Ponte de Lima comemora 900 anos da atribuição do Foral por D. Teresa. As Feiras Novas – porventura uma das mais grandiosas e concorridas festas que têm lugar no Minho – deverão este ano serem as maiores de sempre.
As Feiras Novas de Ponte de Lima – assim designadas para se distinguirem das “feiras velhas” ou seja, do mercado medieval cujas origens perdem-se nos tempos e que pela primeira vez aparecem referidas na carta de foral atribuída por D. Teresa em 1125 – foram instituídas em 1826, por autorização do rei D. Pedro IV, em assentimento ao pedido feito pelos moradores da vila no ano anterior.
A partir de então, a tradicional festa em honra de Nossa Senhora das Dores passou a incluir três dias de feira, com as suas atrações e divertimentos, acrescentando a componente profana às habituais celebrações religiosas.
Nas Feiras Novas de Ponte de Lima não faltam as típicas rusgas e os cantares ao desafio, os ranchos folclóricos e os grupos de zés pereiras, cabeçudos e gigantones… o vinho verde jorra nas malgas e a alegria enche os corações!
As Festas do Concelho de Ponte de Lima, edição de 2024 resultaram mais uma vez em “contas certas”, anunciou o Presidente da Direcção da Associação Concelhia das Feiras Novas. O vereador Gonçalo Rodrigues anunciou a boa notícia no decorrer duma reunião final de balanço do megaevento com a comissão de festas e colaboradores , agradecendo a colaboração e envolvimento de todos para o cumprimento do programa, o envolvimento nos festejos e mais um ano da sua execução.
No decorrer do encontro, o líder da instituição salientou ainda que 2025 será o ano de preparação do bicentenário da Festa – Romaria, pois no seguinte comemorar-se-ão os 200 anos da sua fundação ocorrida a 5 de Maio de 1826, por petição dos moradores da vila de Ponte de Lima para uma maior solenidade à celebração em honra de Nossa senhora das Dores, com seu altar na Igreja Matriz.
Com boa execução orçamental num plano concretizando e envolvendo cera de meio milhão de euros de investimento para seis dias de festa e folguedo, as Feiras Novas de Ponte de Lima prosseguem assim uma trajectória positiva, depois de algum tempo de sobressalto financeiro.
Entretanto, com a celebração dos 900 anos da fundação de Ponte de Lima através da Carta de Foral concedida por D. Teresa a 4 de Março de 1125, o município e as Festas associam-se á efeméride! É que, no documento régio a assinalar nove séculos dentro de dois meses, há referência à feira de Ponte, a mais antiga do país, portanto, tal como a vila, também anterior à Nacionalidade E, o mercado rural limiano foi também integrante no motivo para no reinado de D. Pedro IV surgirem as Feiras Novas, as Festas de Setembro, ou a Festa (da Senhora) das Dores como são citadas em vários documentos que conhecemos.
Publicamos hoje mais umas notas sobre o roteiro – Nos Passos de António Feijó em Ponte de Lima – aquando nas passadas Feiras Novas recebemos os descendentes suecos do nosso ilustre conterrâneo. Desta vez, registamos o encontro com o Pároco da vila, Arca e Feitosa, Mons. José Caldas, e visita á Residência Paroquial, pois lá decorreram refeições do casal Feijó, por ocasião das Festas á Senhora das Dores em 1909.
Sabemos por carta do autor das Bailatas, datada de 12 de Setembro do supracitado ano de 1909, que as Feiras Novas de então decorreram de 18 a 20 de Setembro, mas com tristeza! O poeta na missiva seguinte, escrita a 28 do mesmo mês, faz-nos o relato da estadia na capital da Ribeira Lima: provenientes de Viana do Castelo, almoçaram no solar de Bertiandos (como já acontecera na deslocação no Outono de 1900), mas a caminho da vila começou uma “… chuva torrencial”, a qual “ … nunca mais … sessou de cair até 1h da madrugada”.
Os turistas, provenientes da Europa do Norte, parecem repartiram as férias entre a capital do distrito e a nossa vila, aqui hospedando-se na casa do extinto Banco Agrícola, Comercial e Industrial de Ponte deLima, que lá funcionou entre 1875-1881, prédio hoje ocupado pelo “Sabores do Lima”. Mandado construir por João Inácio da Cunha e Sousa, antepassado do comendador Russel de Sousa que comprou a Casa da Torre das Donas e lá mandou colocar o portal de Nicolau Nasoni proveniente do palácio do Freixo, Porto, cidade onde residia e foi empreendedor da Litografia Nacional, o edifício passou depois a propriedade de José rodrigues de Sousa, regressado da Baía, Brasil, onde foi empresário têxtil, que cerca de 1886 comprou a Quinta da Roseira, às portas da Correlhã; o benfeitor limiano, trisavô do nosso amigo e bibliófilo Limiano Pedro Moreira Braga, residente na Póvoa de Varzim, era sogro de Benjamim Vieira Lisboa, da Casa da Freiria em Arcozelo, que sabemos entre 1902-06 exerceu o notariado em Ponte de Lima, e casara com Corina Rodrigues de Sousa, fixando residência no então denominado Campo (das Corridas) dos Touros, hoje Largo Rodrigues Alves, que foi Presidente do país-irmão, cujo pais eram da Correlhã, Ponte de Lima.
Se o descanso do nosso diplomata na Escandinávia nas vésperas da República ocorrera no centro da romaria, o mesmo não aconteceu com as refeições. Foi o caso de, para alivar da intempérie, visitaram no dia de chegada, na Rua do Souto um amigo, pai do alfaiate de seu progenitor, a “…casa do Araújo Lima que nos forneceu uma canja aguada mas reconfortante”, informa António Feijó na sua correspondência ao amigo Luís de Magalhães, de Moreira da Maia, em carta já enviada da Casa de Vilar, em Lousada, de seu sobrinho Rui.
O amigo em questão, recordemos, João Inácio de Araújo Lima (1868-1941), era íntimo de Feijó e gastrónomo, a quem o conterrâneo ofertava seus livros e outros sobre culinária, para o confessor da Rainha D. Amélia, professor no Liceu Camões em Lisboa e deputado da Nação, preparar suas iguarias … e inovar em outras! Por sua disposição testamental, o sacerdote-político, legou a sua casa para Residência do pároco da sede do concelho, e a selecta biblioteca à Confraria do Espírito Santo, desde há mais de trinta anos integrada no Instituto Limiano – Museu dos Terceiros.
Mas, os momentos de comida nesse descanso para vivência das Feiras Novas, realizaram-se isoladamente, entre amigos, principalmente. De acordo com informações dos saudosos Conde de Aurora, Coronel Alberto Sousa Machado e Cónego Barbosa Correia, houve Sarrabulhos na Casa do Rego em Calheiros, e na do médico Amândio Lisboa na Correlhã… pelos entretantos, umas conversas á mesa do café Camões, hoje Confeitaria Havaneza, completou o enauadramento social do programa, da presença dos primeiros Feijós da Suécia, e que 115 anos depois, os (actuais) Feijós da Suécia, percorreram, calcorrearam, em nossa companhia e de mais colegas do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima.
Filho de Júpiter e de Juno, Vulcano – Hefesto na mitologia grega – era o deus romano do fogo. Na mitologia grega, seu culto era centralizado em Lemnos, mas outras cidades, como Atenas, possuíam templos e realizavam importantes rituais para esse deus, que era o patrono dos ferreiros.
Ponte de Lima iluminou-se a noite passada com um imponente espetáculo inolvidável de fogo-de-artifício a iluminar os céus e a terra, digno dos deuses antigos que também os limianos celebraram antes de se converterem ao Cristianismo.
Com efeito, remonta a milhares de anos Antes de Cristo a descoberta na China do fogo-de-artifício. Foram, porém, os gregos e os árabes que trouxeram para a Europa e, nomeadamente para a Península Ibérica o conhecimento desta arte. Inicialmente ligada nas culturas orientais à celebração de rituais de exorcização dos maus espíritos e, entre os povos árabes e islamizados, a práticas alquimistas, a pirotecnia encontra-se presentemente associada a ocasiões festivas e outras manifestações caraterizadas por momentos de alegria e felicidade dos povos ou das comunidades.
Constituindo o Minho uma região particularmente festiva e marcada pela exuberância das suas festas e romarias, bem definidoras do caráter alegre e jovial das suas gentes, o espetáculo do fogo-de-artifício tornou-se bastante apreciado ao ponto de não haver cidade ou aldeia, por mais recôndita e insignificante que seja, que não possua a sua demonstração por ocasião da festa à padroeira e ainda, no período pascal, a acompanhar o compasso ou visita pascal.
Este fascínio do minhoto pelo espetáculo de luz e cor que o fogo-de-artifício proporciona e que, aliás, se manifesta de igual modo no traje, no artesanato, nas decorações das romarias, enfim, em muitas formas na maneira de viver do minhoto, levou-o ainda a tornar-se um exímio pirotécnico e dominar as suas técnicas de produção, ao ponto de se encontrarem aqui os melhores artistas e industriais de fogo-de-artifício – e a pirotecnia do Minho encontrar-se atualmente entre as mais reconhecidas do mundo!
Os vinte elementos que enformam a comissão organizadora das Feiras Novas terminaram esta madrugada o seu trabalho.
Após meses de preparação do megaevento com seis dias e noites de programação tudo encerrou esta madrugada com a solene procissão ao fim da tarde, presidida pelo bispo da diocese, D. João Lavrador.
A edição deste ano das Festas do Concelho de Ponte de Lima registaram o pico de afluência nas noites de quarta-feira, sábado e segunda-feira.
Entre centenas de milhares de participantes nas Feiras Novas há a salientar as presenças das ministras da Administração Interna e a da Saúde aqui com o delegado da Ordem dos Médicos na região norte e os descendentes suecos do poeta e diplomata António Feijó, um dos mais estimados Limianos.