Existem minhotos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Em todos os países onde se fixaram criaram asssociações – grupos folclóricos e casas regionais – para confraternizarem e manterem vivas as suas tradições. Muitos dos seus descendentes já nasceram nesses países. Porém, não esquecem as suas raízes e na maioria dos casos integram as associações portuguesas. Confunde-se a pronúncia do Minho com as dos países de acolhimento. Mas, o coração continua preso às suas origens minhotas.
Nas fotos, jovens mordomas provenientes do Luxemburgo.
Provenientes nomeadamente de França, Andorra, Luxemburgo e Brasil vieram muitas mordomas que desfilaram no cortejo da Mordomia da Romaria da Senhora d’Agonia. São pedaços do Minho que Viana do Castelo mantém unidos.
Entre 1933 e 1974 vigorou em Portugal um regime autoritário e conservador, designado de Estado Novo, sustentado na força repressiva da polícia política (PIDE), nas amarras da censura e na ausência de liberdade. Um regime idealizado pelo seu principal mentor, Oliveira Salazar, ditador de um país eminentemente rural, pobre, atrasado e analfabeto.
José Saldanha
Apesar da repressão e violência foram vários os que se opuseram às ideias do Estado Novo, e instaram na luta política de oposição ao regime em defesa dos ideais da liberdade e da democracia. Entre esses vários lutadores pela liberdade e democracia, muitos deles protagonistas anónimos da história portuguesa, destaca-se o percurso inspirador e singular de José Saldanha, um emigrante empreendedor de sucesso no Brasil.
Natural de Fafe, concelho localizado na região do Baixo Minho, José Saldanha nasceu em 1929, no ocaso da Primeira República, no seio de uma família comprometida com os ideais democráticos republicanos. Filho do comerciante e político António Saldanha (1904-1978), afamado oposicionista estadonovista no distrito de Braga, inúmeras vezes preso pela PIDE e proprietário do Café Avenida, em Fafe, base dos resistentes antifascistas na Sala de Visitas do Minho, e em várias ocasiões, antecâmara da viagem “a salto” para quem procurava melhores condições de vida, José Saldanha cedo seguiu as pisadas do pai na luta pelos ideais da liberdade e democracia.
Com um percurso educativo que computou a frequência do vetusto Colégio Araújo Lima, na cidade do Porto, José Saldanha foi um elemento ativo do Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) na região nortenha. Na esteira da figura paterna, foi um entusiasta da candidatura oposicionista do general Norton de Matos à Presidência da República em 1949, assim como da candidatura oposicionista de Humberto Delgado, o “General Sem Medo”, em 1958, que acabaria assassinado em 1965 por agentes da PIDE, após ter sido atraído para uma cilada em Badajoz (Espanha).
Em 1961, após no final da década antecedente ter acumulado experiência profissional na área petrolífera em Angola, antiga colónia portuguesa em África, José Saldanha alertado pela ameaça de prisão da PIDE, com o auxílio do pai atravessa clandestinamente o rio Minho, para a Galiza, adquirindo em Vigo o bilhete da passagem de barco para o Brasil.
No vasto país sul-americano, onde continua a residir a maior comunidade lusa da América Latina, o oposicionista e emigrante por motivos políticos conheceu em 1962, no Rio de Janeiro, a brasileira Nilza Saldanha, grande suporte e companheira de vida. Encetando uma carreira fulgurante e bem-sucedida no ramo comercial e empresarial, através da representação de firmas de tecidos que eram exportados para Angola, assim como de representante da Philips e Volkswagen Brasil, orientado a exportação de material elétrico e automóveis para territórios africanos de expressão portuguesa. O emigrante fafense, manteve-se concomitantemente um oposicionista estadonovista ativo no Movimento Nacional Independente (MNI), uma organização criada por Humberto Delgado que visava manter unidas as forças da oposição no combate à ditadura após as fraudulentas eleições de 1958 que elegeram como Presidente da República, Américo Tomás, e impeliram em 1959, Humberto Delgado para o exílio no Brasil.
Nas memórias vivas de José Saldanha, ainda hoje o mesmo revive diversos episódios da sua ligação, enquanto 2.º Secretário do MNI, na luta contra o Estado Novo a partir do Brasil. Mormente, o facto de ter custeado as despesas das cerimónias fúnebres no Brasil de Arajaryr Campos, cidadã brasileira e Secretária do General Humberto Delgado, assassinada conjuntamente com o herói da liberdade português pela PIDE em 1965. Ou, ter sido, com o seu passaporte que Hermínio da Palma Inácio (1922–2009), conhecido revolucionário que participou em diversas ações subversivas, partiu do Brasil em direção a Portugal, concretizando em 17 de maio de 1967, o histórico assalto da dependência do banco de Portugal da Figueira da Foz, procurando assim financiar as operações antifascistas no exterior.
Neste sentido, o percurso inspirador e singular do nonagenário lutador pela liberdade, emigrante e empreendedor de sucesso no Brasil, profundamente dedicado e estimado pela extensa prole, e que periodicamente regressa ao seu torrão natal para passar as férias e matar saudades, inspira-nos a máxima do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana, os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem”.
Convívio representa a vontade do município, do movimento associativo e dos emigrantes em participar no desenvolvimento de Arcos de Valdevez.
A Câmara Municipal voltou a promover o encontro com a Diáspora, este ano, integrado no Dia dedicado ao Emigrante, na programação das Festas Concelhias de Nossa Senhora da Lapa.
Este momento contou com a presença do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo e reuniu 62 membros dos órgãos sociais de Associações espalhadas pelo mundo, bem como outras personalidades que se distinguem pela sua ação no exterior, tendo estado presentes arcuenses vindos de França, do Canadá, Estados Unidos da América, Andorra e Venezuela, bem como a Casa dos Arcos de Valdevez em Lisboa.
O Presidente da Câmara Municipal, João Esteves, fez uma breve resenha das potencialidades do concelho e lembrou a importância de se reforçar a ligação com as comunidades pois ela traz vantagens para o desenvolvimento cultural, social e económico do concelho. “A comunidade emigrante é uma montra do nosso concelho e promove o melhor que temos, criando emprego e gerando riqueza” referiu, adiantando também que ela “é vital na promoção do turismo e das oportunidades de investimento quer seja no mundo da agricultura, no turismo, comércio, indústria ou construção, contribuindo para a atração de investimento estrangeiro para Portugal e para o incremento das exportações, do emprego e rendimento, bem como para a fixação e atração de pessoas.”
Após a sessão solene nos Paços do Concelho a comitiva visitou o recentemente inaugurado Espaço Valdevez e ainda pôde contemplar os murais pintados na zona da Valeta durante o Festival de Arte urbana “Murarcos”.
De lembrar que o Município arcuense criou uma grande proximidade com a diáspora, promovendo várias atividades com as comunidades arcuenses espalhadas pelo mundo e no país, com o objetivo de reforçar o envolvimento da diáspora no desenvolvimento de Arcos de Valdevez.
De maneira a reforçar o envolvimento com a comunidade emigrante foi também criado um pelouro específico dedicado às relações com a Diáspora, para promover um diálogo mais intenso entre a Autarquia e a nossa vasta comunidade de emigrantes espalhada pelo mundo.
Outra das medidas foi a criação do Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE) para esclarecer e encaminhar os emigrantes na resolução dos problemas de uma forma mais rápida e eficaz (www.cmav.pt/p/gae).
Por fim, o Presidente da Câmara Municipal referiu que “Com este Encontro com a Diáspora pretendemos congregar os esforços e os talentos das nossas comunidades, o seu dinamismo, o seu apego à terra, o seu espírito de fidelidade às raízes e aos valores que a distinguem.”
Continua a decorrer na, Praça Dr. Guilherme de Abreu, a Festa do Emigrante dedicada aos Filhos da Terra. As últimas noites foram animadas por tocadores de concertina, pela desgarrada com as interpretações de Valter São Martinho e Vanessa Teixeira e ainda do Grupo Banda Lusa.
Para hoje, dia 10 de Agosto está prevista a atuação da Banda Filarmónica de Vieira do Minho, do pianista Romeu Freitas, com a aprticipação especial do Grupo Valquírias.
Na sexta-feira, a noite é dedicada à juventude com a Color Run, festa da espuma e animação com DJ. Uma noite que promete muita animação e alegria.
Desde há vários séculos que o minhoto – à semelhança de muitos portugueses de outras regiões do país – vem sendo arrancado à terra que o viu nascer para povoar outras paragens e outros países como o Brasil e o Arquipélago da Madeira. Sobretudo por razões económicas demandaram no século passado também a França, Alemanha, Andorra, Estados Unidos da América e Austrália. Nos tempos mais recentes, gerações mais instruídas são forçadas a emigrar para a Alemanha e Reino Unido em consequência de decisões políticas que privilegiam a contratação de cidadãos estrangeiros especializados nomeadamente na área da saúde. O minhoto é escorraçado da pátria que ele próprio fundou e engrandeceu.
Enquanto os políticos portugueses mostram preocupação com a falta de creches, as famílias mais jovens em idade fértil emigram para outros países, deixando Portugal para aqueles que já não podem contribuir para a taxa de natalidade.
E, o que justifica a preocupação dos governantes em relação à falta de habitação principalmente nos grandes centros urbanos quando devido à emigração dos jovens portugueses tem a população vindo a decrescescer?
A nova geração de emigrantes jamais regressará definitivamente a Portugal – enquanto os seus filhos passarão a ser luso qualquer coisa a que chamam luso-descendentes – na prática cidadãos estrangeiros que não se identificarão mais com as suas origens familiares – enquanto nós, neste cantinho da Europa, nos contentaremos com o seu sucesso nos países que os acolheram porque os seus pais aqui foram rejeitados!
E, quando os nossos filhos, irmãos ou amigos regressam por alguns dias ao país que os viu nascer e onde conservam as suas raízes, continuam a ser olhados de soslaio sempre que cruzam a fronteira, ao contrário do que sucederia se fossem originários da cultura e das mais estranhas origens onde por vezes não são respeitados sequer os mais elementares princípios de humanidade.
- Ó Pátria Mãe que não raras as vezes te revelas madrasta dos teus próprios filhos!
Festa do Emigrante arranca, segunda-feira, em Vieira do Minho
Todos os anos, por ocasião do mês de agosto, Vieira do Minho acolhe centenas de emigrantes que regressam à sua terra natal para gozar um merecido período de descanso. E, para receber os filhos da terra, a Câmara Municipal programou um programa festivo, onde não irá faltar a música e a diversão.
A Festa do Emigrante vai decorrer de 7 a 11 de agosto, na Praça Dr. Guilherme de Abreu e tem por objetivo proporcionar o reencontro com as tradições e a cultura da nossa terra.
Com a realização desta festa, a Câmara Municipal quer dar as boas vindas a todos o Vieirenses que por motivos vários tiveram que emigrar, bem como demonstrar aos nossos emigrantes que o Município não os esquece.
A Festa do Emigrante arranca na segunda-feira, dia 7 de agosto, pelas 22h00 com a atuação do grupo de Fados de Braga. Na terça-feira, a noite vai ser animada por tocadores de concertina( 21h30) e pelos cantadores ao desafio Valter São Martinho e Vanessa Teixeira.
No terceiro dia de festejos, dia 9 de agosto, vai ser a Banda Lusa (22h00), um grupo muito acarinhado pelos emigrantes. No dia 10 atuam pelas 21h30 Romeu Freitas ao piano e a Banda Filarmónica de Vieira do Minho, pelas 22h00.
A festa termina em grande com a noite da juventude. Neste dia 11, vai ter lugar, pelas 21h00 a Color Run e animação com DJ.
A Câmara Municipal de Arcos de Valdevez vai organizar o Encontro da Diáspora Arcuense no dia 8 de agosto de 2023, dirigido a arcuenses que integram os órgãos sociais de associações sediadas nos países de acolhimento.
Com este Encontro pretendemos reforçar os laços entre a nossa vasta comunidade de emigrantes e a sua Terra Natal, em termos culturais, sociais, turísticos e empresariais.
Este evento decorrerá durante as Festas Concelhias de Nossa Senhora da Lapa, que terão lugar de 2 a 13 de agosto de 2023, sendo o dia 8 de agosto dedicado ao Emigrante.
Este Encontro da Diáspora Arcuense, que conta com a presença do Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. Paulo Cafôfo, com o seguinte programa:
9h30 – Receção aos convidados nos Paços do Concelho
10h00 – Apresentação de iniciativas socioeconómicas em curso em Arcos de Valdevez
10h15 – Apresentação do Programa Regressar e do Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora
10h45 – Intervenção do Presidente da Câmara Municipal
11h00 – Intervenção do Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. Paulo Cafôfo
11h30 – Visita ao “Espaço Valdevez”, espaço de valorização do património arqueológico de Arcos de Valdevez
Cartaz com Pedro Mafama, Os Trastes e Carlos Pires inclui sessão de apresentação do programa Regressar com a presença do Secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo.
Concerto com Pedro Mafama, DJ’s, uma feira de vinhos e petiscos, música tradicional e popular, folclore do mundo, uma exposição e uma sessão de apresentação dos programas de apoio ao regresso dos emigrantes são alguns dos destaques do programa que volta a equilibrar a componente festiva com agenda cultural onde não falta a apresentação de um livro e uma sessão de cinema ao ar livre. O evento encerra com a presença do Secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo.
A Festa do Emigrante celebra-se em Fafe de 4 a 10 de agosto e arranca com o Trio Elétrico e DJ’s para assinalar a chegada dos milhares de emigrantes que todos os anos regressam a Fafe. Este momento antecipa a estreia da «Feira dos Vinhos e Petiscos», um arraial minhoto organizado pelo Rancho Folclórico de Fafe e que se realizará nos dias 5 e 6 de agosto na Praça 25 de Abril.
Entre tasquinhas, cantares ao desafio, concertinas e música tradicional, o Rancho Folclórico de Fafe programou a atuação do grupo «Os Trastes» e de Carlos Pires, o cantor fafense e autor do «Vira de Fafe» que é já um emblema para os fafenses.
Entre 7 e 27 de agosto, a Arcada recebe a exposição «As costas portuguesa e francesa sob o olhar dos satélites», promovida pelo Município de Fafe com a colaboração da Agência Espacial Portuguesa. Pretende-se, desta forma, dar a conhecer aos emigrantes (sobretudo aqueles que vivem em França) uma perspetiva diferente dos dois países que melhor conhecem.
No dia 8 de agosto é a vez do cantor de «Olarilolé» se apresentar perante o público fafense. Pedro Mafamaatuará no palco da Praça 25 de abril a partir das 21h30. No dia seguinte, realiza-se o festival de folclore do mundo «Fest’In Folk», uma organização conjunta do Município de Fafe e Fest’InFolk Corredoura.
A Festa do Emigrante termina no dia 10 de agosto com uma sessão de apresentação dos apoios aos emigrantes, medidas de apoio fiscal e ao investimento da diáspora inscritos no programa «Regressar». O evento tem início pelas 17h00, no auditório da Câmara Municipal de Fafe, e contará com a presença do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.
No mesmo dia, a partir das 21h00, no auditório exterior da Casa Municipal da Cultura e Biblioteca Municipal será apresentado o livro «As Fafeiras» da autoria de Paulo Inocêncio e José Novais (e que versa sobre as mulheres das freguesias serranas de Fafe que migraram para o litoral para trabalharem na seca do bacalhau).
«As Fafeiras» O livro «As Fafeiras», da autoria de Paulo Moreira e António José Novais, retrata o processo migratório de jovens mulheres, oriundas de algumas freguesias do norte do concelho Fafe, para a localidade de Gafanha da Nazaré (e outras, designadamente, Vila do Conde), para trabalharem na seca do bacalhau.
Resultado de um trabalho etnográfico e de pesquisa baseada em entrevistas individuais, esta obra identifica mulheres que migraram no seu próprio país, mas que, em boa parte, acabaram por emigrar para destinos longínquos. Com este livro é possível conhecê-las, assim como as suas histórias pessoais.
«EROSÃO» cinema comunitário de Fafe inspirado em Miguel Torga O filme EROSÃO é um hino poético ao fenómeno da emigração a partir do mundo rural. Impulsionado pela companhia EnfimTeatro e a Sociedade de Recreio Cepanense, o filme é resultado de um projeto comunitário homónimo que tem a comunidade fafense como protagonista.
Rodado em Fafe, com não-atores fafenses e orientado tecnicamente por alguns atores, técnicos e encenadores profissionais, envolveu mais de 200 participantes e duas dezenas de instituições. "Erosão" inspira-se na obra de Miguel Torga, “Terra Firme”, e retrata a longa e penosa espera de um pai pelo filho há vinte anos ausente.
O filme apresenta episódios individuais e memórias da emigração, conduzindo o espetador a um autêntico mergulho na história contemporânea portuguesa e à etnografia rural local. O argumento induz a uma reflexão quase silenciosa em torno da democratização, o encontro e desencontro de pessoas e à recriação humana na procura da liberdade, da democracia e do direito a viver um sonho.
“Erosão” teve o apoio do Município de Fafe e estreou em novembro de 2021 no Teatro Cinema de Fafe. Será exibido no âmbito da Festa do Emigrante no dia 10 de agosto, pelas 21h45. (trailer: https://www.youtube.com/watch?v=kWy6MuQC59I)
Recentemente foi celebrado com profundo simbolismo e sentimento de pertença, exposto em inúmeras atividades e eventos, o 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.
Uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, as suas raízes remontam a 1953. Ano em que, ao abrigo de um Acordo Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, desembarcaram no Saturnia, a 13 de maio, em Halifax, província de Nova Escócia, os primeiros emigrantes portugueses.
Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
Foi a partir deste valioso legado histórico, que se assinalou a efeméride cujo programa oficial computou a presença de representes oficiais do governo português, a realização de atividades literárias e artísticas. Uma verdadeira dinâmica cultural que envolveu e fortaleceu o espírito identitário das comunidades portuguesas disseminadas pelo imenso território canadiano.
Entre os dias 13 e 14 de maio, um dos momentos cimeiros do programa oficial em Toronto, metrópole onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, foi indubitavelmente a presença de António da Silva, um dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Natural de Dume, povoação do concelho de Braga, no Baixo Minho, onde nasceu em 1930, António da Silva integrou o primeiro contingente de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax. Estofador de profissão, mas almejando melhores condições de vida, na esteira de centenas de milhares de portugueses que nessa década encetaram uma trajetória emigratória para a América do Norte e o centro da Europa, o bracarense, instalado primeiramente em Toronto, acabou pouco tempo depois da sua chegada por se estabelecer em Ottawa, a capital do Canadá, localizada na província de Ontário.
O pioneiro da emigração portuguesa para o Canadá, António da Silva (esq.), acompanhado do historiador Daniel Bastos, na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, no âmbito do 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.
Conseguindo com abnegado trabalho e resiliência ultrapassar as dificuldades iniciais, em particular as do novo idioma, o clima e cultura, António da Silva casou na década de 1950 com Delfina, uma imigrante natural de Espanha, construindo em comum uma família sustentada pelo laborioso trabalho na área do estofamento.
No alvorecer dos anos 60 consegui mesmo começar a trabalhar por conta própria, abrindo a empresa “Da Silva Estofados”, que venderia uma década depois aos seus funcionários. Mantendo, paralelamente, uma importante colaboração e participação no seio da comunidade portuguesa, através essencialmente do Lusitania Portuguese Recreation Centre, em Ottawa.
A presença do nonagenário emigrante nas recentes comemorações do 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá, acompanhado de vários familiares, foi um cintilante sinal de respeito pelo passado da comunidade luso-canadiana, e concomitantemente, de construção do presente e esperança no seu futuro.
Nas palavras abalizadas do Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto, “alma mater” do programa alusivo ao 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá. Os pioneiros da emigração portuguesa para o território canadiano, como António da Silva, encarnam o “verdadeiro espírito português", humildade e coragem aceitaram o desafio e integraram-se para contribuir e construir o país que o Canadá é hoje”.
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico, político e associativo.
Nestes vários exemplos, por exemplo, de dirigentes associativos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento do país, tem-se destacado, ao longo dos últimos anos, o percurso altruísta e dinâmico de Parcídio Peixoto.
Originário de Fafe, concelho localizado na região do Baixo Minho, Parcídio Peixoto, nasceu em 1948 no seio de uma família modesta de agricultores. Contexto que concorreu para que em 1965, tenha partida a “salto”, expressão muito utilizada na época para descrever a emigração clandestina, em direção à França, na esteira de milhares de compatriotas, que nos anos 60, impelidos pela miséria rural, e a fuga ao serviço militar e à Guerra Colonial, demandaram melhores condições de vida na pátria gaulesa.
Na região parisiense, onde constituiu família e desenvolveu a atividade profissional em diversas áreas, embrenhou-se ativamente no movimento associativo da comunidade lusa, onde se tornou uma figura grada, assim como das autoridades locais e portuguesas.
Antigo tesoureiro da Federação das Associação Portuguesas em França, e do Conselho das Comunidades Portuguesas, a Parcídio Peixoto se deve um contributo importante na aproximação do saudoso fotógrafo franco-haitiano Gérald Bloncourt (1926-2018), fotógrafo que imortalizou a emigração portuguesa para França, à comunidade portuguesa. Que desse modo, redescobriu no alvorecer do séc. XXI o seu valioso trabalho e espólio, fundamentais para uma melhor compreensão e representação do nosso passado recente.
Foi na sequência do seu ativismo sociocultural dinamizado na Amicale Culturelle Franco-Portugaise Intercommunale de Viroflay, nos arredores de Paris, que foi desencadeada a doação, em 2009, de mais de uma centena de fotografias originais de Gérald Bloncourt, com quem mantinha uma relação de amizade bastante estreita, ao Museu das Migrações e das Comunidades, sediado na sua terra natal, e que se assume como um centro de encontro e preservação de memória da emigração portuguesa.
O dirigente associativo Parcídio Peixoto (dir.), com o saudoso fotógrafo Gérald Bloncourt, aquando da sua condecoração em 2016 com a ordem de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
O seu trabalho persistente de resgate da memória da emigração portuguesa para França, levou-o a fundar há uma década a Associação Memória das Migrações, estabelecida no território gaulês, e que tem desde então realizado um trabalho articulado, com o Museu das Migrações e das Comunidades, na recolha de documentos e testemunhos dos portugueses que saíram de Portugal nos anos de 1960-70 e ainda continuam a deixar Portugal. Em Maio de 2013, foram assinados protocolos com o Consulado Geral de Portugal em Paris, o Museu das Migrações e das Comunidades e a Associação Memória das Migrações, no sentido da recolha de documentos, objetos e histórias de vida ligados às migrações dos portugueses para França.
Esta profunda ligação à preservação da memória da emigração portuguesa para França, mas também às suas raízes, concorreu para que em 2018 tenha estado patente, no verão de 2018, na Sala de Visitas do Minho, uma exposição fotográfica e documental “Racines – Les Amours suspendus”, enquadrada nas comemorações do Centenário da Batalha de La Lys (9 de abril de 1918) e do termo da I Guerra Mundial (1914-1918).
A sua estreita ligação a Gérald Bloncourt, concorreu para que no ocaso de 2019, tenha sido um dos principais dinamizadores da homenagem póstuma, promovida pela comunidade portuguesa, ao fotógrafo franco-haitiano no Museu Nacional da História da Imigração de Paris.
Figura grada da comunidade portuguesa em França, a dedicação laboriosa do emigrante e dirigente associativo Parcídio Peixoto, inspira-nos a máxima de José Saramago, o único Nobel da Literatura em língua portuguesa: “Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir”.
Na passada sexta-feira, foi apresentado em Bruxelas, o livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia”.
A obra, prefaciada pelo advogado e comentador Luís Marques Mendes, e que reúne as crónicas que o historiador Daniel Bastos tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, foi apresentada na livraria “La petite portugaise”, um espaço cultural de referência da comunidade lusa na capital da Europa.
O historiador Daniel Bastos (esq.), acompanhado do escritor Joaquim Tenreira Martins, no decurso da sessão de apresentação do livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia” na capital da Europa
A sessão de apresentação, que levou à livraria portuguesa em Bruxelas, vários emigrantes e dirigentes associativos, esteve a cargo do escritor Joaquim Tenreira Martins, que salientou “que neste livro, Daniel Bastos tem como objetivo informar, divulgar, sugerir, chamar a atenção, refletir, dar opinião” sobre o papel das comunidades portuguesas no mundo.
Refira-se que neste último livro, que tem sido apresentado em diversos espaços da diáspora, o escritor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam. Como é caso da comunidade lusa na Bélgica, constituída por cerca de 70 mil pessoas, e que nos últimos anos se tem tornado um dos destinos mais procurados pelos emigrantes portugueses.
Professor e autor de várias obras que retratam a história da emigração portuguesa, Daniel Bastos é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
No dia 23 de junho (sexta-feira), o escritor e historiador Daniel Bastos apresenta em Bruxelas, o seu mais recente livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”.
A obra, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, é apresentada às 18h00, na livraria “La petite portugaise”, um espaço cultural de referência da comunidade lusa na capital da Europa.
A apresentação do livro, que é prefaciado pelo advogado e comentador Luís Marques Mendes, e conta com posfácios de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, e de Isabelle Oliveira, Presidente do Instituto do Mundo Lusófono, estará a cargo do escritor Joaquim Tenreira Martins.
Nesta última obra, que tem sido apresentada em diversos espaços da diáspora, o escritor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam. Como é caso da comunidade lusa na Bélgica, constituída por cerca de 70 mil pessoas, e que nos últimos anos se tem tornado um dos destinos mais procurados pelos emigrantes portugueses.
Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração portuguesa, Daniel Bastos, que ainda no mês passado apresentou na América do Norte o seu último livro, no âmbito das celebrações dos 70 anos da emigração portuguesa no Canadá, é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
No dia 23 de junho (sexta-feira), o escritor e historiador Daniel Bastos apresenta em Bruxelas, o seu mais recente livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”.
A obra, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, é apresentada às 18h00, na livraria “La petite portugaise”, um espaço cultural de referência da comunidade lusa na capital da Europa.
A apresentação do livro, que é prefaciado pelo advogado e comentador Luís Marques Mendes, e conta com posfácios de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, e de Isabelle Oliveira, Presidente do Instituto do Mundo Lusófono, estará a cargo do escritor Joaquim Tenreira Martins.
Nesta última obra, que tem sido apresentada em diversos espaços da diáspora, o escritor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam. Como é caso da comunidade lusa na Bélgica, constituída por cerca de 70 mil pessoas, e que nos últimos anos se tem tornado um dos destinos mais procurados pelos emigrantes portugueses.
Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração portuguesa, Daniel Bastos, que ainda no mês passado apresentou na América do Norte o seu último livro, no âmbito das celebrações dos 70 anos da emigração portuguesa no Canadá, é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.
Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados comoum ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e benemérito do empresário Manuel Pinto Lopes.
Originário de Fafe, concelho localizado na região do Baixo Minho, Manuel Pinto Lopes, nasceu em 1956 no seio de uma família modesta. Contexto que concorreu para que apenas com 11 anos, com a restante família, tenha partido em direção à França, ao encontro da figura paterna que tinha emigrado dois anos antes, na esteira de milhares de compatriotas, que nos anos 60, impelidos pela miséria rural e a ausência de liberdade, demandaram melhores condições de vida na pátria gaulesa.
O trabalho, o esforço, a humildade e a resiliência, valores coligidos no seio familiar, catapultaram o jovem minhoto para um percurso de empresário de sucesso, consubstanciado ao longo das últimas décadas na liderança da Almeca Services, uma empresa de referência ao nível de aluguer e montagem de andaimes em Paris.
O sucesso que o emigrante fafense tem alcançado no mundo dos negócios, tem sido acompanhado de um apoio constante à comunidade luso-francesa, destacando-se, a sua ligação umbilical ao meio associativo da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa.
O emigrante benemérito Manuel Pinto Lopes, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito da última edição dos “Portugueses de Valor”
Antigo dirigente da Associação Portugal Novo de Colombes, membro da Santa Casa da Misericórdia de Paris, da Associação Minhotos de Chichy, da Academia do Bacalhau de Paris, e recentemente empossado Presidente da Associação Portuguesa de Beneficência, em Le Raincy, nestas e noutras agremiações tem apoiado e dinamizado notáveis iniciativas solidárias em prol da numerosa comunidade luso-francesa. Ainda no meio associativo franco-português, Manuel Pinto Lopes, nomeado um dos “Portugueses de Valor” em 2012 pela revista da diáspora Lusopress, um relevante meio de comunicação social da comunidade lusa em França, é um apresentador histórico do programa de rádio “Espaço Aberto”, na Rádio Alfa, a emissora mais popular dos portugueses em Paris.
Dinamizador e patrocinador de várias atividades, e projetos de cariz sociocultural e solidário, o empresário, dirigente associativo e benemérito da comunidade em França não esquece as suas raízes. Como como atesta o facto de direta ou indiretamente ter já oferecido à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fafe uma dezena de viaturas, mormente, veículos para combate a fogos florestais e urbanos, ambulâncias e autoescadas.
O insigne espírito bairrista e generoso foi singelamente distinguido no início do séc. XXI, com a atribuição de medalha de mérito pela Junta de Freguesia de Fafe, assim como pelo Município de Fafe, que lhe outorgou a medalha de prata de mérito concelhio em reconhecimento pelos inestimáveis serviços que tem prestado à sociedade local, no âmbito do apoio aos Bombeiros Voluntários de Fafe. Ainda neste entrecho e no mesmo período, a Liga dos Bombeiros Portugueses, que se constitui como a confederação das Associações e Corpos de Bombeiros voluntários ou profissionais no território nacional, atribui-lhe a Medalha de Serviços Distintos.
Uma condecoração justa e merecida, que se destina a galardoar elementos dos Corpos de Bombeiros, dirigentes dos órgãos sociais das entidades detentoras de Corpos de Bombeiros e das Federações Regionais ou Distritais de Bombeiros e Liga dos Bombeiros Portugueses bem como indivíduos e entidades da sociedade civil, pela prática de Serviços Distintos que contribuíram, com notável evidência para o engrandecimento e prestígio das instituições de Proteção e Socorro.
Uma das figuras mais gradas da comunidade portuguesa em França, o exemplo de vida do empresário, dirigente associativo e emigrante benemérito Manuel Pinto Lopes, inspira-nos a máxima do escritor Franz Kafka: “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”.
2 de junho, sexta-feira, pelas 21h30, no Cine Teatro João Verde. Entrada gratuita.
Apresentação do livro “Mandem Saudades”
Mário Augusto, jornalista de televisão desde 1986, autor e apresentador de vários programas de cinema, entre os quais, “Janela Indiscreta”, o mais antigo magazine televisivo dedicado à sétima arte, apresenta o livro “Mandem saudades, uma longínqua história de emigração”. Durante a sessão, será exibido o documentário “Portugueses no Havai”, o qual esteve na génese da criação do livro.
Sinopse: “Sabia que o ukelele, o instrumento musical típico do Havai, é o cavaquinho alterado por madeirenses para ali emigrados? Ainda hoje, essa herança e muitas outras tradições, são acarinhadas por portugueses de terceira e quarta gerações que habitam aquelas ilhas. São descendentes dos cerca de 27 000 portugueses que, no final do século XIX e até 1913, fizeram uma longa rota de emigração para o meio do Pacífico”.
O Presidente da Câmara Municipal de Valença, José Manuel Carpinteira, participou ontem, dia 24 de maio, no II Fórum dos Gabinetes de Apoio aos Emigrantes e ao Investimento da Diáspora, que se realizou na Biblioteca Municipal de Mangualde, onde procedeu à assinatura do Termo de adesão à Rede de Apoio ao Investidor da Diáspora (RAID) e do Protocolo de Colaboração para a constituição do Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE), homologado pelo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.
Esta adesão à Rede de Apoio ao Investidor da Diáspora é dirigida a emigrantes portugueses e lusodescendentes que queiram investir ou alargar a sua atividade económica em Valença, bem como a empresas nacionais que queiram internacionalizar os seus negócios através da diáspora.
Já o Protocolo de Colaboração para a constituição do Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE) tem como objetivo apoiar e informar os referidos cidadãos, na área social, jurídica, econômica e empresarial, educação, emprego, formação profissional, entre outras, orientando-os para os serviços públicos vocacionados para o esclarecimento de dúvidas ou para a resolução de problemas mais específicos.
Em suma, Valença passará a ter uma Rede de Apoio ao Emigrantes e ao Investimento da Diáspora que irá funcionar no Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Económico enquanto que o Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE) funcionará no junto da Ação Social do Município.
No passado dia 13 de maio (sábado), o escritor e historiador Daniel Bastos apresentou em Toronto, metrópole onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, a segunda edição do seu último livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia”.
O historiador Daniel Bastos (ao centro), no decurso da apresentação do livro “Comunidades – Emigração e Lusofonia” na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, acompanhado do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva (de pé), da Socióloga das Migrações, Maria Beatriz – Rocha Trindade, e do Comendador Manuel DaCosta
A segunda edição da obra, agora revista e aumentada, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, foi apresentada na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, no âmbito das celebrações oficiais dos 70 anos da emigração portuguesa para o Canadá.
A sessão de apresentação, que encheu o espaço museológico de emigrantes, lusodescendentes, empresários, dirigentes associativos, autoridades consulares e órgãos de informação da diáspora. E contou com a presença dos representes oficiais do governo português, Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e António Leão Rocha, Embaixador de Portugal no Canadá, esteve a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, e do Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto.
Nesta última obra, o escritor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam. Como é caso da comunidade luso-canadiana, que se destaca atualmente na América do Norte pela sua dinâmica associativa, económica e sociopolítica, e cujas raízes remontam a um grupo pioneiro de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax, na Nova Escócia.
Refira-se que a totalidade das receitas da venda dos livros que esgotaram rapidamente, reverteram a favor da Magellan Community Foundation, uma instituição responsável pela construção em Toronto, do primeiro lar de cuidados a longo termo para idosos de expressão portuguesa, com 350 camas.
Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração, Daniel Bastos, cujos apresentadores da obra em Toronto confluíram no papel que o mesmo tem desempenhado ao longo dos últimos anos na “promoção e valorização das comunidades portuguesas espalhadas um pouco por todo o mundo”, é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Na senda das vagas contemporâneas de emigrantes portugueses para vários países do mundo, evidencia-se o ciclo transatlântico que se prolongou de meados do século XIX até ao primeiro quartel do século XX, e que teve como principal destino o Brasil.
Pressionados pela carestia de vida e baixos salários agrícolas, mais de um milhão de portugueses entre 1855 e 1914 atravessaram o oceano Atlântico, essencialmente seduzidos pelo crescimento económico da antiga colónia portuguesa. Procedente do mundo rural e eminentemente masculino, o fluxo migratório foi particularmente incisivo no Minho, um dos principais torrões de origem da emigração portuguesa para o Brasil.
Enobrecidos pelo trabalho, maioritariamente centrado na atividade comercial, e após uma vintena de anos geradores de um processo de interação social que os colocou em contacto com novas realidades, hábitos, costumes e posses, o regresso de “brasileiros de torna-viagem” a Portugal, trouxe consigo um espírito burguês empreendedor e filantrópico marcado pela fortuna, pelo gosto de viajar, e pelo fascínio cosmopolita da cultura e língua francesa.
Ainda que sintomática das debilidades estruturais do país, a emigração para o Brasil entre o séc. XIX e XX, facultou através do retorno dos “brasileiros de torna-viagem”, os meios e recursos necessários para a transformação contemporânea do território nacional, com particular incidência no Norte de Portugal.
Como é o caso paradigmático de Fafe, uma cidade situada no distrito de Braga, no coração do Minho, cujo desenvolvimento contemporâneo teve um forte cunho de emigrantes locais enriquecidos no Brasil nesse período. O retorno dos “brasileiros de torna-viagem” a Fafe alavancou, desde logo, nas décadas de 1870-80, a criação da Fábrica têxtil do Bugio, e da Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe (Fábrica do Ferro), símbolos incontornáveis da indústria têxtil no Vale do Ave.
Paralelamente à dinâmica empreendedora, as iniciativas de natureza filantrópica dos emigrantes “brasileiros” de Fafe, abarcaram ainda no último quartel do séc. XIX, o lançamento da Igreja Nova de São José, a edificação do Asilo da Infância Desvalida, a construção do Jardim Público, símbolo do romantismo, o surgimento da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, a instituição da Santa Casa da Misericórdia de Fafe, e já no alvorecer do séc. XX, o Asilo de Inválidos de Santo António.
As marcas da benemerência brasileira local estão ainda paradigmaticamente consubstanciadas na construção do Hospital de São José, administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Fafe, e que foi alavancado por um conjunto de influentes fafenses no Rio de Janeiro, que angariaram os fundos necessários para a edificação da unidade de saúde, com a incumbência do mesmo seguir a planta arquitetónica do Hospital da Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro.
Inaugurado em 19 de março de 1863, o estabelecimento esteve durante mais de um século sob a gestão da Misericórdia, desempenhando um papel relevante no atendimento e tratamento de doentes locais e das Terras de Basto. Em particular, aos oriundos dos estratos sociais mais desfavorecidos, até à sua nacionalização em 1975, com a criação do Serviço Nacional de Saúde.
No decurso da década de 2010, o Hospital de São José, integrado no Serviço Nacional de Saúde, no âmbito de um acordo de cooperação assinado entre a ARS Norte e a Misericórdia de Fafe, passou novamente para a gestão da centenária instituição, dinamizando, como desde a sua génese e dentro das vicissitudes da prestação de cuidados de saúde em Portugal, um relevante serviço à comunidade.
Hospital de São José em Fafe
Enraizado na memória coletiva da comunidade, a história e papel do Hospital de São José, que assinalou no ocaso do mês passado160 anos, impeliram a edilidade minhota a conceber uma exposição sobre a efeméride, enaltecendo o facto do imóvel oitocentista constituir o paradigma da filantropia dos “brasileiros de torna-viagem” em Fafe.
Como asseverava apaixonadamente, o saudoso mestre Miguel Monteiro, um dos mais reputados investigadores no campo do estudo dos “brasileiros de torna-viagem” e “alma mater” do Museu das Migrações e das Comunidades, recuando localmente ao alvorecer do séc. XX, encontramos nos “brasileiros” de Fafe aqueles que alcançando fortuna no Brasil: “construíram residências, compraram quintas, criaram as primeiras indústrias, contribuíram para a construção de obras filantrópicas e participaram na vida pública e municipal, dinamizando a vida económica, social e cultural”.