A 18 de fevereiro de 1957, a Rainha Isabel II de Inglaterra visitou Portugal e, à despedida, foi acenada com lenços brancos por um grupo de minhotas trajadas à vianesa. Na imagem vêmo-las acenando para o avião real um adeus da terra portuguesa.
Fonte: Diário da Manhã : número especial comemorativo da visita de S. M. a rainha Isabel II de Inglaterra. Companhia Nacional Editora, ed. com. 23 de Fevereiro de 1957
Fonte: Cardeal Saraiva: semanário defensor dos interesses do concelho. Ponte de Lima. Ano 44, n.º 1739 (19 jan. 1956). / Biblioteca Municipal de Ponte de Lima
Aquilino Ribeiro foi em 1928 arguido com base num “Auto de Corpo de Delito Direto” sob acusação de ter participado no movimento revolucionário de 20 de Julho desse ano, “auxiliando os revoltosos do Batalhão de Caçadores nº. 10, concretamente “fuga e arrombamento. À data, ainda a PIDE não tinha sido criada.
Esse levantamento – mais conhecido por “Revolta do Castelo” por ter tido o seu posto de comando instalado no Castelo de S. Jorge – envolveu militares e civis com o objetivo de derrubar a Ditadura Militar que havia sido instalada dois anos antes, repor as liberdades, libertar os presos políticos, fazer regressar os exilados e deportados e convocar um Congresso Constituinte.
A presença de galegos entre nós remonta aos primórdios da nacionalidade. Eles encontram-se em todos os momentos da nossa História. Fernão Anes de Andeiro, o famoso Conde de Andeiro, vivia em Lisboa e nesta cidade viria a ser assassinado. Mas, mais saliente ainda, o insíne poeta Luíz Vaz de Camões possuía raízes galegas.
Porém, o fenómeno da migração galega para Portugal, entendida enquanto tal, teve o seu começo a partir do século XVII, facto a que não é certamente alheia a situação política da época caracterizada pela dominação filipina. Vinham sobretudo para a lides dos campos, ocupar-se em trabalhos sazonais, procurando obter o indispensável para regressarem às origens e providenciarem o sustento da família. Mas também havia os que se estabeleciam nas cidades, nomeadamente em Lisboa, dedicando-se às mais variadas profissões e ofícios.
Por essa altura, no alto de uma colina do sítio de Alcântara já se encontrava construída a Capela de Santo Amaro que viria a tornar-se o local mais concorrido dos galegos que viviam em Lisboa, tornando-se palco de festas e romarias em homenagem àquele que se tornara o seu padroeiro nesta cidade. Com efeito, a pequena ermida foi erguida na sequência de uma promessa feita por frades da Ordem de Cristo que, numa viagem de regresso de Roma, a nau em que vinham foi acometida de temporal no mar e, perante o receio de naufrágio, prometeram construir uma capela no local onde aportassem sãos e salvos.
De traça renascentista, a ermida apresenta forma circular e é rodeada por um átrio. A capela original foi construída em 1549 e constitui, muito provavelmente, a actual sacristia. A Capela de Santo Amaro está classificada como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Julho de 1910.
Com o tempo, a presença de galegos foi crescendo em número, tendo passado a concentrar-se preferencialmente nas cidades de Lisboa e Porto. Por altura da “Guerra das Laranjas” ocorrida em 1801, altura em que perdemos Olivença, chegou a ser aventada a possibilidade da sua expulsão a qual, proposta que contou com a oposição do Intendente da Polícia porque tal resultaria em deixar de ter “quem servisse as cidades de Lisboa e Porto”. Acredita-se, porém, que em consequência do crescimento económico verificado a partir da segunda metade do século XIX, a comunidade galega tenha atingido perto de trinta mil indivíduos, a maioria dos quais a viver em Lisboa.
Como costuma dizer-se, os galegos eram então pau para toda a obra. Havia entre eles taberneiros e carvoeiros, moços de fretes e hospedeiros. Eça de Queirós, na sua obra “Os Maias”, faz-lhes frequentes alusões, confundindo-os embora com espanhóis. Porém, é a profissão de aguadeiro que mais o identifica e fica associado na vida lisboeta. Com a sua indumentária característica e a respectiva chapa de identificação municipal no boné, o aguadeiro galego percorria a cidade vendendo a água em barris. E era vê-los a abastecer-se nos chafarizes e fontes do Aqueduto das Águas Livres, nas bicas que lhes estavam reservadas pelo município a fim de evitar as brigas que frequentemente ocorriam. De referir que, até ao início do século XX, a maioria da população lisboeta era forçada a recorrer aos fontenários uma vez que poucas eram as habitações que dispunham de água canalizada. Os aguadeiros organizavam-se em companhias e, uma vez que tinham a primazia do abastecimento de água, eram ainda obrigados a participar no combate aos incêndios.
Outra das actividades pela qual ficaram particularmente conhecidos consistiu na venda dos palitos fosfóricos, então feitos de enxofre que tinham de ser mergulhados num pequeno frasco de ácido sulfúrico. Dada a sua utilização demorada e ainda pouco prática, os palitos fosfóricos ficaram então conhecidos por “espera-galego”, criando-se desse modo uma imagem que passou a conotar de forma algo injusta os próprios galegos, sugerindo tratarem-se de mandriões. Porém, a colónia galega não se ocupava apenas das profissões mais labregas, por assim dizer humildes, mas destacava-se em todas as áreas sociais, muitas das quais de grande relevo, tendo nomeadamente eleito vereadores para a edilidade lisboeta como sucedeu com o escritor Carlos Selvagem. É, aliás, no início do século que surge na zona da Graça, em Lisboa, por iniciativa de um empresário galego, um bairro para os trabalhadores da sua fábrica que desperta ainda grande curiosidade devido à simbologia ali sempre presente – o Bairro Estrela d’Ouro.
Todos os anos, por ocasião do dia que é consagrado a Santo Amaro e que ocorre em meados do mês de Janeiro, uma autêntica multidão acorria à Romaria de Santo Amaro para festejar o seu padroeiro. Rezam as crónicas da época que, em redor da capela, era um ver de gaitas-de-foles e pandeiretas e um nunca mais acabar de xotas e muiñeiras, carballesas e foliadas. Contudo, esta festa foi perdendo o seu fulgor e deixou de realizar-se. A própria capela veio a encontrar-se ao abandono, chegando uma das suas dependências a ser utilizada como armazém de carvão.
Entretanto, em 1908, os galegos que vivem em Lisboa constituíram a sua própria associação – a Xuventude de Galicia (Centro Galego de Lisboa). E, em meados do século passado, passaram a celebrar o dia 25 de Julho em homenagem a S. Tiago, Padroeiro da Galiza. E, para o festejar, escolhiam então uma velha capelinha actualmente em ruína, situada no Alto da Boa Viagem, junto ao farol do Esteiro, em Caxias, e para lá acorriam juntamente com os minhotos, o mesmo é dizer os “galegos d’aquém Minho”. Mas, à semelhança do que antes sucedera com a Romaria de Santo Amaro, também esta acabou votada ao esquecimento e deixou de ser celebrada. Também, há pouco mais de meio século, criaram o grupo “Os Anaquinos da Terra” que procura manter e divulgar as tradições folclóricas das gentes da Galiza.
Em virtude da sua identidade cultural e sobretudo linguística, a comunidade galega encontra-se presentemente integrada na sociedade portuguesa a tal ponto que não se faz notar pela forma de estar ou de se exprimir. Pese embora os acontecimentos históricos terem determinado a separação política de um povo que possui raízes comuns, portugueses e galegos continuam irmanados do mesmo sentimento que os une e do supremo ideal de virem ainda um dia a construir uma só nação. Como disse Ramón Cabanillas, no seu poema “Saúdo aos escolares Lusitanos”:
Irmáns no sentimento saudoso!
Mocedade da pátria portuguesa!
Este homilde fogar galego é voso.
É voso este casal,
onde vive a soñar, orante, acesa,
a alma da Galiza e Portugal!
Aguadeiros galegos no Chafariz de Alfama
Um aspecto da Romaria de Santo Amaro, nos começos do século XX. Na imagem, galegos vendedores de pinhões em forma de rosários.
Entre as numerosas ocupações, os galegos também faziam de moços de fretes
A foto data de 1960 e regista a actuação do Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo no âmbito de uma Feira de Beneficência que teve lugar no Jardim da Estrela, em Lisboa.
A foto é da autoria de Armando Serôdio, um conceituado fotógrafo de origem galega que trabalhou como freelancer para publicações como o Diário Nacional, Vida Mundial e Notícias Ilustrado, apenas para referir os mais salientes. Em 1943, integrou os quadros do Gabinete de Imprensa do Aeroporto de Lisboa, como fotógrafo de reportagem, tendo a partir de 1955 passado a atrabalhar para a Câmara Municipal de Lisboa.
Armando Maia Caballero y Serôdio nasceu em Tuy no ano de 1907, no seio de uma família de grandes proprietários rurais e veio a falecer em 1978.
A fotografia foi produzida a partir de um negativo de gelatina e prata em acetato de celulose.
Em 26 de Setembro de 1945, a Casa do Distrito do Porto, em Lisboa, foi recebida nos Paços do Concelho da capital pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Álvaro Salvação Barreto. O acontecimento encontra-se registado nos “Anais da Câmara Municipal de Lisboa” referente ao ano de 1945, no capítulo da Direcção dos Serviços de Urbanização e Obras.
A Casa do Distrito do Porto, em Lisboa, constituiu uma cisão ocorrida na década de quarenta do século passado, na Casa de Entre-o-Douro-e-Minho (ex-Grémio do Minho), quando aquela agremiação regionalista decidiu alterar a sua denominação para Casa do Minho.
Viana do Castelo representada nas Jornadas Mundiais da Juventude com este lindíssimo tapete de sal a reproduzir o bordado tradicional.
Esta arte popular, exposta no Parque Eduardo VII, em Lisboa, simboliza a fé e devoção das gentes da Ribeira de Viana e que hoje recebe o Papa Francisco.
O Bairro Estrela D’Ouro cuja construção remonta aos começos do século XX, é um dos testemunhos exemplares da presença e do espírito empreendedor da comunidade galega em Lisboa. Trata-se de uma antiga vila operária que Agapito Serra Fernandes, um industrial de confeitaria, mandou construir para os seus trabalhadores. Ele próprio residiu no bairro juntamente com os seus familiares.
Situado em pleno bairro da Graça, próximo de Sapadores e do magnífico miradouro da Senhora do Monte onde se ergue a capela a S. Gens, abrange uma extensa área beneficiando de boa localização, de fácil acesso à zona oriental de Lisboa.
A estrela de cinco pontas constitui a imagem de marca do bairro Estrela d’Ouro, naturalmente um dos símbolos da Galiza em alusão a Compostela, derivando de “campo de estrelas”. Um pouco por toda a parte encontramos a estrela e grandiosos painéis de azulejos que identificam o bairro, o antigo cinema Estrela d’Ouro, a fábrica e outros equipamentos sociais.
Atualmente, este bairro particular está integrado no espaço urbano de Lisboa, fazendo parte do seu património histórico e encontrando-se classificado. Para a comunidade galega radicada na capital, constitui um dos numerosos pontos de referência que possui e que marcam a sua própria existência numa cidade que, afinal de contas, também é a sua cidade.
Um aspecto da zona da Graça, em Lisboa, junto ao Bairro Estrela D'Ouro
O antigo cinema Estrela D'Ouro, na Graça
A estrela encontra-se patente na fachada do edifício.
À esquerda, a fábrica que ocupava os operários que vieram habitar o bairro
A toponímia perpetua os nomes de família dos proprietários do bairro.
E a estrela de cinco pontas está sempre presente!
Um painel de azulejos na fachada da sede de uma colectividade...
...e junto àquela que foi a residência de Agapito Serra Fernandes
185 jovens da cidade francesa de Nancy, da região de Lorraine, foram recebidos em 26 de julho, em Valença, no Jardim Municipal, numa estadia preparatória da Jornada Mundial da Juventude.
O Jardim Municipal vibrou de alegria, cor e muita música portuguesa a cargo do grupo Luar do Minho e francesa a cargo de jovens de Nancy.
Estes jovens ficam em Valença, Monção e Melgaço, até segunda-feira, 31 de julho, em famílias de acolhimento locais.
A jornada de recepção contou com a presença do Vereador Arlindo Sousa, da Câmara Municipal de Valença, que deu as boas vindas a Valença e desejou boa estadia nestes quatro dias à descoberta de Valença e região. O ato contou, ainda, com a presença do Presidente da Câmara de Melgaço, Vereador de Monção, párocos de Valença, entre outras entidades.
Para sábado, 29 de julho, à noite, está prevista uma visita guiada à Fortaleza de Valença para estes jovens, bem como para as famílias de acolhimento e jovens de Valença e região que participam nestas jornadas mundiais.
As Jornadas Mundiais da Juventude que decorrerão, este ano, em Lisboa, com a presença do Papa Francisco, contarão com a participação de 50 jovens valencianos, oriundos das várias freguesias do concelho, entre 4 e 6 de agosto.
A Câmara Municipal de Valença concedeu apoio logístico à presença destes jovens em Valença, bem como às equipas de apoio locais, fornecendo refeições. A autarquia vai proporcionar, também, o transporte aos jovens valencianos que participam nas jornadas em Lisboa.
Festa da Juventude na ExpoLima é o encontro principal dos Dias nas Dioceses, que conta com a participação do DJ padre Guilherme
A Diocese de Viana do Castelo acolheu hoje jovens que participam nos Dias nas Dioceses (DnD), provenientes sobretudo da Polónia e de França, desejando que os peregrinos “aproveitem” a presença no Alto Minho.
Vila Praia de Âncora: capela de Nossa Senhora da Bonança
“A nossa diocese está contente por vos receber e espera que vocês aproveitem esta semana para vos preparem as jornadas”, afirmou o Christopher Vaz de Sousa, do Comité Organizador Diocesano de Viana do Castelo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Na celebração de acolhimento dos 1400 jovens que vão participar nos DnD, o sacerdote da Diocese de Viana do Castelo agradeceu a presença dos peregrinos e a “oportunidade” que constituem para a região.
“Apelo a que vocês abram o coração a Deus para ficarem abertos para a experiência que vão viver”, afirmou o padre Christopher Vaz de Sousa.
A Diocese de Viana do Castelo tem cerca de 1300 jovens inscritos na JMJ e vai acolher cerca de 1400 peregrinos estrangeiros.
Nos dias anteriores à JMJ 2023, que decorre em Lisboa entre os dias 1 e 6 e agosto, os peregrinos participam nos Dias nas Dioceses, entre 26 de julho e 31 de agosto, para conhecer a cultura e as tradições das várias regiões do país e partilhar a mesma fé cristã.
Em Viana do Castelo, o encontro principal dos DnD vai decorrer na ExpoLima, reunindo todos os jovens que estão a ser acolhidos na diocese, os que vão participar na JMJ, as famílias de acolhimento e os voluntários.
O programa do encontro na ExpoLima inclui a celebração da Eucaristia, ao fim da manhã, diferentes momentos de apresentação de música popular e, entre as 15h00 e as 16h30, promove a Festa da Juventude, com a presença do DJ padre Guilherme.
PR / Fonte: Agência Ecclesia / Foto Diocese de Viana do Castelo
Comboio Mistério. Lisboa Rossio / Viana do Castelo.
A Companhia criou este comboio de cariz turístico que fez a sua primeira viagem desde o Rossio até Viana do Castelo e neste local, incluía uma visita de autocarro até Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Caminha e Vila Nova de Cerveira com regresso no dia seguinte.
Cerca de cinco mil peregrinos seguem para Lisboa de 1 a 6 de agosto
Os cerca de cinco mil jovens que seguem da Arquidiocese de Braga para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa já sabem onde estarão alojados. Os peregrinos serão distribuídos pelas quatro paróquias do município de Loures: Camarate, Sacavém, Prior Velho e Bobadela.
A missa de envio dos jovens para a JMJ acontece às 17h, na Avenida Central, em Braga e será presidida pelo Arcebispo, D. José Cordeiro, e concelebrada por cardeais, bispos e sacerdotes presentes, com a bênção.
Os inscritos para a Jornada pertencem aos 14 arciprestados da Arquidiocese de Braga. A JMJ realiza-se entre os dias 1 e 6 de agosto.
20 anos é uma vida. É a vida, melhor dizendo, a vida de um conjunto de pessoas que a ele se têm dedicado incondicionalmente e sem qualquer tipo de reservas.
Quando nasceu, nasceu porque tinha de nascer, era imperioso que nascesse, a terra, as gentes da terra precisavam dele havia muito. O século vinte e um já por cá andava – e nós, na área em questão, estávamos como se o Homem ainda não tivesse ido à Lua.
Deste que vos escreve, sem medo da imodéstia, da falsa modéstia que sempre acompanha estes momentos, sai um olhar de satisfação pelo dever cumprido, pela vida dedicada a uma causa.
Pois bem, por gentileza da Casa Courense em Lisboa, é já no dia 2 de Setembro que será inaugurada uma exposição sobre os 20 anos desta causa, os 20 anos da vida deste que vos escreve, mas, claro, de mais um conjunto de pessoas apaixonadas pela terra, gente que pranta o seu talento ao serviço da causa, para que o leitor saboreie Coura, em letra de forma, de quinze em dias.
Chega ao fim a circulação minhota do espetáculo de teatro “Agamémnon”, coproduzido pelas companhias ‘Comédias do Minho’ e ‘Primeiros Sintomas’. As últimas apresentações da encenação de Bruno Bravo, no Alto Minho, acontecem no Centro Cultural de Paredes de Coura, nos dias 30 de junho e 1 de julho, às 22h. De 18 a 23 de julho, a tragédia grega será apresentada em Lisboa, no espaço dos Primeiros Sintomas.
Depois de passar por Monção e Valença, “Agamémnon” chega a Paredes de Coura. Em Monção, a sala do Cineteatro João Verde, com cerca de 300 lugares, atingiu 90% da sua capacidade na noite de estreia do espetáculo, no dia 3 de junho. Mas se Monção se mobilizou para ver a tragédia grega, Valença não ficou atrás. O espetáculo aconteceu ao ar livre, no dia 16 de junho, tendo a fortaleza de Valença e o túnel de acesso ao Baluarte do Faro como parte integrante do cenário. O desenho de luz foi adaptado ao espaço e impressionou os valencianos. A lotação esgotou por completo e algumas pessoas escolheram permanecer em pé para assistir ao espetáculo fora do recinto delimitado. Em apenas duas apresentações, contam-se mais de 500 espectadores. Espera-se que o público se mobilize da mesma forma para usufruir das últimas datas em Paredes de Coura.
“Agamémnon” é a primeira peça da trilogia “Oresteia” e foi escrita por Ésquilo no século V a.C.. É a única trilogia conservada da época clássica e trata do regresso vitorioso do Rei Agamémnon à cidade grega de Argos, após a guerra de Troia. O Coro, uma das principais personagens esquilianas, reúne-se, refletindo sobre a glória e lamentando os que pereceram em batalha. Mas o regresso do rei, após dez anos de ausência, preconiza um desfecho trágico.
Bruno Bravo, encenador e diretor artístico da companhia Primeiros Sintomas, não quis fazer uma reconstituição histórica de uma tragédia grega. Nesta coprodução com as Comédias do Minho trabalhou “a partir da tragédia grega”. Ao pensar sobre o Coro, Bruno Bravo decidiu que este teria de ser um verdadeiro signo de comunidade. E teria de ser diverso - composto não apenas por elementos masculinos ou anciãos, mas também por vozes jovens e femininas. Para tal, o Coro teria de ser integrado por pessoas provindas de todos os setores da sociedade. A coprodução com as Comédias do Minho, que desenvolvem um trabalho artístico com grande envolvimento das comunidades do Vale do Minho, não surgiu por acaso. Na circulação minhota, o Coro é composto por 33 atores não profissionais, de Monção, Valença e Paredes de Coura. Em palco, a comunidade interpreta o Coro lado a lado com o elenco de ambas as companhias: António Mortágua, Joana Campos, Mafalda Jara, Diogo Mazur (Primeiros Sintomas), Luís Filipe Silva e Sara Costa (Comédias do Minho).
Agamémnon regressa a Argos com a sua escrava e amante Cassandra. A cidade é governada por Clitemnestra, sua esposa. E é ela, em conjunto com Egisto, seu amante, que assassinará o marido, vingando a filha Ifigénia, morta em sacrifício pelo pai para acalmar o mar revolto quando as embarcações navegavam em direção a Troia.
Sobre a narrativa, Bruno Bravo afirma: “neste espetáculo, a ação existe através da palavra, do texto, do discurso. É quase como um livro falado, suspenso no tempo.” E porque o espetáculo atribui este lugar central ao texto, como é característico no trabalho do encenador, a atenção dada à tradução foi enorme. Bruno Bravo convidou José Pedro Serra, Doutor em Cultura Clássica e especialista em Literatura Grega e Teatro Antigo, para traduzir a “Oresteia” diretamente do grego antigo.
Magda Henriques, diretora artística das Comédias do Minho, a propósito da importância da palavra no espetáculo de Bruno Bravo, comenta: “Talvez seja, também, um espetáculo sobre o poder da contemplação e da atenção - a atenção como um gesto político.”
O texto ganha vida através da musicalidade que se atinge em cena. As palavras tornam-se partitura. Sérgio Delgado, que compõe a música e faz a sonoplastia de “Agamémnon”, também dirigiu o coro. Bravo e Delgado procuraram um ritmo, uma modulação da palavra, para que as frases ficassem no ouvido e proporcionassem uma experiência sonora ao público. O cenário impõe-se através de uma estética hiper-realista, criada por Stéphane Alberto. Cada elemento presente no espaço atinge uma função simbólica para a história. O desenho de luz é de Alexandre Costa.
“Agamémnon”é o primeiro momento de um projeto maior, “Oresteia”, que decorre ao longo de três anos e que resultará em três espetáculos. A trilogia de Ésquilo compõe-se por três livros – Agamémnon, Coéforas e Euménides. Coéforas, o segundo momento deste projeto, acontecerá exclusivamente em Lisboa, em 2024. O culminar está previsto para 2025, num espetáculo que reúne os três livros. Terá apresentações no Minho e no grande auditório da Culturgest, em Lisboa.
A imagem data de 1963 e regista a actuação do Rancho Folclórico da Casa do Povo dos Sargaceiros de Apúlia, no Festival do traje que se realizou no Estádio do Restelo, em Lisboa.
A foto, da autoria de Armando Serôdio, pertence ao Arquivo Municipal de Lisboa e foi produzida em negativo de gelatina e prata em acetato de celulose.
Entre os dias 24 de junho e 2 de julho, o Município de Viana do Castelo participa na Feira Internacional de Artesanato (FIA), que decorre na FIL - Parque das Nações, em Lisboa. Esta é a maior feira internacional de artesanato da Península Ibérica e a segunda maior da Europa, já vai na sua 35ª edição e conta nesta edição com 500 expositores e 31 países representados.
Promovida pela Fundação AIP em colaboração com o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, a FIA Lisboa realiza-se durante nove dias e vai contar com 30 000 m2 de exposição de artesanato nacional, internacional e com uma área da gastronomia.
Viana do Castelo apresenta-se no Pavilhão 1 da FIL, onde vai estar representado o artesanato tradicional e contemporâneo de todo o país, incluindo as ilhas. Esta participação vianense apresenta-se num stand promocional de 18 m2 (Nº 1B09) que aposta na divulgação turística do concelho, destacando a oferta de alojamento, restauração, serviços de animação turística, artesanato, património natural e cultural, lazer, entre outros, para além de incluir uma mostra do Bordado Certificado de Viana do Castelo e uma artesã a trabalhar ao vivo, que promoverá no dia 27 de junho um workshop de iniciação à arte de bordar.
Também nos dias 24, 25, 29 e 30 de junho, no stand do Município, serão realizados momentos de degustação de doces tracionais e provas de vinhos dos produtores de Viana do Castelo.
Este ano, e pela primeira vez, o Loureiro do Vale do Lima marcará presença na FIA Lisboa, onde estarão representados os vinhos produzidos a partir da casta rainha do Vale do Lima, numa apresentação a realizar no auditório do Pavilhão 1, no dia 1 de julho. Esta participação tem como principal objetivo valorizar e dar a conhecer os produtores engarrafadores da sub-região do Lima e os seus vinhos, destacando a qualidade e nobreza enquanto produto identitário e patrimonial do Vale do Lima, e ainda, afirmar o território como destino ecoturístico de excelência.
A FIA Lisboa é uma plataforma de excelência para a promoção da identidade e desenvolvimento dos territórios nacionais e estrangeiros designadamente ao nível económico, cultural e turístico. Apoia o desenvolvimento regional e as culturas locais, através de várias vertentes do património cultural material e imaterial – artesanato, gastronomia, recursos naturais, atividades culturais e turísticas, entre outras, procurando evidenciar micro, pequenas e médias empresas nacionais, entidades e organismos oficiais ligados a projetos que visam a promoção e divulgação dos territórios, bem como a venda dos produtos regionais.