00, no Museu D. Diogo de Sousa.
Pretende-se com esta acção, dar a conhecer, e discutir publicamente, o projecto final de arquitectura, promovido pelo Município de Braga, em colaboração com a Universidade do Minho, para a musealização/visitação, das ruínas arqueológicas “Insulae das Carvalheiras”, bem como dar a conhecer as alterações nele verificadas desde a sua primeira apresentação pública.
Investimento permitirá a valorização, musealização e adequação à visita do espaço
O Município de Braga prepara-se para lançar o projecto de execução para a Musealização da área arqueológica das Carvalheiras, cujo custo previsto ascende a 2 milhões e 700 mil euros. A proposta será analisada na próxima reunião do Executivo Municipal, que se realiza dia 3 de Maio. O prazo previsível de execução da obra é de 18 meses.
O conjunto arqueológico das Carvalheiras, classificado como Imóvel de Interesse Público, constitui uma das mais originais e maiores áreas com ruínas romanas da cidade, oferecendo um elevado potencial histórico, científico e cultural na promoção de Braga e do País.
Desde 2018 que o Município a Universidade do Minho têm conjugado esforços para a elaboração deste projecto, que resulta do empenho conjunto de ambas as entidades e permitirá a valorização, musealização e adequação à visita da referida área arqueológica, com criação de um centro interpretativo e de um parque verde na área envolvente para usufruto qualificado do espaço pelos cidadãos e desenvolvimento de actividades culturais e de lazer.
Como salienta Miguel Bandeira, vereador do Município de Braga, a Cidade ´passará a dispor de uma ampla área patrimonial musealizada e aberta ao público, que constituirá um equipamento de grande valor histórico e cultural, verdadeiramente emblemático da origem romana de Braga, capaz de ajudar a reforçar a sua identidade e a diferenciar a oferta cultural da Cidade´.
O sítio arqueológico das Carvalheiras é o único quarteirão romano completamente escavado da antiga Bracara Augusta, sendo o seu valor inegável para entender o urbanismo romano da antiga Cidade. A Universidade do Minho realizou um exaustivo trabalho de investigação e interpretação dos achados arqueológicos deste local, com coordenação científica de Manuela Martins.
A intervenção permitirá a sua recuperação integral para utilização como lugar privilegiado de visita do passado romano da cidade, complementando a narrativa e os itinerários com outros lugares da mesma época que hoje já se podem visitar: entre outros, a Fonte do Ídolo, as Termas Romanas ou o Museu Arqueológico D. Diogo de Sousa.
O projecto de musealização das Carvalheiras vai propiciar uma verdadeira viagem no tempo, através de uma experiência interactiva alicerçada nas media arts, com a entrada num Centro Interpretativo que terá uma dimensão moderna e tecnológica e com um percurso até ao interior deste espaço que constitui um importantíssimo legado romano.
O desígnio e imperativo de valorização do conhecimento da história da emigração portuguesa têm impelido, nos últimos anos, o poder político a procurar incrementar uma estratégia cultural capaz de aglutinar os espaços museológicos ligados ao fenómeno migratório que se encontram disseminados pelo território nacional.
Esta estratégia cultural ganhou recentemente um novo e decisivo impulso, através da apresentação por parte da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, liderada por Berta Nunes, de um projeto que visa a criação de uma rede museológica digital dedicada à emigração lusa.
Uma rede museológica, cuja principal ambição passa por ligar a história da diáspora portuguesa e suas vias de acesso, via digital e num itinerário real, fisicamente implantado, apto a reconhecer os diferentes fluxos migratórios e capaz de atrair o interesse pelo país e suas gentes. Na esteira das palavras de Luís Castro Mendes, embaixador e antigo ministro da Cultura que preside ao conselho de consultores deste projeto, pretende-se deste modo fomentar “uma rede entre espaços museológicos, com vantagens em relação a um museu que concentrasse tudo”.
Precursora de uma visão museológica desconcentrada, esta rede museológica passará, através da dinamização de uma plataforma online, a disponibilizar assim os acervos do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, do Espaço Memória e Fronteira, localizado em Melgaço, e do Museu da Emigração Açoriana, instalado na Ribeira Grande. E depois de estruturada, abarcará ainda projetos e instituições como o Cais da Língua e das Migrações, em Matosinhos, o Museu Português da Migração, no Sabugal, o Espaço Memória e Fronteira, no Fundão, e o Museu do Salto, em Vilar Formoso.
Esta plataforma, que passará a ligar os espólios que em Portugal contam a história da emigração portuguesa, pode e deve aglutinar ainda espaços museológicos que têm sido construídos ao longo das últimas décadas por portugueses no estrangeiro. Como, por exemplo, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, em Toronto, impulsionada no presente pelo comendador Manuel DaCosta, e que se dedica à dinamização do legado dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá; o Museu da Imigração, em Lausanne, na Suíça, criado pelo português Ernesto Ricou, e que nesta altura procura novo local; o Museu Etnográfico Português em Sydney, na Austrália, que tem procurado manter viva a identidade cultural da comunidade luso-australiana; ou o Museu Histórico Português em São José, Califórnia, dedicado às tradições lusas, em especial religiosas, neste estado norte-americano.
O historiador Daniel Bastos (esq.), cujo percurso tem sido alicerçado no seio das Comunidades Portuguesas, acompanhado em 2016 do comendador Manuel DaCosta (dir.) na Galeria dos Pioneiros Portugueses, em Toronto, no âmbito de uma conferência sobre a Emigração Portuguesa
Estes espaços museológicos, e outros que se encontram ou possam vir a ser projetados na pátria de origem ou de acolhimento dos portugueses espalhados pelo mundo, são uma indubitável mais-valia na perpetuação da memória da emigração lusa, e fundamentais para a prossecução da missão descentralizada e polinuclear da vindoura rede museológica.
Como menciona Maria Beatriz Rocha-Trindade, uma das consultoras de referência deste projeto, no artigo Museus de Migrações – Porquê e para quem?, um “museu é, antes de tudo, um instrumento de educação e de difusão cultural destinado a criar referências, visíveis e concretas, que ultrapassem o fluir do tempo. Tanto os centros de pesquisa, que em regra os integram ou lhe estão associados, como os acervos que vão sendo constituídos produzem registos para memória futura”.
O Museu dos Terceiros já faz parte da Rede Portuguesa de Museus, tendo sido aprovada a sua credenciação através do despacho nº 3533/2021, assinado pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca, e publicado no Diário da República a 5 de abril de 2021.
Instalada no conjunto arquitetónico formado pelo antigo Convento de Santo António dos Capuchos e pelo edifício da Ordem Terceira de São Francisco, a mais antiga instituição museológica de Ponte de Lima tem à sua guarda um notável património religioso, que tem vindo a proteger, recuperar, estudar e valorizar, contribuindo igualmente para a divulgação e conhecimento do acervo sacro existente nas diversas freguesias do concelho de Ponte de Lima.
A adesão à Rede Portuguesa de Museus (RPM), organização que reúne já mais de 150 museus, é o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo Museu, mormente no que toca ao cumprimento cabal das funções museológicas, que vão desde o inventário e a investigação até à conservação, divulgação e valorização do património, funções essas que são depois exponenciadas sobretudo através dos serviços educativos e das exposições temporárias, dirigidos às escolas e à comunidade em geral.
O culminar deste processo de credenciação funciona também como um poderoso estímulo para o Município de Ponte de Lima e para o Instituto Limiano, entidades que tutelam o Museu, assim como para os que aí trabalham diariamente, no sentido de continuar a lutar pela preservação e valorização do património histórico de Portugal e de Ponte de Lima.
Rede Portuguesa de Museus integra mais três museus
O Museu dos Terceiros, em Ponte de Lima, o Museu Municipal de Vidigueira, em Beja, e o Museu de Neorrealismo, em Lisboa, passam a integrar a Rede Portuguesa de Museus.
A Rede Portuguesa de Museus, que atualmente é constituída por 156 estruturas, passa a integrar mais três museus, uma vez que “preenchem os requisitos legais e reúnem todas as condições”.
O Museu dos Terceiros, em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, foi inaugurado em 1977. É constituído pela Igreja de Santo António dos Frades, pela Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e edifícios anexos, e o seu acervo reúne, preserva e expõe parte do espólio de arte sacra existente em Ponte de Lima. Na década de 1980, foi criado um espaço expositivo com peças arqueológicas, proveniente de escavações efetuadas no concelho de Ponte de Lima e arredores.
O Museu Municipal de Vidigueira, no distrito de Beja, está instalado no edifício da antiga Escola Primária Vasco da Gama, remodelada e adaptada a espaço museológico, e possui dois núcleos temáticos. Um deles contém retratada a história do ensino primário no concelho, desde a inauguração do edifício da escola, em 1884, até ao final da sua utilização como estabelecimento de ensino, em 1991; o segundo núcleo dá uma visão da evolução económica da região a partir dos anos 1930, através de uma coleção etnográfica sobre ofícios, comércio e agricultura.
O Museu do Neorrealismo, localizado em Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, foi criado em 1990 a partir da atividade de um Centro de Documentação sobre o movimento neorrealista português. Ativo em torno da área arquivística e bibliográfica, este museu enriqueceu e diversificou o seu património com um conjunto de coleções museológicas, com destaque para espólios literários e editoriais, arquivos documentais impressos e audiovisuais, acervos iconográficos, obras de arte, bibliotecas particulares e uma biblioteca especializada na temática neorrealista.
De acordo com o plano de desconfinamento em curso, esta segunda-feira reabrem os museus, monumentos, palácios, galerias de arte e espaços similares.
A Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão foi distinguida pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), com dois prémios e uma menção honrosa, no âmbito da 25ª edição da Cerimónia dos Prémios APOM, que se realizou na semana passada, em formato online.
A Fundação Cupertino de Miranda foi contemplada com dois prémios nas categorias de Prémio Incorporação com o conjunto de 47 obras de Isabel Meyrelles e na categoria de Prémio Catálogo com a publicação do catálogo "Cruzeiro Seixas – Ao longo do longo caminho" .
O Roteiro “Famalicão Turismo Industrial”, que agrega três unidades museológicas da Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão - Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave; Museu do Automóvel e Museu Nacional Ferroviário – Núcleo de Lousado - recebeu uma Menção Honrosa na categoria Informação Turística.
Em tempos atipicos marcados pela pandemia, a Cerimónia dos Prémios APOM, decorreu numa edição online, mas que, nem por isso, deixou de celebrar o que de melhor se faz Portugal nos Museus e pelos seus profissionais.
Refira-se que a edição deste ano contou com 208 candidaturas, envolvendo instituições de Portugal Continental e Regiões Autónomas. Assumiu também uma vertente marcadamente internacional, reconhecendo a excelência de projetos de exposição e divulgação cultural de Portugal no estrangeiro.
O Prémio Museu do Ano, o mais alto galardão da APOM, foi atribuído ao Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s Madeira.
Refira-se que a Associação Portuguesa de Museologia foi fundada em 1965 com o objetivo de servir a comunidade de profissionais de museus Portugueses. Foi a primeira organização profissional ligada aos Museus a ser fundada em Portugal. Hoje conta com cerca de duzentos sócios individuais e uma dezena de sócios institucionais.
A dimensão e impacto da emigração no país, nas palavras abalizadas de Vitorino Magalhães Godinho, uma “constante estrutural” da demografia portuguesa, têm impelido a construção nas últimas décadas, no seio dos territórios municipais, de vários núcleos museológicos dedicados à salvaguarda da memória do processo histórico do fenómeno migratório nacional.
É o caso, por exemplo, do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, o Espaço Memória e Fronteira, localizado em Melgaço, e do Museu da Emigração Açoriana, instalado na Ribeira Grande, que têm prestado um serviço público de grande relevância na dinamização da memória da emigração portuguesa.
A grande relevância do fenómeno migratório nacional e a importante função destes núcleos museológicos locais concorrem diretamente para que o projeto do futuro Museu Nacional da Emigração, cuja criação foi aprovada, como recomendação, pela Assembleia da República, a 27 de outubro de 2017, e cuja construção que teima em não sair do papel está prevista desde 2018 em Matosinhos, pressuponha uma estratégia cultural em rede.
Uma vindoura estratégia cultural em rede que não pode olvidar a existência de outros relevantes espaços museológicos que têm sido construídos ao longo dos últimos anos por portugueses no estrangeiro, comummente figuras gradas das comunidades lusas, e que tal como no território nacional desempenham um papel valioso na perpetuação da memória da emigração portuguesa.
É o caso, por exemplo, da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico em Toronto, impulsionado no presente pelo comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários luso-canadianos, que se dedica à dinamização do legado dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá. Nação da América do Norte onde vive e trabalha uma das maiores comunidades de emigrantes portugueses, e que se destaca atualmente pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico.
O historiador Daniel Bastos (esq.), cujo percurso tem sido alicerçado no seio das Comunidades Portuguesas, acompanhado em 2016 do comendador Manuel DaCosta (dir.) na Galeria dos Pioneiros Portugueses, no âmbito de uma conferência sobre a Emigração Portuguesa
Ainda na esteira museológica sobre o fenómeno migratório no seio das comunidades lusas destaca-se o Museu da Imigração, em Lausanne, na Suíça, um dos principais destinos da emigração portuguesa, como comprovam os mais de 200 mil lusos que vivem e trabalham no território helvético. Fundado em 2005 pelo português Ernesto Ricou, artista plástico e professor de História de Arte reformado, o Museu da Imigração, considerado o mais pequeno da Suíça, procura desde então salvaguardar as memórias ligadas à migração.
Na mesma linha, sobressai desde o final do séc. XX o Museu Etnográfico Português em Sydney, na Austrália, inaugurado por um grupo de voluntários que têm procurado manter viva a identidade cultural da comunidade luso-australiana, cujas raízes remontam à segunda metade do séc. XX, e que é constituída atualmente por cerca de 55 mil portugueses disseminados por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney.
Estes exemplos museológicos, e outros que se encontram ou possam vir a ser projetados no seio das comunidades lusas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, enquanto valiosos espaços de perpetuação da memória e das histórias da emigração portuguesa, merecem a admiração e reconhecimento do país, e não podem deixar de integrar o trabalho em rede do futuro Museu Nacional da Emigração.