A Biblioteca Municipal de Caminha vai receber mais uma escritora. Hoje, dia 27 de maio, Célia Ramos vai apresentar em Caminha os seus livros “Destemido” e “A Espada e o Orgulho”. A sessão terá lugar pelas 16H00.
Célia Ramos é “apaixonada pela leitura e pela escrita desde sempre, os grandes eventos históricos e os romances clássicos marcaram, sem dúvida, o seu crescimento. Licenciada em Turismo, o gosto pelas viagens, por conhecer novas culturas, pessoas e lugares diferentes e aprender sempre mais são características intrínsecas da sua maneira de ser.”
“A espada e o Orgulho” foi publicado pela editora Chiado Books em 2016 ena sua sinopse de lê-se: “numa época em que tudo parecia perdido e em que o orgulho e a honra eram as posses que restavam, o imprevisto acontece. Nada na vida de Beatriz será igual. Ela terá que ser forte e manter-se fiel à luta pela independência do reino, 1640 já espreita. Mas irá ela conseguir resistir ao amor?”
Quanto ao livro “Destemido”, publicado em 2022 pela Astrolábio Edições, na sua sinopse lê-se: “Para Camila Corte Real, as inflexíveis regras que orientavam a vida das mulheres no reino de Portugal eram demasiado injustas. Ela considerava um ultraje à sua liberdade as normas que, inevitavelmente, amarravam a uma vida doméstica as donzelas da nobreza, do século XVII. Camila não era como as outras jovens fidalgas. Sentia-se encurralada. Questionava com frequência por que razão não podia embarcar sozinha para o Novo Mundo? Só porque era mulher?! O seu irmão partira, há quase dez anos, em busca de fortuna. Invejava a sua condição e a sua liberdade.
Num dia monótono, igual a tantos outros, chegava ao palacete, em Almada, uma inesperada missiva. A carta vinda do outro lado do Atlântico anunciava que Artur Corte Real, o filho pródigo, regressaria a casa. Chegava o tempo de exaltação...
Artur traria segredos sombrios e mistérios por desvendar. Uma sombra negra iria abater-se sobre todos aqueles que ousavam enfrentar o instituído. Desafiar as boas regras de conduta seria sinónimo de punição e de morte!”.
José Pedro Castanheira é o vencedor do Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga pela sua obra ´Volta aos Açores em Quinze Dias´, editada pela Tinta-da-China.
O júri, coordenado por José Manuel Mendes e constituído por Cândido Oliveira Martins, Guilherme d’Oliveira Martins e Paula Mendes Coelho, distinguiu esta obra, por unanimidade, por considerar que se trata de um “Diário de bordo” que ´ultrapassa o jornalismo e transforma-se numa partilha com o leitor de uma experiência rica de convivências humanas e não só, das mais elementares às mais profundas´.
Ainda segundo o júri, ´ao longo desta aventura náutica, cheia de peripécias, contratempos e ameaças (que vão do irónico ao aterrador), o jornalista vai-se transformando no Narrador assumido, no ´cronista´ nada ´reformado´, em contradição absoluta com a expressão que a dado passo utiliza para se qualificar. Ironicamente, claro”.
Nesta 6.ª edição da Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria Ondina Braga, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores com o patrocínio da Câmara Municipal de Braga, concorreram obras publicadas no ano de 2022.
O valor monetário deste Grande Prémio é, para o autor distinguido, de € 12.500,00. A cerimónia de entrega do prémio será anunciada oportunamente.
Nota Biográfica
José Pedro Castanheira (Lisboa, 1952) é jornalista profissional desde 1974. Tem formação em Economia e uma pós-graduação em Jornalismo. Trabalhou em jornais como A Luta, O Jornal e, durante 28 anos, o Expresso. Foi presidente da direcção do Sindicato dos Jornalistas. Tem-se dedicado à grande reportagem e ao jornalismo de investigação, e ganhou alguns dos mais prestigiados galardões atribuídos em Portugal.
É autor de uma dezena de livros, nomeadamente Quem Mandou Matar Amílcar Cabral? (1995, editado também em Itália e França); A Filha Rebelde (com Valdemar Cruz, 2003, editado também em Espanha); Os Dias Loucos do PREC (com Adelino Gomes, 2006); e Jorge Sampaio: Uma biografia (2 vols., 2012/2017). Na Tinta-da-china, publicou A Queda de Salazar (com António Caeiro e Natal Vaz, 2018) e Olhe Que Não, Olhe Que Não! (com José Maria Brandão de Brito, 2020). O Diário Volta aos Açores em 15 Dias é a sua primeira incursão literária fora dos quadros do jornalismo.
Hoje, às 15h30, na Biblioteca Municipal de Ponte de Lima, o Município de Ponte de Lima promove o lançamento do livro “SILÊNCIO sem SILÊNCIO”, da autoria de Adelaide Graça.
Sessão terá lugar no dia 6 de maio, pelas 18H00, na Biblioteca Municipal de Caminha
“Um Livro, uma conversa e às vezes um filme” vai apresentar a obra “Um País em Bicos de Pés - Escritores, artistas e movimentos culturais”, de Diogo Ramada Curto, no próximo sábado, dia 6 de maio, pelas 18H00, na Biblioteca Municipal de Caminha. A sessão será apresentada por Paulo Torres Bento.
A iniciativa “Um Livro, uma conversa e às vezes um filme” tem trazido às bibliotecas do concelho de Caminha nomes conhecidos do mundo literário. Escritores como, Richard Zimler, Júlio Machado Vaz, Rui Couceiro, Nuno Brandão Costa, Álvaro Domingues, entre muitos outros, já apresentaram as suas obras nos espaços do Município. Desta feita, é a vez de Diogo Ramada Curto.
Diogo Ramada Curto (Lisboa, 22-4-1959) é professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa (FCSH) e investigador do Instituto Português de Relações Internacionais - IPRI. Foi professor da Cátedra em História da Expansão Europeia no Instituto Universitário de Florença (2000-2008) e professor visitante de várias universidades (Yale, Brown, USP). Publicou dez livros de autor, um deles foi traduzido em inglês e castelhano. Organizou cerca de vinte livros e dirigiu duas coleções onde fez publicar mais de sessenta títulos. Colabora com os jornais "Expresso" e "Contacto".
Quanto ao livro, na sinopse lê-se “este livro traça trajetórias individuais, reconstitui movimentos ou tendências e, ao mesmo tempo, reconstrói os contextos capazes de atribuir sentido às obras dos principais escritores, artistas e intelectuais portugueses. Longe de alinhar numa espécie de biografismo, o resultado que se pretende alcançar é o de um olhar histórico e sociológico dos escritores, dos intelectuais e dos movimentos culturais”.
Esta iniciativa é organizada pelos Amigos da Rede das Bibliotecas de Caminha em parceria com o Município de Caminha.
Distinção da Associação Portuguesa de Escritores e Câmara de Braga
O Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores com o patrocínio da Câmara Municipal de Braga, será este ano atribuído a Lídia Jorge, personalidade de invulgares méritos e reconhecimento na actividade cultural, aquém e além-fronteiras.
O prémio, com o valor de 20 mil euros e relativo ao biénio 2022/2023, considera o percurso notável da escritora, romancista, poeta, autoras de obras marcantes nos domínios do conto e da crónica, com numerosas e aplaudidas traduções em diversas línguas.
Recorde-se que, no passado, foram distinguidos Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner Andresen, José Saramago, Óscar Lopes, José Cardoso Pires, Eugénio de Andrade, Urbano Tavares Rodrigues, Mário Cesariny de Vasconcelos, Vítor Aguiar e Silva, Maria Helena da Rocha Pereira, João Rui de Sousa, Maria Velho da Costa, Manuel Alegre e João Barrento.
A sessão oficial de entrega do prémio será oportunamente anunciada.
Nortear converteu-se numa plataforma de lançamento para as promessas literárias da Galiza e do Norte de Portugal
Os jovens escritores da Eurorregião podem participar com os seus relatos curtos na edição de 2023, do Prémio Literário Nortear, até ao dia 30 de junho.
- É uma iniciativa conjunta da Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galicia – Norte de Portugal, da Consellería de Cultura, Educación, Formación Profesional e Universidades da Xunta de Galicia e da Direção Regional de Cultura do Norte de Portugal.
- Tem uma dotação financeira de 3.000 € e a publicação da obra vencedora em português e galego.
- A última vencedora foi Marta Pais de Oliveira com o conto em prosa “Medula”.
Os jovens da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal, entre os 16 e os 36 anos, que tenham escrito uma obra original em português ou em galego, de cinco mil a oito mil palavras, estão a tempo de participar na edição 2023 do prémio Nortear de relato curto, que conta com uma dotação financeira de 3.000 euros e a publicação da obra em português e em galego.
Esta edição está aberta até ao próximo dia 30 de junho, para receber candidaturas procedentes da Galiza e do Norte de Portugal. Podem apresentar-se todas as pessoas com plena capacidade jurídica dentre 16 e 36 anos, nascidos e/o residentes na Região Norte de Portugal ou na Galiza, com obras originais e inéditas, escritas em língua portuguesa -segundo o novo acordo ortográfico- e em língua galega -segundo a normativa ortográfica vigente publicada pela Real Academia Galega-, no género do relato curto, e terá uma dotação económica de três mil euros (3.000 €) para o vencedor, e a publicação da obra.
A web da Plataforma Nortear: https://nortear.gnpaect.eu/ receberá todas as candidaturas até o próximo dia 30 de junho.
Este prémio é uma iniciativa conjunta do AECT da Eurorregião Galicia – Norte de Portugal, da Consellería de Cultura, Educación, Formación Profesional e Universidades da Xunta de Galicia e da Direção Regional de Cultura do Norte de Portugal, e que se converteu numa autêntica plataforma de lançamento para os jovens escritores da Eurorregião, ao distinguir anualmente obras literárias originais, incentivar a criatividade literária entre os jovens residentes na Galiza e no Norte de Portugal e promover a distribuição de obras literárias além fronteiras. As trÊs instituições colaboram de forma continuada, promovendo diferentes atividades com o objetivo do conhecimento mútuo da cultura, a literatura e a criação artística em geral, em ambos os territórios.
Nortear conta com oito edições de sucesso e tem 330 obras apresentadas a concurso, por jovens dos dois territórios e já é um exemplo destacado de espaço cultural único e partilhado na Eurorregião.
Os oito vencedores das anteriores edições do prémio Nortear foram: Lara Dopazo Ruibal, Rui Cerqueira Coelho, Cecília Santomé, Sara Brandão, Sabela Varela, Célia Fraga, Pedro Rodríguez Villar e Marta Pais de Oliveira.
Nortear é um polo cultural de referência na Europa no âmbito da cooperação transfronteiriça. Está co-financiado pelo Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça Espanha – Portugal (POCTEP)
No dia 1 de maio, pelas 10h00, a Capela de São Bento, em Balugães, é ponto de partida para o roteiro literário que evoca a passagem do escritor por esta aldeia de Barcelos, «já povoação quando os Romanos ainda cá não tinham chegado», presente na obra “Viagem a Portugal”.
A primeira paragem do itinerário é a Senhora da Cabeça, «a santa tem forma, feições e gesto de ídolo bárbaro», e prossegue para o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, à procura das pinturas de «um admirável Cristo morto, de um lado, e do outro uma última Ceia», terminando o roteiro na «velha matriz de Balugães, do século XII».
A organização é do Teatro de Balugas e conta com o apoio do Município de Barcelos. O objetivo deste roteiro não reside na dramatização do texto nem na sua transposição cénica. Nas palavras do diretor artístico da companhia, Cândido Sobreiro, “interage com o público, que se torna, também ele, um viajante, porque a memória também se constrói lendo”.
Lídia Jorge + Manuel Alegre + João Melo + Mário Cláudio
A música e as canções de António Zambujo, Samuel Úria e Augusto Canário, as palavras e o encontro dos escritores Lídia Jorge, Manuel Alegre, João Melo, Mário Cláudio e Carlos Vale Ferraz são algumas das iniciativas que marcam Abril, mês da liberdade, em Paredes de Coura.
Assim, logo no dia 22, pelas 21h30, António Zambujo apresenta-se no Centro Cultural não só com ‘Voz e Violão”, álbum de 2021 em que o músico alentejano se inspira no trabalho quase homónimo de João Gilberto, mas acompanhado do coro Couravoce, que, com certeza, trará uma outra roupagem às composições envolventes do criador de ‘Pica do 7’.
E já que estamos com verdadeiros hinos da moderna música portuguesa, sem dúvida que ‘Carga de ombro’ de Samuel Úria foi dos temas com maior air play nas rádios nacionais nos últimos anos. Na noite de 24, Samuel Úria far-se-á acompanhar de Jónatas Pires (guitarra elétrica e acústica, harmónio indiano, voz), Silas Ferreira (teclados, sampler, percussão, oboé, voz), António Quintino (baixo, voz) e Tiago Ramos (bateria, glockenspiel, voz) e vai privilegiar o álbum ‘Canções do Pós-Guerra’, que não tem nada de bélico.
Temas como “Fica Aquém”, “O Muro”, “A Contenção” ou “Aos Pós” são incontornáveis do trovador das patilhas, bem como “Lenço Enxuto”, “É preciso que eu diminua”, “Fusão” ou “Teimoso” que atravessam o percurso de Samuel Úria e que fez deste músico e compositor um nome maior da escrita de canções em língua portuguesa.
Mas esta evocação e celebração da Liberdade começa bem antes, no dia 12, na Biblioteca Aquilino Ribeiro, com as “Rimas de Abril“. Nesta iniciativa dirigida ao público sénior, e abrangendo o período da manhã e da tarde, o popular músico alto-minhoto Augusto Canário vai confraternizar e cantar para os utentes de Lares, Centro de Dia e Centro de Atividades Ocupacionais do concelho.
Lídia Jorge, Manuel Alegre, João Melo e Mário Cláudio nas ‘Memórias da Guerra em África’
Se a música se estende por vários dias, já a conferência com Lídia Jorge, Manuel Alegre, João Melo, Mário Cláudio e Carlos Vale Ferraz, moderada por José Alberto Pinheiro, e inserida no ciclo ‘Memórias da Guerra em África’, reúne todos estes escritores na tarde de 22 de abril no Centro Cultural.
Promovido pelo Centro Mário Cláudio, o ciclo ‘A Guerra em África’ tem trazido desde o ano passado a Paredes de Coura exposições, debates e exibições, tendo por referência os conflitos que se travaram nas três frentes, Guiné, Angola e Moçambique.
Esta conferência com escritores que estiveram na guerra, mas também os debates com historiadores de vários quadrantes políticos, um ciclo de cinema, além de sessões de leitura de textos e de troca de opiniões, bem como as exposições e acervo documental facultado pelas gentes de Paredes de Coura e que se encontra patente no Centro Mário Cláudio, em Venade, foram pensados como pretexto de reflexão e relembrança, e de respeitosa homenagem à memória de quem morreu e sofreu.
António Zambujo ‘Voz e Violão’ – com a participação do coro Couravoce
António Zambujo é um dos maiores artistas, autores e intérpretes contemporâneos da música e da língua portuguesas, e um dos seus mais notáveis embaixadores no mundo.
Ao incorporar influências do cancioneiro brasileiro, em particular a Bossa Nova, derrubou fronteiras, reais e imaginárias, aproximando os 2 lados do Atlântico. Com isso, a sua música, primeiro forjada na tradição do Cante Alentejano e do Fado, criou uma personalidade única e inspirou um novo ciclo na música portuguesa.
Ao nono álbum, oitavo de originais, “António Zambujo Voz e Violão”, o músico inspira-se no nome de um dos discos da sua (e da nossa) vida, “João Voz e Violão”, álbum de João Gilberto editado em 1999, e volta, nada acidentalmente, ao essencial.
Maiores de 06 anos
Centro Cultural de Paredes de Coura - 22 de abril - 21h30
Valor: 10€ (Bilhete pago a partir dos 3 anos inclusive)
Samuel Úria – Canções do pós-guerra
O título escolhido para esta apresentação corre o risco de soar démodé ou até desatualizado se o resumirmos ao contexto social em que vivemos os últimos dois anos. Efetivamente, foi também esse o título que Samuel Úria deu ao seu último disco de originais publicado no final de 2020, mas também nessa altura associá-lo à situação pandémica era redutor.
Se, como supomos, é conhecedor da obra do cantautor, saberá que a “guerra” a que Samuel se refere, será, como sempre, interior e espiritual. Aliás, uma vez mais, obriga-nos a olhar para dentro. Não num exercício egocêntrico, mas antes como parte de um caminho de necessária partilha.
Efetivamente, o repertório deste novo trabalho de onde é inevitável destacar “Fica Aquém”, “O Muro”, “A Contenção” ou “Aos Pós”, foi composto e gravado em período pré pandemia. Aliás, o disco teve data de edição coincidente com o confinamento e só a impossibilidade de ter a atenção do público, levou ao seu adiamento. E por muito que se apregoe que este “Canções do Pós-Guerra” é o disco mais confessional de Samuel Úria, tal como em registos anteriores, ou ainda mais, as suas composições confrontam-nos connosco próprios, algo que só as “canções eternas” tem a capacidade de provocar.
Mas este concerto, ainda que marcado por “Canções do Pós-Guerra”, tem ainda o propósito de conduzir o público numa viagem à criatividade de Samuel Úria, num percurso que terá um pé nos seus trabalhos anteriores e em que terão óbvio destaque temas que fazem do “trovador das patilhas” no mais interessante cantautor do século XXI – “Lenço Enxuto”, “É preciso que eu diminua”, “Fusão” ou “Teimoso”, são obrigatórios. E se esperam que a jornada seja tranquila, desenganem-se, o conforto dos vossos lugares vai ser frequentemente assaltado pela energia explosiva com que Samuel e companheiros desequilibram (ou deveríamos dizer, equilibram) os momentos de intimidade.
Samuel Úria – voz, guitarra elétrica e acústica
Jónatas Pires – guitarra elétrica e acústica, harmónio indiano, voz
Silas Ferreira – teclados, sampler, percussão, oboé, voz
António Quintino – baixo, voz
Tiago Ramos – bateria, glockenspiel, voz
Maiores de 06 anos
Centro Cultural de Paredes de Coura - 24 de abril - 21h30
Duas semanas inteiramente dedicadas ao livro e à leitura. Foi assim que Esposende viveu, entre 5 e 17 de março, a segunda edição da Catraia de Livros - Semana da Leitura promovida pela Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura e a Rede de Bibliotecas Escolares do Concelho de Esposende, em parceria com os estabelecimentos de educação e ensino do concelho.
Dedicada ao Centenário de Nascimento de Agustina Bessa-Luís e de Eugénio de Andrade, a iniciativa reuniu escritores, atores e músicos que revisitaram o universo dos dois escritores que, de alguma forma, passaram por Esposende.
A sessão de apresentação do mais recente livro do escritor e jornalista José Rodrigues dos Santos constituiu um dos momentos altos do evento, lotando completamente o Auditório Municipal de Esposende. Dignas de registo também as participações de Álvaro Laborinho Lúcio e de Cândido de Oliveira Martins, bem como de Rachel Caiano, João Tordo, Pedro Lamares, Rita Castanheira Alves, Lúcia Barros e Alberto Serra.
Referência também para os espetáculos e performances alusivos aos dois autores evocados, com a prestação da comunidade escolar do concelho. A Escola Profissional de Esposende levou a palco duas dramatizações “As Máscaras de Agustina” e “Ver Claro”, e o Coro dos Pequenos Cantores de Esposende apresentou o concerto “Agustina”, que contou com a participação especial da Companhia de Teatro Boca de Cena. Este espetáculo constituiu a estreia do ciclo “Agustina – canções para um espetáculo”, com composição de Fernando Lapa e poemas de Agustina Bessa-Luís e Hugo Dias.
No Largo Fonseca Lima, no centro da cidade, decorreu a Feira do Livro, onde o Município expôs as suas publicações, disponibilizando um espaço para venda de livros para os autores locais. Além da visita à Feira do Livro, e de várias ações dinamizadas naquele espaço, a comunidade escolar teve oportunidade de participar na visita guiada à exposição que assinala os 450 anos de elevação de Esposende a concelho - “Objetos com História: Uma viagem ao tempo de D. Sebastião, patente no Museu Municipal, e que se constitui como o culminar de um trabalho realizado nas escolas com a dinamização de ações sobre a história local.
Já os mais pequenos, do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo, tiveram oportunidade de participar na atividade Hora do Conto - Sortido de Contos, dinamizada no Auditório Municipal, ao longo das duas semanas de realização da Catraia de Livros pelas contadoras de histórias Virgínia Millefiori e Gusta Santos. Também dirigido aos mais pequeninos, decorreram oficinas com o apoio da equipa dos serviços educativos do Museu Municipal e, ainda, o Conto Musicado “E se a Música te contasse uma história?”, pela Orquestra da Costa Atlântica.
Numa época em que a digitalização está na ordem do dia, também esta componente não foi esquecida e, assim, para além de uma ação de formação sobre gamificação, dirigida a professores e dinamizada por Ulisses Mota, foi também promovida a atividade Caça ao Tesouro, “À Procura de Agustina e de Eugénio”, dirigida aos jovens do ensino secundário e do 3.º ciclo.
Apesar de as condições climatéricas não terem contribuído para a concretização conforme o programa estabelecido, os Concertos de Bolso, com o apoio da Escola de Música de Esposende, tiveram também o seu palco na Feira do Livro, representando o encerramento das atividades.
Pela envolvência e dinâmica ao longo do evento, esta segunda edição da Catraia de Livros cumpriu integralmente os objetivos a que se propôs, ou seja, trazer a comunidade escolar ao centro da cidade e envolver os cidadãos e o comércio local, criando uma dinâmica específica em torno do livro e a leitura, dando também cumprimento às metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
De resto, esta iniciativa concretizou um verdadeiro trabalho em rede, fomentando parcerias e rentabilizando recursos entre os dois Agrupamentos de Escolas (António Rodrigues Sampaio e António Correia de Oliveira), Escola Secundária com 3.º ciclo Henrique Medina, Escola Profissional de Esposende e Escola de Música de Esposende, envolvendo cerca de 5 000 alunos.
Município de Famalicão e Casa de Camilo lançam coleção de “Biografias Enoveladas”
Passados 198 anos desde o seu nascimento, Camilo Castelo Branco volta a usar da palavra para conduzir os leitores pelas paisagens do Norte de Portugal, mais particularmente, de Vila Nova de Famalicão.
Através de “Personagens de ao Pé da Porta: Biografias Enoveladas”, o leitor embarca numa viagem pelo território famalicense à boleia do romancista de Seide e das sete biografias ficcionadas da sua autoria que compõem a coleção lançada na passada quinta-feira, 16 de março.
São elas: “Beatriz de Marialva”, “Maria Moisés”, “O Cego de Landim”, “A Morgada de Romariz”, “O Africano”, “O Epidauro de Gondifelos” e “O Comendador”.
Publicações que resultam “de várias experiências vividas pelo romancista” e que, de acordo com o coordenador-científico da Casa de Camilo, José Manuel de Oliveira, mostram como o escritor era mestre em transformar a vida real em ficção. “O aproveitamento destas figuras que lhe chegaram à mesa de trabalho são um património único em Portugal de um escritor que se dedica a um território onde esteve cerca de 26 anos e que consegue, com mestria, transformar a vida em arte”, revelou.
O responsável pela Casa de Camilo fala num conjunto de publicações “que juntam o património, a gastronomia etoda uma série de pormenores que transformam estas biografias numa verdadeira riqueza e num produto único ao nível do turismo literário”.
“Camilo nunca esteve tão saudável e recomendável como agora. Não conheço em Portugal nenhum outro escritor que tenha dedicado tantas páginas da sua obra a um território tão vasto como é o norte português e que depois tenha conseguido, no mesmo local onde viveu, contar uma série de histórias e dar ao turista a possibilidade de visitar o património e entrar em contacto com essa memória”, acrescentou.
Refira-se que a apresentação da mais recente obra da ficção camiliana decorreu na Quinta das Pirâmides, alojamento de turismo rural na freguesia de Telhado inspirado na vida e obra camilianas.
O momento contou com a presença do vereador da Cultura, Pedro Oliveira, que falou na importância de continuar a valorizar Camilo e lembrou “o trabalho evidente” que a Câmara de Famalicão tem efetuado nesse sentido. O autarca apontou ainda esta nova coleção como “mais um excelente contributo para a promoção do turismo literário” em torno de Camilo e do concelho famalicense.
Recorde-se que o romancista nasceu a 16 de março de 1825, em Lisboa. Residiu na casa de Seide, em Vila Nova de Famalicão, durante 26 anos. Aqui chegou por amor, aqui escreveu, viveu com a família e aqui pôs termo à vida. Considerada a mais emblemática memória viva do maior escritor do romantismo português, a Casa de São Miguel de Seide ganhou um significado histórico de fundamental importância para o conhecimento profundo de todas as temáticas camilianas. Este ano, assinala-se o primeiro centenário de abertura ao público.
A TODOS VÓS QUE FIZESTES DA NOITE DO LIVRO UMA COISA BONITA: TAMBÉM VOS AMO
A festa foi bonita, pá. A Casa Courense em Lisboa recebeu-nos (à Mónica e a mim) com a fidalguia que lhe é característica. Sim, é possível tratar fidalgamente em concomitância com a singeleza que quando é verdadeiramente singela é ela própria um poema a merecer ser muito mais do que lido: palpado, pois, com vagar e tacto apurado.
Obrigado, Nuno e a toda a tua equipa. Ao Tiago cabe deixar uma palavra de reforço de uma amizade que leva já bem mais de vinte anos.
Sendo cá o escriba praticamente um zero à esquerda nesta coisa da palavra falada a brotar do improviso e um tipo meio apavorado, para não dizer bicho-do-mato, diante de um auditório, o Tiago Brandão Rodrigues fez as despesas da apresentação, aplanou-me o caminho e conquistou a larga assistência. Falou de Coura, do Pedro Nunes, da malta de Coura, cá do autor e, claro, do “Tem-te não caias”.
Muito bom, obrigado, Tiago.
Uma palavra ainda para as dezenas de pessoas que tiraram o melhor tempo do seu sábado à noite, para me aturarem.
Minhas Amigas e meus Amigos, Companheiras e Companheiros, amantes de livros e pessoal bom e tolerante por fazerem o favor de me brindarem com a sua Amizade. Também vos amo!
Maria da Fonte (ou Revolução do Minho) é o nome dado a uma revolta popular ocorrida na primavera de 1846 contra o governo cartista (designação que se deu em Portugal à tendência mais conservadora do liberalismo surgido após a revolução de 1820, centrada em torno da Carta Constitucional de 1826, outorgada por D. Pedro IV), presidido por António Bernardo da Costa Cabral. A revolta resultou das tensões sociais remanescentes das guerras liberais (guerra civil travada em Portugal entre liberais constitucionalistas e absolutistas sobre a sucessão real, que durou de 1828 a 1834), exacerbadas pelo grande descontentamento popular gerado pelas novas leis que se lhe seguiram de recrutamento militar, por alterações fiscais e pela proibição de realizar enterros dentro de igrejas.
Iniciou-se na zona de Póvoa de Lanhoso (Minho) por uma sublevação popular que se foi progressivamente estendendo a todo o norte de Portugal. A instigadora dos motins iniciais terá sido uma mulher do povo chamada Maria, natural da freguesia de Fontarcada (que até ao início do século XIX constituiu o couto de Fonte Arcada, um lugar imune), que por isso ficaria conhecida pela alcunha de Maria da Fonte. Como a fase inicial do movimento insurreccional teve uma forte componente feminina, acabou por ser esse o nome dado à revolta.
Maria da Fonte e os motins iniciais…
Depois de múltiplos incidentes e arruaças isoladas, ocorridos um pouco por todo o país, mas com maior relevo no norte, o gatilho da revolta será um acontecimento deveras banal: a morte, a 21 de Março de 1846, da idosa Custódia Teresa, habitante da freguesia de Fontarcada, dos arredores da Póvoa de Lanhoso.
Quando na manhã do dia seguinte, 22 de Março de 1846, um grupo de vizinhos, onde predominavam mulheres, decide proceder ao sepultamento da defunta na Igreja do Mosteiro de Fonte Arcada, sem autorização da Junta de Saúde e ao total arrepio das normas legais (lembre-se: era proibido realizar enterros dentro de igrejas), as autoridades decidem intervir, até porque aquele seria o segundo incidente do género naquele ano (a 20 de Janeiro, no enterro de José Joaquim Ribeiro, ali falecido).
No caso do sepultamento de Custódia Teresa, o povo não permitiu que o comissário de saúde viesse atestar o óbito, tendo-o espancado, nem os familiares aceitaram pagar a taxa de covato (taxa de funeral). O enterro terá sido mesmo feito sem acompanhamento religioso (o pároco recusou-se a participar no desacato, embora o povo alegasse que o fazia por razões religiosas, pois se o corpo fosse enterrado fora da igreja, noutro chão qualquer que não o do templo, o morto estaria desprotegido).
Talvez por considerarem menos provável que as autoridades agissem de forma violenta contra mulheres, parecem estas ter tido papel preponderante nos eventos e é às mulheres do lugar que se imputam as principais culpas. Esta imagem de liderança feminina também pode ter resultado da forma como o evento foi descrito pelas autoridades, que procuraram minimizar os incidentes atribuindo-os a grupos de beatas fanatizadas pelos apostólicos.
Perante os fatos, as autoridades resolveram prender as cabecilhas da revolta e proceder à exumação do cadáver e à sua sepultura no terreno destinado a cemitério. Para tal a 24 de Março dirigiram-se à freguesia, tendo sido recebidas à pedrada pela população armada com foices, tamancos e cajados. Sem poderem exumar o cadáver, procederam à prisão de quatro mulheres que foram consideradas cabecilhas dos incidentes dos dias anteriores: Joaquina Carneira, Maria Custódia Milagreta, Maria da Mota e Maria Vidas.
Quando a 27 de Março as presas iam ser ouvidas pelo juiz, os sinos tocaram a rebate, reunindo o povo, que marchou até à vila para arrombar com machados as portas da cadeia. À frente deste grupo, confiadas de que não se atreveriam a atirar sobre as mulheres, estavam algumas jovens, entre elas, vestida de vermelho, Maria Angelina, a irmã do sapateiro local, que terá sido a primeira a acometer à machadada a porta da cadeia.
Então, quando as autoridades procuravam identificar os rebeldes, a jovem Maria Angelina, que se distinguia das demais apenas por estar vestida de vermelho, foi colocada no topo da lista. Como os circunstantes se recusavam a identificar os amotinados, ficou registada simplesmente por Maria da Fonte Arcada, depois abreviado para Maria da Fonte.
Contudo, sobre esta matéria as opiniões divergem, já que nos anos imediatos muitas foram as Marias da Fonte que apareceram pelo norte de Portugal, reclamando, com maior ou menor justiça, a glória do nome. A identificação com Maria Angelina, que de fato foi processada e pronunciada nos tumultos da Póvoa de Lanhoso, parece a mais credível, já que o padre do lugar, Casimiro José Vieira, pertencia à corrente mais à esquerda do movimento liberal e viveu de perto os acontecimentos, deixando testemunhos nos seus Apontamentos para a História da Revolução do Minho em 1846 ou da Maria da Fonte. Outra explicação alternativa, dado o enquadramento social e político dos eventos, é a alcunha Maria da Fonte ser um epíteto desdenhoso, lançado pelos políticos contrários à revolução, para designar colectivamente as mulheres que, convenientemente para a versão minimizadora dos incidentes, pareciam liderar a contestação. Assim, em vez de uma Maria da Fonte, teríamos uma multidão de Marias. Depois, romantizado pela intelectualidade da época, a Maria da Fonte acabaria por transformada no epítome das virtudes guerreiras das mulheres do norte de Portugal, passando de defensora de ideias reaccionárias, materializadas em costumes atávicos, a genuína expressão do desejo de liberdade da alma popular. Afinal, é assim que nascem os mitos. Durante a Revolução da Maria da Fonte, Angelo Frondoni (músico, maestro, compositor, poeta e crítico de arte, de origem italiana que fez carreira em Portugal) compôs um hino popular que ficou conhecido pelo nome de Hino da Maria da Fonte ou Hino do Minho, música patriótica que teve larga divulgação e que chegou a ser aceite, pela generalidade da população portuguesa, nos últimos tempos da Monarquia, quase como hino nacional. Obra que respira entusiasmo belicoso e que por muito tempo foi o canto de guerra do Partido Progressista (um dos partidos históricos portugueses do rotativismo da Monarquia Constitucional de finais do século XIX, caracterizado pela alternância no poder dos dois grandes partidos políticos do centro-direita e centro-esquerda).
Ainda hoje, o Hino da Maria da Fonte continua a ser a música com que se saúdam os ministros portugueses, sendo utilizado em cerimónias cívicas e militares.
Apresentação da coleção esta quinta-feira, 16 de março, às 15h00, na Quinta das Pirâmides, em Telhado
A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e a Casa de Camilo assinalam amanhã, quinta-feira, 16 de março, o 198.º aniversário de Camilo Castelo Branco com a apresentação da coleção “Biografias Enoveladas”.
O momento decorrerá a partir as 15h00, na Quintas das Pirâmides, em Telhado (Avenida de Aziveiro 224, 4770-702 Telhado, Vila Nova de Famalicão), com a presença do vereador da Cultura do município, Pedro Oliveira, e do diretor da Casa de Camilo, José Manuel de Oliveira.
Trata-se de uma coleção composta por sete biografias ficcionadas da autoria de Camilo Castelo Branco, em formato de bolso. São elas: “Beatriz de Marialva”, “Maria Moisés”, “O Cego de Landim”, “A Morgada de Romariz”, “O Africano”, “O Epidauro de Gondifelos” e “O Comendador”.
Recorde-se que o romancista nasceu a 16 de março de 1825, em Lisboa. Residiu na casa de Seide, em Vila Nova de Famalicão, durante 26 anos. Aqui chegou por amor, aqui escreveu, viveu com a família e aqui pôs termo à vida. Considerada a mais emblemática memória viva do maior escritor do romantismo português, a Casa de São Miguel de Seide ganhou um significado histórico de fundamental importância para o conhecimento profundo de todas as temáticas camilianas. Este ano, assinala-se o primeiro centenário de abertura ao público.
No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Município de Ponte de Lima, através da Biblioteca Municipal, promove uma mostra bibliográfica sobre Natália Correia, uma mulher de causas, defensora dos direitos das mulheres e considerada uma das grandes figuras das letras portuguesas.
A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Tornou-se conhecida na imprensa escrita e, sobretudo, na televisão, em programas como «Mátria», no qual exprimia uma forma especial de feminismo.
Natália Correia foi uma das mulheres que mais ergueu a voz contra as injustiças do país, sempre com uma alma de poeta, ocupando múltiplos papéis na sociedade portuguesa, desde tradutora, jornalista, escritora, editora, até deputada da Assembleia da República.
Através da sua escrita, lutava em favor da liberdade e não só escrevia sobre o corpo feminino, mas estava à frente de pautas fundamentais em que acreditava cuja principal premissa visava promover, em sua medida, a igualdade entre homens e mulheres.
A escritora será evocada em “Memórias Literárias”, uma rúbrica que visa dar a conhecer uma pluralidade de escritores do mundo e as suas respetivas obras.
Associe-se a este tributo e conheça esta autora que se adiantou ao tempo em que viveu para anunciar e antecipar novas expressões culturais.
Iniciativa promovida pela Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco divide-se este ano em duas semanas
Famalicão volta a festejar a língua portuguesa, a leitura e os livros.
A 13.ª Semana da Leitura está de regresso e traz novidades. A iniciativa, que até agora era sobretudo dedicada aos mais jovens, quer chegar também ao público que normalmente se encontra mais distante das bibliotecas – a população adulta empregada - e para isso vai promover uma feira de troca de livros em três grandes empresas do concelho: Continental Mabor, Riopele e Coindu.
A edição deste ano da Semana da Leitura decorre assim dividida em duas datas.
De 13 a 18 de março vira-se, essencialmente, para a comunidade escolar, envolvendo um total de 36 bibliotecas do concelho.
A sessão de abertura está agendada para o dia 13, às 15h00, na Secundária Padre Benjamim Salgado, e vai contar com a presença da escritora Maria João Lopo de Carvalho, “madrinha” do evento.
Apresentações de livros, oficinas e sessões de leitura são algumas das iniciativas que preenchem o programa da iniciativa que no dia 16 de março, pelas 10h15, volta a contar com a ação “Famalicão a Ler”, momento em que toda a comunidade famalicense interrompe os seus afazeres para usufruir de um momento descontraído de leitura, seja ela de um livro, de um jornal ou de uma revista.
De 27 a 31, a iniciativa aproxima-se então do público adulto e das empresas do concelho com a dinamização do projeto “A minha empresa a ler: troca por troca, deixe um livro leve outro”, com a realização de uma feira de troca de livros na Continental Mabor, dias 28 e 29 de março, na Riopele, no dia 30 de março, e na Coindu, no dia 31. Potenciar o desenvolvimento e consolidação de hábitos de leitura junto da população adulta é o grande objetivo da iniciativa.
Recorde-se que a Semana da Leitura é um evento nacional anualmente lançado pelo Plano Nacional de Leitura, que pretende convidar escolas e entidades públicas e privadas a promoverem atividades para festejar a leitura como ato de prazer, imaginação e conhecimento, lugar de encontro criativo e colaborativo. Nesse sentido, o Município de Famalicão, através do Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Famalicão, tem vindo a desafiar as bibliotecas municipais e as bibliotecas escolares do concelho a assinalarem a efeméride por meio de um programa de comemorações congregante.
Já abriu o período de candidaturas à terceira edição do Prémio Literário Luís Miguel Rocha, em vigor até 1 de outubro de 2023. Como tem sido habitual, o concurso tem um prémio monetário de 6.000 euros e as obras deverão ser apresentadas com o pseudónimo do autor na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, após consulta do regulamento disponível no site da Câmara Municipal.
Desde a sua criação, o Prémio Literário Luís Miguel Rocha destina-se a galardoar uma obra inédita de ficção literária, na área do romance, que não tenha sido premiada em outro concurso.
O desafio foi criado pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em parceria com a Porto Editora, para incentivar a criatividade literária, bem como o gosto pela leitura e pela escrita, atividades essenciais ao desenvolvimento intelectual do indivíduo e cultural da região e do país.
Simultaneamente, o Prémio visa homenagear e divulgar o escritor “vianense” Luís Miguel Rocha pela sua fulgurante produção literária. Luís Miguel Rocha nasceu na cidade do Porto em 1976 e veio cedo para Viana do Castelo, onde fez os seus estudos no ensino básico e secundário. Desde jovem que dedicou em exclusivo à escrita, tendo publicado seis títulos que se encontram traduzidos em mais de 30 países.
Uma das suas obras, “O Último Papa”, figurou no top do The New York Times e vendeu meio milhão de exemplares em todo o mundo.
Na sequência de doença prolongada, Luís Miguel Rocha morreu a 26 de março de 2015, em Viana do Castelo. Postumamente, em fevereiro de 2016, foi publicado o seu livro “Curiosidades do Vaticano”.
Mário Silva Carvalho foi o vencedor da primeira edição deste prémio literário, que contou com 75 obras originais a concurso, conquistando o júri com a obra “Crónica Menor de Robim da Flândria”.
Já Bruno Ricardo Vaz Paixão venceu a 2ª edição com o romance “Os Imperfeitos”, que foi apresentado com o pseudónimo Salomé Boaz e selecionado entre os 72 trabalhos a concurso.
O Núcleo de Artes e Letras de Fafe promove a apresentação do livro "Interioridades", uma antologia da obra poética do Cónego Valdemar Gonçalves, feita por Paulo Moreira e Jesus Gomez-Pablos.
O evento decorre este sábado, 4 de Março, pelas 15h30, na Sala Manoel de Oliveira, em Fafe, com entrada livre.
Na abertura, está previsto um momento musical a cargo da Academia de Música José Atalaya, concretamente com a exibição ao piano da aluna Carolina Leite.
Depois das palavras iniciais do presidente do NALF, Artur Coimbra, enquadrando a sessão, a apresentação da obra será feita pelo Professor Doutor José Paulo Abreu.
Lugar ainda para as intervenções dos antologiadores e do próprio poeta Valdemar Gonçalves.
Sacerdote e poeta, Valdemar Gonçalves nasceu em 29 de Maio de 1938 em Quinchães, ordenou-se Presbítero em 09 de Julho de 1961 e obteve pela Universidade de Navarra, em 1975, a licenciatura em Direito Canónico. Foi pároco de S. Romão e S.ta Cristina de Arões, deste concelho.
Foi Arcipreste de Fafe e delegado ao Conselho Presbiteral de Braga, por vários anos. Foi ainda Cónego do Cabido da Sé Metropolitana de Braga, nos anos 90, integrando o Colégio dos Consultores diocesanos.
Desde os 17 anos que são conhecidos os seus poemas declamados em Academias, alguns deles profusamente divulgados em boletins, jornais das paróquias, Diário do Minho, jornais de Fafe, Ecos do Sameiro, jornais escolares e no âmbito das publicações do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, de que é associado.
Valdemar Gonçalves publicou quatro livros com as suas produções poéticas:
- “Sou Assim” (2001); “Água Corrente” (2002); “Cantares de Amigo” (2004) e “Mostrador de Horas” (2012).
Em 2016 reuniu toda a sua obra no volume “Assim o faço”, de onde foi extraída a antologia agora publicada.
Por um compreensível desconhecimento que tem sobretudo a ver com a conveniência de se manterem boas relações entre Estados, grande parte dos portugueses ignora as verdadeiras afinidades que existem entre a Galiza e Portugal e, no âmbito deste, particularmente em relação ao Minho. Essa falta de conhecimento estende-se a vários domínios, mormente às raízes étnicas comuns de minhotos e galegos e até ao entendimento errado do idioma galego frequentemente confundido com o castelhano e impropriamente designado por “espanhol”. Mesmo entre pessoas que deveriam ser entendidas no domínio do folclore minhoto é recorrente ouvi-las referir-se a uma dança tradicional galega designando-a como “vira espanhol”.
Rosalía de Castro, figura cimeira das Letras Galegas
Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspeto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, atualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho, do Douro Litoral e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente, até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galego se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões – a Galiza!