Regressamos hoje com mais fotojornalismo da estadia nas Feiras Novas dos representantes directos do nosso António Feijó, residentes na Suécia: o bisneto, Tomas, e o trineto, Alexander.
O motivo de incluir-mos a freguesia da Feitosa no roteiro – Nos Passos de António Feijó em Ponte de Lima – foi uma visita ao seu local de baptismo, ao património outrora da família e provar uma bebida típica da localidade. O passeio começou com a deslocação á Igreja Paroquial, onde com apenas seis dias de vida, foi baptizado António Joaquim de Castro Feijó. Foram padrinhos o Reitor de Vitorino das Donas e tio do neófito, António Correa Feijó e irmã Ana Cândida de Castro Pimenta Feijó, representada por seu sobrinho José Joaquim de Castro Pimenta Feijó (falecido em 1906 em Viana do Castelo, onde exerceu advocacia e a Presidência do município). Mais informações, tendo por base o registo de nascimento do ilustre Limiano (Livro de 1845-1860), fotocópia efectuada há mais de trinta anos no Arquivo Distrital de Braga, permitem saber que o pai era natural de Rouças, concelho de Melgaço, mas o avô paterno Pontelimense, da freguesia de Calheiros, da Casa do Barrenho, podemos nós acrescentar, dos Godoy Rodrigues de Moraes, brasonados pelo rei D. José I, radicados em Minas Gerais, Brasil.
Embora com pressa face a compromissos oficiais, os Feijós da Suécia ainda cumprimentaram o Presidente da Junta de Freguesia, Joaquim Pereira, e com ele provaram a saborosa Sidra, tema do carro representativo no Cortejo Etnográfico das Feiras Novas. Uma olhada na Quinta das Portelas, desde 1887 propriedade de Pedro Joaquim dos Santos e esposa, Clara Rosa Penha, e o loteado Eido das Ínsuas, á ponte de Lamezinhos, da famosa cozinheira e proprietária, a quem se deve a introdução do Arroz de Sarrabulho nas ementas de restaurantes da vila, e que Feijó em férias visitava essa sua vizinha e restaurante, e abancava.. para saboreara iguaria típica!
Seguimos viagem para conhecer o antigo património familiar feijóano…
Faceando a Central de Camionagem e a Avenida dos Bombeiros Voluntários, portanto desde há um quarto de século começou a urbanização, visitamos o que resta da Quinta da VendaNova, onde o poeta brincou em infância e minha mãe também, pois foi até á década de sessenta do século passado, pertença de minha avó Deolinda, que a houvera da mãe, Adelina Penha, e esta da tia Clara Penha (1838-1924), por compra que realizara em 1917 a Rui de Menezes de Castro Feijó e esposa, sobrinho do poeta e diplomata, incluindo a casa grande na Rua do Pinheiro, e a seguinte (garagem do carro de cavalos ou “casa do carvão”),pois aí se armazenava após a compra tal matéria para a cozinha do restaurante.
Pelos passos de Feijó criança, depois de Feijó adulto e na vida estudantil, e já Feijó diplomata com carreira iniciada no Brasil, afloremos com entrega de credenciais ao Imperador no dia 15 de Julho de 1886! Nesse país – irmão, o nosso homenageado nestas linhas, serviu nos consulados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, até seguir para Estocolmo, Suécia, onde faleceu a 20 de Junho de 1917.
Voltamos hoje com mais uma notícia referente ao roteiro – NosPassos de António Feijó em Ponte de Lima – elaborado para o acolhimento dos descentes suecos de António Feijó: o bisneto, Tomas, residente em Estocolmo, e o filho ou trineto, Alexander, residente em Gotemburgo.
A viagem cultural ao berço da família em plenas Feiras Novas, a Casa da Anta, na freguesia limiana da Correlhã, rodeada de quinta anexa de seis hectares, foi acompanhada pela Presidente da Junta de Freguesia, Fátima Oliveira, e seu secretário Jorge. A residência solarenga, ao gosto de meados do seculo XVIII integra a capela dedicada a S. Caetano, fundada em 1686, e foi a residência dos antepassados paternos do poeta, diplomata, e gastrónomo António Joaquim de Castro Feijó (1859-1917).
No templozinho, encostado ao portal e faceando o Caminho (de S. Tiago de Compostela), existe uma janela de balcão, permitindo momentos de oração aos peregrinos que por lá transitavam; na capela seriam sepultados membros da família, como aconteceu no ano de 1771, pois então foi lá enterrada Maria Madalena, viúva de Manuel Correia Feijó.
A propriedade é hoje pertença dum ramo de Feijós, residentes nos Estados Unidos da América.
“PRIMEIRA PÁGINA DE Instrumento de conserto e amigável composição e desistência” das arras, móveis, imóveis e dinheiro prometidas em dote de casamento, feito pelo secretário, Gaspar de Faria Severim, procurador de D. Maria de Noronha, viúva de D. João Luís de Vasconcelos e Meneses, governador da praça de Mazagão aos Viscondes de Vila Nova de Cerveira, D. Diogo de Lima e sua mulher D. Joana de Vasconcelos EM 14 DE SETEMBRO DE 1608
Estava na capilha do documento com a cota: Viscondes de Vila Nova de Cerveira, cx. 32, n.º 19; tem cosido no fim uma meia folha com a informação "Nomeação do prazo da Travanca e Mafra "; número atribuído ao documento: 566. Este número no Índice da documentação, referido no documento: Portugal, Torre do Tombo, Viscondes de Vila Nova de Cerveira, cx. 2, n.º 4 (PT-TT-VNC/A/204), pertence ao mç. 17. No inventário intitulado: "Livro Geral do cartório de D. Tomás José Xavier de Lima, 2º Marquês de Ponte de Lima, no qual se contém todos os títulos e padrões, morgados, senhorios, propriedades, quintas, fazendas, foros, casais e mais rendas, privilégios, bulas apostólicas, testamentos e outros bens que pertencem à dita casa. Tudo extraído dos originais, títulos e mais documentos que no dito cartório se acham mando [sic] por ordem do dito senhor em Julho de 1819" (PT-TT-VNC/A/1), mç. 17 corresponde ao "Morgado e bens dos Vasconcelos".
Relação complementar: documento mencionado no elemento de informação "História custodial e arquivística": (PT-TT-VNC/A/1), mç.17, n.º 14: "escritura de de D. Diogo de Lima com D. Joana de Vasconcelos e Meneses e por ele consta os bens que vieram à casa dos Viscondes, ano de 1642"; Relação complementar: Portugal, Torre do Tombo, Viscondes de Vila Nova de Cerveira, cx. 2, n.º 12, (PT-TT-VNC/A//212), inventário das instituições "delas", do Morgado de Santa Ana, bens da Coroa e Morgado de Soalhães, f. 6, 6v, mç 2, n.º 25 (702): "Para haver de casar D. Diogo de Lima com a Senhora D. Joana de Vasconcelos e Meneses filha de D. João Luís de Vasconcelos e Meneses lhe fez o Visconde pai de D. Diogo dote e D. João Luís de Vasconcelos também qualquer deles dê 400 reis de renda D. João Luís pôs rendimentos da quinta da Valada que chamam Malpica 200 reis e na alcaidaria mor de Castelo Bom 100 reis e 100 reis nos rendimentos do concelho de Aregos e na dita Joana noiva além do mais que lhe dotaram fizeram nomeação do prazo da Golegã que é do convento de Tarouca, do prazo de Travanca junto a Viseu senhorio a Universidade de Coimbra, e do prazo da Enxara dos Cavaleiros, senhorio o Hospital de Todos os Santos e dos prazos que pertencem à quinta de Malpica foreiros a saber um às freiras de Chelas, outro à igreja de São João em Porto de Mós outros à igreja de Alcáçova em Santarém e também o dito D. João Luís e sua mulher fizeram deste à dita sua filha de todos os seus bens livres havidos e por haver com reserva somente do usufruto, todo o sobredito por escritura feita em Lisboa em 28 de Junho de 1642 tabelião Gaspar de Carvalho". À margem "1642". "Depois falecendo D. João Luís, sua mulher D. Maria de Noronha fez contrato com seu genro e filha acima nomeados por modo de partilhas: ela D. Maria de Noronha desistiu das arras prometidas por seu marido, móveis e dinheiro do dote e do que resultou d venda das casas e cardal nomeados no dito dote e da acção que podia ter contra os bens de seu marido e do direito e nomeação dos prazos que este lhe fez da quinta de Valada e da parte que tinha nas propriedades livres que ficaram no casal e dos bens móveis tudo a favor dos viscondes filha e genro e fez a sobredita desistência e cessão dos serviços que tinha de seu marido D. João Luís para os haverem os viscondes e estes se obrigaram a dar-lhe cada ano 200 reis de que lhe fizeram consignações no juro do Almoxarifado de Alenquer 80 reis e 80 reis na Cabana do pescado e o restante nos foros de Carnide e os viscondes lhe largaram a pretensão do prazo de Travanca para o gozar em sua vida e a dita D. Maria de Noronha lhe largou o direito que tinha vindo e viesse de Mazagão para fazer o visconde umas casas e ele ficaria obrigado a pagar as dívidas do casal excepto o serviço dos criados, de que há escritura feita em Lisboa ano de 1648. Tabelião Gregório de Souto Craveiro. À margem direita: há rol incorporado na mesma escritura. À margem na f. 6, 6 v: foi filho do Visconde D. Lourenço de Lima além do mais que depois foi visconde"; Relação complementar: Portugal, Torre do Tombo, Viscondes de Vila Nova de Cerveira, "Livro que contém o rendimento das fazendas das minhas casas e morgados a elas anexos", cx. 20, n.º 1 (PT-TT-VNC/B/2001), f. 171.
Nota ao elemento de informação "Datas": escritura feita em Lisboa junto á igreja das Chagas, nas casas do Visconde de Vila Nova de Cerveira, D. Diogo de Lima [D. Diogo de Lima Brito e Nogueira, 7º visconde de Vila Nova de Cerveira].
Os descendentes suecos do poeta limiano António Feijó chegaram há minutos a Ponte de Lima e a primeira paragem da visita foi na Correlha. Aqui Tomás e Alexander foram presenteados com um Sarrabulho a moda de Ponte de Lima no Sonho do Capitão.
Os ilustres visitantes vão permanecer três dias na festa com programa diversificado conforme divulgamos ontem. Mas a curiosidade genealógica levou-os a conhecer a origem dos Feijós na Correlha, Ponte de Lima.
Assim, após o repasto Fátima Oliveira a Presidente da Junta de Freguesia da Correlhã desloca se com a comitiva a Casa da Anta, construção iniciada cerca 1750 onde se destaca Tomás Correia Feijó, o primeiro Administrador do vínculo e Quinta da Anta, que foi Governador do forte de Vila Praia de Âncora, Caminha.
O programa de hoje prossegue na sede do Agrupamento de Escolas António Feijó, à Câmara Municipal de Ponte de Lima, ao monumento erigido ao poeta e diplomata e observação de suas fardas oficiais no Museu dos Terceiros.
Cantor Zeca Afonso descendia pelo lado materno de famílias limianas
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos de seu nome completo, era filho de José Nepomuceno Afonso dos Santos, natural do Fundão, e de Maria das Dores Dantas Cerqueira. Aliás, Zeca Afonso viveu em Ponte de Lima os primeiros três anos de vida, antes de ter sido levado para Angola.
Sua mãe foi professora primária e nasceu em Ponte de Lima nos começos do século XX. Outros antepassados do cantor eram oriundos de Arcozelo e São Martinho da Gandra. Domingos José Cerqueira, seu avô materno, foi professor de instrução primária em Ponte de Lima. Porém quis o destino que José Afonso viesse a nascer em Aveiro, em 2 de agosto de 1929.
Angola, Moçambique, Belmonte, Coimbra, Faro e Setúbal são algumas referências geográficas que se encontram na rota da sua vida. Ponte de Lima é, porventura a menos conhecida. De resto, além de não ter ao que se saiba vivido alguma vez em terras limianas, também não deverá ter encontrado matéria-prima para as suas letras, apesar da fonte de inspiração que o rio Lima sempre constituiu para muitos poetas.
Nasceu em Aveiro, a 2 de Agosto de 1929, resultado, segundo o seu irmão mais velho, João, “da enxertia de uma cepa beirã em vide minhota, ambas transplantadas para a foz do Vouga”.
A “cepa” era José Nepomuceno Afonso dos Santos, natural do Fundão, magistrado, e a “vide” a professora primária Maria das Dores Dantas Cerqueira, nativa de Ponte de Lima, como seus pais, Rosa Augusta Dantas e Domingos José Cerqueira.
Deste seu avô, que Zeca Afonso não conheceu, escrevia Júlio de Lemos ser de “inteligência ricamente dotada” e “a bondade em pessoa” (cf. Anais Municipais de Ponte de Lima, pág. 91).
José Carlos de Magalhães Loureiro, no número 22, ano 2005, de “O Anunciador das Feiras Novas”, páginas 157 a 159, dá-nos relevantes elementos desta personalidade que deixou, para a posteridade, os seus descendentes, destacando-se José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (José Afonso), mas também um papel não negligenciável na história do ensino no nosso país, com marca perene na sua “Cartilha Escolar”, aparecida em 1912.
No dia em que passam 37 anos da morte de José Afonso (José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos) lembramos as suas raízes no distrito de Viana do Castelo com a publicação do assento de baptismo de sua mãe.
Maria das Dores Dantas Cerqueira nasceu a 18 de julho de 1901, na vila de Ponte de Lima. Era filha de Domingos José Cerqueira, professor primário, natural de Santa Maria dos Anjos, vila de Ponte de Lima, e de Rosa Augusta Dantas, natural da freguesia de Santa Marinha de Arcozelo, concelho de Ponte de Lima. Seguindo a carreira de seu pai, professora da instrução primária, casou, em Aveiro, a 22 de abril de 1927, com José Napomuceno Afonso dos Santos, Juiz na carreira judicial ultramarina.
Passam no próximo dia 17 de Janeiro precisamente 100 anos sobre a data do falecimento do ilustre limiano Augusto Joaquim Alves dos Santos.
É sabido que o Concelho de Ponte de Lima possui uma extensa galeria de figuras notáveis como nenhum outro se pode orgulhar. É de igual modo verdade que, por vezes, muitas destas figuras ilustres permanecem durante certo tempo ignoradas por falta de conhecimento, apesar de em vida terem atingido grande notoriedade.
Foto existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, cedida ao autor por aquela entidade
O Dr. Alves dos Santos tem sido precisamente uma dessas figuras ilustres e desconhecidas cuja estatura moral e craveira intelectual em muito prestigiam o nosso concelho.
De seu nome completo Augusto Joaquim Alves dos Santos, o nosso ilustre conterrâneo nasceu em 14 de Outubro de 1866, na Freguesia de Cabração, tendo falecido em 17 de janeiro de 1924 na cidade de Coimbra onde viveu e se distinguiu.
Apesar dos esforços desenvolvidos não conseguimos identificar possíveis descendentes ou outros familiares, nomeadamente na Freguesia de que foi natural. Sabemos unicamente que era filho de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos e Ana Maria Alves Soares.
Não é nosso propósito aqui fazer a sua biografia mas, no caso vertente, não resistimos a enumerar alguns dados biográficos pois o conhecimento do Dr. Alves dos Santos não dispensa apresentação.
Entre os inúmeros cargos que exerceu, o Dr. Alves dos Santos foi Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Ministro do Trabalho e por três vezes eleito deputado pelo círculo de Coimbra entre 1910 e 1921, chegando inclusivamente a presidir à Câmara dos Deputados. Foi ainda Diretor da Biblioteca da Universidade de Coimbra e, um ano após a implantação da República, Chefe do Gabinete do Presidente do Governo provisório.
Foi um eminente teólogo, tendo frequentado o curso de Teologia do Seminário de Braga e recebido ordens sacras. Comendador da Ordem de Santiago em 1904, lecionou Grego e Hebraico no Liceu de Coimbra, Pedagogia, Psicologia e Psicologia Infantil nomeadamente na Escola Normal Superior daquela cidade e, entre inúmeras cadeiras, Pedagogia, Psicologia e Lógica, História da Filosofia e Psicologia Experimental na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
A ele se deveu a instalação do Laboratório de Psicologia daquela Faculdade, no qual também desempenhou as funções de Diretor.
A sua obra literária é igualmente vasta, sendo de destacar os seguintes trabalhos:
- “Concordismo e Idealismo”, publicado em 1900;
- “O Problema da origem da família e do matrimónio em face da Bíblia e da Sociologia”, editado em 1901;
- “A nossa escola primária – o que tem sido e o que deve ser”, em 1910;
- “O ensino primário em Portugal, nas suas relações com a história geral da nação”, em 1913;
- “Elementos de filosofia científica”, em 1918;
- “Portugal e a Grande Guerra” (duas conferências), Coimbra, 1913;
- “Psicologia experimental e Pedagogia”, Coimbra, 1923;
O Dr. Alves dos Santos foi militante do Partido Republicano Nacionalista desde que se extinguira o Partido Republicano Evolucionista do Dr. António José de Almeida.
Sobre o seu perfil político, o periódico “O Despertar” de Coimbra, na sua edição de 19 de janeiro de 1924 afirmava:
“Foi um orador fluente. Tanto da tribuna sagrada como em comícios públicos e mais tarde no parlamento, o sr. Dr. Alves dos Santos era sempre ouvido com o mais vivo interesse.
Conhecedor a fundo da língua, o saudoso extinto era fecundo em maravilhosas imagens, chegando, por vezes, a empolgar a assistência, com o seu gesto largo e manifesta sinceridade que exprimia às suas palavras.
Os seus adversários políticos, nomeadamente, eram os primeiros a reconhecer-lhe o mais formoso talento”.
Ainda segundo o mesmo periódico, o Dr. Alves dos Santos era uma figura “essencialmente popular, sem escusados preconceitos”, “estimadíssimo em Coimbra” e “um amigo devotado das crianças, às quais dedicava os mais vivos afectos”, razão pela qual lhes consagrou muitos dos seus estudos.
O Dr. Alves dos Santos residia no número catorze da rua Alexandre Herculano, na cidade de Coimbra, e faleceu na sequência de “uma horrorosa enfermidade para a qual a sciencia médica é ainda impotente”, conforme noticiava a “Gazeta de Coimbra”, no dia do seu falecimento.
No seu funeral estiveram representadas a Universidade de Coimbra, o Governador Civil do Distrito, os ministros do Interior e do Trabalho, a Câmara Municipal de Coimbra e a Misericórdia local entre numerosas outras entidades. Isto apesar da vontade manifesta do Dr. Alves dos Santos na realização de uma cerimónia fúnebre discreta.
Na Câmara Municipal e no Centro Nacionalista foi içada a bandeira nacional a meia haste e na Câmara dos Deputados foi aprovado um voto de sentimento.
Os restos mortais do Dr. Alves dos Santos encontram-se depositados no Cemitério da Conchada, em Coimbra, mais concretamente na sepultura nº. 16 do leirão nº. 23, conforme notícia publicada em “O Despertar” de 19 de janeiro de 1924.
O seu nome não consta da toponímia da cidade de Coimbra nem do Concelho de Ponte de Lima.
Contudo, como dizia o periódico acima citado na referida edição, o Dr. Alves dos Santos foi um “patriota dos mais eminentes, foi sempre um grande liberal, perdendo o país no saudoso finado um dos seus filhos mais ilustres”.
- Carlos Gomes em “O Anunciador das Feiras Novas”, nº X, Ponte de Lima, 1993
O Dr. Alves dos Santos (segundo a contar da direita) foi Ministro do Trabalho no governo do Dr. Cunha Leal
A foto, publicada na revista “Ilustração Portugueza” de 28 de janeiro de 1922, mostra a visita do Dr. Alves dos Santos, na qualidade de Ministro do Trabalho, ao asilo D. Maria Pia
Notas:
1. Alguns anos após a publicação deste artigo, a Câmara Municipal de Ponte de Lima atribuiu o seu nome a uma das artérias da vila limiana.
2. O Dr. Alves dos Santos não teve descendentes diretos. De acordo com pesquisas genealógicas posteriormente efetuadas pelo autor, Augusto Joaquim Alves dos Santos era oriundo da família Carmo (da Cabração) da qual descendiam os de apelido Santos.
Transcrição:
“Aos vinte e hum dias do mês de outubro do anno de mil e oito centos sasenta e seis n’esta parochial Igreja de Sancta Maria da Cabração, concelho de Ponte do Lima Diocese de Braga Primaz Baptizei Solenemente hum indevido do sexo masculino a quem dei o nome de Augusto Joaquim Santos que nasceo nesta freguesia no dia quatorze de outubro pelas quatro horas da manha do dito mês e anno folho legitimo de Manoel Joaquim Rodrigues dos Santos e Anna Maria Alves Soares natural da freguesia de Sam João da Rebeira e ele natural desta freguesia recebidos (…) de Ponte de Lima mas parochianos Proprietarios e moradores no Lugar da Igreja desta freguesia. Nepto Paterno de Antonio Jose Rodrigues dos Santos já defunto e Anna Joaquina Dantas proprietários e moradores no Lugar de Igreja que he desta freguesia e ella hoje residente na freguesia da Labruje deste concelho Materno de Antonio Jose Alves, Soares digo de Antonio Jose Alves e Mariana Luisa Soares da freguesia de Sam João da Ribeira Lugar de Crasto proprietários e forão Padrinhos o Reverendo Manoel Joaquim Soares thio do Baptizado e Maria Rosa Alves, solteira thia do Baptizado ambos da freguesia de Sam João da Rebeira Lugar de Crasto os quais todos sei serem os próprios. E para constar labrei em duplicado o prezente assento que depois de lido e conferido perante os Padrinhos comigo assinarão Era est supra.
os Padrinhos Manoel Joaquim Soares
Maria Rosa Alves
O Parocho Antonio Raymundo da Cunha Ferreira”
(Arquivo Distrital de Viana do Castelo. Fundo Paroquial de Ponte de Lima – Cabração. Livro de baptismos. Datas extremas: 1855 – 1890. Fls. 33 Cota 3.13.1.32)
REVISTA "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA" NOTICIOU O FALECIMENTO DO DR. ALVES DOS SANTOS
A revista “Ilustração portuguesa” de 26 de janeiro de 1924, publicou a notícia do falecimento do Dr Alves dos Santos.
No dia 3 de setembro passaram 220 anos desde o nascimento de Casimira (Champalimaud de Nussane de Sousa Lira e Castro) na paróquia de Ferreira, concelho de Paredes de Coura. Filha de José Joaquim Champalimaud de Nussane de Sousa Lira e Castro, distinto militar na defesa de Portugal contra as invasões napoleónicas, e de Maria Clara de Sousa Lira e Castro, do Paço de Ferreira.
O seu bisneto, António de Sommer Champalimaud, industrial que marcou o século XX português, aquando da sua morte, em 2004, deixou cerca de 500 milhões de euros para a constituição da Fundação D. Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud. A terceira, segundo a Forbes, maior fundação portuguesa, dedica-se primordialmente ao desenvolvimento de programas avançados de investigação biomédica e à prestação interdisciplinar de cuidados clínicos.
Passa no próximo dia 17 de Janeiro de 2024 precisamente o 1º centenário do falecimento em Coimbra do Dr. Alves dos Santos. De seu nome completo Augusto Joaquim Alves dos Santos, nasceu em 14 de Outubro de 1866 na Freguesia de Santa Maria da Cabração, concelho de Ponte de Lima, e faleceu na cidade de Coimbra. Era filho de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos e de Ana Maria Alves Soares.
A atribuição do seu nome a um estabelecimento de ensino em Ponte de Lima como seu patrono seria a homenagem mais digna a dar a conhecer a personalidade e a obra de um dos mais ilustres limianos
O Dr. Alves dos Santos – um dos mais ilustres filhos de Ponte de Lima – foi o pioneiro do estudo e investigação da psicologia no nosso país, continuando a sua obra a ser estudada pelos mais notáveis académicos decorridos mais de oito décadas desde a data do seu desaparecimento. A obra que publicou em 1923,“Psicologia Experimental e Pedologia”, é considerada aliás um marco“na história da psicologia em Portugal pelo seu pioneirismo e importância histórica”.
Figura controversa, padre apóstata, monárquico convertido ao republicanismo, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É apontado como o principal autor da reforma do ensino primário de 1911. Pioneiro em Portugal da Psicologia Experimental, criou o primeiro laboratório nesta área. Conhecia em profundidade os principais psicólogos europeus do seu tempo, tendo privado com Henri Piéron (colaborador de Binet), cursou no Instituto Jean-Jacques Rosseau, em Genebra, com Edouard Claparède e Paul Godin.
De seu nome completo Augusto Joaquim Alves dos Santos, o nosso ilustre conterrâneo nasceu em 14 de Outubro de 1866, na Freguesia de Cabração, tendo falecido em 17 de janeiro de 1924 na cidade de Coimbra onde viveu e se distinguiu.
Entre os inúmeros cargos que exerceu, o Dr. Alves dos Santos foi Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Ministro do Trabalho e por três vezes eleito deputado pelo círculo de Coimbra entre 1910 e 1921, chegando inclusivamente a presidir à Câmara dos Deputados. Foi ainda Diretor da Biblioteca da Universidade de Coimbra e, um ano após a implantação da República, Chefe do Gabinete do Presidente do Governo provisório.
Foi um eminente teólogo, tendo frequentado o curso de Teologia do Seminário de Braga e recebido ordens sacras. Comendador da Ordem de Santiago em 1904, lecionou Grego e Hebraico no Liceu de Coimbra, Pedagogia, Psicologia e Psicologia Infantil nomeadamente na Escola Normal Superior daquela cidade e, entre inúmeras cadeiras, Pedagogia, Psicologia e Lógica, História da Filosofia e Psicologia Experimental na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
A ele se deveu a instalação do Laboratório de Psicologia daquela Faculdade, no qual também desempenhou as funções de Diretor.
A sua obra literária é igualmente vasta, sendo de destacar os seguintes trabalhos:
“Concordismo e Idealismo”, publicado em 1900;
“O Problema da origem da família e do matrimónio em face da Bíblia e da Sociologia”, editado em 1901;
“A nossa escola primária – o que tem sido e o que deve ser”, em 1910;
“O ensino primário em Portugal, nas suas relações com a história geral da nação”, em 1913;
“Elementos de filosofia científica”, em 1918;
“Portugal e a Grande Guerra” (duas conferências), Coimbra, 1913;
“Psicologia experimental e Pedagogia”, Coimbra, 1923.
A foto, publicada na revista “Ilustração Portugueza” de 28 de janeiro de 1922, mostra a visita do Dr. Alves dos Santos, na qualidade de Ministro do Trabalho, ao asilo D. Maria Pia
Transcreve-se o assento paroquial de batismo de Manoel Joaquim Rodrigues dos Santos, pai de Augusto Joaquim Alves dos Santos, também ele natural da Freguesia de Cabração, concelho de Ponte de Lima, cuja imagem junto se reproduz.
“Manoel Joaquim filho legitimo de Antonio Jose Rodriguez dos Sanctos, e de Anna Joaquina Dantas do Lugar da Egreja desta freguesia de Santa Maria da Cabração julgado de Ponte de Lima; nasceo no dia quinze de Agosto de mil oito centos trinta, e nove, foi baptizado solenemente na pia Baptismal desta Igreja, com imposição dos sanctos oleos, no dia dezoito do ditto mês, por mim padre Joao Antonio Pereira de Amorim Paroco desta Igreja. Forao padrinhos, Joao Antonio Rodrigues, solteiro (…) Maria Joanna Rodrigues solteira ambos (…) e do mesmo Baptizado. Nepto Paterno de Joao Rodrigues dos Sanctos, e de Maria Affonso do Lugar da Igreja desta mesma (…) materno do Padre Manoel Jose de (…), e de Rosa Maria de Antas solteira, ambos da freguesia da Labruje, Lugar do Socorro. Pª constar fiz este assento que assino: era dia mês comes est. Supra.
O Paroco Joao Antº Perª de Amorim Vigº”
(Arquivo Distrital de Viana do castelo. Fundo paroquial de Ponte de Lima – Cabração. Livro de baptismos. Nº. do livro: 2 Fls 4 Cota 3.13.1.31)
O Dr. Alves dos Santos (segundo a contar da direita) foi Ministro do Trabalho no governo do Dr. Cunha Leal
A revista “Ilustração portuguesa” de 26 de janeiro de 1924, publicou a notícia do falecimento do Dr Alves dos Santos.
A casa do Carmo, assim designada por ter pertencido a uma família com esse apelido (antecessora dos Santos), conserva na fachada o escudo nacional que evoca a adesão do seu antigo proprietário à "Monarquia do Norte" em 1919
A revolta conhecida por “Monarquia do Norte” estalou no Porto em 1919 sob o comando de Paiva Couceiro. O movimento obteve enorme adesão em quase toda a região norte do país. Ponte de Lima não foi excepção à regra e aqui, a freguesia da Cabração foi uma das que contou com numerosos adeptos à causa monárquica.
Alguns partiram para a linha da frente dar combate às forças republicanas. O entusiasmo levou António Manuel Gomes – um dos partidários da causa realista – a içar a bandeira monárquica na sua própria casa, sita no lugar de Além.
Executado por um tio a seu pedido, a casa ainda ostenta na fachada o escudo nacional sem coroa real, a testemunhar ocorrências históricas com mais de um século.
Este tema foi abordado na edição de 1994 da revista “O Anunciador das Feiras Novas” que se publica em Ponte de Lima.
António Manuel Gomes e esposa, Maria Joaquina dos Santos (prima em 1º grau do Dr. Augusto Joaquim Alves dos Santos). A foto data do início do século XX.
Transcrição do assento de Baptismo de António Manuel Gomes, em 1881, na Igreja Paroquial de Santa Maria da Cabração.
Certidão de baptismo de António Manuel Gomes
Cabração. 9/9/1881 – f. Cabração. 26/8/1965
Aos quinze dias do mêz de septembro do anno de mil oito centos oitenta e um, n’esta parochial Egreja de Sancta Maria da Cabração, concelho de Ponte do Lima, Archidiocese de Braga Primaz, baptizei solennemente e pûz os sanctos olêos a um individuo do sexo masculino a que dei o nome de Antonio, que nascêo n’esta freguezia no dia nove do ditto mêz e anno pelas dêz horas da manhã, filho legitimo e primeiro d’este nome de João Luiz Gomes e sua mulher Anna Maria de Mattos, lavradores, naturaes e moradores no lugar da Ballouca, que é d’esta freguezia, n’ella recebidos e d’ella parochianos; nepto paterno de Manoel Antonio Gomes e de sua mulher Bernardina Joanna Alves, lavradores, naturaes e moradores no lugar da Escuza, que é d’esta freguezia; e materno de João Manoel de Mattos e de sua mulher Maria do Carmo, lavradores, naturaes e moradores no lugar d’Alem, que é d’esta freguezia. Foram seos padrinhos João Manoel de Mattos Junior, solteiro, tio do baptizado, lavrador, natural e morador no lugar d’Alem que é d’esta freguezia, e Emilia d’Azevedo de Mattos, solteira, tia do baptizado, lavradora natural e moradora no lugar d’Alem que é d’esta freguezia, os quaes todos sei serem os proprios. E para constar lavrei em duplicado o presente assento, que depois de ser lido e conferido perante os padrinhos, o passo a assignar, e junctamente o padrinho e madrinha por saberem lêr e escrever. Erat est supra.
O Paço de Lanheses pertence aos condes de Almada e Avranches desde o século XIX.
A 30 de Março de 1818, o conde D. Antão José Maria de Almada aceita casar em Lisboa com a herdeira desta propriedade, D. Maria Francisca de Abreu Pereira Cirne Peixoto, filha única de Sebastião de Abreu Pereira Cirne Peixoto, 1º senhor da então Vila Nova de Lanhezes.
Ao fazê-lo assume o seu lugar na casa, que pertencia à família desde o século XVI.
Hoje a sua representação está em D. Lourenço José de Almada, nascido em Abril de 1961, natural de Lanheses, pai de três filhos, que a reparte com sua mãe e seus quatro irmãos.
Falar dos antepassados desta tão antiga e aristocrática família é o mesmo que falar da História de Portugal. Por terra e por mar, com carácter e nobreza cavalheiresca, os Almada lutaram sempre pelos seus ideais e pela pátria, participando em acontecimentos com influência no resto da Europa e do Mundo.
Não assumindo actualmente uma participação directa na governação da sua nação, primeiro pela Monarquia Constitucional e depois pela República, em cujas políticas nunca se reviu, assiste com preocupação à má gestão do Património e Tradições que tem como seu legado.
“Manuel Joaquim filho legítimo de Antonio Jose Rodriguez dos Sanctos, e de Anna Joaquina Dantas do lugar da Egreja desta freguezia de Sancta Maria da Cabração julgado de Ponte doLima; nasceo no dia quinze de Agosto de mil oito centos trinta, e nove, foi baptizado solenemente na pia Baptismal deste Igreja, com imposição dos sanctos oelos, no dia dezoito do ditto mês, por mim Padre Joao Antonio Pereira de Amorim Paroco desta Igreja. Forao padrinhos, Joao Antonio Rodrigues solteiro, (…) Maria Joanna Rodrigues solteira ambos (…) e do mesmo Baptizado. Nepto Paterno de João Rodrigues dos Sanctos, e de Maria Affonso do Lugar de Igreja desta mesma materno do Padre Manoel Jose de (…), e de Rosa Maria de Antas solteira, ambos da freguezia da Labruje, Lugar do Socorro, Pª constar fiz este assento que assino: era dia e mês est supre.
O Paroco Joao Antº Perª de Amorim Vigº”
Transcrição do assento de baptismo de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos, pais de Augusto Joaquim Alves dos Santos.
Fonte: Arquivo Distrital de Viana do Castelo. Fundo Paroquial de Ponte de Lima – Cabração. Livro de batismos. Nº. do livro: 2. Fls. 4 Cota 3.13.1.31.
Foto existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, cedida ao autor
Cantor Zeca Afonso descendia pelo lado materno de famílias limianas
Passam precisamente 36 anos desde a data do falecimento do cantor José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos - vulgo Zeca Afonso.
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos de seu nome completo, era filho de José Nepomuceno Afonso dos Santos, natural do Fundão, e de Maria das Dores Dantas Cerqueira. Aliás, Zeca Afonso viveu em Ponte de Lima os primeiros três anos de vida, antes de ter sido levado para Angola.
Sua mãe foi professora primária e nasceu em Ponte de Lima nos começos do século XX. Outros antepassados do cantor eram oriundos de Arcozelo e São Martinho da Gandra. Domingos José Cerqueira, seu avô materno, foi professor de instrução primária em Ponte de Lima. Porém quis o destino que José Afonso viesse a nascer em Aveiro, em 2 de agosto de 1929.
Angola, Moçambique, Belmonte, Coimbra, Faro e Setúbal são algumas referências geográficas que se encontram na rota da sua vida. Ponte de Lima é, porventura a menos conhecida. De resto, além de não ter ao que se saiba vivido alguma vez em terras limianas, também não deverá ter encontrado matéria-prima para as suas letras, apesar da fonte de inspiração que o rio Lima sempre constituiu para muitos poetas.
Domingos Cerqueira – autor da “Cartilha Escolar” e tio materno de Zeca Afonso – nasceu em Ponte de Lima!
Sua Alteza Real O Senhor Dom Afonso de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael, 9º príncipe da Beira e por mercê d’El Rei D. Sebastião I, 20º duque de Barcelos, nasceu a 25 de Março de 1996.
Afonso foi baptizado na Sé Catedral de Braga no dia 1 de Junho de 1996. Foi celebrado pelo Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira. Teve como padrinhos, D. Afonso de Herédia, irmão da Duquesa de Bragança e a Princesa Elena Sofia de Bourbon e Sicilles. No dia seguinte, foi Consagrado à Senhora da Oliveira, na Igreja de Santa Maria da Oliveira, em Guimarães, cerimónia celebrada por Monsenhor José Pinto de Carvalho.
De acordo com informações cedidas pelo Comendador Adelino Tito Morais na sequência de investigações por si efectuadas, “a ascendência materna de António Feijó vai à Quinta da Bemposta na Cabração, e também no Bárrio. Do avô, o tal Pereira Lima Sampaio, advogado em Ponte de Lima e depois Corregedor em Barcelos, encontrei há anos em pesquisas notariais em Viana do Castelo, empréstimo efectuado por ele, a juro, para um vizinho.”
No seu assento de baptismo – à época ainda não existia registo civil – o qual é extraído do livro de baptismos da Paróquia de Ponte de Lima (Vila), nº 11, fls. 212, à guarda do Arquivo Distrital de Viana do Castelo, (cota 3.15.1.13), consta o seguinte:
“António filho legítimo de José Agostinho Castro Correa Feijó, natural da Freguezia de Santa Marinha de Rouças do Concelho de Melgaço e de Joanna do Nascimento Malheiro Sampaio natural desta Freguezia moradores na Rua Direita desta Freguezia nepto paterno de Joaquim Thomaz Correa Feijó, e Dona Cartona Delfina de Lima Azevedo Souza e Catro da Freguezia de Bouças do Concelho de Melgaço, sendo aquelle natural da Freguezia de Calheiros deste Concelho de Ponte do Lima, materno do Doutor Desembargador António Caetano Pereira de Lima Sampaio, solteiro, já fallecido e Dona Clemência Dias Malheiro, solteiros ambos desta Villa, nasceo no dia primeiro do mez de Junho de mil oito centos e cincoenta e nove e no dia seis do dito mex e anno foi Solenemente Baptizado com imposição dos Santos óleos, na pia Baptismal de Santa Maria dos Anjos, da dita Villa de Ponte de Lima digo de São Salvador da Feitosa deste Concelho, (…) pelo Reverendo Parocho Encomendado António José Fernandes, Padrinhos o Reverendo António Correa Feijó Reytor de Victorino das Donas deste Concelho e (…) Dona Anna Cândida de Castro Pimenta Feijó representada por seu sobrinho José Joaquim de Castro Pimenta Feijó, irmão do Baptizado. Em fé do que fiz este assento que assigno hoje 6 de Junho de 1859. (...) José António da Cunha"
Fonte: Carlos Gomes. António Feijó – Nasceu há (quase) século e meio!. O Anunciador das Feiras Novas. Ano XXII. 2005
Inventariado: José Manuel Domingues, casado com a inventariante, morador que foi na freguesia de Cabração, Ponte de Lima, falecido em 24 de novembro de 1921. Inventariante: Maria Clara de Matos, a viúva, moradora na freguesia de Cabração, Ponte de Lima.
“Francisco Teixeira de Queiroz - Livro Família, Casa, Obra, Ascendência e Descendência”, da autoria do seu bisneto, Luís Filipe Teixeira de Queiroz de Barros Pinto, constitui uma obra ímpar a apresentar um dos mais ilustres filhos de Arcos de Valdevez – e do Minho: o escritor Francisco Teixeira de Queiroz.
Natural de Arcos de Valdevez (1848), Teixeira de Queiroz cedo se afirmou como romancista e contista, sendo um fiel e representativo seguidor da escola naturalista/realista, de tal forma que António José Saraiva e Óscar Lopes, na História da Literatura Portuguesa, comparam o talento deste escritor ao de Eça de Queiroz, colocando-o como um dos mais importantes expoentes literários portugueses do seu tempo.
Francisco Teixeira de Queiroz por Columbano Bordalo Pinheiro
O livro incide em quatro áreas distintas. Iniciado com a primeira geração em Arcos de Valdevez, refere assim a chegada do pai, o casamento com a mãe arcuense, a descendência e a incidência no primeiro e único filho, Francisco, com a sua infância, o percurso académico, com a ida para a escola aos 7 anos, a saída aos 12 para o liceu em Braga, a chegada aos 19 à Universidade de Coimbra e o aparecimento do Escritor.
Segue-se a área das Letras. A obra literária do escritor, realista naturalista, com a Comédia do Campo, onde todo o Minho é descrito em pormenor, e com a Comédia Burguesa, a mesma forma de análise e de estilo, mas a incidir sobre a vida da sociedade citadina. Os seus pensamentos políticos e sociais também são apresentados de forma textual.
Com o terceiro capítulo, surge a sua vida pública, resultante da actividade política, da administração de empresas e da Academia das Ciências.
Na política, fazendo parte de uma geração essencialmente doutrinária, que o fazia estar de forma mais consentânea com a sua personalidade e logo mais longe das movimentações partidárias no terreno. Francisco Teixeira de Queiroz foi Deputado às Cortes na Legislatura de 1893 e eleito novamente Deputado em 1911. Em 1915, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros no Governo de José de Castro.
Na Academia foi Vice-Presidente e eleito Presidente em 1913.
Por último, as empresas. Administrador e accionista elegivel na Companhia das Águas de Lisboa, na Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e na Companhia das Lezírias, onde exerceu uma actividade reconhecida e de longa duração.
O quarto e último capítulo e, não menos importante, incide sobre a Genealogia do escritor.
Vista geral da fachada principal do Palácio da Giela, em Arcos de Valdevez, que foi dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira, mais tarde Marqueses de Ponte de Lima. É constituído por dois corpos distintos, ambos denticulados de ameias: o torreão medieval (séc. XIV), da construção primitiva, e a residência paçã, de estrutura quinhentista. A torre, de planta quadrangular, é provida de seteiras e de um balcão de mata-cães.
A residência senhorial, forma uma vasto rectângulo com quatro fachadas. Está arrimada ao torreão e tem um andar graciosamente rústico e acolhedor.
O Paço de Giela (monumento nacional), teve, em 1662, importante função histórica quando o governador de armas de Castela, D. Baltazar de Roxas Pantoja, ali estabeleceu o seu quartel-general, numa enérgica ofensiva sobre o Minho.
Ainda na paróquia de Giela, a Casa do Requeijo, residência palaciana setecentista (meados do séc. XVIII), com duas torres coroadas com ornatos escultóricos.
Pormenor duma janela quinheitista do Paço da Giela, Solar dos Limas, em Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo.
Vista parcial da fachada Oeste e da torre de menagem do Paço da Giela, ou Solar dos Limas, no Lugar do Paço, próximo da Estrada Nacional 202, no concelho dos Arcos de Valdevez.
Vista geral da fachada poente do Paço da Giela, ou Solar dos Limas e da zona envolvente, no Lugar do Paço, próximo da Estrada Nacional 202, no concelho dos Arcos de Valdevez.