Nome incontornável da arquitetura portuguesa, ligado à modernização de Lisboa no início do século XX, Miguel Ventura Terra nasceu neste dia 14 de julho, no ano de 1866. Entre as suas obras contam-se, por exemplo, os Liceus Pedro Nunes e Camões, a Sinagoga de Lisboa e o Teatro Politeama.
Fonte: EGEAC
«Casa Ventura Terra»
Rua Alexandre Herculano, 57
[Do lado direito a Sinagoga de Lisboa «Shaaré Tikvá» (Portas da Esperança) inaugurada em 1904, projecto do arq. Ventura Terra]
O Prémio Valmor de Arquitectura de 1903 coube a um edifício, a «Casa Ventura Terra», na Rua Alexandre Herculano, 57, do qual Miguel Ventura Terra (1866-1916) foi o arquitecto e proprietário.
Edifício com decoração sóbria, vãos esguios com persianas articuladas de recolha lateral, elementos que o distinguiram dos edifícios da altura.
Destaque ainda para o friso superior de azulejos pintados no estilo Arte Nova.
Mantém a função original, habitação para rendimento.
Data(s): [c. 1903-1904]
Fotógrafo: Joshua Benoliel
Miguel Ventura Terra nasceu em Seixas do Minho, Caminha, a 14 de Julho de 1866. Frequentou o curso de Arquitectura da Academia Portuense de Belas Artes entre 1881 e 1886. Nesse ano, viajou até Paris como pensionista do Estado, na classe de Arquitectura Civil. Na capital francesa estudou na École Nationale et Speciale des Beaux-Arts e no atelier de Victor Laloux. Regressou a Portugal em 1896 e foi nomeado arquitecto da Direcção de Edifícios Públicos e Faróis. Nessa altura, triunfou no concurso para a reconversão do edifício das Cortes na Câmara dos Deputados e Parlamento, em Lisboa.
Foi autor de palacetes, de habitações de rendimento mais qualificadas, essencialmente na capital portuguesa, construções eclécticas, cosmopolitas e utilitárias, mas também de importantes equipamentos urbanos como a primeira creche lisboeta (1901), da Associação de Protecção à primeira Infância; a Maternidade Dr. Alfredo da Costa (1908) e os liceus Camões (1907), Pedro Nunes (1909) e Maria Amália Vaz de Carvalho (1913).
Projectou, igualmente, dois pavilhões da representação portuguesa na Exposição de Paris, de 1900, bem como o pedestal do monumento ao Marechal Saldanha (em Lisboa), com o escultor Tomás Costa (1900); a Basílica de Santa Luzia, de Viana do Castelo (1903); a Sinagoga de Lisboa (Shaaré Tikvá ou Portas da Esperança) inaugurada em 1904 na Rua Alexandre Herculano; o edifício do Banco Totta & Açores, na Rua do Ouro, Lisboa (1906); o Teatro Politeama, Lisboa (1912-1913), representativo da Arte do Ferro; e o Palace Hotel de Vidago.
Alcançou quatro vezes o Prémio Valmor de Arquitectura (1903, 1906, 1909 e 1911) e uma Menção Honrosa, no mesmo concurso (1913).
Também trabalhou na área do urbanismo, nomeadamente com projectos para o parque Eduardo VII (em Lisboa), planos para a zona ribeirinha da capital (1908) e o plano de urbanização do Funchal (1915).
Ventura Terra foi um dos grandes responsáveis pela criação da Sociedade dos Arquitectos Portugueses, em actividade desde 1903, e da qual foi o primeiro presidente. Exerceu o cargo de vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais e foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa até 1913. Morreu em Lisboa a 30 de Abril de 1919.
Cinco sessões integram programação do Festival de Almada
A peça “As Aves”, coprodução das Comédias do Minho com a mala voadora, integra a programação da 42.ª edição do Festival de Almada, com cinco apresentações entre os dias 9 e 13 de julho, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Com encenação e texto de Jorge Andrade, a partir da obra-prima de Aristófanes, o espetáculo assinala, nesta apresentação, o encerramento da sua digressão nacional.
Depois de estrear no Vale do Minho e de percorrer os cinco municípios que integram as Comédias do Minho - Valença, Vila Nova de Cerveira, Melgaço, Paredes de Coura e Monção -bem como o Centro Cultural de Lagos, “As Aves” encerram o seu percurso no CCB, integradas num dos festivais de teatro mais reconhecidos do país. Com um elenco de excelência e uma linguagem cénica visualmente marcante, a peça propõe uma reflexão viva e contemporânea sobre o poder, a linguagem e a ambição, cruzando teatro, música e dança numa composição simultaneamente poética e política.
Inspirando-se num texto com mais de dois mil anos, Jorge Andrade revisita a figura de Pistetero, o homem que convence as aves a fundarem uma cidade no céu para preservar a sua forma ideal de vida. O que começa como uma utopia partilhada transforma-se, progressivamente, numa nova ordem centrada na figura do próprio Pistetero. Através da sua retórica sedutora, instala um poder absoluto, sendo tomado pelas aves como uma nova divindade. Nesta encenação, o poder da palavra assume um lugar central — o verbo bem dito transforma-se em força criadora. Com figurinos exuberantes que evocam o universo animal e uma musicalidade presente em toda a estrutura dramatúrgica, “As Aves” questiona, com ironia e imaginação, as fronteiras entre o humano e o não-humano, entre liberdade e domínio, entre ideal e excesso.
A peça conta com encenação de Jorge Andrade e cenografia e figurinos de José Capela, com interpretações de Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa e Tiago Barbosa. A luz é assinada por João Fonte, que assume também a direção técnica, em conjunto com Vasco Ferreira. A sonoplastia é de Sérgio Delgado e a criação musical para as aves é de Miss Suzie. A produção é das Comédias do Minho e da mala voadora, com coprodução do Centro Cultural de Belém e do Centro Cultural de Lagos.
Sessões no CCB – Festival de Almada:
Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém 9, 10 e 11 de julho — 20h00 12 de julho — 19h00 13 de julho — 17h00
Ficha artística e técnica
Direção: Jorge Andrade, com assistência de Maria Jorge Texto: Jorge Andrade, a partir de Aristófanes Elenco: Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa, Tiago Barbosa Cenário e figurinos: José Capela, com edição de imagem de António MV Execução de figurinos: Isabel Gonçalves (Blue) Música para aves: Miss Suzie Sonoplastia: Sérgio Delgado Luz: João Fonte Direção técnica: João Fonte (mala voadora) e Vasco Ferreira (Comédias do Minho) Apoio técnico: Théo Wengleswki (Comédias do Minho) Produção: Joana Mesquita Alves, Sofia Freitas e Cláudia Teixeira (mala voadora); Pedro Morgado e Luís Carlos Silva (Comédias do Minho) Coprodução: mala voadora, Comédias do Minho, Centro Cultural de Belém e Centro Cultural de Lagos
Sobre as Comédias do Minho
Fundadas em 2003, as Comédias do Minho são uma associação cultural que reúne os municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira, constituindo o seu território de ação. Com uma missão centrada na criação de um projeto cultural de proximidade e qualidade, ajustado à realidade sociocultural local, as Comédias do Minho promovem propostas artísticas e pedagógicas de forte valor simbólico e participativo, envolvendo ativamente as comunidades. Este trabalho desenvolve-se em torno de três eixos: companhia de teatro profissional, projeto pedagógico e projeto comunitário.
De 28 de junho a 6 de junho, a Câmara Municipal de Viana do Castelo marca presença na Feira Internacional de Artesanato (FIA), que decorre na FIL - Parque das Nações, em Lisboa. Esta é a maior feira internacional de artesanato da Península Ibérica e a segunda maior da Europa, já vai na sua 37ª edição e conta com 500 expositores e 31 países representados.
Promovida pela Fundação AIP, em colaboração com o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, a FIA Lisboa realiza-se durante nove dias e vai contar com 30 000 m2 de exposição de artesanato nacional, internacional e com uma área dedicada à gastronomia e animação. No ano de 2024, o evento recebeu 45.000 visitantes.
Viana do Castelo apresenta-se no Pavilhão 1 da FIL, onde estará representado o artesanato tradicional e contemporâneo de todo o país, incluindo ilhas. Esta participação do município vianense apresenta-se num stand promocional de 18 m2 que aposta na divulgação turística do concelho (stand nº 1D18), destacando a oferta de alojamento, restauração, serviços de animação turística, património natural e cultural, lazer, entre outros.
Em destaque, no stand de Viana do Castelo, estará o artesanato tradicional, com uma mostra dos Bordados de Viana Certificados e contando com a presença de uma das artesãs certificadas (Conceição Pimenta) a trabalhar ao vivo e a promover, dia 30 de junho, um workshop de iniciação à arte de bordar, onde serão ensinados os pontos básicos deste bordado tradicional.
Já nos dias 28 e 29 de junho, 5 e 6 de julho, no stand do Município, serão realizados momentos de degustação de doces tradicionais e Vinho Verde de produtores locais.
Esta participação será ainda aproveitada para divulgar o facto de Viana do Castelo ser em 2025 Capital da Cultura do Eixo Atlântico e integrar o Galardão “Vale do Lima - Região Europeia da Gastronomia e Vinho”.
A presença do Município é reforçada pela participação neste certame da Vianafestas, entidade promotora das festas do concelho, com um espaço de promoção da Romaria d’Agonia e da Feira de Artesanato de Viana do Castelo.
A FIA Lisboa é uma plataforma de excelência para a promoção da identidade e desenvolvimento dos territórios nacionais e estrangeiros designadamente ao nível económico, cultural e turístico. Apoia o desenvolvimento regional e as culturas locais, através de várias vertentes do património cultural material e imaterial – artesanato, gastronomia, recursos naturais, atividades culturais e turísticas, entre outras, procurando evidenciar micro, pequenas e médias empresas nacionais, entidades e organismos oficiais ligados a projetos que visam a promoção e divulgação dos territórios, bem como a venda dos produtos regionais.
A Casa do Concelho de Ponte de Lima viu em 1996 impedida a realização em Lisboa de uma demonstração da corrida da Vaca das Cordas, procurando por esse meio divulgar a tradição de Ponte de Lima. A iniciativa deveria ocorrer no dia 2 de junho daquele ano, junto à igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, e contava nomeadamente com o apoio da respetiva Junta de Freguesia.
Apesar de se tratar de uma manifestação cultural que não integra qualquer ato de crueldade em relação aos animais e terem sido acautelas todas as necessárias medidas de segurança, uma alegada e praticamente desconhecida associação de defesa dos animais à qual, os jornalistas, por dificuldades de melhor identificação, a designaram de “protectora dos animais” logrou convencer o governo civil dos seus intentos ao ponto daquela entidade mobilizar para o local o corpo de intervenção. Não satisfeitos, procuraram de seguida inviabilizar a corrida da vaca das cordas em Ponte de Lima, o que resultou em vão.
Em 1997, a marcha popular do bairro de Campo de Ourique desfilou na avenida da Liberdade perante centenas de milhares de pessoas exibindo trajes domingueiros do Minho. Organizada pela Sociedade Filarmónica “Os Alunos de Apolo”, os marchantes entoavam letras criadas pelo poeta Silva Nunes, musicadas pelo maestro Mário dos Santos Gualdino.
Ao escolher como tema as gentes do Minho em Lisboa e no bairro de Campo de Ourique, os organizadores da marcha pretenderam evocar a primeira edição das marchas, organizadas por Leitão de Barros e Norberto de Araújo com o propósito de animar os teatros do Parque Mayer, na qual foi consagrada vencedora, trajando à moda do Minho.
Na madrugada do dia 25 de abril de 1974, mal o sol despontava no horizonte, o fotógrafo Eduardo Gageiro acompanhou as operações militares que levaram ao derrube do anterior regime político. Ele próprio o descreve quando afirma “Fui avisado e avancei”, lembrando que o capitão Salgueiro Maia o autorizou a segui-lo “com risco de vida”.
“O 25 de Abril foi uma esperança. Foi o dia mais feliz da minha vida. Senti que as pessoas iriam ter uma vida melhor, falar livremente. Mas é triste porque aquele dia magnífico foi uma esperança que não se concretizou. Muitas pessoas continuam a viver mesmo muito mal. Outros enriquecem e vivem no luxo. Deixou de haver vergonha", lamenta.
Eduardo Gageiro anda sempre com a máquina fotográfica, uma companhia permanente que hoje, como antes, "continua a ser um instrumento de denúncia e de protesto".
Chegou a ser preso pela PIDE, a polícia política da ditadura de Salazar, por exibir no estrangeiro "imagens dos humildes e da miséria do país", recordou.
"Ainda hoje penso que esta profissão (fotojornalismo) é muito nobre e pode ajudar as pessoas. O que está aqui [na exposição] foi feito com o coração e é o meu contributo", disse, manifestando um agradecimento aos habitantes de Sacavém, onde nasceu, em 1935.
Foi na antiga fábrica de cerâmica local que Gageiro começou a trabalhar, ainda muito jovem, e foi nessa altura que lhe despertou a paixão pela fotografia, captando imagens dos funcionários.
Como fotojornalista iniciou atividade no "Diário Ilustrado", e também colaborou com o "Diário de Notícias" e o "Século Ilustrado". Recebeu mais de 300 prémios de todo o mundo, incluindo o 2º lugar na categoria Retratos do World Press Photo. Em 2004, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique.
Eduardo Gageiro nasceu em Sacavém, em 1935, tendo começado a sua atividade como repórter fotográfico em 1957 no Diário Ilustrado.
No momento em que se assinala o 40º aniversário do 25 de abril de 1974, é da mais elementar justiça lembrar aqui aquele a quem devemos porventura os melhores registos fotográficos do acontecimento histórico, publicando inclusive uma foto de nossa autoria.
O diretor do Museu Bordalo Pinheiro, João Alpuim Botelho, acaba de ser distinguido com o Prémio de Mérito Profissional na Área da Museologia, durante a gala de atribuição dos Prémios da Associação Portuguesa de Museologia 2025, a decorrer em Loulé.
Passam precisamente 93 anos desde que pela primeira vez saíram à rua as marchas dos bairros típicos de Lisboa. O seu criador, tal como as conhecemos hoje, foi José Leitão de Barros a que se associou Norberto de Araújo, em 1932. Os festejos populares dedicados a Santo António foram a inspiração deste evento.
O "Notícias Ilustrado" e o "Diário de Lisboa" dinamizaram esta iniciativa, com o apoio do Parque Mayer.
No primeiro ano concorreram três bairros, Alto do Pina, Bairro Alto e Campo de Ourique, com a participação de Alcântara, Alfama e Madragoa. Desfilaram por algumas ruas de Lisboa e terminaram a atuação no Capitólio.
O Bairro Alto ganhou o prémio da Alegria, Campo de Ourique o prémio da imponência e Alto do Pina o prémio do Pitoresco.
in "Dicionário da História de Lisboa", Direção de Francisco Santana e Eduardo Sucena Notícias Ilustrado de 5 Junho de 1932 | Hemeroteca Municipal de Lisboa
O poeta Silva Nunes foi uma das figuras incontornáveis da cultura alfacinha e das marchas populares. Durante décadas a fio, escreveu as letras para a maior parte das marchas dos bairros lisboetas. Parafraseando outro poeta, Silva Nunes é o poeta que canta Lisboa sempre que Lisboa canta.
Desaparecido do nosso convívio em 18de março de 1999, Lisboa não prestou ainda a devida homenagem àquele que foi um dos seus maiores bardos. Entretanto, recuperamos um dos escritos que, em 1991, teve a amabilidade de nos oferecer.
Na década dos anos 40, ainda em plena Guerra Mundial entre Alemães e Aliados, Lisboa acordava pacificamente com os pregões da “fava-rica”, da “vivinha da Costa” e do “carapau do Alto”…
As tabernas, de então, eram casas de bons vinhos, petiscos e locais de cavaqueira.
Foi num destes estabelecimentos incrustado no topo da rua do Socorro, ali para as bandas do Teatro Apolo, que encontrámos um minhoto de meia idade, residente na Capital desde os 14 anos.
Depois de trabalho penoso em carvoarias e casas de pasto, tomara, por trespasse, a taberna onde a sua esposa trabalhava na cozinha.
Todos tratavam-nos por Ti-Zé. Era flexível nas palavras, lhano no trato e tinha como principio respeitar para ser respeitado.
A clientela era diversificada: lembra-nos ter visto por lá o jornalista Sanze Vieira; os poetas da antologia do fado Carlos Conde e Francisco Radamanto; guitarristas; cultivadores do fado; pessoal do Hospital de S. José; ciganos e mulheres da noite.
Na azáfama do balcão, o Ti-Zé tinha sempre na boca um vocabulário acolhedor, e por vezes, doseado de filosofia.
Numa tarde, abeirou-se dele uma infeliz mulher da noite que, em surdina, lhe pediu um “papo-seco” com presunto e meio copo de vinho branco com um pirolito, dizendo ainda que, no momento, não tinha dinheiro…
Como se tratasse de qualquer outro cliente, serviu o “papo-seco” num pires e a bebida.
Depois de comer retirou-se, dizendo: obrigado, até logo.
Um freguês atento ao diálogo, interrogou o proprietário:
- O senhor não aponta a despesa?... olhe que ela nunca mais cá põe os pés.
E o Ti-Zé respondeu, de pronto:
- Não faz mal. Pagam os que podem para os que precisam.
Era assim o minhoto com quem contactámos há meio século atrás.
A dominante tónica das suas palavras lembrava-nos um pensamento de Robert Raynolds – “amar não é ganhar, nem perder mas ajudar e ser ajudado”.
Por vezes falava do poeta Gabriel Marujo que imortalizara, numa cantiga, a Rosa maria da rua do Capelão…
Para competir com o “bacalhau assado” do “Quebra-Bilhas” com as “tripas à moda do porto”, do “Palmeiras” e com outras casas com cardápios de especialidades, tinha sempre bom presunto, rojões conservados na banha, pataniscas e caracóis.
No Dia de S. Martinho engalanava a porta da sua “taberna” com uma palma aberta em arco e oferecia aos clientes habituais um copinho de “água-pé” com duas castanhas cozidas.
Pelo Natal, brindava os fregueses com um copinho de “abafado” e uma fatia de “Bolo-Rei”.
…….
Estavamos em 1945, a II Guerra Mundial havia terminado com a derrota incondicional da Alemanha…
A Humanidade chorava os seus mortos…
Num passeio pela Baixa Pombalina, pensámos ir beber um refresco à taberna do Ti-Zé: três homens, encostados ao balcão, profectizavam o futuro do Mundo após a guerra…
Ao balcão, de barba crescida, olhar triste e camisa negra, atendeu-nos, como se fossemos um estranho.
Já não tinha os mesmos petiscos, as suas palavras eram soletradas com amargura. Tinha falecido a mulher que o ajudara nas horas boas e más na grande batalha da vida…
Meses depois, alguém nos disse que “A Taberna do Ti-Zé” tinha encerrado as portas para sempre…
Meditando nos caminhos e descaminhos da vida, o poeta retratou, à sua maneira, a última noite de Natal na “Taberna do Ti-Zé:
Procurando reproduzir o sucesso alcançado pelas marchas populares que Lisboa leva a efeito por ocasião das festas da cidade, celebradas na noite de Santo António – apesar de ser S. Vicente o padroeiro de Lisboa! – muitas são as localidades do país que vêm nos últimos anos a organizar marchas populares que, em muitos casos, começam a obter um êxito assinalável.
Para a organização das referidas marchas concorre a participação da bandas filarmónicas através da atuação do “cavalinho” sem o qual a marcha não dispunha de melodia e ritmo que permitisse os marchantes executar as suas coreografias e entoar as respetivas letras. Mas, afinal, o que é o “cavalinho”?
De acordo com o artigo 11º do Regulamento do Concurso das Marchas Populares de Lisboa, o “Cavalinho” é “um grupo de músicos obrigatoriamente composto por oito elementos, tendo como instrumentos obrigatórios um clarinete, um saxofone alto, dois trompetes, um trombone, um bombardino, um contrabaixo ou tuba e uma caixa”.
Por conseguinte, sem o “cavalinho” ou, melhor dizendo sem as bandas filarmónicas, jamais se realizariam marchas populares no nosso país!
A celebração do Solstício de Verão que ocorre no dia 21 de Junho marca as tradições são-joaninas – ou juninas – que levam o povo a festejar os chamados “santos populares”. Nas regiões mais a norte, os festejos são predominantemente dedicados a São João enquanto as comunidades piscatórias, por afinidade de ofício, celebram a São Pedro. Em Lisboa, terra onde nasceu Fernando de Bulhões que haveria de ficar consagrado como Santo António, a devoção popular adquiriu tal dimensão que S. Vicente, padroeiro da cidade, acabou por ser remetido ao esquecimento.
As marchas populares de Lisboa, tal como atualmente as conhecemos, datam a sua origem de 1932, altura em que desfilaram na avenida da Liberdade os primeiros “ranchos” como então se diziam. Porém, pelo menos desde o século XVIII que as mesmas se realizavam, inserindo-se nas tradições são-joaninas que têm lugar um pouco por todo o país, com as suas características fogueiras e festões, manjericos e alho-porro. À semelhança de outras festividades que ocorrem noutras épocas do ano, a escolha do dia 24 para celebrar o S. João é devido ao calendário juliano.
As marchas populares foram naturalmente influenciadas pelasquadrilhasque geralmente tinham lugar por ocasião dos festejos a Santo António e que se formavam de pequenos grupos constituídos por cerca de quarenta participantes que percorriam as ruas da cidade e se detinham em frente aos palácios aristocráticos ou de outras famílias abastadas onde, ao som do apito domarcador, se exibiam de forma ruidosa e sem grandes preocupações em relação à coreografia. Este ritual que também nos remete para a “marche aux flambeaux” ou seja, a marcha dos archotes que ocorria em França, foi levado pelos portugueses para o Brasil onde, sobretudo nas regiões do nordeste, se popularizou e veio a misturar com as danças brasileiras já existentes à época
São precisamente asquadrilhasque, de um modo geral, com as modificações que lhe foram introduzidas, acabariam por dar a forma às marchas populares e aos próprios corsos carnavalescos que antecedem a chegada da Primavera. Caracterizada originalmente como uma dança a quatro pares, aquadrilhaconstituiu uma adaptação dacountrydanceinglesa, impropriamente traduzida para o francês como “contredance” e, finalmente, vertida para a Língua portuguesa como “contradança”.
No entanto, tais celebrações possuem origens bem mais remotas e perdem-se nos confins dos tempos. Desde sempre, o Homem procurou celebrar através do rito a ação criadora dos deuses, constituindo um ritual mágico destinado a perpetuar o gesto primordial da sua criação. Desse modo, ao celebrar a chegada do Verão por altura do solstício, o Homem assegurava que o ciclo da Natureza jamais seria interrompido, dando continuidade à vida num perpétuo ciclo de constante renascimento. E, à semelhança do que sucedia com a generalidade das celebrações pagãs, esta constitui a essência das festividades solsticiais que entretanto foram cristianizadas e, nesse contexto, dedicadas a São João Baptista.
Conta uma velha lenda cristã que, por comum acordo das primas Maria e Isabel, esta terá acendido uma enorme fogueira sobre um monte para avisar Maria do nascimento de São João Baptista e, desse modo, obter a sua ajuda por ocasião do parto. E, assim, pode a tradicional fogueira que os povos pagãos da Europa acendiam nomeadamente por ocasião do solstício de Verão ser assimilada pela nova religião então emergente. Na realidade, era também habitual acender fogueiras por altura da Páscoa e do Natal, tendo dado origem ao madeiro que se queima no largo da aldeia e ao círio pascal, bem assim às numerosas representações feitas nomeadamente na doçaria tradicional.
É ainda nas fogueiras de São João que têm origem as exuberantes exibições de fogo-de-artifício e os balões iluminados com que se enfeitam as ruas dos bairros e se penduram nos arcos festivos que são levados pelos marchantes que desfilam na noite de Santo António. Era ainda usual, na noite de São João, atarem-se aos balões, antes de os elevarem nos céus, pequenos papéis contendo desejos e pedidos, à semelhança das quadras feitas a Santo António que se colocam sobre os vasos de manjericos, tradição que remete para rituais ancestrais ligados à fertilidade e à vida. Estes festejos celebram-se também em diversos países europeus e, por influência da cultura portuguesa, no nordeste brasileiro onde tem lugar o casamento fictício no baile daquadrilha. Entre nós, este costume veio em 1958 a dar origem aos chamados “casamentos de Santo António”.
De um modo geral, pelo simbolismo que as caracterizam e a coreografia a que estão associadas, as festas solsticiais estão ligadas às chamadas “danças de roda” representadas desde a mais remota antiguidade. Perfilando-se geralmente em torno da fogueira ou do mastro de São João, a mocidade dá as mãos, canta e dança em seu redor, num ritual que denuncia o seu misticismo primordial. Esta constitui, aliás, uma das tradições mais arreigadas entre os povos germânicos e, sobretudo, na Suécia onde chega a ser considerada a sua maior festa nacional. O hábito de inicialmente nele se suspenderem coroas ou ramos de flores veio a dar origem a outros divertimentos como opau ensebadono cimo do qual é colocado uma folha de bacalhau para premiar aquele que o consiga alcançar.
À semelhança do que se verificou com outras manifestações da nossa cultura tradicional, também os festejos são-joaninos da cidade de Lisboa registaram a intervenção dos teóricos do Estado Novo e vieram a adquirir formas estilizadas, mais de acordo com o género darevista à portuguesaque já então animava os teatros do Parque Mayer. Foi então que, sob a batuta de Leitão de Barros e Norberto de Araújo, passou em Lisboa a realizar-se o concurso das denominadas “marchas populares”. Envergando o traje à vianesa, o bairro de Campo de Ourique foi o vencedor da primeira edição, facto que o levou a repetir o tema em 1997.
Organizados pelas coletividades de cultura e recreio, as “marchas populares” passaram a escolher preferencialmente temas relacionados com os aspetos pitorescos e a História dos seus bairros, dando ênfase a uma vivência predominantemente urbana e associada ao ambiente boémio e fadista. Nalguns casos, porém, era dado um particular realce ao elemento etnográfico como sucedia com as tradições saloias dos bairros de Benfica e Olivais ou então, ao carácter peculiar da colónia ovarina que habita o pitoresco bairro da Madragoa. Em relação à coreografia e à indumentária, caracterizam-se invariavelmente pela fantasia e a teatralidade, não revelando em qualquer dos casos quaisquer preocupações de natureza folclórica e etnográfica, pelo menos na sua perspetiva museológica ou seja, de preservação da sua autenticidade.
Possuindo as suas raízes mais próximas nas tradições joaninas, as “marchas populares” depressa obtiveram a adesão popular. Em 1936, quatro anos após o primeiro desfile organizado em Lisboa, saíram à rua na cidade de Setúbal para, com o decorrer dos anos, iniciativas semelhantes se estenderem a todo o país
Em Lisboa, a “marcha popular” é constituída por vinte e quatro pares de marchantes a que se juntam quatroaguadeirose um “cavalinho” composto por oito elementos, tocando um clarinete, um saxofone alto, dois trompetes, um trombone, um bombardino, um contrabaixo e uma caixa. Para além daqueles, podem ainda ser incorporados o porta-estandarte, duas crianças como mascotes, um par de padrinhos e dois ensaiadores. Todas as marchas devem incluir o festão e o balão ou o manjerico e exibir o “Trono de Santo António” ou o “Arraial”.
Constituindo o folclore o saber do povo, é este que cria a sua própria festa e constrói o saber à maneira do seu carácter, à sua feição e modo de entender o mundo que o rodeia, adaptando-o sempre a novas realidades. Embora influenciado através da intervenção feita em determinadas épocas históricas, a criação popular não cristaliza porquanto o povo ainda não constitui um objeto fossilizado – ela renasce sempre que reacende a fogueira de São João!
O poeta Silva Nunes foi uma das figuras incontornáveis da cultura alfacinha e das marchas populares. Durante décadas a fio, escreveu as letras para a maior parte das marchas dos bairros lisboetas. Parafraseando outro poeta, Silva Nunes é o poeta que canta Lisboa sempre que Lisboa canta.
Em 1992, concedeu-nos uma entrevista que então publicámos no extinto jornal “O Povo do Lima”, na qual abordámos aspetos relacionados com a presença da comunidade minhota em Lisboa e as marchas populares dos bairros lisboetas. Cinco anos decorridos, graças á sua intervenção, a marcha de Campo de Ourique desfilava na avenida da Liberdade, envergando trajes do Minho e entoando as letras do poeta Silva Nunes, com composição musical de Mário dos Santos Gualdino.
- A seu ver, qual o bairro de Lisboa onde se registam de forma mais acentuada os efeitos desta migração? Porquê?
- Tal como acontece com o algarvio, o beirão e o alentejano, o minhoto nunca formou, em lisboa, uma verdadeira comunidade bairrista, isto é, no estilo do podo ovarino que se radicou na Madragoa. No entanto, por experiência própria, sabemos que o minhoto nunca deixou adormecer em si o orgulho que o prende à beleza inesquecível do mais lindo recanto de Portugal, que é a sua província: os exemplos são muitos. Enumerá-los, para quê?... Basta conviver durante alguns dias, para ver como o seu sentimento se funde na alegria de um bairrismo salutar.
- Qual a marcha de Lisboa que mais representa os tipos característicos do carvoeiro, do taberneiro e outros que tenham a ver com as gentes do Minho?
- A marcha de Alcântara apresentou, por mais de uma vez, o tema de descarregadores de sal e carvão, pelo facto das “fragatas” e dos “varinos”, de Alcochete, procederem às suas descargas na “Doca do Pinho”, ali, a dois passos. Entre o pessoal descarregador viam-se mulheres naturais do Minho que, além da descarga do carvão, também vendiam peixe pela cidade, como as chamadas varinas da Madragoa ou de Alfama.
A propósito, apetece-nos dizer que os minhotos, tal como qualquer alfacinha, habituaram-se a gostar dos bairros típicos da Capital onde vivem, sem esquecer as suas origens. Por isso, em noite de Santo António, cantam nos bailaricos, queimam alcachofras e percorrem a cidade de cravo vermelho e vaso de manjerico.
Nos anos 60, encontrámos uma linda jovem, de Santa Cruz do Lima, que erguendo o arco da frente, cantava com alegria bairrista, a canção que fora êxito na voz de Beatriz Costa:
“A Marcha da Mouraria
Tem o seu quê de bairrista.
Certos laivos de alegria,
É a mais boémia,
É a mais fadista.”
- Pensa que, à semelhança do que sucede com a Madragoa, em relação á comunidade ovarense que ali reside, existe a possibilidade de “influenciar” positivamente a marcha de um dos bairros de Lisboa com as figuras e os usos próprios da nossa comunidade, que aliás, já fazem parte da história da cidade?
- Rememorando os temas apresentados pelas marchas populares, verificamos que o Bairro Alto se reporta aos espadachins da estalagem do Leandro e aos de Sebastião José de Carvalho e Melo (marquês de Pombal); Carnide respira ar campestre do século XIX e revive a sua “Feira da Ladra”; Alfama, envolve-se nos mares das Descobertas com a marinhagem do Gama; São Vicente contínua aristocrata, legitimista e escolar, etc. etc. Só a Madragoa, como disse Norberto de Araújo, “é uma colónia ovarina que se transplantou à Capital e se aclimatou no único bairro que tem Lisboa por raiz da sua dinastia”.
Baseada nesta realidade, a sua marcha conserva as origens que transpira a Ovar, à Ria, à Murtosa e ao São paio da Torreira.
Através dos tempos, reconhecemos que o minhoto faz parte de um povo de características próprias e inconfundíveis. Talvez por isso é diferente na maneira de se sentir feliz e de estar na vida.
Nas suas alegres reuniões e festas de convívio, não deixa de transmitir, aos filhos, as tradições das suas origens que enriquecem bastante a cultura popular de uma cidade cosmopolita, como é Lisboa.
- Como autoridade que é pelo que de muito conhece da história, dos usos e costumes das gentes de Lisboa, quais a seu ver os vestígios mais importantes da presença minhota na capital quer ao nível social quer ainda cultural?
- Apraz-me concluir que o povo minhoto, quer seja originário de Ponte de Lima ou de qualquer das cinquenta freguesias do concelho, é, por índole, trabalhador, honesto e inteligente.
Os homens e as mulheres que, no desabrochar da vida, emigraram para Lisboa, exerceram sempre as mais diversificadas profissões desde a indústria hoteleira ao sector do ensino, integrando-se naturalmente no ambiente social e cultural da cidade das ete colinas, criando e fortalecendo, ao longo dos anos, relações de amizade e de respeito.
Entre os dias 23 e 25 de maio, decorreu a II Estafeta NON-STOP em atletismo entre Lisboa e Arcos de Valdevez, numa distância de 489 km que uniu esforço físico, espírito de equipa e orgulho nas origens. A iniciativa foi promovida pela Casa do Concelho dos Arcos de Valdevez em Lisboa e integrou as comemorações dos 70 anos da sua fundação (1955–2025).
À chegada a Arcos de Valdevez, os atletas e elementos da organização foram recebidos pelo Presidente da Câmara Municipal, Olegário Gonçalves, que destacou a importância da iniciativa na valorização do território e no reforço dos laços entre a diáspora arcuense e a terra natal.
Ao longo dos quilómetros percorridos, os mais de 40 participantes – entre atletas, ciclistas, motoristas e equipa de apoio – deram corpo a uma verdadeira maratona de cooperação, onde cada passo foi guiado pelo espírito de camaradagem. Mais do que uma prova desportiva, a estafeta foi um símbolo vivo de união e pertença.
Com o apoio da Junta de Freguesia de Marvila, da Câmara Municipal de Lisboa e da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, esta segunda edição da estafeta destacou-se pela dedicação de todos os envolvidos, reafirmando a força da identidade arcuense e o poder transformador do desporto.
No próximo sábado o Centro Galego de Lisboa vai ser o palco das celebrações do dia das Letras Galegas, a festa da língua galega.
Numa clara e objetiva alternativa a mais uma tarde de futebol e rotina, venha desfrutar dos vários eventos que temos planeados para si, entre os quais um concerto do grupo galego, Pédêpötè, de Mondariz, seguido de uma tradicional foliada.
Nasceu na capital, mas subiu ao Norte, Ponte de Lima, para iniciar a sua vida académica na vertente de agropecuária; gostou da terra, fez amizades, clientes, e dedicou-se ao estudo dos seus produtos regionais, alargando contactos à região: Viana do Castelo, Vila Nova de Cerveira, Paredes de Coura e Monção.
Começou por pequeno retalho vendas, agora é médio, mas a sua dedicação é ser um promotor do Alto Minho em Lisboa. Guilherme Galante é hoje uma referência como conhecedor de vinhos, enchidos, queijos, doces tradicionais, e de vez em quando promove degustações no seu espaço frente ao solar dos condes de Aurora com a sua Pipa de Sabores.
Dedicado na arte culinária, disponível para colaborar sempre que a profissão o liberta, o Guilherme, residente em Arcozelo, frente à sede do município, é um parceiro do nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima. Nos últimos meses tem participado em algumas das nossas missões gastronómicas: em Bruxelas apresentou, a convite da nossa Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica e seu embaixador Victor Alves Gomes, (foto2) o Loureiro biológico de Ponte de Lima – Stilla Pura – de Pedro Salvador, produzido na Gemieira, e os rosés da Adega Cooperativa de Ponte de Lima e do Sobrinho do Arcipreste, Viana do Castelo.
Depois, integrou a equipa coordenada pelo Chef Paulo Santos para confecionar o Sarrabulho á moda de Ponte de Lima em Loures, a convite do Grupo Folclórico Verde Minho e autarquia; seguiu-se a responsabilidade da enoteca para o Bacalhau ao Gosto de Eça de Queirós, na Casa de Tomar, com elenco culinário ido da Ribeira Lima: Paulo Santos, Filipe Matos, Domingos Gomes e, João Leonardo Matos; voltou ao estrangeiro, desta vez á Suíça, novamente em missão gastronómica, Lausanne, onde também promoveu Loureiros e tintos maduros que comercializa.
Mas, o centro de suas atenções e abastecimento é a capital do país. Semanalmente, a viatura desce abastecida de néctares verdes e alvarinhos, de enchidos e fumados, para a clientela altominhota estabelecida no sector da restauração. A escolha do melhor do melhor é sua preocupação, pois gosta também de participar em provas e concursos vinícolas, aperceber-se das preferências do mercado de consumidores, e pretende agora possuir o seu espaço próprio para os petiscos molhados com vinhos selecionados.
Estamos assim perante um marketeer emprestado por Lisboa ao Minho e estimado por Ponte de Lima, pela sua dedicação e empenho no que há de bom por estas zonas, para os lisboetas saborearem e reconhecerem.
No próximo dia 20 de maio (terça-feira), é apresentado em Lisboa o livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”.
A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos, em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido, assente no levantamento dos Monumentos de Homenagem ao Emigrante, ou intrinsecamente ligados ao fenómeno emigratório, existentes em todos os 18 distritos de Portugal continental, e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, é apresentada às 17h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
O livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”, que percorre todos os distritos de Portugal continental, e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, foi concebido pelo historiador da diáspora Daniel Bastos (esq.), em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido (centro), e traduzido (português e inglês) por Paulo Teixeira (dir.)
A sessão de apresentação do livro, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, e prefácio do filósofo e escritor Onésimo Teotónio Almeida, estará a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, que assina o posfácio da obra. E contará com a presença de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
A obra pioneira, realizada com o apoio institucional da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, e da Sociedade de Geografia de Lisboa, é um convite a uma viagem pelo passado, com os olhos no presente e futuro, da imagem e memória da emigração em Portugal. Uma viagem através de um itinerário delineado pelo historiador da diáspora Daniel Bastos, profusamente ilustrada pelo talento fotográfico de Luís Carvalhido, que percorre todas as regiões de Portugal, onde existem mais de uma centena de monumentos, como bustos, estátuas ou memoriais dedicados ao Emigrante, não raras vezes desconhecidos do grande público, que constituem uma relevante fonte material para a compreensão da emigração.
Um roteiro que dos monumentos mais singelos, situados nas pequenas aldeias do interior, aos mais grandiosos das aglomerações urbanas, essencialmente erigidos ao longo do último meio século, e que inscrevem uma marca singular na paisagem continental e insular, evidencia as motivações subjacentes à partida e aos destinos, a celebração de figuras gradas das comunidades, a evocação contínua de uma espécie de sinónimo de Portugal, a saudade. Assim como, objetos simbólicos e aspetos inerentes à memória coletiva da emigração, como o “salto” para França, a emigração para o Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Austrália, África do Sul, Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, entre outros países do mundo, por onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada.
Uma obra que ao assumir-se como uma história concisa e ilustrada da diáspora, presta tributo aos milhões de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelo mundo, e quais protagonistas anónimos da história nacional e mundial, têm dado um contributo fundamental no desenvolvimento das suas terras de origem e de acolhimento.
No prefácio do livro, Onésimo Teotónio Almeida, Professor Emérito da Universidade Brown, que dedicou uma grande parte da sua vida a escrever sobre a portugalidade e sobre o que é ser português, assegura “Se uma imagem vale mil palavras, temos aqui duas centenas e meia de milhar de belas palavras saltando-nos à vista com gritante eloquência”. Na mesma linha, Maria Beatriz Rocha-Trindade, autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, sustenta no posfácio que “Este livro, constitui uma valiosa contribuição para o conhecimento da História de Portugal”.
Com vários livros publicados no campo da história da emigração portuguesa, cujas sessões de apresentação o têm colocado em contacto estreito com as comunidades lusas, o percurso do historiador e escritor Daniel Bastos, colaborador regular da imprensa de língua portuguesa no mundo, tem sido alicerçado no seio da diáspora.
Professor e formador, Luís Carvalhido tem participado em várias exposições individuais e coletivas, assim como em concursos de fotografia aquém e além-fronteiras. É autor de diversas obras, onde mais do que captar imagens, expressa e exterioriza sentimentos através da fotografia.
Refira-se que a edição da obra, deveu-se em grande parte ao mecenato de empresas da diáspora que partilham uma visão de responsabilidade social e um papel de apoio à cultura, e que ao longo do ano estão previstas várias sessões de apresentação no território nacional e junto das comunidades portuguesas.
O arquiteto Miguel Ventura Terra foi em 1908 o autor do projeto do edifício destinado ao Teatro-Club de Esposende, inaugurado em 1911.
Neste edifício, entra-se desde 1993 instalado o Museu Municipal de Esposende, o qual foi para o efeito adaptado pelo arquiteto bernardo Ferrão.
Miguel Ventura Terra nasceu em Seixas, no concelho de Caminha, em 14 de julho de 1866, tendo falecido em Lisboa em 1919. Entre as suas inúmeras obras, contam-se a renovação do Palácio de São Bento, a Maternidade Alfredo da Costa, o Teatro Club de Esposende, o Hotel e o Santuário de Santa Luzia em Viana do Castelo, o Hospital de Esposende e o edifício do banco de Portugal, no Porto.
Rua Alexandre Herculano, Lisboa, na varanda do Arq. Miguel Ventura Terra, prédio doado às Belas Artes de Lisboa e Porto para com o seu rendimento pagar bolsas de estudos a alunos talentosos sem possibilidades financeiras, conforme placa gravada no edificio.
Esta foto deve ser de 1904, a Rua Alexandre Herculano ainda tinha este aspeto. A foto pertence á família Terra e o seu autor é António Joaquim Terra, irmão de Miguel Ventura Terra.
Texto: Alda Sarria Terra (Sobrinha-bisneta de Miguel Ventura Terra)
Passam 121 anos desde a data da inauguração em Lisboa da Sinagoga Shaaré-Tikvá, cuja primeira pedra havia sido lançada dois anos antes. O projeto é da autoria do caminhense Miguel Ventura Terra, considerado um dos maiores arquitetos da sua época, tendo-lhe valido o Prémio Valmor de Arquitetura.
O templo encontra-se situado na rua Alexandre Herculano, nº 59, edificado dentro de um quintal muralhado visto que não era então permitida a outras denominações religiosas para além da Igreja Católica, a construção com fachada para a via pública. O terreno para a construção da sinagoga foi adquirido pela comunidade judaica, em nome de particulares, dadas as dificuldades com que então se debatia para obter o reconhecimento oficial. Até então, o culto era exercido em diversas casas de orações que, no entanto, não reuniam as condições necessárias para o efeito.
Miguel Ventura Terra nasceu em Seixas, no concelho de Caminha, em 14 de julho de 1866, tendo falecido em Lisboa em 1919. Entre as suas inúmeras obras, contam-se a renovação do Palácio de São Bento, a Maternidade Alfredo da Costa, o Teatro Club de Esposende, o Hotel e o Santuário de Santa Luzia em Viana do Castelo, o Hospital de Esposende e o edifício do banco de Portugal, no Porto.