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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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CAVAQUINHO – O CORDOFONE ORIGINÁRIO DO MINHO – É O INSTRUMENTO MUSICAL PORTUGUÊS MAIS CONHECIDO EM TODO O MUNDO!

O cavaquinho (pai de outros modelos como a braguinha, braga, machete, machetinho ou machete-de-braga) é um instrumento musical de cordas (cordofone) originário da província portuguesa de Minho, que mais tarde foi amplamente introduzido na cultura popular de Braga pelos nobres biscainhos, de onde foi posteriormente levado à outras regiões, como: Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Havaí e Madeira. É formado por um corpo oco e chato, em forma de oito, tem um braço que possui trastes que o torna um instrumento temperado, composto de quatro cordas (de tripa ou com materiais sintéticos como nylon, nylgut, fluorocarbono).

Com 12 trastos na forma original o cavaquinho tem uma afinação própria da cidade de Braga que é ré-lá-si-mi. No entanto, as suas quatro cordas de tripa ou de metal, são também afinadas em ré-si-sol-sol, mi-dó#-lá-lá, mi-ré-si-sol, no Brasil como ré-si-sol-ré ou, mais raramente, em mi-si-sol-ré conforme o país onde é utilizado e de acordo com os costumes etnográficos de cada região portuguesa. Júlio Pereira, um dos músicos portugueses mais renomados da actualidade, tem ajudado na divulgação do cavaquinho como instrumento pleno de versatilidade e que tem dado frutos.

No Brasil este instrumento é usado nas congadas e forma, junto com o bandolim, a flauta, o violão de 7 cordas, o violão de 6 cordas e o pandeiro os conjuntos regionais para a execução de choros.

Waldir Azevedo foi possivelmente o mais conhecido músico deste instrumento no Brasil, nas décadas de 60 a 80, no domínio da música instrumental, o choro. Em décadas anteriores, um influente intérprete do cavaquinho foi Augusto Sardinha, popularmente conhecido como Garoto. Considerado, ainda em vida deste, como seu sucessor, o músico paulista Roberto Barbosa, mais conhecido por Canhotinho, é hoje considerado uma das principais referências no instrumento, por ter aprimorado a técnica deixada por Waldir Azevedo. Canhotinho é há cerca de 40 anos o arranjador do renomado conjunto de samba Demônios da Garoa. Outros tocadores notáveis deste instrumento são Dudu Nobre, Salgadinho, Mauro Diniz, Alceu Maia e Arlindo Cruz, conhecidos na cena do samba e do pagode Brasileiro.

As ilhas do Hawai têm um instrumento baseado no cavaquinho chamado ukulele, também com quatro cordas e um formato semelhante ao do cavaquinho, que se julga ser uma alteração do cavaquinho, levado por emigrantes portugueses em 1879.

A navegação portuguesa também levou o cavaquinho para a Indonésia. Sua adaptação local ganhou o nome de kroncong, nome também dado a um estilo musical com influências do fado e criado no século XVI por escravos libertados.

Reconhecimento

No dia 20 de Outubro de 2022 a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) anunciou a inscrição das práticas tradicionais de construção do cavaquinho no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

Fonte: Wikipédia

MINHO: TRAÇOS DA CULTURA TRADICIONAL MINHOTA NO FOLCLORE E GASTRONOMIA MADEIRENSE

O povoamento do arquipélado da Madeira a partir da sua descoberta em 1419 foi realizada sobretudo por gente oriunda do Minho. E, entre os seus traços característicos, ainda podemos anotar tradições como a carne de vinha-d'alhos que constitui um dos expoentes da sua gastronomia que está sempre presente na época natalícia. E, quem sabe, a coreografia do tradicional bailinho filiar-se em danças tradicionais da região de Guimarães com muitas semelhanças com o Velho.

Também no traje encontramos surpreendentes semelhanças entre a capotilha bracarense e a capa madeirense no traje feminino.

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Capotilha do Vale do Cávado (Foto: Abel Cunha) / Capa madeirense (Foto: Carlos Gomes)

“É «comum atribuir-se a proveniência algarvia aos primeiros e principais povoadores que desencadearam a ocupação da ilha», segundo, Luís de Albuquerque e Alberto Vieira, na sua obra, “O Arquipélago da Madeira no Século XV”. Segundo estes, «essa ideia filia-se na tradição, que corre no Algarve, da participação das suas gentes na gesta expansionista, e na expressão de Jerónimo Dias Leite, ‘muitos do Algarve’». Ainda mais referem que, lhes parece apressada esta concepção, «uma vez que faltam provas que a corroborem», e que numa «listagem dos primeiros povoadores referidos nos documentos e crónicas a presença nortenha é muito superior à algarvia (64% para 25%); por outro lado os registos paroquiais da freguesia da Sé, no período de 1539 a 1600, corroboram esta conclusão, uma vez que os nubentes oriundos de Braga, Viana e Porto representam metade do total; enquanto os provenientes de Faro não ultrapassam os 3%». Partindo da análise destes dados retirados destes mesmos registos (1539 e 1600), «chega-se à conclusão que metade da população não nascida na Madeira era originária do Norte do País», e que a «situação do século anterior» (século XIV) «não deve ter sido por certo diferente».

Assim, Luis de Sousa Melo, antigo Director do Arquivo Regional da Madeira, igualmente é da mesma opinião. Numa «tentativa de aproximação com base nos registos de casamento da paróquia da Sé», nas mesmas datas (1539 a 1600), foi-lhe «possível averiguar» que, para este período, «foi da província do Minho, com os distritos de Braga e Viana do Castelo, que a maioria dos recém-chegados era natural: 54,4% - muito longe dos 13,2% dos do Douro Litoral, mais ainda dos 8,3% da Estremadura, a que se seguiram os naturais das Beiras com 5%, os de Trás-os-Montes e Alto-Douro com 4,5%, depois os do Algarve com 3,7%, os do Alentejo com 2,5%, e por fim os do Ribatejo com 1,2%. (Fonte, “Presença Açoriana nos Registos Paroquiais do Funchal 1761 - 1860”).

Na realidade, o Norte de Portugal, nos séculos XIV e XV era a região do país com maior densidade populacional por um lado e por outro, esta região sempre teve uma «permanente vinculação à economia madeirense». No «reinado de D. João II» (1481 a 1495), escreve Eduardo C. N. Pereira nas Ilhas de Zargo, «os mercadores de Guimarães navegavam entre os arquipélagos dos Açores, Madeira, Continente e Flandres com naus do Porto, Vila do Conde, Viana, Azurara e Aveiro, negociando açúcares, pimenta... panos de baetilha, chapéus, linhos, etc. Guimarães era sede de um vasto termo e extensíssima comarca de 30 concelhos e chave do comércio com os concelhos interiores de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes».”

O vindalho é confeccionado com carne de porco cortada aos cubos e temperada com sal e vinagre. Depois de frito, é feiro um refogado de cebola com malagueta moída, alhos, coentros, cominhos, açafrão-da-terra, tamarindo e vinagre. Depois de bem misturados estes ingredientes e bem fritos, adicionam açúcar, a carne, a marinada e água de tamarindo. É apurado num tacho fechado a fim de que o molho fique suficientemente expesso. É geralmente servido com arroz.

Esta especialidade espalhou-se para outras regiões da Índia e Paquistão onde é denominado por vindaloo. Porém, em virtude da proibição religiosa do consumo de carne de porco, esta foi substituída por carne de frango, borrego e até peixe. Em virtude da emigração indiana para o Reino Unido, também aqui o vindalho adquiriu bastante popularidade e tornou-se muito apreciado.

Também na Madeira, em virtude do povoamento do território pelos minhotos, a carne de vinha-d’alhos tornou-se um prato típico da quadra natalícia, o qual está naturalmente relacionado com a matança do porco. Aqui é feita com carne de porco que, após ser temperada com vinagre, vinho branco, alho, louro, segurelha, sal e pimenta, é deixada a marinar pelo menos durante dois dias. Depois é cozida na própria marinada e guardada. Na altura de comer, é frita com banha de porco e servida com pão frito na mesma gordura da cozedura.

A culinária minhota é apreciada nos mais diversos recantos do mundo e adaptada ao gosto dos diferentes povos.

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Carne de Vinha-d'Alhos à moda da Madeira. (Foto: https://www.receitasemenus.net/)

HAVAI: HISTÓRIAS DE PORTUGALIDADE

  • Crónica de Daniel Bastos

No passado sábado (15 de outubro), o Centro Cultural John Dos Passos, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura da Madeira, que homenageia desde o alvorecer do séc. XXI o escritor americano com raízes lusas e localizado no centro da vila da Ponta do Sol, promoveu o evento “Havai: histórias de portugalidade”.

A iniciativa, aberta à comunidade, incluiu a projeção dos documentários “Mandem saudades”, realizado em 1997, do jornalista de cinema, escritor e apresentador de televisão, Mário Augusto, e “Portuguese in Hawaii”, rodado em 2018, pelo realizador luso-descendente Nelson Ponta-Garça, assim como um painel com intervenientes em presença e também online desde o Havai.

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O painel presencial e online no decurso do evento “Havai: histórias de portugalidade” no Centro Cultural John Dos Passos

No painel, moderado pelo coordenador do Centro Cultural John dos Passos, Bernardo de Vasconcelos, participaram, presencialmente, além de Mário Augusto e Nelson Ponta-Garça, que apresentaram livros de sua autoria concebidos no âmbito dos documentários; Daniel Bastos, autor do livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”, já em segunda edição, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo; Danny Abreu, descendente de madeirenses, da ilha de Oahu e de visita à Madeira propositadamente nesta altura para este evento, e que está atualmente envolvido na dinamização do Centro Histórico e Cultural Português no arquipélago americano; e Susana Caldeira, investigadora madeirense que tem centrado o seu trabalho na emigração de naturais da Pérola do Atlântico para o Havai.

Participaram também no painel, mas em formato online desde o Havai, Audrey Rocha Reed, descendente de madeirenses e com um papel fundamental na preservação da cultura lusa através do Centro Cultural Português e do Heritage Hall em Maui; Tyler Dos Santos-Tam, cônsul honorário de Portugal em Honolulu; e Paul Neves, havaiano a residir em Hilo, neto de emigrantes madeirenses e mestre de dança Hula.

Numa fase em que se perspetiva a curto prazo a assinatura de um acordo de geminação entre a Região Autónoma da Madeira e o Estado do Havai. A iniciativa promovida pelo Centro Cultural John Dos Passos, e que contou na sessão de encerramento com a presença do Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, teve o condão de homenagear os cerca de 27 mil portugueses que, no final do século XIX e até 1913, muitos deles madeirenses, fizeram uma longa rota de emigração para o meio do Pacífico, e cujos milhares de descendentes são hodiernos pilares da sociedade havaiana.

Concomitantemente, esta linha de ação do Centro Cultural John Dos Passos, mormente o da diáspora madeirense, ao salientar a importância do fenómeno emigratório num território em que muitos dos seus naturais se encontram espalhados por nações como a África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, França, Reino Unido ou Venezuela. Lança quiçá, as bases vindouras para a dinamização, por exemplo, no Centro Cultural John Dos Passos, de um núcleo museológico no arquipélago, que possa homenagear, estudar, preservar e comunicar as expressões materiais e simbólicas da emigração madeirense, que pelas suas enormes potencialidades culturais e turísticas seria seguramente uma mais-valia para a região e para o país. 

DANIEL BASTOS APRESENTOU NA MADEIRA LIVRO DEDICADO ÀS COMUNIDADES PORTUGUESAS

No passado sábado (15 de outubro), foi apresentado na Madeira, o livro “Crónicas-Comunidades, Emigração e Lusofonia”.

A obra, já na segunda edição, prefaciada pelo advogado e comentador Luís Marques Mendes, e que reúne as crónicas que o escritor e historiador fafense Daniel Bastos tem escrito nos últimos anos em diversos meios de comunicação dirigidos para diáspora, foi apresentada no Centro Cultural John Dos Passos, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura da Madeira.

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O historiador Daniel Bastos no decurso da sessão de apresentação no Centro Cultural John Dos Passos

A sessão de apresentação, que decorreu no âmbito do ciclo de conferências “Havai: histórias de portugalidade”, no qual o investigador abordou a dinâmica associativa, cultural e histórica de várias instituições e personalidades ligadas à diáspora madeirense vertidas em várias crónicas do seu mais recente livro, contou ainda com a participação do jornalista de cinema, escritor e apresentador de televisão, Mário Augusto, e do escritor e realizador luso-descendente Nelson Ponta-Garça.

Historiador, professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração portuguesa, Daniel Bastos é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

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EMPREENDEDORISMO LUSO NA AUSTRÁLIA: O CASAL JOSÉ E MARIA PEREIRA

  • Crónica de Daniel Bastos

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.

Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso do casal luso-australiano José e Maria Pereira.

Originários do arquipélago da Madeira, José e Maria Pereira emigraram no final da década de 1980 para a Austrália, um país continental cercado pelos oceanos Índico e Pacífico, onde vivem atualmente cerca de 55 mil portugueses disseminados por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney.

O trabalho, o esforço e a resiliência, valores coligidos no torrão natal, impulsionaram José Pereira, mais conhecido como Joe Pereira, um ano após a chegada ao continente-ilha, a comprar ao seu antigo patrão um pequeno talho chamado Sunshine Meats em Redfern, um subúrbio no centro da cidade de Sydney, apenas com três meses de experiência profissional no ramo e 500 dólares no bolso,

De modo a não sucumbir à concorrência das cadeias de supermercados, e a ultrapassar as dificuldades de um mercado extremamente competitivo e muito suscetível aos impactos das crises económicas, o casal optou por uma aposta estratégica na qualidade e diferenciação da gama de produtos. Fazendo uso da experiência de Maria Pereira em charcutaria desde os 16 anos, o casal oriundo da pérola do Atlântico, passou a oferecer uma panóplia de produtos como massas, pães frescos, óleos e queijos, para complementar a base de carne fresca.

O conceito diferenciador estabelecido pelo casal luso-australiano passou ainda pela criação de produtos fumados e assados ​​no forno, inspirados nos sabores gastronómicos da Madeira. Produtos premium assentes na herança portuguesa, como peito de frango defumado à portuguesa”, ou as tradicionais morcelas, farinheiras e enchidos gourmet, levaram José e Maria Pereira no alvorecer do séc. XXI a mudarem-se para uma fábrica em Marrickville, um subúrbio no Inner West de Sydney, e em 2011 a erigirem uma fábrica, com uma pastelaria-café, em Milperra, um subúrbio da cidade de Canterbury-Bankstown, na região sudoeste de Sydney.

A notável capacidade empreendedora do casal luso tem sido ao longo dos últimos anos alvo de várias distinções em terras australianas, como em 2014, quando os produtos Sunshine Meats e The Charcuterie Room @ Sunshine Meats foram premiados pela Australian Pork Corporation como o melhor presunto artesanal da Austrália. E em 2018, quando um dos seus produtos de eleição, o “peito de pato defumado” foi o produto mais inovador no Food and Beverage Industry Awards, durante o Sydney Royal Fine Food Show.

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O casal José e Maria Pereira - Sunshine Meats

O sucesso que o casal madeirense alcançou nas últimas décadas no mundo dos negócios, e que leva a que os seus produtos diferenciados e de qualidade possam ser encontrados em supermercados e lojas especializadas em Sydney, Melbourne, Brisbane e Perth, tem sido acompanhado de um importante apoio à comunidade luso-australiana.

Destacando-se, por exemplo, a ligação de Maria Pereira, e da filha Celina Pereira, também ela envolvida na gestão da empresa familiar, ao Portuguese Australian Women's Association NSW, uma associação que se assume como um fórum para a participação ativa e de empoderamento das mulheres luso-australianas.

Ainda no decurso deste Verão, no seguimento da visita de José e Maria Pereira à Quinta da Vigia, a convite do Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, o governante madeirense destacou de modo elucidativo o percurso de vida do casal luso-australiano: “Este madeirense, que emigrou para a Austrália no final dos anos 80, comprou um pequeno talho um ano após lá ter chegado e, com a sua visão, resiliência e inovação, criando produtos inspirados nos sabores e cheiros da sua terra natal, expandiu-se, sendo hoje um grande e reputado empresário no país que o acolheu. Dono de uma empresa de sucesso, a Sunshine Meats, que gere com a sua mulher e filha, este emigrante, que nos deixa tão orgulhosos, é mais um exemplo da perseverança e da capacidade de luta madeirenses. São, além de tudo o mais, um casal simpático e afável”.

AS MEMÓRIAS DA EMIGRAÇÃO MADEIRENSE NO ESPÓLIO FOTOGRÁFICO DE JOSÉ DE SOUSA MONTEIRO

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  • Crónica de Daniel Bastos

No início do mês passado, a fotojornalista Lucília Monteiro, conhecida fotojornalista da revista Visão e do semanário Expresso, lançou no Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente's, o livro Imagem Foto – Corpo e Lugar.

Concebido a partir do arquivo fotográfico de José de Sousa Monteiro (1931-2001), pai da autora, cujo espólio constituído por milhares de negativos captados entre as décadas de 1950-90 constitui um valioso acervo ilustrado da história madeirense, em particular, do concelho de Santa Cruz, onde o fotógrafo nasceu e fundou no ocaso dos anos 50 o estúdio “ Imagem Foto”, o livro Imagem Foto – Corpo e Lugar revivesce a memória histórica da emigração no arquipélago.

Na esteira da sinopse da obra "o trabalho de José de Sousa Monteiro é extenso, mas a seleção aqui apresentada cingir-se-á às fotografias de estúdio, nas quais o corpo ganha relevância para além da classe social que tanto definia os papéis na comunidade”. Nas inúmeras fotografias de estúdio captadas entre as décadas de 1950-90 por José de Sousa Monteiro, destacam-se os retratos de passaporte, assim como os retratos de muitos naturais do concelho de Santa Cruz, vestidos com as suas melhores roupas domingueiras, destinados aos familiares emigrados em terras distantes.

Terras distantes como o Brasil, Curaçau, África do Sul, Venezuela, França ou o Reino Unido, locais de destino dos emigrantes madeirenses, em geral, e santa-cruzenses, em particular, no séc. XX. Como destaca, a investigadora Sílvia Raquel Mendonça Ferreira no trabalho Raízes e Destinos: Estudo Sociocultural e Linguístico da Emigração Madeirense para a França e Reino Unido a partir da década de 1960 (no âmbito do Projeto Nona Ilha), o “recurso à emigração em busca de uma vida melhor é um conceito inerente ao ADN dos ilhéus do Arquipélago da Madeira, localizado num ponto geográfico de suma importância no panorama mundial da navegação marítima e tendo sido fustigado, ao longo dos tempos, por episódios de pilhagens, epidemias e pragas agrícolas”.

Numa época em que cada vez mais os cientistas sociais se debruçam sobre o fenómeno da emigração portuguesa, em boa hora decidiu a fotojornalista Lucília Monteiro trazer à estampa o livro Imagem Foto – Corpo e Lugar, assim como em conjunto com os seus irmãos, doar ao Museu de Fotografia da Madeira - Atelier Vicente's um relevante arquivo fotográfico que enriquece e perpetua a história, memória e identidade nacional, regional e local.

JOHN DOS PASSOS: UM ESCRITOR AMERICANO ORGULHOSO DAS SUAS RAÍZES MADEIRENSES

Daniel Bastos

  • Crónica de Daniel Bastos

Um dos mais importantes escritores modernistas norte-americanos, John Dos Passos (1896-1970), nunca escondeu ao longo da sua renomada carreira literária o carinho e orgulho pelas suas raízes familiares madeirenses.

As origens lusas do autor de Manhattan Transfer e U.S.A. Trilogy, livros marcantes da América da primeira metade do século XX, descendem de Manuel Joaquim dos Passos, avô paterno do afamado escritor, natural da vila madeirense de Ponta do Sol, onde nasceu em 1816.

Manuel Joaquim dos Passos emigrou aos 14 anos de idade para os Estados Unidos da América (EUA), tendo-se radicado em Filadélfia, cidade da Pensilvânia, onde contraiu matrimónio com a americana Ann Cattel. Dessa união nasceram vários filhos, entre eles, um prestigiado advogado, John Randolph dos Passos (1844-1917), pai do escritor americano de origem portuguesa que em 1936, no auge da fama, chegou a ser capa da revista Time.

Amigo de Ernest Hemingway e de outros grandes nomes da literatura mundial, Jonh Dos Passos, que acompanhou as tropas americanas durante a Primeira Guerra Mundial como condutor de ambulâncias, e trabalhou como correspondente durante a Segunda Guerra Mundial, visitou a ilha da Madeira em três ocasiões.

A primeira, ainda em criança, no ano de 1905, acompanhado pelo seu pai, como o mesmo refere na introdução do seu livro The Portugal Story: “Embora eu fosse educado sem qualquer conhecimento da língua portuguesa, a minha família não perdera por completo o contacto com os parentes do meu avô, na Madeira. O meu pai, embora falasse apenas um pouco de francês, além do inglês, nunca se esqueceu de que era meio português. Tinha oito anos quando ele me levou ao Funchal. Lembro-me das visitas de um primo idoso que me dava, no jardim do velho Reid's Hotel, uma lição diária de latim”.

A segunda visita de John dos Passos à Madeira ocorreu em 1921, onde em trânsito a caminho de Lisboa, passeou pelo Funchal relembrando as raízes humildes do seu avó paterno que fora sapateiro no torrão natal. Mais tarde, em 1960, voltou a visitar a pérola do Atlântico, desta feita, acompanhado pela mulher, Elizabeth Hamlin Dos Passos, e a filha Lucy dos Passos Coggin, onde foram recebidos pelos familiares e autoridades locais.

No então discurso que realizou em agradecimento à homenagem que recebeu na Ponta do Sol, no decurso dessa terceira e última visita à região arquipelágica, John dos Passos exporia: “Desculpem eu não falar a língua dos meus avós. Como sabem o meu avô deixou a Ponta do Sol há muito mais de cem anos. É deveras enternecedor para mim ser recebido com tão grandeza gentileza e consideração. [...]. Mais tarde o meu pai tornou-se cada vez mais interessado a respeito da Madeira e das suas raízes portuguesas. Quando eu tinha oito anos trouxe-me, por algumas semanas ao Funchal. Assim quando aqui cheguei há dias reconheci os rochedos cor púrpura, o mar azul, os mergulhadores e as pequenas lagartixas que correm através dos jardins do Reid’s Hotel. Recordo amável hospitalidade de amigos e parentes da Madeira.”

A ligação estreita de John Dos Passos com a terra do avô paterno é desde o alvorecer do séc. XXI, preservada e dinamizada pelo Centro Cultural John dos Passos, fundado em homenagem ao escritor americano com raízes lusas e localizado no centro da vila da Ponta do Sol.

Atualmente, a instituição que acolhe exposições temporárias, seminários e conferências, com destaque particular para o simpósio anual dedicado a John dos Passos, possui uma sala de exposição permanente dedicada ao escritor, dois espaços museológicos, uma biblioteca, que apresenta a extensa obra do autor, e um auditório onde se desenvolvem as mais variadas atividades culturais como a música, a dança e o teatro.

A ligação do escritor norte-americano à terra de origem dos seus antepassados está ainda simbolicamente inscrita desde 2016 no nome de um dos aviões da TAP, companhia área portuguesa que atravessa o Atlântico para os EUA. Época em que Secretaria Regional de Turismo e Cultura da Madeira assumiu a responsabilidade do Prémio John Dos Passos, instituído com a finalidade de
homenagear o escritor homónimo e difundir a sua obra, rememorar as suas ancestrais ligações à Região e, simultaneamente incentivar a produção literária e a investigação histórico-literária.

PRESIDENTE DO MUNICÍPIO VIANENSE CONVIDA DINARTE FERNANDES, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SANTANA (MADEIRA) A MARCAR PRESENÇA NAS FESTAS D’AGONIA

O Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, recebeu, esta semana, o Presidente da Câmara Municipal de Santana, na Madeira. O encontro com Dinarte da Silva Fernandes permitiu uma troca de ideias entre os dois autarcas sobre turismo, setor primário, cultura e tradições.

Luís Nobre convidou o edil de Santana para marcar presença nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, que acontecem, este ano, de 17 a 21 de agosto.

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O MUSEU DE HERANÇA MADEIRENSE NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Daniel Bastos

  • Crónica de Daniel Bastos

A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, destaca-se atualmente pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico na principal potência mundial.

Atualmente, segundo dados dos últimos censos americanos, residem nos EUA mais de um milhão de portugueses e luso-americanos, principalmente concentrados em Massachusetts, Rhode Island, Nova Jérsia e Califórnia.

No caso da comunidade madeirense, que representa entre 3 a 5% do total de portugueses residentes nos Estados Unidos, a mesma tem ainda hoje uma presença significativa, por exemplo, em New Bedford. Uma cidade costeira localizada no estado de Massachusetts, onde desde 1915 se realizam as Festas do Santíssimo Sacramento Madeirense, que se assumem anualmente como uma das maiores festas portuguesas nos EUA e umas das maiores celebrações lusas fora do território nacional, e que com a exceção dos dois últimos anos, devido aos constrangimentos pandémicos, juntam milhares de pessoas.

As festividades, interrompidas nos tempos mais recentes pela pandemia de coronavírus, decorrem há vários anos no Campo Madeira, um recinto onde durante vários dias é possível assistir a concertos de música, espetáculos, parada, dança e corridas, assim como degustar a gastronomia madeirense ou conhecer uma réplica de uma casa típica de Santana.

As comemorações estendem-se ainda ao “Museum of Madeirian Heritage” (Museu de Herança Madeirense), um espaço museológico, situado também na cidade de New Bedford, que foi fundado pelo saudoso José de Sousa e oficialmente inaugurado em 1998, pelo antigo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim.

Propriedade da Fundação do Santíssimo Sacramento, o Museu de Herança Madeirense, que acolhe vários documentos recolhidos entre os emigrantes naturais do arquipélago, assim como uma vasta coleção de fotografias e objetos alusivos à pérola do Atlântico, tem como missão preservar e valorizar o legado histórico da emigração madeirense nos Estados Unidos da América.

Enquanto espaço singular que homenageia e perpetua a herança madeirense nos EUA, o Museu de Herança Madeirense, constitui-se como um exemplo inspirador para as comunidades portuguesas no mundo, principalmente naquilo que deve ser o respeito pelo seu passado, a construção do seu presente e a projeção do seu futuro.

O MUSEU ETNOGRÁFICO PORTUGUÊS NA AUSTRÁLIA

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  • Crónica de Daniel Bastos

A comunidade portuguesa na Austrália, cujas raízes remontam à segunda metade do séc. XX com a chegada de um grupo de emigrantes da Ilha da Madeira à cidade portuária de Freemantle, destaca-se atualmente pela sua perfeita integração no continente-ilha, situado no hemisfério sul, na Oceânia.

Conquanto, os dados oficiais apontem para que vivam hoje pouco mais de 55 mil portugueses na Austrália, a comunidade lusa encontra-se disseminada por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney, onde é possível encontrar centros culturais e recreativos, restaurantes e bairros onde se pode falar exclusivamente a língua de Camões.

A herança cultural lusa no território australiano é voluntariamente dinamizada e preservada, desde 10 de junho de 1997, pelo Museu Etnográfico Português na Austrália. Um espaço museológico, inaugurado nesse ano em Camperdown, o bairro de maior concentração de portugueses na cidade de Sydney, através de um grupo de compatriotas decididos a promover a cultura e tradições nacionais, não só no seio da comunidade lusa na Austrália, mas como também das diversas comunidades que constituem esta nação que se destaca pelo seu multiculturalismo.

O Museu Etnográfico Português na Austrália, que é ao mesmo tempo um centro cultural que dinamiza exposições temporárias, teatro, música e conferências, fomentando assim a coesão e identidade portuguesa junto dos emigrantes e lusodescendentes, alberga inúmeras réplicas e símbolos da pátria de origem. Como por exemplo, réplicas de caravelas, trajes do Minho, Madeira e de varinas de Lisboa, guitarras, olaria alentejana, rendas de bilros ou tapetes de Arraiolos.

O espólio do Museu Etnográfico Português na Austrália, que convida a uma viagem pelas culturas e tradições nacionais, tem sido ao longo das últimas décadas enriquecido com objetos doados ou emprestados por membros da comunidade luso-australiana, assim como pelo envio por parte de várias câmaras municipais de artigos alusivos às culturas e tradições dos seus concelhos.

O papel relevante da instituição na preservação e transmissão da herança cultural portuguesa na Austrália concorreu para quem em março de 2018, no decurso de uma visita oficial à Oceânia, o então Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, tenha atribuído a Placa de Mérito das Comunidades ao Museu Etnográfico Português na Austrália.

Enquanto espaço singular que concomitantemente dignifica a presença portuguesa na Austrália, valoriza a comunidade luso-australiana e divulga a língua e cultura pátria no continente-ilha, o Museu Etnográfico Português na Austrália constitui-se como um exemplo inspirador para as comunidades portuguesas no mundo, principalmente naquilo que deve ser o respeito pelo seu passado, a construção do seu presente e a projeção do seu futuro.

MADEIRENSES SÃO ORIGINÁRIOS DO MINHO

O povoamento do arquipélado da Madeira a partir da sua descoberta em 1419 foi realizada sobretudo por gente oriunda do Minho. E, entre os seus traços característicos, ainda podemos anotar tradições como a carne de vinha-d'alhos que constitui um dos expoentes da sua gastronomia que está sempre presente na época natalícia. E, quem sabe, a coreografia do tradicional bailinho filiar-se em danças tradicionais da região de Guimarães…

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Texto e foto: http://madeira-gentes-lugares.blogspot.com/

“É «comum atribuir-se a proveniência algarvia aos primeiros e principais povoadores que desencadearam a ocupação da ilha», segundo, Luís de Albuquerque e Alberto Vieira, na sua obra, “O Arquipélago da Madeira no Século XV”. Segundo estes, «essa ideia filia-se na tradição, que corre no Algarve, da participação das suas gentes na gesta expansionista, e na expressão de Jerónimo Dias Leite, ‘muitos do Algarve’». Ainda mais referem que, lhes parece apressada esta concepção, «uma vez que faltam provas que a corroborem», e que numa «listagem dos primeiros povoadores referidos nos documentos e crónicas a presença nortenha é muito superior à algarvia (64% para 25%); por outro lado os registos paroquiais da freguesia da Sé, no período de 1539 a 1600, corroboram esta conclusão, uma vez que os nubentes oriundos de Braga, Viana e Porto representam metade do total; enquanto os provenientes de Faro não ultrapassam os 3%». Partindo da análise destes dados retirados destes mesmos registos (1539 e 1600), «chega-se à conclusão que metade da população não nascida na Madeira era originária do Norte do País», e que a «situação do século anterior» (século XIV) «não deve ter sido por certo diferente».

Assim, Luis de Sousa Melo, antigo Director do Arquivo Regional da Madeira, igualmente é da mesma opinião. Numa «tentativa de aproximação com base nos registos de casamento da paróquia da Sé», nas mesmas datas (1539 a 1600), foi-lhe «possível averiguar» que, para este período, «foi da província do Minho, com os distritos de Braga e Viana do Castelo, que a maioria dos recém-chegados era natural: 54,4% - muito longe dos 13,2% dos do Douro Litoral, mais ainda dos 8,3% da Estremadura, a que se seguiram os naturais das Beiras com 5%, os de Trás-os-Montes e Alto-Douro com 4,5%, depois os do Algarve com 3,7%, os do Alentejo com 2,5%, e por fim os do Ribatejo com 1,2%. (Fonte, “Presença Açoriana nos Registos Paroquiais do Funchal 1761 - 1860”).

Na realidade, o Norte de Portugal, nos séculos XIV e XV era a região do país com maior densidade populacional por um lado e por outro, esta região sempre teve uma «permanente vinculação à economia madeirense». No «reinado de D. João II» (1481 a 1495), escreve Eduardo C. N. Pereira nas Ilhas de Zargo, «os mercadores de Guimarães navegavam entre os arquipélagos dos Açores, Madeira, Continente e Flandres com naus do Porto, Vila do Conde, Viana, Azurara e Aveiro, negociando açúcares, pimenta... panos de baetilha, chapéus, linhos, etc. Guimarães era sede de um vasto termo e extensíssima comarca de 30 concelhos e chave do comércio com os concelhos interiores de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes».”

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Carne de Vinha-d'Alhos à moda da Madeira. (Foto: https://www.receitasemenus.net/)

O vindalho é confeccionado com carne de porco cortada aos cubos e temperada com sal e vinagre. Depois de frito, é feiro um refogado de cebola com malagueta moída, alhos, coentros, cominhos, açafrão-da-terra, tamarindo e vinagre. Depois de bem misturados estes ingredientes e bem fritos, adicionam açúcar, a carne, a marinada e água de tamarindo. É apurado num tacho fechado a fim de que o molho fique suficientemente expesso. É geralmente servido com arroz.

Esta especialidade espalhou-se para outras regiões da Índia e Paquistão onde é denominado por vindaloo. Porém, em virtude da proibição religiosa do consumo de carne de porco, esta foi substituída por carne de frango, borrego e até peixe. Em virtude da emigração indiana para o Reino Unido, também aqui o vindalho adquiriu bastante popularidade e tornou-se muito apreciado.

Também na Madeira, em virtude do povoamento do território pelos minhotos, a carne de vinha-d’alhos tornou-se um prato típico da quadra natalícia, o qual está naturalmente relacionado com a matança do porco. Aqui é feita com carne de porco que, após ser temperada com vinagre, vinho branco, alho, louro, segurelha, sal e pimenta, é deixada a marinar pelo menos durante dois dias. Depois é cozida na própria marinada e guardada. Na altura de comer, é frita com banha de porco e servida com pão frito na mesma gordura da cozedura.

A culinária minhota é apreciada nos mais diversos recantos do mundo e adaptada ao gosto dos diferentes povos.

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MINHOTOS FORAM OS PRINCIPAIS POVOADORES DA MADEIRA

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“É «comum atribuir-se a proveniência algarvia aos primeiros e principais povoadores que desencadearam a ocupação da ilha», segundo, Luís de Albuquerque e Alberto Vieira, na sua obra, “O Arquipélago da Madeira no Século XV”. Segundo estes, «essa ideia filia-se na tradição, que corre no Algarve, da participação das suas gentes na gesta expansionista, e na expressão de Jerónimo Dias Leite, ‘muitos do Algarve’». Ainda mais referem que, lhes parece apressada esta concepção, «uma vez que faltam provas que a corroborem», e que numa «listagem dos primeiros povoadores referidos nos documentos e crónicas a presença nortenha é muito superior à algarvia (64% para 25%); por outro lado os registos paroquiais da freguesia da Sé, no período de 1539 a 1600, corroboram esta conclusão, uma vez que os nubentes oriundos de Braga, Viana e Porto representam metade do total; enquanto os provenientes de Faro não ultrapassam os 3%». Partindo da análise destes dados retirados destes mesmos registos (1539 e 1600), «chega-se à conclusão que metade da população não nascida na Madeira era originária do Norte do País», e que a «situação do século anterior» (século XIV) «não deve ter sido por certo diferente».

Assim, Luis de Sousa Melo, antigo Director do Arquivo Regional da Madeira, igualmente é da mesma opinião. Numa «tentativa de aproximação com base nos registos de casamento da paróquia da Sé», nas mesmas datas (1539 a 1600), foi-lhe «possível averiguar» que, para este período, «foi da província do Minho, com os distritos de Braga e Viana do Castelo, que a maioria dos recém-chegados era natural: 54,4% - muito longe dos 13,2% dos do Douro Litoral, mais ainda dos 8,3% da Estremadura, a que se seguiram os naturais das Beiras com 5%, os de Trás-os-Montes e Alto-Douro com 4,5%, depois os do Algarve com 3,7%, os do Alentejo com 2,5%, e por fim os do Ribatejo com 1,2%. (Fonte, “Presença Açoriana nos Registos Paroquiais do Funchal 1761 - 1860”).

Na realidade, o Norte de Portugal, nos séculos XIV e XV era a região do país com maior densidade populacional por um lado e por outro, esta região sempre teve uma «permanente vinculação à economia madeirense». No «reinado de D. João II» (1481 a 1495), escreve Eduardo C. N. Pereira nas Ilhas de Zargo, «os mercadores de Guimarães navegavam entre os arquipélagos dos Açores, Madeira, Continente e Flandres com naus do Porto, Vila do Conde, Viana, Azurara e Aveiro, negociando açúcares, pimenta... panos de baetilha, chapéus, linhos, etc. Guimarães era sede de um vasto termo e extensíssima comarca de 30 concelhos e chave do comércio com os concelhos interiores de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes».”

Texto e foto: http://madeira-gentes-lugares.blogspot.com/

CARNE DE VINHA-D’ALHOS OU VINDALHO: A GASTRONOMIA MINHOTA VIAJOU PARA A MADEIRA E A ÍNDIA PORTUGUESA

À semelhança do sarapatel, o vindalho é uma especialidade goesa com origem na gastronomia minhota, à qual foram acrescentadas especiarias como as malaguetas, muito ao gosto local.

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Vindalho (Foto Wikipédia)

 

O vindalho é confeccionado com carne de porco cortada aos cubos e temperada com sal e vinagre. Depois de frito, é feiro um refogado de cebola com malagueta moída, alhos, coentros, cominhos, açafrão-da-terra, tamarindo e vinagre. Depois de bem misturados estes ingredientes e bem fritos, adicionam açúcar, a carne, a marinada e água de tamarindo. É apurado num tacho fechado a fim de que o molho fique suficientemente expesso. É geralmente servido com arroz.

Esta especialidade espalhou-se para outras regiões da Índia e Paquistão onde é denominado por vindaloo. Porém, em virtude da proibição religiosa do consumo de carne de porco, esta foi substituída por carne de frango, borrego e até peixe. Em virtude da emigração indiana para o Reino Unido, também aqui o vindalho adquiriu bastante popularidade e tornou-se muito apreciado.

Também na Madeira, em virtude do povoamento do território pelos minhotos, a carne de vinha-d’alhos tornou-se um prato típico da quadra natalícia, o qual está naturalmente relacionado com a matança do porco. Aqui é feita com carne de porco que, após ser temperada com vinagre, vinho branco, alho, louro, segurelha, sal e pimenta, é deixada a marinar pelo menos durante dois dias. Depois é cozida na própria marinada e guardada. Na altura de comer, é frita com banha de porco e servida com pão frito na mesma gordura da cozedura.

A culinária minhota é apreciada nos mais diversos recantos do mundo e adaptada ao gosto dos diferentes povos.

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Carne de Vinha-d'Alhos à moda da Madeira. (Foto: https://www.receitasemenus.net/)

BOMBEIROS MADEIRENSES ESTÃO EM VIZELA

Presidente da Câmara recebeu bombeiros de Câmara de Lobos

O Presidente da Câmara Municipal, acompanhado pelo restante Executivo Municipal, recebeu hoje no edifício sede do Município, o Comandante dos Bombeiros de Câmara de Lobos, acompanhado de mais dois bombeiros, que vão participar, juntamente com 19 elementos dos Bombeiros Voluntários de Vizela, na prova Bombeiro de Elite 2019, em Braga.

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O objetivo da prova, “Bombeiro de Elite”, que chega este ano à terceira edição, é desafiar os bombeiros a ultrapassarem os seus limites e promover, em simultâneo, o convívio entre todos os bombeiros do País.

Nesta edição, que vai ter lugar dia 28 de Setembro, o desafio é percorrer a distância de 615 metros, com um desnível positivo de 116 metros, e vai contar com a participação
de muitos profissionais estrangeiros.

A Câmara Municipal de Vizela deseja a todos os participantes e representantes de Vizela uma excelente prova.

MADEIRA DANÇA O BAILINHO NO FOLKLOURES'19

O Grupo de Danças e Cantares da Madeira vai no próximo dia 6 de Julho participar no FolkLoures’19 – Encontro de Culturas, uma grandiosa iniciativa de cariz tradicional organizada pelo Grupo Folclórico Verde Minho em colaboração com a Câmara Municipal de Loures.

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Constituído há mais de três décadas por madeirenses radicados na região de Lisboa, este grupo folclórico está sediado no vizinho concelho da Amadora e é o único que no continente representa os usos e costumes tradicionais das gentes do Arquipélago da Madeira, actualmente constituída como Região Autónoma.

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MADEIRA DANÇA O BAILINHO NO FOLKLOURES'19

O Grupo de Danças e Cantares da Madeira vai no próximo dia 6 de Julho participar no FolkLoures’19 – Encontro de Culturas, uma grandiosa iniciativa de cariz tradicional organizada pelo Grupo Folclórico Verde Minho em colaboração com a Câmara Municipal de Loures.

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Constituído há mais de três décadas por madeirenses radicados na região de Lisboa, este grupo folclórico está sediado no vizinho concelho da Amadora e é o único que no continente representa os usos e costumes tradicionais das gentes do Arquipélago da Madeira, actualmente constituída como Região Autónoma.

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MADEIRA DANÇA O BAILINHO NO FOLKLOURES'19

O Grupo de Danças e Cantares da Madeira vai no próximo dia 6 de Julho participar no FolkLoures’19 – Encontro de Culturas, uma grandiosa iniciativa de cariz tradicional organizada pelo Grupo Folclórico Verde Minho em colaboração com a Câmara Municipal de Loures.

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Constituído há mais de três décadas por madeirenses radicados na região de Lisboa, este grupo folclórico está sediado no vizinho concelho da Amadora e é o único que no continente representa os usos e costumes tradicionais das gentes do Arquipélago da Madeira, actualmente constituída como Região Autónoma.

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