Recentemente foi celebrado com profundo simbolismo e sentimento de pertença, exposto em inúmeras atividades e eventos, o 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.
Uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, as suas raízes remontam a 1953. Ano em que, ao abrigo de um Acordo Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, desembarcaram no Saturnia, a 13 de maio, em Halifax, província de Nova Escócia, os primeiros emigrantes portugueses.
Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
Foi a partir deste valioso legado histórico, que se assinalou a efeméride cujo programa oficial computou a presença de representes oficiais do governo português, a realização de atividades literárias e artísticas. Uma verdadeira dinâmica cultural que envolveu e fortaleceu o espírito identitário das comunidades portuguesas disseminadas pelo imenso território canadiano.
Entre os dias 13 e 14 de maio, um dos momentos cimeiros do programa oficial em Toronto, metrópole onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, foi indubitavelmente a presença de António da Silva, um dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Natural de Dume, povoação do concelho de Braga, no Baixo Minho, onde nasceu em 1930, António da Silva integrou o primeiro contingente de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax. Estofador de profissão, mas almejando melhores condições de vida, na esteira de centenas de milhares de portugueses que nessa década encetaram uma trajetória emigratória para a América do Norte e o centro da Europa, o bracarense, instalado primeiramente em Toronto, acabou pouco tempo depois da sua chegada por se estabelecer em Ottawa, a capital do Canadá, localizada na província de Ontário.
O pioneiro da emigração portuguesa para o Canadá, António da Silva (esq.), acompanhado do historiador Daniel Bastos, na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, no âmbito do 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.
Conseguindo com abnegado trabalho e resiliência ultrapassar as dificuldades iniciais, em particular as do novo idioma, o clima e cultura, António da Silva casou na década de 1950 com Delfina, uma imigrante natural de Espanha, construindo em comum uma família sustentada pelo laborioso trabalho na área do estofamento.
No alvorecer dos anos 60 consegui mesmo começar a trabalhar por conta própria, abrindo a empresa “Da Silva Estofados”, que venderia uma década depois aos seus funcionários. Mantendo, paralelamente, uma importante colaboração e participação no seio da comunidade portuguesa, através essencialmente do Lusitania Portuguese Recreation Centre, em Ottawa.
A presença do nonagenário emigrante nas recentes comemorações do 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá, acompanhado de vários familiares, foi um cintilante sinal de respeito pelo passado da comunidade luso-canadiana, e concomitantemente, de construção do presente e esperança no seu futuro.
Nas palavras abalizadas do Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto, “alma mater” do programa alusivo ao 70.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá. Os pioneiros da emigração portuguesa para o território canadiano, como António da Silva, encarnam o “verdadeiro espírito português", humildade e coragem aceitaram o desafio e integraram-se para contribuir e construir o país que o Canadá é hoje”.
No passado dia 13 de maio (sábado), o escritor e historiador Daniel Bastos apresentou em Toronto, metrópole onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, a segunda edição do seu último livro “Comunidades, Emigração e Lusofonia”.
O historiador Daniel Bastos (ao centro), no decurso da apresentação do livro “Comunidades – Emigração e Lusofonia” na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, acompanhado do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva (de pé), da Socióloga das Migrações, Maria Beatriz – Rocha Trindade, e do Comendador Manuel DaCosta
A segunda edição da obra, agora revista e aumentada, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo, foi apresentada na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, no âmbito das celebrações oficiais dos 70 anos da emigração portuguesa para o Canadá.
A sessão de apresentação, que encheu o espaço museológico de emigrantes, lusodescendentes, empresários, dirigentes associativos, autoridades consulares e órgãos de informação da diáspora. E contou com a presença dos representes oficiais do governo português, Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República, Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e António Leão Rocha, Embaixador de Portugal no Canadá, esteve a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, e do Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto.
Nesta última obra, o escritor revela o empreendedorismo, as contrariedades, a resiliência e a solidariedade das comunidades portuguesas, a riqueza do seu movimento associativo, e as enormes potencialidades culturais, económicas e políticas que as mesmas representam. Como é caso da comunidade luso-canadiana, que se destaca atualmente na América do Norte pela sua dinâmica associativa, económica e sociopolítica, e cujas raízes remontam a um grupo pioneiro de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax, na Nova Escócia.
Refira-se que a totalidade das receitas da venda dos livros que esgotaram rapidamente, reverteram a favor da Magellan Community Foundation, uma instituição responsável pela construção em Toronto, do primeiro lar de cuidados a longo termo para idosos de expressão portuguesa, com 350 camas.
Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração, Daniel Bastos, cujos apresentadores da obra em Toronto confluíram no papel que o mesmo tem desempenhado ao longo dos últimos anos na “promoção e valorização das comunidades portuguesas espalhadas um pouco por todo o mundo”, é atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
A poucos dias de se assinalar os 70 anos da emigração portuguesa no Canadá, alicerçados no legado histórico do grupo cabouqueiro de emigrantes portugueses que desembarcaram a 13 de maio de 1953, em Halifax, na Nova Escócia, e que constituem os pioneiros do mais de meio milhão de luso-canadianos que vivem e trabalham atualmente no segundo maior país do mundo em área total, adquire particular simbolismo rememorar as raízes mais remotas da presença regular de portuguesesneste território da América do Norte.
Raízes mais remotas, que remontam ao alvorecer do séc. XVI, à epopeia dos descobrimentos marítimos, mais concretamente à figura do intrépido navegador João Álvares Fagundes, conhecido como um dos primeiros exploradores da Terra Nova, a província mais ao leste do Canadá, no Atlântico Norte, e uma importante zona de pesca do bacalhau.
Natural de Viana do Castelo, onde terá nascido por volta de 1470, e onde se encontra sepultado, na Sé Catedral, a João Álvares Fagundes deve-se o reconhecimento de parte das costas do nordeste americano, naquelas que são hoje as províncias marítimas canadianas da Nova Escócia, e da Terra Nova e Labrador.
Estátua de João Álvares Fagundes em Viana do Castelo
Estando até aos dias de hoje em constante debate a temática histórica das navegações no séc. XVI nos mares setentrionais da América, a historiografia tem confluído, como alude Damião Peres, que ao navegador vianense “se deve atribuir a exploração das costas austrais da Terra Nova, bem como o descobrimento e exploração do golfo de São Lourenço e ilhas afins. Um alvará de D. Manuel I, datado de 1521, fez-lhe doação da capitania dessas terras, dizendo-as descobertas por ele”.
É no entrecho deste legado histórico que se encontra o fundamento da existência em Halifax, na Nova Escócia, província no oeste do Canadá que acolhe hodiernamente uma comunidade de cerca de 4 mil luso-canadianos, de um monumento comemorativo da expedição quinhentista com a inscrição “Portuguese Explorer * 1520 * Alvares Fagundes”.
Monumento comemorativo em Halifax da expedição de João Álvares Fagundes
Neste sentido, e a poucos dias de se assinalar os 70 anos da emigração portuguesa no Canadá, reviver a figura histórica e lendária de João Álvares Fagundes, é na linha do passado remoto da presença portuguesa no território canadiano, essencialmente um sinal de confiança na construção do presente e futuro da comunidade lusa no Canadá.
Uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, tanto que como reiteradamente tem destacado Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá: “A cultura portuguesa está presente nas nossas vilas e cidades de diversas formas, com valores tradicionais de família, trabalho árduo e paixão pelo futebol. Os luso-canadianos são a chave da explicação do Canadá de hoje”.
No âmbito dos Prémios Corte-Real 2022, uma iniciativa organizada pelo jornal LusoPresse, um relevante meio de comunicação social da comunidade portuguesa em Montreal, a segunda maior cidade do Canadá e a primeira da região de Quebeque, o historiador Daniel Bastos, colaborador regular da imprensa de língua portuguesa no mundo, foi distinguido no decurso do mês de março com o Prémio Corte-Real Reconhecimento.
Professor e autor de vários livros que retratam a história da emigração portuguesa, e atualmente consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, e da rede museológica virtual das comunidades portuguesas, instituída pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Daniel Bastos foi distinguido em conjunto com o economista Carlos Leitão, até há pouco tempo ministro das Finanças do Quebeque, e de Duarte Miranda, ex-vice-presidente Internacional do Banco Royal do Canadá, pelo trabalho que tem desenvolvido em prol da diáspora lusa e vertido nas páginas do jornal luso-canadiano.
Refira-se que o Prémio Corte-Real com três categorias distintas, Louvor, Carreira e Reconhecimento, foi criado em 2016 de forma premiar o mérito comunitário de elementos distintivos de entre toda a comunidade portuguesa do Quebeque.
Estima-se que atualmente vivam no Canadá mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
No passado dia 5 de novembro, o Centro Cultural Português de Mississauga (PCCM), uma representativa agremiação lusa na província do Ontário, no Canadá, promoveu a Gala Community Spirit Award, um importante momento de justíssima homenagem ao Comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto.
Sessão de homenagem ao Comendador Manuel DaCosta no decurso da Gala Community Spirit Award promovida pelo PCCM
Empresário multifacetado, com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, premissas que estão na base das insígnias do grau de comendador que lhe foram atribuídas pelas autoridades portuguesas, Manuel DaCosta, natural de Castelo do Neiva, concelho de Viana do Castelo, dirige presentemente uma das mais importantes empresas de comunicação social luso-canadianas, designadamente, a MDC Media Group.
O sucesso que tem alcançado ao longo das últimas décadas no mundo dos negócios, tem sido constantemente acompanhado de um generoso apoio a projetos emblemáticos da comunidade portuguesa em Toronto, capital da província do Ontário e maior cidade do Canadá, onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no segundo maior país em área do mundo.
Entre outras iniciativas, é fautor do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano. Assim como, da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Sempre longe dos holofotes mediáticos, o empresário e filantropo “Cidadão de Honra de Viana do Castelo” tem sido dinamizador e patrocinador de várias atividades, e projetos de cariz sociocultural e solidário. Como o que promete vir a ser um dos mais relevantes da comunidade luso-canadiana, mormente a Magellen Community Charities, uma organização sem fins lucrativos que pretende inaugurar em 2025 um centro orçado em vários milhões de dólares, capaz de acolher mais de duas centenas de idosos, especialmente direcionado para a comunidade portuguesa.
Nesse sentido, a justa e merecida homenagem na Gala Community Spirit Award ao Comendador Manuel DaCosta, cujo percurso de vida relembra-nos a máxima do escritor António Lobo Antunes “é preciso viver, viver como homem comum entre homens comuns. Só um homem comum pode fazer grandes coisas”, além de abarcar um dever de gratidão e de reconhecimento por tudo quanto o mesmo tem feito de forma devotada e desprendida em prol da comunidade luso-canadiana. É ainda um exemplo inspirador e um agradecimento coletivo a todos os compatriotas espalhados pela diversa geografia da diáspora, que afincadamente demonstram como a solidariedade remanesce uma marca genética das comunidades portuguesas.
Fundada em 2003 pelos emigrantes lusos José Mário Coelho, Bernardette Gouveia e Manuel DaCosta, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, é um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.
Conquanto a presença regular de portugueses neste território da América do Norte remonte ao início do séc. XVI, a emigração lusa para o Canadá começou a ter expressão a partir de 1953. Ano em que ao abrigo de um acordo Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, desembarcaram a 13 de maio em Halifax, província de Nova Escócia, um grupo pioneiro de oitenta e cinco emigrantes portugueses.
Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
É a partir da dinamização deste legado histórico da comunidade lusa, uma comunidade que se destaca hoje no Canadá pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico, que a Galeria dos Pioneiros Portugueses, impulsionada no presente pelo comendador Manuel DaCosta, a quem se deve desde 2013 as novas instalações museológicas na St. Clair Avenue West, se tem dado a conhecer à comunidade canadiana em geral e a outras culturas.
Mais do que um espaço de memória e de homenagem dos pioneiros da emigração lusa para o Canadá, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, alavancada na ação benemérita do comendador Manuel DaCosta, fautor entre outros, do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente galardoa portugueses que se têm destacado no território canadiano, é um exemplo inspirador para as comunidades lusas disseminadas pelo mundo, principalmente naquilo que deve ser o respeito pelo seu passado, a construção do seu presente e a projeção do seu futuro.
Visita integrada no programa IURC da União Europeia na América do Norte
Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, recebeu esta Terça-feira, dia 20 de Setembro, os delegados da cidade canadiana de St. John's, que esta semana estão de visita a Braga, no âmbito do programa de Cooperação Regional Urbana e Internacional (IURC) da União Europeia na América do Norte. O IURC é o maior programa de cooperação entre cidades de todo o mundo e uma rede internacional de referência para a inovação urbana e o desenvolvimento urbano sustentável.
Braga e St. John's encetaram um diálogo profícuo com vista a criar parcerias baseadas num vasto conjunto de boas práticas, identificando modelos inovadores para alcançar os seus objectivos. Estas entidades começaram a cooperar em Setembro de 2021, participando em várias convocatórias técnicas do IURC. Nesta visita foram abordadas áreas estruturais da governação como a mobilidade urbana e transportes sustentáveis; turismo e cultura com a incorporação dos sectores na economia circular; educação; emprego e eficiência energética.
“Nos últimos anos, juntamente com o Eixo Atlântico, temos realizado um trabalho de prospecção junto de diversas cidades e organizações internacionais na procura de oportunidades de inovação para os vários domínios da actuação municipal. Através desta cooperação internacional, estamos a trabalhar em conjunto para encontrar soluções comuns e desenvolver estratégias para um desenvolvimento urbano integrado e sustentável”, referiu Ricardo Rio.
Em Junho passado, uma delegação de Braga e do Eixo Atlântico visitaram a cidade canadiana iniciando dessa forma o processo de cooperação que se vai estender até Dezembro de 2023, para desenvolver um Plano de Acção de Cooperação Urbana, que inclui acções e projectos-piloto capazes de criar impacto na sociedade.
Nesta visita a Braga, a delegação canadiana esteve também reunida com representantes do Eixo Atlântico e do Governo Português onde abordaram questões energéticas e demográficas, visitaram o projecto Baterias 2030, um plano nacional que investe em formas alternativas de gestão de energia. Trata-se de uma parceria público-privada que envolve universidades, municípios e empresas para responder de uma forma integrada e estruturada aos desafios da descarbonização e da integração de energias renováveis. Em Braga, esta delegação visitou ainda a AGERE – Empresa de Águas, Efluentes e Resíduos de Braga para conhecer a estratégia de Bio resíduos
O programa IURC da União Europeia para a América do Norte estabelece parcerias entre cidades europeias e cidades canadianas e americanas para facilitar a troca de conhecimentos através de ferramentas online e apoio presencial, tais como visitas de estudo, participação em eventos temáticos e em rede, e desenvolvimento de competências. O programa é financiado ao abrigo do Instrumento de Parceria da UE e beneficia do apoio estratégico da Direcção-Geral de Política Regional e Urbana da Comissão Europeia.
Uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, as raízes da comunidade portuguesa no Canadá remontam ao início da década de 1950.
Embora a presença regular de portugueses neste território da América do Norte fosse uma realidade desde o alvorecer do séc. XVI, foi somente nos primórdios dos anos 50 que se consubstanciaram as relações diplomáticas entre as duas nações. Como relembra Lisa Rice Madan, Embaixadora do Canadá em Portugal, num artigo de opinião publicado no princípio deste ano no jornal Público, intitulado Canadá-Portugal: 70 anos de relações diplomáticas e muita mais de amizade, em 8 de dezembro de 1951, o Rei George VII, “na qualidade de chefe de Estado do Canadá, escreveu ao Presidente da República de Portugal anunciando a decisão de acreditar para Portugal, o nosso fiel e bem-amado William Ferdinand Alphonse Turgeon, como enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Canadá em Portugal. Um mês mais tarde, o Canadá concedeu o agrément à nomeação do dr. Luís Esteves Fernandez, embaixador e Portugal nos Estados Unidos, para ministro de Portugal para o Canadá. As legações, como então eram chamadas, foram abertas oficialmente a 18 de Janeiro de 1952”.
Ainda nesse ano, em 12 de abril, Gonçalo Caldeira Coelho tomaria posse como Encarregado de Negócios e assumiu a gerência da legação, ou seja da embaixada. Dois anos depois, Portugal e o Canadá, procurando estreitar as relações económicas, assinaram um Acordo Comercial que revogou e substituiu o Acordo com o mesmo objeto que vigorava entre os dois países desde 1 de outubro de 1928.
É no contexto das relações estabelecidas entre os dois países, que em 1953, ao abrigo de um Acordo Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, que transportados pelo Saturnia, desembarcaram a 13 de maio em Halifax, província de Nova Escócia, os primeiros emigrantes portugueses.
Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo.
É a partir deste legado histórico que a Galeria dos Pioneiros Portugueses, impulsionada no presente pelo comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos beneméritos na preservação da cultura portuguesa, na linha da máxima lapidar de Marcus Garvey: “um povo sem o conhecimento da sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”-, perpétua em Toronto a memória dos primeiros emigrantes portugueses no Canadá.
Foi a partir deste legado histórico, que um pouco por todas as comunidades portuguesas disseminadas pelo imenso território canadiano, foi celebrado em 2003, com profundo simbolismo e sentimento de pertença, exposto em inúmeras atividades e eventos, o 50.º aniversário da emigração portuguesa para o Canadá.
Será seguramente a partir deste legado histórico, que sensivelmente dentro de um ano, num contexto pós-pandémico, e não obstante assinalarem-se hodiernamente 70 anos de relações diplomáticas luso-canadianas, que será celebrado com reiterado simbolismo e sentimento de pertença, manifesto em vindouras atividades e eventos, o septuagésimo aniversário da chegada da primeira vaga de emigrantes portugueses ao Canadá
Um aniversário que fortalecerá, concomitantemente, os laços dos emigrantes luso-canadianos à língua e cultura materna, mas também à pátria de acolhimento, até porque como reiteradamente tem destacado Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, as sucessivas vagas de emigrantes portugueses têm contribuído desde a década de 1950 para “a construção do Canadá moderno”. Nas palavras do mesmo, em 2018, durante a visita oficial do primeiro-ministro António Costa ao Canadá: “A cultura portuguesa está presente nas nossas vilas e cidades de diversas formas, com valores tradicionais de família, trabalho árduo e paixão pelo futebol. Os luso-canadianos são a chave da explicação do Canadá de hoje”.
Dentro dos desafios e problemáticas que as sociedades enfrentam na atualidade, o envelhecimento populacional assume uma cada vez maior premência, dadas as suas implicações coletivas e multidimensionais, como é o caso, do mercado laboral, da proteção social, das estruturas familiares ou dos laços intergeracionais.
Como apontam as Nações Unidas, o número de idosos, com 60 anos ou mais, deve duplicar até 2050 e mais do que triplicar até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050 e 3,1 mil milhões em 2100. Se o envelhecimento populacional é um fenómeno mundial, na Europa assume maiores proporções, até porque, hoje em dia, o velho continente tem a maior percentagem da população com 60 anos ou mais (25%).
No quadro do inverno demográfico mundial e europeu, a sociedade portuguesa é uma das mais afetadas, apontando mesmo o Instituto Nacional de Estatística (INE) que quase metade da população portuguesa terá mais de 65 anos dentro de meio século. Este cenário de envelhecimento da população que reside no território nacional, também é visível no seio das comunidades lusas, em particular, nos países com maior e mais antiga tradição de emigração portuguesa.
Segundo o estudo sociológico, A emigração portuguesa no século XXI, a percentagem dos idosos entre os emigrantes lusos aumentou, por exemplo, no Canadá “11 pontos percentuais, passando de 17% para 28%, entre 2001 e 2011, e nos EUA aumentou sete pontos percentuais, de 16% para 23%. Crescimento elevado da percentagem dos idosos é ainda observável entre os emigrantes portugueses em França, destino europeu mais antigo. Essa percentagem duplicou, passando de 8% para 16% entre 2002 e 2011”.
É neste contexto de populações nacionais emigradas mais envelhecidas, que ganha especial relevância a iniciativa que está a ser dinamizada nos últimos anos na comunidade portuguesa em Toronto, onde vive a maioria dos mais de 500 mil compatriotas e lusodescendentes presentes no Canadá. Designadamente, o projeto de construção a breve prazo de um centro, o Magellan Community Centre, orçado em vários milhões de dólares, capaz de acolher mais de 200 idosos, especialmente direcionado para a comunidade lusa.
Este projeto, há muito ambicionado pelos emigrantes lusos na maior cidade canadiana, está a ser dinamizado pela Magellen Community Charities (Instituição de Caridade Comunitária Magalhães). Uma organização sem fins lucrativos, em homenagem ao navegador português, que através da colaboração do poder politico e da solidariedade da comunidade luso-canadiana, pretende construir um lar culturalmente específico que terá que cumprir as seguintes condições: profissionais de saúde que falem português; atividades cultural e espiritualmente desenvolvidas em ambiente cultural sensível; promoção de programas sociais e recreativos em português e alimentação que deve incluir pratos tradicionais.
Numa época de galopante envelhecimento da população, e em que os efeitos da pandemia têm acarretado graves consequências socioeconómicas, a construção de uma “casa” para os mais velhos da comunidade luso-canadiana, demonstra desde logo que o espírito de solidariedade e entreajuda ainda é uma das principais marcas da diáspora, em particular, da comunidade portuguesa em Toronto.
Estando, nesta fase, em processo de angariação de fundos, desdobrando-se os seus vários diretores em contactos e apelos para que a comunidade luso-canadiana, cada um dentro das suas possibilidades, possa contribuir para que o projeto se torne a breve trecho uma realidade. Como realçou, aquando da apresentação pública do mesmo, o empresário benemérito e diretor da Magellan Community Charities, Manuel DaCosta, é “importante estarmos todos envolvidos, se não vamos perder uma oportunidade que não termos num futuro próximo. Estamos empenhados para que tenha sucesso e para que toda a comunidade se envolva. Não é só para nós (direção), mas para toda a comunidade”.
Na linha de pensamento do Comendador Manuel DaCosta, este emblemático projeto da comunidade e para a comunidade portuguesa em Toronto, e quiçá um modelo de inspiração e de boas práticas para outras áreas geográficas da diáspora lusa, reaviva-nos a afirmação notável de Fernando Pessoa, um dos mais importantes poetas da língua portuguesa “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
Nos últimos anos, temos assistido ao nível do espaço urbano nacional a uma cada vez maior interação entre arte e cidade, contexto que no âmbito da promoção de uma cidadania ativa e de uma gestão socialmente consciente do espaço público, tem impulsionado vários artistas a desenvolver uma série de obras, como por exemplo murais, em parceria com as comunidades locais.
A arte pública, liberta dos códigos mais formais e específicos dos museus e galerias, tem feito também o seu caminho no seio da geografia da diáspora lusa. Assumindo mesmo, na linha preconizada pela socióloga Ágata Dourado Sequeira, um “papel de destaque na construção de um espaço público consciente da sua história, presente e futuro, e sobretudo dos cidadãos que o constroem simbolicamente”.
É o caso da comunidade portuguesa em Toronto, onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, que nas últimas décadas tem dinamizado uma série de intervenções artísticas no espaço público, visando através da sua representação identitária aproximar-se ainda mais da cidade e dar-se a conhecer melhor à comunidade canadiana em geral.
Ainda no mês passado, foi inaugurado no “Little Portugal” de Toronto, um mural do artista português Alexandre Farto, conhecido por Vhils, cuja inspiração centra-se na história do movimento feminino Cleaners Action, da década de 1970, liderado por trabalhadoras portuguesas. Como foi o caso de Idalina Azevedo, uma das líderes da greve conhecida por ‘Wildcat’, nas Torres TD, em Toronto, em 1974, que viabilizou alguns direitos para as empregadas de limpeza.
Além deste projeto da iniciativa da vice-presidente da Câmara Municipal de Toronto, a luso-canadiana Ana Bailão, da Associação Comercial do Little Portugal na Dundas, presidida por Anabela Taborda, e da Embaixada de Portugal no Canadá, o bairro português alberga desde o início de outubro, um galo de Barcelos gigante, um dos mais conhecidos símbolos da cultura popular lusa. Com quase três metros, e inserido no ano da arte pública promovido pela autarquia de Toronto, o mais icónico símbolo de Portugal é simultaneamente uma homenagem à comunidade luso-canadiana, e uma forma de revitalizar a Business Improvement Area (BIA), procurando assim atrair os consumidores ao pequeno comércio.
A zona entre as ruas Bathurst e Dufferin, conhecida desde os anos 70 como “Little Portugal”, tem sido pela sua ligação umbilical à comunidade luso-canadiana, alvo de várias manifestações culturais no campo de ação da arte urbana. Há sensivelmente um ano, o coração urbano da comunidade portuguesa em Toronto, foi palco da inauguração de um mural com mais de seis metros de altura, dedicado à fadista Amália Rodrigues, figura maior da cultura portuguesa do século XX, e referência e símbolo da portugalidade.
Criado no âmbito do projeto do empresário de Montreal, Herman Alves, que tem como objetivo criar uma aldeia global virtual colocando 25 murais em pontos centrais da diáspora portuguesa no mundo, este imponente mural junta-se a um outro instalado em Mississauga. Na mesma esteira, a Camões Square em Toronto, que tem desempenhado nas últimas décadas um papel notável na exaltação da portugalidade no centro da cidade, acolhe um enorme mural que retrata o ensino da língua portuguesa e o primeiro barco que levou emigrantes portugueses para o Canadá, o Saturnia.
É neste espaço simbólico, que se encontra o Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente, por ação do empresário e filantropo Manuel DaCosta, laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano, assim como, a fonte dos pioneiros portugueses, um mural de azulejos e um pequeno jardim. Ainda neste entrecho, refira-se que desde 2003, foi instalado na estação de metro Queen’s Park em Toronto, um painel de azulejos, fabricado em Lisboa, da autoria de Ana Vilela, que aborda a exploração portuguesa no Novo Mundo.
Estes exemplos de intervenções artísticas no espaço urbano de Toronto, e outros que se encontram ou possam vir a ser projetados, assumem-se claramente como uma importante mais-valia cultural e identitária da comunidade luso-canadiana, uma das mais dinâmicas comunidades portuguesas na América do Norte.
Trata-se de uma revista mensal de distribuição gratuita na comunidade lusófona no Canadá com uma presença mensal na Comunidade Lusófona.
Este projeto pretende ganhar o seu espaço como revista de referência entre os “nossos”, sendo um meio informativo, educativo e de entretenimento sobre os mais variadíssimos temas de interesse para a Comunidade, mas também de diálogo e comunhão da diversidade, onde além da atualidade quotidiana, pretende igualmente dar conta dos assuntos e realidade não tão óbvios e muitas vezes condenados à invisibilidade por falta de agenda, conhecimento ou recursos dos seus protagonistas. Pretende também ser uma ferramenta de apoio aos empreendedores lusófonos a residir no Canadá, divulgando e apoiando os seu projetos e, acima de tudo, ser um elo de ligação entre toda a comunidade lusófona.
A Revista Amar é uma empresa subsidiária dos grupos Cyber Planet Inc. e MDC Media Group. Por seu turno a Associacao Migrante de Barcelos de Toronto, Ontário, é uma entidade constituída pela comunidade barcelense que promove a cultura portuguesa através do nosso folclore tradicional, comida e eventos sociais.
Notícia publicada no Jornal LusoPresse do Quebec (Canadá) sobre a participação do Grupo de Folclore 'Casa de Portugal' no dia da cultura do Principado de Andorra.