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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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EM TORNO DA MOBILIDADE – UM LIVRO DE MARIA BEATRIZ ROCHA-TRINDADE

  • Crónica de Daniel Bastos

No decurso das últimas décadas o estudo sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com um conjunto diversificado de atividades e trabalhos que têm dado um importante contributo para o conhecimento da emigração portuguesa.

Autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, onde se destacam, entre outros, os livros Sociologia das Migrações (1995), Migrações - Permanência e Diversidade (2009), A Serra e a Cidade - O Triângulo Dourado do Regionalismo (2009) ou Das Migrações às Interculturalidades (2014). E colaboradora habitual de revistas científicas internacionais neste domínio, Maria Beatriz Rocha-Trindade, nascida em Faro, e Doutorada pela Universidade de Paris V (Sorbonne) e Agregada pela Universidade Nova de Lisboa (FCSH), é uma das cientistas sociais que mais tem contribuído para o conhecimento da emigração portuguesa.

Professora Catedrática Aposentada na Universidade Aberta, foi responsável pela fundação nos inícios dos anos 90, nesta instituição de ensino superior público, do Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais (CEMRI). Um centro pioneiro na área das Migrações e Relações Interculturais, que conta atualmente com mais de meia centena de investigadores, e que tem dinamizado ao longo dos últimos anos uma intensa pesquisa interdisciplinar e formação avançada na área das migrações e das relações interculturais em contexto nacional e internacional.

O pioneirismo da insigne académica e investigadora está igualmente expresso na introdução em Portugal do ensino da sociologia das migrações, primeiro na Universidade Católica, no curso de Teologia, em 1994, e dois anos depois, na Universidade Aberta, a nível de licenciatura e de mestrado. Membro de diversas organizações científicas portuguesas e estrangeiras, designadamente da Comissão Científica da Cátedra UNESCO sobre Migrações, da Universidade de Santiago de Compostela, do Museu das Migrações e das Comunidades, criado em 2001 por deliberação do Município de Fafe, e da Comissão Científica do Centro de Estudos de História do Atlântico/CEHA, a Professora Maria Beatriz Rocha-Trindade, coordena presentemente a Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa.

O percurso de vida singular e o trabalho académico laborioso da Professora Catedrática Maria Beatriz Rocha-Trindade, Titular da Ordem Nacional do Mérito, de França, com o grau de Cavaleiro, da Medalha de Mérito do Município de Fafe, da Medalha de Ouro do Município do Fundão e da Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, de Portugal, estão sublimemente sintetizados nas palavras do geógrafo Jorge Malheiros: “a investigação em migrações em Portugal não seria a mesma coisa sem a Professora Maria Beatriz Rocha-Trindade”.

Genuína fonte de inspiração, e com uma capacidade inesgotável de investigação assente num modelo de partilha de conhecimento e de trabalho em rede, a Professora Maria Beatriz Rocha-Trindade presenteou-nos, no início deste ano, com um novo e relevante livro, intitulado Em Torno da Mobilidade – Provérbios, expressões e frases consagradas.

A sua obra mais recente, uma publicação bilingue (português e inglês), profusamente ilustrada, com chancela das edições Almaletra, desponta no âmbito de palestras apresentadas nos dezassete colóquios internacionais que tiveram lugar em Tavira sobre o tema dos Provérbios. Sendo constituída por oito capítulos: “Potencialidades simbólicas da imagem no quadro do percurso migratório”; “Nós e os outros. Preconceitos e estereótipos”; “Árvore das patacas – Origem da expressão”; “Migrações portuguesas – a utilização da simbologia tradicional na captação de poupanças”; “Os provérbios na atividade comercial”, “Sonhos de pedra e cal, espaços e tempos” e “Homenagear quem parte”.

Como confluem Domingo Gonzalez Lopo, Professor da Universidade de Santigo de Compostela, e Rui Soares, Presidente da Associação Internacional de Paremiologia, prefaciadores do livro, Em Torno da Mobilidade reforça o conhecimento sobre as perspetivas que caracterizam um dos mais importantes fenómenos sociais, presente ao longo de toda a História de Portugal – as migrações. 

De facto, com o livro Em Torno da Mobilidade – Provérbios, expressões idiomáticas e frases consagradas, descobrimos, aprendemos, ficamos a conhecer porque utilizamos certas palavras, expressões, na linguagem corrente, mas também símbolos e uma cultura que é necessário preservar e divulgar. Expressões como “Árvore das Patacas”, que nos remete para a árvore de origem asiática que foi trazida para o ocidente, e que designa tanto na vertente popular como vertente literária o enriquecimento rápido e sem esforço.  

Conta-se que o imperador D. Pedro I, por brincadeira, escondia moedas (patacas) nas flores desta árvore de origem asiática no Brasil. Com o tempo as flores fechavam-se, mantendo a moeda dentro do fruto, depois o soberano pegava num desses frutos, abria-o diante de todos, dizendo que no Brasil o dinheiro nascia até em árvores. A utilização desta expressão no contexto migratório de Portugal para o Brasil, identifica simbolicamente a riqueza almejada.

Ou símbolos expressivos como “as malas”, que ilustram a capa do livro, e que como refere a autora ao longo dos vários ciclos migratórios “mudaram de configuração e, embora diferentes, continuam a assegurar a ligação simbólica que sempre tiveram com a mobilidade. É o caso paradigmático da “mala de cartão”, símbolo da emigração “a salto” dos anos 60, celebremente cantada por Linda de Suza.

Neste sentido, o livro Em Torno da Mobilidade é um novo e relevante contributo para o conhecimento da emigração lusa, destinando-se a educadores, professores, entidades públicas e privadas, em suma, ao público em geral que valoriza e reconhece o papel preponderante da Diáspora na projeção de Portugal no mundo.

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FAFE ACOLHE CAMPEONATO DO MUNDO DE ENDURO EM ABRIL

Com o apoio do Município de Fafe, a Natureza Alternativa – Associação Cultural e Desportiva irá organizar o ACERBIS GP Portugal Fafe 2024, a realizar no concelho de Fafe de 5 a 7 de abril de 2024. Amanhã, 13 de março às 12h00, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Fafe, irá decorrer a conferência de imprensa, onde será apresentada esta prova de Enduro.

A prova será a 1ª jornada pontuável para o Campeonato do Mundo de Enduro de 2024. O evento desenrolar-se-á em conformidade com o código desportivo da FIM, os seus anexos e de acordo com toda outra deliberação final aprovada pelo júri da prova. A competição terá o seu início e fim na cidade do Fafe.

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OPERETA MARIA DA FONTE ESTREIA EM FAFE

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O Pavilhão Multiusos de Fafe recebe, a 6 de abril, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Artave, bem como alguns dos mais reconhecidos solistas da atualidade: Cátia Moreso, Luís Rodrigues, Marco Alves dos Santos, Inês Simões, Eduarda Melo, João Merino e Tiago Matos para a realização da moderna Opereta Maria da Fonte.

Em contagem decrescente para as celebrações dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, a opereta MARIA DA FONTE vem relembrar os ideais de liberdade, emancipação feminina e de luta.

Bilhetes disponíveis na ticketline; https://ticketline.sapo.pt/.../sessao/104689_913_1712415600

MESTRE-PINTOR FAFENSE ORLANDO POMPEU VOLTA A EXPOR NA SUÍÇA

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Orlando Pompeu

No decurso do mês de março, o mestre-pintor Orlando Pompeu, detentor de uma obra que está representada em variadas coleções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Suíça, Inglaterra, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Dubai e Japão, inaugura uma nova exposição individual no território helvético.

Neste regresso à Suíça, país da Europa Central onde o artista plástico nos últimos anos tem realizado mostras artísticas coroadas com sucesso e granjeado vários colecionadores e admiradores, Orlando Pompeu inaugura no dia 28 de março, na Galeria 111, uma galeria de arte na cidade de Zurique, uma exposição intitulada “Contextos Gestuais”. Trata-se de conjunto significativo pinturas de aguarelas, reveladoras da singular criatividade e talento de um dos mais conceituados artistas plásticos portugueses da atualidade.

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Galerie 111

Com uma carreira de quase quarenta anos, bem como um currículo nacional e internacional ímpar, Orlando Pompeu nasceu no concelho minhoto de Fafe. Estudou desenho, pintura e escultura em Barcelona, Porto e Paris, e nos anos 90 progrediu no seu percurso artístico ao ir trabalhar para os Estados Unidos da América, onde expôs na Galeria Eight Four, em Nova Iorque, e depois, Japão, tendo exposto na TIAS – Tokio International Art Show e na Galeria Garou Monogatari em Tóquio. Em 2022 foi distinguido em Paris com a Medalha de Bronze da Academia Francesa das Artes, Ciências e Letras.

NÚCLEO DE ARTES E LETRAS DE FAFE COMEMORA 34 ANOS DE ACTIVIDADE

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O Núcleo de Artes e Letras de Fafe comemorou este sábado 34 anos de existência, porquanto foi oficialmente fundado em 2 de Março de 1990 e teve os seus estatutos publicados no Diário da República em 12 de Abril do mesmo ano.

Foram seus fundadores os escritores Artur Ferreira Coimbra (sócio nº 1 e presidente da direcção desde a fundação), Armindo Freitas Magalhães e Manuel Ribeiro, outorgantes da escritura, além de mais de uma dezena de artistas e homens de letras locais.

São seus objectivos básicos a promoção da arte, da literatura, da cultura e dos valores locais, bem como a defesa da língua e da cultura portuguesa, o que tem concretizado através da realização de conferências, colóquios, exposições, prémios literários, edição de livros e revistas e visitas de estudo para os associados.

Destinado a artistas e homens de letras, que tenham exposto ou publicado obras de sua autoria, e tenham nascido ou residam em Fafe, o Núcleo integra mais de quatro dezenas de associados maioritariamente gente da área das letras, ligada sobretudo à literatura e ao jornalismo, sendo os restantes artistas plásticos, alguns de grande projecção nacional e até internacional, como é o caso de Orlando Pompeu.

A primeira grande realização da instituição foi a organização dos Encontros Literários Fafe/90, durante dois dias, em torno de Camilo Castelo Branco e com a participação, entre outros, dos maiores especialistas camilianos, entretanto falecidos, Alexandre Cabral e o P.e Manuel Simões.

A actividade mais permanente do Núcleo de Artes e Letras tem sido a área das publicações.

Em 1992 era publicado o 1.º número da Perfil – Revista de artes e letras, com a participação de autores locais e de nomes consagrados das letras portuguesas (Eugénio de Andrade, Mário Cláudio, José Augusto Seabra, Ana Hatherly, Melo e Castro e José Manuel Mendes, entre outros). Quatro anos depois, editou-se o segundo número da revista, com o qual se interrompeu a sua publicação.

Entretanto, em 1993, havia-se publicado a colectânea Nascentes Plurais, com textos em prosa e verso e reprodução de obras de autores locais. No mesmo ano, saía a Obra Póstuma de Manuel Ribeiro, co-fundador do NALF, falecido em Outubro daquele ano. Em 1997, foi publicada a colectânea Olhares e em 2002 Vozes Várias. Depois, Mar de Manhãs em 2005 e Palavras de Cristal, em 2011. Em 2015, foi editada a colectânea Dias de Prata, comemorativa dos 25 anos de vida da instituição.

Em 2001, o Núcleo editou um grande trabalho com o título Dicionário de Fafenses, de Artur Coimbra, reeditado em 2010. Entretanto, em co-edição, publicou Fafe – Crónicas e Rostos, de Teixeira e Castro (2000) e Isto é Poesia (2004).

Entretanto, desenvolveu outras actividades, como organização de exposições de artes plásticas de artistas locais, concursos literários e artísticos e organização de debates e de recitais de poesia.

Para assinalar o Dia Mundial da Poesia, o Núcleo de Artes e Letras de Fafe realizou uma importante iniciativa, em 22 de Abril de 2004, no centro da cidade, no sentido de promover a leitura. Designada Poesia na Rua”, a iniciativa constou da selecção de poemas de 15 autores locais, os quais foram implantados nos jardins da Praça 25 de Abril, Rua Monsenhor Vieira de Castro, Rua António Saldanha, Praceta Egas Moniz, Largo Ferreira de Melo e jardim da Estação, em placas que visam perpetuar o louvor à poesia.

Mais recentemente, em 2013, o NALF instituiu um prémio de poesia para a língua portuguesa, o Prémio de Poesia Soledade Summavielle, homenageando esta poetisa maior do concelho, já com várias edições.

Outra das iniciativas que tem tido continuidade é a realização dos cursos livres de História Local, que dão origem a obras de investigação historiográfica.

Em 2010, o curso versou as incidências da I República em Fafe. Em 2012, o Núcleo de Artes e Letras promoveu a apresentação da publicação, com o título A Primeira República em Fafe – Elementos para a sua história, da autoria dos historiadores Artur Ferreira Coimbra, Daniel Bastos e Artur Magalhães Leite.

O II Curso Livre de História Local, sobre a temática do impacto da Guerra Colonial (1961-1974) no concelho de Fafe, realizou-se em 2013.

No ano seguinte, seria publicada a obra O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974) – Contributos para a sua história, da autoria dos investigadores Artur Ferreira Coimbra, Artur Magalhães Leite, Daniel Bastos, José Manuel Lages e Jaime Bonifácio Marques da Silva.

Em 2016, o Núcleo de Artes e Letras organizou o seu terceiro Curso Livre de História Local, em torno da temática do Poder Local Democrático em Fafe, a propósito das primeiras eleições autárquicas de 12 de Dezembro de 1976. Participaram nele os historiadores Daniel Bastos, Artur Magalhães Leite, António Cândido de Oliveira e Artur Ferreira Coimbra, seguido de um espaço de “Testemunhos e Experiências dos Protagonistas”, com os quatro presidentes de câmara do pós-25 de Abril.

O quarto Curso Livre de História Local, em 2019, teve como tema “Viagens pelo Séc. XX em Fafe”, da Monarquia do Norte à desagregação do Estado Novo e ao surgimento do 25 de Abril de 1974, tendo como oradores Artur Ferreira Coimbra, Artur Magalhães Leite e Daniel Bastos.

Além da co-edição com a Labirinto de várias edições da colectânea Cintilações da Sombra (2013, 2014 e 2015), depois transformada em revista literária, de que saíram já três números, o NALF publicou em 2014 a obra Diz-lhes que não falarei nem que me matem, de Marta Freitas, sobre a biografia prisional de Carlos Costa e em 2016 a obra Assim o faço, do Cónego Valdemar Gonçalves.

De relevar ainda a realização dos Encontros Literários de Fafe, sob o tema “A Literatura e as Artes”, em 20 e 21 de Maio de 2016, e que tiveram a intervenção dos docentes universitários Cândido Oliveira Martins, João Amadeu Carvalho e  Pedro Eiras, bem como do escritor Vergílio Alberto Vieira.

Todos os anos o NALF promove actividades e eventos no âmbito do Dia Mundial da Poesia.

Ao longo dos anos, o NALF tem homenageado figuras das artes e das letras locais, como Manuel Ribeiro, Ruy Monte ou Soledade Summavielle, promovendo ainda a apresentação de diversas obras literárias de autores locais (e não só), concursos literários, de artes e fotografia, entre outros.

Mais recentemente, além de colectâneas de autores locais, debates, intervenções em escolas, recitais poéticos, o Núcleo de Artes e Letras de Fafe tem organizado encontros literários, e publicações, a mais recente das quais data de Dezembro de 2023, a obra completa de Soledade Summavielle, de que já aqui demos notícia.

30. A PRIMEIRA REPÚBLICA EM FAFE - ELEMENTOS PARA A SUA HISTÓRIA, EM COLABORAÇÃO (2012).jpg

31. FAFE, MEU AMOR. TEXTOS E IMAGENS SOBRE O CONCELHO (ANTOLOGIA, 2013).jpg

52. Soledade Summavielle Obra Completa (2023).jpg

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CABECEIRAS DE BASTO: VEREADOR FERNANDO BASTO ENTREGOU PRÉMIOS AOS VENCEDORES DO RALI SERRAS DE FAFE, FELGUEIRAS, BOTICAS E CABECEIRAS DE BASTO

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Em representação do presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, o vereador Fernando Basto acompanhou, este fim de semana, o Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto, tendo participado no sábado, 24 de fevereiro, na entrega de prémios aos vencedores, iniciativa que decorreu em frente à Câmara Municipal de Fafe.

O vereador esteve também no passado sábado presente na chegada dos carros ao reagrupamento de Cabeceiras de Basto, no Parque do Mosteiro.

O grande vencedor do Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto foi o piloto norte-irlandês Kris Meeke, naquela que foi a prova de abertura do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) de 2024.

Note-se que neste terceiro ano consecutivo em que Cabeceiras de Basto integrou o Rali Serras de Fafe, foram três os pilotos cabeceirenses presentes nesta prova, designadamente Hélder Miranda, Rui Guedes e Pedro Araújo.

O evento foi dinamizado pela Demoporto em colaboração com as Câmaras Municipais de Fafe, Cabeceiras de Basto, Felgueiras e Boticas.

Mais um grande evento marcado pelo espetáculo, adrenalina e emoções fortes.

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SOLEDADE SUMMAVIELLE, POETISA FAFENSE MAIOR COM EXPRESSÃO NACIONAL

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Soledade Summavielle na década de 40 do século XX

  • Crónica de Artur Coimbra

Neste dia 7 de Fevereiro, evocamos a figura da maior poetisa fafense de todos os tempos, Soledade Summavielle, a propósito do seu falecimento, já lá vão 24 anos.

Soledade Summavielle Soares nasceu em Fafe, em 7 de Dezembro de 1907 e faleceu na capital portuguesa, no dia 7 de Fevereiro de 2000. É um nome cimeiro da literatura fafense, com expressão nacional, já que viveu grande parte da sua vida em Lisboa.

Uma existência longa dedicada inteiramente à arte, esta a de Soledade: foi cantora e ceramista, mas seria na poesia que mais se salientaria a sua actividade artística.

A sua faceta de cantora lírica é porventura a menos conhecida, conquanto tenha atingido nela elevada notoriedade. Lembremos que Soledade cantou no Teatro-Cinema de Fafe e em locais de culto da época: no Teatro S. João do Porto, no Casino da Póvoa de Varzim, no Salão Nobre do Orfeão do Porto e no Teatro Nacional de S. Carlos, em Lisboa. Colaborou em diversos concertos do pianista-compositor Thomaz de Lima, em Serões de Outono na ex-Emissora Nacional, ao lado do pianista Sequeira Costa e em recitais de música portuguesa na Radiodifusão francesa, em Paris.

Atraída ainda pelas artes plásticas, a notável e saudosa artista fafense foi aluna do pintor Marques de Oliveira, tendo-se dedicado particularmente à cerâmica.

Simultaneamente, revelou-se como poetisa, a partir dos anos 60, publicando uma dezena de obras que a singularizam como uma das vozes mais fortes e sentimentais da poesia portuguesa.

Publicou o seu primeiro livro, Sol Nocturno, em 1963. Seguiram-se Tumulto (1966), Âmago (1967), Canto Incerto (1969, Prémio da Academia de Ciências de Lisboa), Búzio (1971), Sagitário (1973), Tempo Inviolado (1977), Movimento de Asas (1984) e Escrínio (1987). Em 1988, reuniu toda a sua obra poética no volume 25 Anos de Poesia. Em 1991, publicou aquela que seria a sua última obra poética vinda a público, com o título Jardim Secreto.

Tem poemas em diversas antologias, designadamente, as colectâneas 800 Anos de Poesia Portuguesa (1973), Poetas de Fafe (1985) e Olhares (1997). Além disso, deixou colaboração dispersa por vários jornais e revistas (entre os quais, diversas publicações da sua terra natal), salientando-se a que prestou ao “Suplemento Literário” do Diário de Notícias, de que foi directora a poetisa e sua amiga Natércia Freire.

Em prosa, publicou as obras para crianças O Pirilampo do Bairro (1972) e Brisa – História de uma Andorinha (1979). Traduziu A Estrela do fundo dos Mares, de Jacques Chabar, A Princesa da Lua, de Patrick Saint Lambert e A Estrela de Carlina, de Dielette.

O Cenáculo Artístico e Literário “Tábua Rasa” distinguiu-a, em 21 de Janeiro de 1971, com um jantar de homenagem a que se associaram figuras altamente representativas das artes e das letras nacionais, como eram os casos de Hernâni Cidade, Natália Correia, Natércia Freire e João Maia, entre outros.

Analisaram e enalteceram a sua poesia figuras maiores da literatura nacional, como Jacinto do Prado Coelho, João Gaspar Simões, Hernâni Cidade, Luís Forjaz Trigueiros, Natércia Freire, António Quadros, João de Araújo Correia, Guedes de Amorim e Amândio César, entre outros.

Soledade Summavielle foi co-fundadora do Núcleo de Artes e Letras de Fafe, em 1990. Por isso, esta associação cultural lhe prestou várias homenagens após o seu falecimento além de ter instituído há mais de uma década o Prémio de Poesia Soledade Summavielle, em sua memória, que teve já três edições, e que inclui um premio pecuniário e a edição da obra premiada.

Para dar a conhecer a sua vida e obra o Núcleo de Artes e Letras de Fafe editou em Dezembro a obra "Soledade Summavielle - Obra Completa".

A obra inclui uma introdução inicial que sintetiza a vida e obra artística da poetisa, reproduzindo os dez livros de poesia publicados por Soledade Summavielle ao longo da sua vida literária, entre 1963 e 1991, num total de 314 poemas, a que se acrescentam mais 5 poemas publicados em jornais e coletâneas do Núcleo de Artes e Letras de Fafe. Acrescentam-se nove textos em prosa, que alargam a dimensão do labor literário de Soledade Summavielle, para campos diferentes do exercício da poesia.

São cerca de 500 páginas, em louvor da decana dos poetas fafenses.

Este livro, que cremos representar um notável contributo para o conhecimento, valorização e divulgação da vida e sobretudo da obra de Soledade Summavielle, tem em seu propósito constituir uma homenagem ao nome maior das letras fafenses e do mesmo passo fixar o seu nome luminoso no património imaterial do concelho e do país!

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Soledade Summavielle na década de 30 do século XX

Soledade cantou o Minho e a sua terra natal, Fafe, que nunca esqueceu e a que regressava regularmente, para temporadas na sua casa de família.

Um dos poemas mais emblemáticos da excelsa poetisa fafense tem o título

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BIOGRAFIA

Sou Poetisa. Por força do destino

E porque foi no Minho que nasci.

Gerei-me entre giestas, rosmaninho,

Bebi nas suas fontes, recolhi

Na íris dos meus olhos, o fulgor,

Da paisagem mais verde que já vi.

Este meu jeito de cantar, ficou-me

Dos pássaros cantores que lá ouvi.

 

Povo do meu País: levai meus Poemas.

Apertai-os nas rudes mãos calosas.

Ungi-os do perfume acre da terra,

Mais denso que o das rosas.

 

Lede-os ao sol, aos campos, às colinas.

Decorai-os depois, naturalmente,

E bebei-lhes o amor da vossa sede.

Sofrei também, sofrei fraternalmente,

O travo do amargor das minhas queixas,

Os sonhos que sonhei e não vivi.

Beijai-me neles, que me exaltareis.

Foi para todos vós que os escrevi.

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Poetisa fafense irrenegável, cantou a sua terra, como ninguém, com vários textos e poemas, entre os quais o seguinte:

FAFE

 

Embandeiro em arco as verdes áleas

Da terra onde nasci, para a cantar.

Ternura de pensar-te berço quente,

De embalar.

 

Raiz daquela árvore fragrante

De que um dia flori, de onde me vem

Uma saudade doce e comovida –

Minha Mãe.

 

Sob a polpa macia dos teus dedos

Me ressoam acordes de cetim...

Terra ondulante, um dia serás leve,

Sobre mim.

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 Soledade Summavielle está justamente perenizada na toponímia da sua cidade natal desde 2021.

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Soledade Summavielle em Leça da Palmeira em 1943

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CAMPEONATO NACIONAL DE RALIS ARRANCA COM RALI SERRAS DE FAFE, FELGUEIRAS, BOTICAS E CABECEIRAS DE BASTO

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Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto foi apresentado, esta manhã, em sessão realizada no salão nobre da Câmara Municipal de Fafe. A conferência de imprensa de apresentação foi presidida por Antero Barbosa, presidente da Câmara Municipal de Fafe, acompanhado pelo vereador responsável pela organização da prova em Fafe, Parcídio Summavielle,  pelo presidente do Município de Cabeceiras de Basto, Francisco Alves, pelo vice-presidente do Município de Boticas, Guilherme Pires, pelo vereador do Desporto do Município de Felgueiras, Joel Costa, pelo presidente da FPAK, Ni Amorim, e por Carlos Cruz e Ricardo Coelho, da Demoporto, entidade parceira na organização da prova.

O presidente do Município de Fafe, Antero Barbosa, agradeceu a todos os envolvidos na realização do Rali Serras de Fafe a colaboração na organização da prova destacando a colaboração da Demoporto: “São já 37 anos de parceria que pretendemos manter durante muitos mais anos, pois estamos conscientes da importância e impacto que o rali, e esta prova em especial, tem para o concelho de Fafe”, afirmou.

Mais de 60 pilotos inscritos e super especial noturna em Fafe

O Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto volta a ser, em 2024, o ponto de partida do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR). O Rali sai para a estrada nos dias 23 e 24 de fevereiro e decorrerá no traçado em piso de terra que apresenta, face à edição anterior, algumas novidades, como a partida na vila transmontana de Boticas, na tarde de sexta-feira.

A marcação das eleições legislativas para o início de março implicou a antecipação da data da prova, que continua, como nos anos anteriores, a abrir o Campeonato. Embora a presente edição não faça parte do calendário do Europeu está em aberto um possível regresso ao ERC em 2025. Nas declarações prestadas na sessão, o presidente da Demoporto afirmou que foi importante manter as entidades que apoiam a realização deste rali e garantiu que "a estrutura da prova vai ser do agrado dos pilotos, reunindo todas as condições para proporcionar um excelente espetáculo e oxalá a emoção da disputa pelos primeiros lugares se prolongue até à derradeira classificativa”.

A uma semana do fecho das inscrições, que já conta com cerca de 60 inscritos, e no que toca a pilotos estrangeiros, são já dadas como certas as participações do boliviano Sebastian Contreras (Citroen C3 Rally2), um estreante em provas na Europa, e de Sergi Perez (Hyundai i20 N Rally2), o jovem espanhol de 19 anos que em 2023 se sagrou vencedor da Peugeot Rally Cup Ibérica.

No primeiro dia, os pilotos começam por cumprir as duas primeiras classificativas na região de Boticas: Boticas/Vale do Tâmega (9,64 km) tem um traçado idêntico ao de 2023, enquanto Boticas/Senhor do Monte (11,53 km) surge agora com menos cinco quilómetros de extensão e embora tanto o início como o final não tenham sofrido alterações, a parte intermédia será uma estreia. A jornada termina com a já tradicional super-especial (1,62 km) noturna no centro da cidade de Fafe.

No sábado de manhã disputar-se-á uma dupla passagem pelas classificativas de Luílhas (11,9km), em versão um pouco mais longa que a do ano passado e já utilizada em edições anteriores, e Cabeceiras de Basto (10,68 km), que decorrerá integralmente naquele concelho. O início será o mesmo do troço do Rali de Portugal, incluindo três quilómetros de percurso inédito, para terminar no mesmo local de meta utilizado em 2023.

A parte final da prova inclui uma dupla passagem pelas classificativas de Seixoso (9,97 km), sem alterações em relação a 2023, e Lameirinha (11,18 km), esta numa versão mais curta que a do ano anterior e que será a POWER STAGE, estando o final da prova, em Fafe, prevista para as 17h32.

O Qualifying e o Shakedown, na manhã de sexta-feira, voltam a ter, à semelhança da edição transata, como palco a classificativa de Montim (3,61 km), em Fafe.

Prova de abertura do CPR, o Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto será também pontuável no Campeonato de Portugal de Ralis 2RM (duas rodas motrizes), no Campeonato de Portugal de Masters de Ralis, no Campeonato Promo de Ralis, no Challenge R5/S2000, sendo a prova de abertura da Toyota Gazoo Racing Iberian Cup 2024.

Rali com impacto na Sustentabilidade ambiental

Foi ainda destacada uma inovação no âmbito da sustentabilidade ambiental. Portugal vai ser pioneiro na utilização de gasolinas 100% sintética nos Rally2. “Esta é uma inovação importante nos ralis, que terá início no Rali Serras de Fafe, Felgueiras, Boticas e Cabeceiras de Basto” adiantou Ni Amorim.

HORÁRIO

SEXTA-FEIRA (23 de fevereiro)

Partida (Largo da Igreja de Boticas) 15:45

PEC 1 – Boticas/Vale do Tâmega (9,64 km) 16:13

PEC 2 – Boticas/Senhor do Monte (11,53 km) 16:51

Reagrupamento In (Rua Ângelo Mendonça/Fafe) 18:16

Reagrupamento Out 20:55

PEC 3 – Fafe (1,62 km) 21:00

Parque Fechado (frente ao Pavilhão Multiusos) 22:15

SÁBADO (24 fevereiro)

Partida do Parque Fechado 07:15

Partida do Parque de Assistência (Praça das Comunidades) 07:30

PEC 4 – Luílhas 1 (11,9 km) 08:00

PEC 5 – Cabeceiras de Basto 1 (10,68 km) 08:43

Reagrupamento In 09:18

Reagrupamento Out 09:45

PEC 6 – Luílhas 2 10:26

PEC 7 – Cabeceiras de Basto 2 11:09

Reagrupamento In (Feira Velha) 11:44

Reagrupamento Out 11:54

Parque de Assistência In (Praça das Comunidades) 12:29

Parque de Assistência Out 12:59

PEC 8 – Seixoso 1 (9,97 km) 13:32

PEC 9 – Lameirinha 1 (11,18 km) 14:30

Reagrupamento In (Feira Velha) 15:04

Reagrupamento Out 15:30

PEC 10 – Seixoso 2 16:00

PEC 11 – Lameirinha 2 – POWER STAGE 16:58

Parque Fechado (Feira Velha) 17:32

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BRAGA: JOÃO OLIVEIRA PARTICIPA EM AÇÃO DA CDU NO DISTRITO DE BRAGA

A Coligação Democrática Unitária tornou público recentemente que João Oliveira será o seu primeiro candidato às Eleições para o Parlamento Europeu a realizar em 9 de Junho. Amanhã, terça-feira, João Oliveira estará na nossa região, tendo prevista a participação numa ação sobre o alojamento estudantil que decorrerá no polo de Gualtar da Universidade do Minho, pelas 13 horas. Às 17:30 participará num encontro com funcionários judiciais em Guimarães.

O dia termina com a presença num jantar em Fafe, pelas 20 horas, no restaurante Brasão, num momento de convívio com apoiantes da CDU.

As iniciativas contarão também com a presença de Sandra Cardoso, 1ª candidata da CDU pelo círculo eleitoral de Braga às eleições para a Assembleia da República.

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MINISTRA DA JUSTIÇA PRESENTE EM FAFE NAS I JORNADAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

O Município de Fafe e a Escola de Direito da Universidade do Minho promoveram, este fim de semana, as I Jornadas do Direito Administrativo, no Teatro Cinema de Fafe.

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Subordinada ao tema “Desafios do Direito Administrativo e da Governação Pública”, a iniciativa contou com a presença da Ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, que revelou ser uma "Ministra da Justiça que pretende estar no país, junto das pessoas, e envolvendo-se em projetos como este das Jornadas de Direito Administrativo", saudando "o Município de Fafe pela organização, em parceria com a Escola de Direito da Universidade do Minho e demais entidades. Será, seguramente, o primeiro de muitos encontros."

Destacou, na ocasião, que "estas Jornadas organizam-se em torno de um tema - os desafios do Direiro Administrativo - tão pertinente e atual e sobre o qual devemos refletir e procurar a simplificação dos processos e da atividade administrativa para, com isso, obter ganhos de eficiência, eficácia e da satisfação de todos os envolvidos." A governante garantiu que "as novas tecnologias serão uma das soluções para a simplificação e transparência dos processos e procedimentos." As ferramentas de inteligência artificial permitem, de acordo com a Ministra da Justiça, a "otimização dos processos, a celeridade dos mesmos, dando um impulso a esta área." Alertando, no entanto, que "estes instrumentos devem ser sujeitos a um controlo ético que garanta que se cumpram os princípios da Justiça."

A sessão de abertura esteve a cargo do presidente da Câmara Municipal de Fafe, Antero Barbosa, que destacou a "enorme honra por Fafe acolher as primeiras Jornadas de Direito Administrativo do país, e, por isso, agradecer à Universidade do Minho e demais entidades por nos terem escolhido como cidade parceira para este evento".

O autarca reconheceu este como um "tema de grande importância para a administração pública e em particular para as autarquias". Salientou, no momento, "o equilibrio dos três poderes - executivo, legislativo e judiciário- como garantia da liberdade civil e política. São conhecidos, nos últimos tempos, tentativas de sobrepor determinado poder em relação a outros..casos a que urge dar um fim e valorizar tudo aquilo que a Democracia defende e promove." "50 anos depois do 25 de Abril de 1974, é fundamental continuarmos a defender a Democracia", concluiu.

Na sessão de abertura, Isabel Celeste Fonseca, coordenadora científica das Jornadas, confessou o seu orgulho por ver "uma sala cheia para debater questões e  problemas do direito administrativo atual, cuja reflexão é muito útil e necessária."

"Num momento particular de desafios em que importa refletir sobre o PRR, a  transição digital, a inclusão social e tantos outros temas pertinentes, é fundamental que estes encontros aconteçam e sejam participados." Salientou a importância da " 'ponte' entre as academias e as instituições públicas, que são pertinentes e muito necessárias, pois permitem a partilha de saberes e experiências e só, desta forma, a sociedade evolui."

Cristina Araújo Dias, presidente da Escola de Direito da Universidade do Minho, destacou, na sua intervenção, a importância destas Jornadas, referindo que  "foram abordadas importantes temáticas em torno do Direito e da Justiça, da Descentralização, entre tantos temas pertinentes. E é com agrado que vejo estes eventos, que juntam diferentes instituições, aconteceram, como é este o caso. Chamam à discussão autarcas, permitindo uma reflexão mais ampla e trazendo ao debate as suas perspetivas do terreno, a somar à dos especialistas na área que aqui se juntaram."

Recorde-se que o evento reuniu, em Fafe, no ano em que se comemora o Centenário do Teatro Cinema, os maiores especialistas em direito administrativo do país, assim como altas entidades da justiça portuguesa, debatendo grandes temas como o “ Estado e Poder Local”, a “Descentralização e Poder Local - Ao Estado o que é do Estado; às Autarquias o que é das Autarquias” e, por último, “Direito e Justiça".

Por Fafe passaram, entre vários convidados, João Caupers, antigo presidente do Tribunal Constitucional, António Cunha, presidente da CCDR-N, Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga e presidente da Globall Parliament of Mayors, Ana Celeste Carvalho, juíza Conselheira do Supremo Tribunal Administrativo, António Cândido de Oliveira, Presidente da AEDREL, e Cristina Araújo Dias, Presidente da Escola de Direito da Universidade do Minho.

Este evento contou também com o apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, do Instituto de Gestão e Administração Pública, da Associação de Estudos de Direito Regional e Local, da Associação de Direito Administrativo e pelo Centro de Estudos Jurídicos do Minho.

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ALTAS ENTIDADES DA JUSTIÇA PORTUGUESA REÚNEM-SE EM FAFE ESTE FIM DE SEMANA

Ministra da Justiça encerra I Jornadas do Direito Administrativo que contam com nomes como João Caupers, antigo presidente do Tribunal Constitucional, Ana Celeste Carvalho, Juíza Conselheira do Supremo Tribunal Administrativo, ou Fernando Oliveira e Silva, Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas

Esta sexta-feira e sábado, 26 e 27 de janeiro, o Teatro-Cinema de Fafe acolhe as I Jornadas do Direito Administrativo, iniciativa organizada pelo Município de Fafe em parceria com a Escola de Direito da Universidade do Minho, e que reúne os maiores especialistas em direito administrativo do país e altas entidades da justiça portuguesa para debater os “Desafios do Direito Administrativo e da Governação Pública”.

Numa altura em que o Tribunal de Contas alertou para a existência de “muitas fragilidades” no complexo e exigente processo de transferência de competências da administração central para os municípios, os temas da Descentralização e do Poder Local estarão em destaque no programa da tarde de sexta-feira, em dois painéis que contam, entre outros convidados, com a presença de João Caupers, antigo presidente do Tribunal Constitucional, António Cunha, presidente da CCDR-N – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, e Ricardo Rio, presidente da autarquia de Braga e presidente do Global Parliament of Mayors.

A manhã de sábado será dedicada ao tópico “Direito e Justiça”, um painel que contará com a presença, entre outros, de Ana Celeste Carvalho, Juíza Conselheira do Supremo Tribunal Administrativo, e de Fernando Oliveira Silva, Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas.

Ministra da Justiça encerra jornadas no sábado às 12h00

Com a participação de docentes das Universidade do Minho, de Coimbra, de Lisboa, da Nova de Lisboa e da Autónoma de Lisboa autores de relevantes trabalhos na área, bem como de vários decisores e representantes de entidades públicas, a abertura das jornadas estará a cargo de Antero Barbosa, presidente da Câmara Municipal de Fafe, e o encerramento será realizado por Catarina Sarmento e Castro, Ministra da Justiça.

Este evento conta ainda com apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, do Instituto de Gestão e Administração Pública, da Associação de Estudos de Direito Regional e Local, da Associação de Direito Administrativo e do Centro de Estudos Jurídicos do Minho. A inscrição nas I Jornadas do Direito Administrativo realiza-se através do e-mail jornadas@cm-fafe.pt.

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CDU FAZ CAMPANHA EM FAFE

1ª candidata da CDU contacta com população de Fafe e afirma necessidade de devolver a voz à região na Assembleia da República

Sandra Cardoso, 1ª candidata da CDU pelo Círculo Eleitoral de Braga, acompanhada por ativistas da CDU, participou hoje em diversas ações de contacto com a população e trabalhadores de Fafe. A delegação da CDU esteve no centro da cidade em contacto com os comerciantes locais e com a população. Sandra Cardoso deslocou-se ainda à Zona Industrial do Socorro tendo contacto trabalhadores do setor metalúrgico, do têxtil e do vestuário.

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Nos contactos realizados no centro da cidade com a delegação da CDU, a defesa do aumento dos salários e reformas, de medidas de combate ao aumento do custo de vida e de valorização dos serviços públicos foram conteúdos que marcaram as muitas conversas. A proposta da CDU de limitação da abertura das grandes superfícies ao domingo foi também bem acolhida pela população e pelos comerciantes que, justamente, referiram que quando se fala no número de empregos criados pelas grandes superfícies normalmente ficam por contar o grande prejuízo e diminuição de trabalhadores provocado ao comércio mais pequeno. Para além disso foi também referido que esses grandes investidores acabam por deixar pouco dinheiro na localidade ao contrário do comércio local que, por norma, reinveste localmente e tem fornecedores da região.

Sandra Cardoso teve a oportunidade de sublinhar que "Não há candidatos a 1º ministros mas sim candidatos a deputados e para os eleitores fafenses e os do restante distrito, o que está em causa nas eleições à Assembleia da República é a eleição de 19 deputados pelo Círculo Eleitoral de Braga, sendo fundamental voltar a eleger um deputado da CDU."

"A eleição de um deputado da CDU pela região é a garantia de uma voz na Assembleia da República que represente o povo de Fafe, como demonstrou o trabalho distintivo que os deputados eleitos pela CDU na região fizeram em legislaturas anteriores. A vida confirma que quando a CDU tem mais força e se reforça, a vida das pessoas anda para frente" destacou a 1ª candidato da CDU pelo distrito de Braga.
Agradada com a recepção que teve por parte dos fafenses, Sandra Cardoso prometeu voltar em breve e chamou a atenção para o evento que acontece no próximo domingo às 10:30, no Laboratório da Paisagem, em Guimarães, a apresentação de todos os candidatos da lista distrital da CDU.

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QUEM ERAM AS “FAFEIRAS” DA GAFANHA DA NAZARÉ – MOÇAS DE FAFE QUE ÍAM TRABALHAR NA SECA DO BACALHAU?

Tal como o nome indica, as “fafeiras” eram moças do concelho de Fafe que migravam sazonalmente para a Gafanha da Nazaré, a fim de trabalharem na seca do bacalhau. A sua presença naquela freguesia do concelho de Ílhavo deixou marcas indeléveis na cultura local, mormente no seu folclore. A esse respeito e acerca das suas lides e modos de vida, transcrevemos a crónica de Gaspar Albino que é divulgada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.

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FAFEIRAS – POR GASPAR ALBINO

Era às segundas-feiras. Logo pela manhã, dirigia-me aos correios de Aveiro em busca do sempre desejado telegrama com notícias de bordo do navio, nos mares da Terra Nova.

E era com sofreguidão que regressava ao Largo do Rossio, ao escritório da empresa, para abrir o cofre em busca da cifra que me permitia descodificar o seu conteúdo. Quase todo ele incompreensível para quem não tivesse a chave.

Ficava-se a saber do tempo que tinha feito, dos pesqueiros que o barco tinha frequentado, da saúde e da doença da tripulação, das avarias e, finalmente, a quantidade de bacalhau capturado na semana com aproximada definição dos tamanhos do peixe embarcado no porão.

Os momentos que se seguiam eram comandados pela informação que chegara: alegria pela fartura; tristeza, pela míngua. Às vezes, euforia pelas somas de bons parciais; outras, a tristeza e a dúvida que as brisas (ventos fortes, em linguagem marinheira) alimentavam de maus augúrios quanto ao resultado final da safra.

Tudo isto, entretanto, era guardado com um certo secretismo, conferindo ao ritual das segundas-feiras uma atmosfera singular que, hoje, decorridos que são tantos anos, ainda recordo com emoção.

A nova safra da pesca iniciava-se sempre ainda com o bacalhau da campanha anterior em mãos.

E era certo e sabido que ninguém me largava, ao sábado, quando me deslocava à seca na Gafanha para fazer o pagamento ao pessoal.

Começava pela ti Maria Rita (como a recordo no seu corpanzil de mulherona nos seus quarenta e tais anos que não passavam pela cara de menina que, no fundo, sempre foi) com o seu "então, que tal vamos de escama?"

E, depois, era o senhor Manuel Vareta, o carpinteiro, que, mal me pressentia, lá saltava do sobrado até ao pequeno escritório, onde eu me ia desfazendo dos envelopes das semanadas das mulheres. Os nossos olhares já continham, também eles, um código. As mais das vezes, nem trocávamos palavra sobre a pesca, mas o sorriso, ou o encolher de ombros com que ele ficava para o fim do pagamento ao pessoal, era a garantia da mensagem transmitida e bem compreendida.

Legenda da foto: Perspectiva aérea das secas da Cale da Vila com os seus estendais de peixe. Em primeiro plano a "Seca do Milena", hoje à espera de ser convertida em pólo do Museu Marítimo de Ílhavo.

O Zé Catarino, o ajudante de carpinteiro, nesta questão das capturas, vinha sempre também ajudar à missa e conforme a reacção do chefe, assim era o bulir da enchó que nunca largava.

A Fátima, a filha do guarda, o Ti Augusto, era mais afoita nos seus assumidos dezoito anos que o título de segunda encarregada não conseguia disfarçar.

E lá escorregava eu com a informação que mais tranquilizasse as fafeiras que, respondendo ao seu número na folha de férias, lá se chegavam ao postigo para receberem o soldo que guardavam, de pronto, no seio, por botão entreaberto da blusa.

É que da forma como estivesse a correr a viagem muito dependia o regresso às suas terras, lá para o Minho, para Fafe e seus arredores, onde as famílias as aguardavam para as vindimas e os namorados para aprazar casamento.

Ainda sou do tempo em que o sol mandava no trabalho das secas.

Desarreigadas da sua terra, das suas famílias, as fafeiras constituíam o grosso do pessoal que nelas trabalhava.

Na seca de Lavadores, na Barra, até dispunham dum dormitório. Mas a maior parte das moças que trabalhava nas secas da Cale da Vila vivia em grupos, em acomodações disseminadas pelo povoado, paredes meias com as famílias locais e com estas muito intimamente ligadas.

A forma como se instalavam e viviam na Gafanha, longe da sua terra, fazia com que se estabelecesse uma relação muito forte com a encarregada da sua seca.

É que, pelas décadas de 50 e de 60, também neste sector, havia uma grande fidelidade à empresa de pesca em que cada grupo trabalhava. Um grupo de jovens mulheres, quase todas solteiras e casadoiras, que se comportava de forma coesa, como se de uma irmandade se tratasse, e aceitando, de forma natural, a liderança de uma colega mais experimentada nestas andanças do trabalho nas secas.

Era com esta chefe pacificamente aceite que a encarregada tudo tratava.

Eu conto.

Mal se adivinhava o final da viagem, com o carregamento de peixe a propiciar o regresso do barco, a encarregada do secadouro, trabalhadora permanente, começava a preparar tudo para a nova safra. E lá telefonava para a chefe do grupo, lá para a sua aldeia fafense, para que o grupo se prevenisse. Os carpinteiros já andavam às voltas com as "lambretas" e os carros de mão que tinham de estar reconstruídos, afinados e lubrificados. Mas para cortar a relva, reparar as mesas de secagem, lavar e pintar com cal e metabissulfito de sódio os armazéns de peixe verde, de peixe em mãos, e de peixe seco, já era necessária a primeira leva de mulheres.

E logo que chegavam se ficava a saber quem tinha casado e, por isso, permanecia na sua terra. As neófitas já tinham metido a sua "cunha" para preencher as vagas no grupo.

Era vê-las com os seus ademanes minhotos, com o seu tagarelar exuberante, com o seu praguedo nortenho tão natural.

Sentia-se que a nova safreira vivia a sua deslocação para a Gafanha como se fosse para uma festa.

Festa que, pelo que lhes tinha sido contado pelas mais batidas, sabiam ser de não horários, de muito suor, de muito esforço, mas também de agradáveis sestas quando o tempo o permitia, tudo à mistura com os seus descantes minhotos que ritmavam tanto o trabalho como o descanso.

No dia da chegada do barco, tudo aparecia vestido como se fosse para romaria.

E as fafeiras misturavam-se com as famílias da tripulação, quase deixando transparecer a mesma ânsia de quem aguarda por longos meses o reencontro de entes queridos.

O "spring" era lançado para terra e o ti Vareta mais o Zé Catarino já sabiam que fazer. Nó hábil e rápido no moitão e o barco, lentamente, aproximava-se do trapicho.

Ao longo do cais, que o guarda-fiscal não deixava que se aproximassem, as fafeiras não perdiam pitada. Especialmente as "caloiras".

A encarregada, a Ti Maria Rita, essa já não era, ao fim de tantos anos de experiência, para essas andanças. Aguardava no seu tugúrio, a que pomposamente chamava de escritório, que o contra-mestre lá fosse combinar o início da descarga.

Quantas mulheres para o porão, quantas para o convés e ao trapicho, quantas aos carros, quantas para as pilhas, quem ficava à balança, enfim: o princípio do rodopio comandado pelo bacalhau, rei e senhor.

Não era trabalho fácil este, o da descarga.

Mas a verdade é que estas mulheres do coração do Minho revelavam um espírito de corpo, de inter-ajuda, verdadeiramente excepcional.

Um dia, logo nos princípios de responsável, verificou-se que o ritmo de descarga tinha abrandado.

E o contra-mestre, velho amigo, aconselhou-me que fosse ao porão, pois era lá que estava a causa.

Lá desci de gatas, que a altura até ao convés era pouca, e lá andavam elas a atirar o peixe para a dala estendida.

Vi que não dava para mais. Mas mesmo assim lá gritei: "Amiguinhas! Só vamos sair daqui quando estiverem pesados "tantos" quintais!"

E lá do escuro, bem do extremo do porão, uma voz que nunca identifiquei saiu-se com esta que nunca mais esqueci:

"Ai o estupor do homem! Se nos chama a nós de amigas, que há-de chamar à mulher?".

Para não me verem rir, corri a subir para o convés, deixando-as no seu ritmo marcado pelas suas cantigas.

Não sei como, mas a verdade é que à hora prevista, da balança vieram-me dizer que os quintais previstos para o dia de descarga tinham sido ultrapassados.

Ainda havia peixe no porão e já se começava a lavar nas pias.

Os tempos eram de dinheiro magro e havia que começar a secar, para se começar a realizar fundos.

E apesar de o trabalho, por vezes, se iniciar às seis da manhã, a verdade é que, se o tempo o justificava, se fazia serão, a lavar nos tanques, a separar e a enfardar, por noite dentro.

O espírito da "fafeira" era esse mesmo.

O que interessava era juntar o melhor pé-de-meia possível no decurso da safra para o enxoval que todas sonhavam rico de promessas de casório futuro.

Safra que não rendesse mais um cordão de ouro não era safra nem era nada.

As horas extra eram sempre desejadas e o castigo do corpo – diziam elas – afastava vícios.

Para moças que sempre tinham vivido o campo, era de espantar como, num ápice, se adaptavam ao novo meio, às novas gentes, às novas práticas do seu trabalho.

As expressões mais cerradas do seu novo oficio eram aprendidas e usadas como de nascença.

O "tratamento" do bacalhau "seleco", que aparecia sempre que os cascos de madeira dos barcos deixavam entrar água no porão e o seu esgoto se não fazia convenientemente, para elas era canja. O lavar e salgar de novo afastava os fumos de cheiros doentios e o bacalhau ressuscitava nas mesas, como se nada se tivesse passado.

Fazer a cosmética ao "rouge" e ao "empoado" para elas era brinquedo. Pincel na mão, peixe na mesa, caldo de metabissulfito e lá se ia o vermelho ao fim de algumas horas de sol.

Escova bem esfregada na carne do bacalhau e lá desaparecia o acastanhado do pó que atirava para sortido de segunda o peixe mais especial, o grado.

Fadas de milagres, estas fafeiras.

Sentia-se que o bacalhau era a sua razão de ser e que a seca era a sua casa. O convívio que se estabelecia no trabalho era encarado como sucedâneo da família que se tinha deixado lá para o norte.

Durante todo o santo dia cantavam. Normalmente, era quando se lavava peixe que as cantigas brilhavam mais.

À solista, que sempre havia, respondia o coro. Canções de trabalho do Minho, próprias do amanho dos campos, mas que a inventiva adaptava às tarefas da seca.

E à merenda, quando se sabia que o peixe só seria recolhido lá mais para tarde, às cantigas juntava-se o bailarico dumas com outras.

Era certo e sabido. Ao fim de pouco tempo, as que não tinham deixado namoro na terra arranjavam derriço gafanhão.

E era vê-los, aos moços, ao portão, à hora do despegar, à espera da fafeira apetecida, namorada de outras falas, de outros lados.

Quando se desenhava o fim da safra, todo o mundo começava a sonhar com a festa: era o jantar da seca, para algumas com a presença do namorado e o bailarico que entrava pela noite dentro.

E depois era a despedida até que houvesse notícia de novo carregamento a chegar ao cais.

Mas quantas daquelas moças não ficaram por cá, enriquecendo, com os seus costumes, a sua cozinha, os seus cantares, as suas danças, os hábitos das nossas Gafanhas?

A conclusões bem seguras nesta matéria já terá chegado, de há muito, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré no seu cuidadoso levantamento das riquezas culturais da sua terra.

E por certo que só esta interpenetração de danças e cantares do Minho – mais precisamente da região de Fafe – daria para um trabalho de grande fôlego etnográfico.

Haja quem o queira fazer.

A todos nos enriqueceria.

Fonte: Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré

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