Passa no próximo dia 17 de Janeiro de 2024 precisamente o 1º centenário do falecimento em Coimbra do Dr. Alves dos Santos. De seu nome completo Augusto Joaquim Alves dos Santos, nasceu em 14 de Outubro de 1866 na Freguesia de Santa Maria da Cabração, concelho de Ponte de Lima, e faleceu na cidade de Coimbra. Era filho de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos e de Ana Maria Alves Soares.
A atribuição do seu nome a um estabelecimento de ensino em Ponte de Lima como seu patrono seria a homenagem mais digna a dar a conhecer a personalidade e a obra de um dos mais ilustres limianos
O Dr. Alves dos Santos – um dos mais ilustres filhos de Ponte de Lima – foi o pioneiro do estudo e investigação da psicologia no nosso país, continuando a sua obra a ser estudada pelos mais notáveis académicos decorridos mais de oito décadas desde a data do seu desaparecimento. A obra que publicou em 1923,“Psicologia Experimental e Pedologia”, é considerada aliás um marco“na história da psicologia em Portugal pelo seu pioneirismo e importância histórica”.
Figura controversa, padre apóstata, monárquico convertido ao republicanismo, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É apontado como o principal autor da reforma do ensino primário de 1911. Pioneiro em Portugal da Psicologia Experimental, criou o primeiro laboratório nesta área. Conhecia em profundidade os principais psicólogos europeus do seu tempo, tendo privado com Henri Piéron (colaborador de Binet), cursou no Instituto Jean-Jacques Rosseau, em Genebra, com Edouard Claparède e Paul Godin.
De seu nome completo Augusto Joaquim Alves dos Santos, o nosso ilustre conterrâneo nasceu em 14 de Outubro de 1866, na Freguesia de Cabração, tendo falecido em 17 de janeiro de 1924 na cidade de Coimbra onde viveu e se distinguiu.
Entre os inúmeros cargos que exerceu, o Dr. Alves dos Santos foi Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Ministro do Trabalho e por três vezes eleito deputado pelo círculo de Coimbra entre 1910 e 1921, chegando inclusivamente a presidir à Câmara dos Deputados. Foi ainda Diretor da Biblioteca da Universidade de Coimbra e, um ano após a implantação da República, Chefe do Gabinete do Presidente do Governo provisório.
Foi um eminente teólogo, tendo frequentado o curso de Teologia do Seminário de Braga e recebido ordens sacras. Comendador da Ordem de Santiago em 1904, lecionou Grego e Hebraico no Liceu de Coimbra, Pedagogia, Psicologia e Psicologia Infantil nomeadamente na Escola Normal Superior daquela cidade e, entre inúmeras cadeiras, Pedagogia, Psicologia e Lógica, História da Filosofia e Psicologia Experimental na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
A ele se deveu a instalação do Laboratório de Psicologia daquela Faculdade, no qual também desempenhou as funções de Diretor.
A sua obra literária é igualmente vasta, sendo de destacar os seguintes trabalhos:
“Concordismo e Idealismo”, publicado em 1900;
“O Problema da origem da família e do matrimónio em face da Bíblia e da Sociologia”, editado em 1901;
“A nossa escola primária – o que tem sido e o que deve ser”, em 1910;
“O ensino primário em Portugal, nas suas relações com a história geral da nação”, em 1913;
“Elementos de filosofia científica”, em 1918;
“Portugal e a Grande Guerra” (duas conferências), Coimbra, 1913;
“Psicologia experimental e Pedagogia”, Coimbra, 1923.
A foto, publicada na revista “Ilustração Portugueza” de 28 de janeiro de 1922, mostra a visita do Dr. Alves dos Santos, na qualidade de Ministro do Trabalho, ao asilo D. Maria Pia
Transcreve-se o assento paroquial de batismo de Manoel Joaquim Rodrigues dos Santos, pai de Augusto Joaquim Alves dos Santos, também ele natural da Freguesia de Cabração, concelho de Ponte de Lima, cuja imagem junto se reproduz.
“Manoel Joaquim filho legitimo de Antonio Jose Rodriguez dos Sanctos, e de Anna Joaquina Dantas do Lugar da Egreja desta freguesia de Santa Maria da Cabração julgado de Ponte de Lima; nasceo no dia quinze de Agosto de mil oito centos trinta, e nove, foi baptizado solenemente na pia Baptismal desta Igreja, com imposição dos sanctos oleos, no dia dezoito do ditto mês, por mim padre Joao Antonio Pereira de Amorim Paroco desta Igreja. Forao padrinhos, Joao Antonio Rodrigues, solteiro (…) Maria Joanna Rodrigues solteira ambos (…) e do mesmo Baptizado. Nepto Paterno de Joao Rodrigues dos Sanctos, e de Maria Affonso do Lugar da Igreja desta mesma (…) materno do Padre Manoel Jose de (…), e de Rosa Maria de Antas solteira, ambos da freguesia da Labruje, Lugar do Socorro. Pª constar fiz este assento que assino: era dia mês comes est. Supra.
O Paroco Joao Antº Perª de Amorim Vigº”
(Arquivo Distrital de Viana do castelo. Fundo paroquial de Ponte de Lima – Cabração. Livro de baptismos. Nº. do livro: 2 Fls 4 Cota 3.13.1.31)
O Dr. Alves dos Santos (segundo a contar da direita) foi Ministro do Trabalho no governo do Dr. Cunha Leal
A revista “Ilustração portuguesa” de 26 de janeiro de 1924, publicou a notícia do falecimento do Dr Alves dos Santos.
A casa do Carmo, assim designada por ter pertencido a uma família com esse apelido (antecessora dos Santos), conserva na fachada o escudo nacional que evoca a adesão do seu antigo proprietário à "Monarquia do Norte" em 1919
A revolta conhecida por “Monarquia do Norte” estalou no Porto em 1919 sob o comando de Paiva Couceiro. O movimento obteve enorme adesão em quase toda a região norte do país. Ponte de Lima não foi excepção à regra e aqui, a freguesia da Cabração foi uma das que contou com numerosos adeptos à causa monárquica.
Alguns partiram para a linha da frente dar combate às forças republicanas. O entusiasmo levou António Manuel Gomes – um dos partidários da causa realista – a içar a bandeira monárquica na sua própria casa, sita no lugar de Além.
Executado por um tio a seu pedido, a casa ainda ostenta na fachada o escudo nacional sem coroa real, a testemunhar ocorrências históricas com mais de um século.
Este tema foi abordado na edição de 1994 da revista “O Anunciador das Feiras Novas” que se publica em Ponte de Lima.
António Manuel Gomes e esposa, Maria Joaquina dos Santos (prima em 1º grau do Dr. Augusto Joaquim Alves dos Santos). A foto data do início do século XX.
Transcrição do assento de Baptismo de António Manuel Gomes, em 1881, na Igreja Paroquial de Santa Maria da Cabração.
Certidão de baptismo de António Manuel Gomes
Cabração. 9/9/1881 – f. Cabração. 26/8/1965
Aos quinze dias do mêz de septembro do anno de mil oito centos oitenta e um, n’esta parochial Egreja de Sancta Maria da Cabração, concelho de Ponte do Lima, Archidiocese de Braga Primaz, baptizei solennemente e pûz os sanctos olêos a um individuo do sexo masculino a que dei o nome de Antonio, que nascêo n’esta freguezia no dia nove do ditto mêz e anno pelas dêz horas da manhã, filho legitimo e primeiro d’este nome de João Luiz Gomes e sua mulher Anna Maria de Mattos, lavradores, naturaes e moradores no lugar da Ballouca, que é d’esta freguezia, n’ella recebidos e d’ella parochianos; nepto paterno de Manoel Antonio Gomes e de sua mulher Bernardina Joanna Alves, lavradores, naturaes e moradores no lugar da Escuza, que é d’esta freguezia; e materno de João Manoel de Mattos e de sua mulher Maria do Carmo, lavradores, naturaes e moradores no lugar d’Alem, que é d’esta freguezia. Foram seos padrinhos João Manoel de Mattos Junior, solteiro, tio do baptizado, lavrador, natural e morador no lugar d’Alem que é d’esta freguezia, e Emilia d’Azevedo de Mattos, solteira, tia do baptizado, lavradora natural e moradora no lugar d’Alem que é d’esta freguezia, os quaes todos sei serem os proprios. E para constar lavrei em duplicado o presente assento, que depois de ser lido e conferido perante os padrinhos, o passo a assignar, e junctamente o padrinho e madrinha por saberem lêr e escrever. Erat est supra.
O Pe. João Batista nasceu a 16 de Julho em Cossourado (Barcelos), tendo frequentado o Seminário de Braga. Ordenado padre em 1957, foi até 1960 pároco na paróquia de Cabração (Ponte de Lima), de 1960 a 1975 pároco da paróquia de Vitorino dos Piães (Ponte de Lima), e de 1975 a 2011 pároco da Paróquia de Vila Praia de Âncora (Caminha).
O seu funeral será no sábado, pelas 15.00, em Cossourado.
O Ministério da Economia – Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos, através do Decreto nº. 32109 publicado no Diário do Governo nº. 147/1942, Série I de 26 de Junho de 1942, concedeu à Compagnie Française des Mines, concessionária da mina denominada Monteiro, situada no concelho de Ponte do Lima, a expropriação por utilidade pública de vários terrenos para assegurar o abastecimento de água à lavaria e construir uma barragem destinada a reter as areias provenientes da oficina de tratamento do minério.
Morreu há um par de anos, era já uma lenda dos cantares ao desafio (ou desgarradas, como alguns insistem, mal, em chamar-lhes), mas depois de partir tornou-se um deus da arte milenar que dizem os estudiosos ter origem na Grécia Antiga.
Vilarinho representa para os cantares ao desafio o que significa Marceneiro para o Fado. É pouco? Não, é tudo! Nascido no Brasil, desde tenra idade filho adoptivo de Covas, adolescência mourejada na Lisboa das tabernas e carvoarias, Nelson Vilarinho era mais do que um tocador de concertina. Era uma lenda dos arraiais e romarias do Alto Minho.
O concelho de Paredes de Coura conheceu-o desde o dia em que, desenhando incandescente história de amor, raptou de casa dos pais, em Rubiães, aquela que viria a ser a mulher da sua vida. O homem que personificou a festa nas romarias e a vivacidade dos cantares ao desafio, não pôs freio na impetuosa paixão e convenceu a jovem e enamorada rubianense a saltar pela janela e a fugir com ele para Viana.
Sem vontade de regressar aos dias da vida escrava de Lisboa, nada quis, porém, com a lavoura, somando mil vivências que não aceitavam regras nem imposições. Foi detido várias vezes por não se encontrar registado na Conservatória; foi, como direi?, poeta das franjas da vida e inebriou-se em todas as romarias da região deleitando-nos com a velha concertina em São João de Arga, na Senhora da Bonança, em São Roque de Romarigães, na Cabração, no Livramento, em São Bento da Porta Aberta, e que mais eu sei.
Falar de Cultura Popular no Alto Minho é em boa parte falar de Nelson Vilarinho, que soube dobrar as esquinas de todas as idades, e partir sem que a morte o impedisse de ser o mais emblemático transmissor do imemorial património dos cantares ao desafio, tradição oral tão querida das nossas gentes.
“Manuel Joaquim filho legítimo de Antonio Jose Rodriguez dos Sanctos, e de Anna Joaquina Dantas do lugar da Egreja desta freguezia de Sancta Maria da Cabração julgado de Ponte doLima; nasceo no dia quinze de Agosto de mil oito centos trinta, e nove, foi baptizado solenemente na pia Baptismal deste Igreja, com imposição dos sanctos oelos, no dia dezoito do ditto mês, por mim Padre Joao Antonio Pereira de Amorim Paroco desta Igreja. Forao padrinhos, Joao Antonio Rodrigues solteiro, (…) Maria Joanna Rodrigues solteira ambos (…) e do mesmo Baptizado. Nepto Paterno de João Rodrigues dos Sanctos, e de Maria Affonso do Lugar de Igreja desta mesma materno do Padre Manoel Jose de (…), e de Rosa Maria de Antas solteira, ambos da freguezia da Labruje, Lugar do Socorro, Pª constar fiz este assento que assino: era dia e mês est supre.
O Paroco Joao Antº Perª de Amorim Vigº”
Transcrição do assento de baptismo de Manuel Joaquim Rodrigues dos Santos, pais de Augusto Joaquim Alves dos Santos.
Fonte: Arquivo Distrital de Viana do Castelo. Fundo Paroquial de Ponte de Lima – Cabração. Livro de batismos. Nº. do livro: 2. Fls. 4 Cota 3.13.1.31.
Foto existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, cedida ao autor
Em meados do século XIX, o governo cartista de Costa Cabral, a pretexto de implementação de medidas sanitárias, decretou a proibição da realização de enterros dentro das igrejas, o que foi então interpretado como uma forma de diminuir a influência social da Igreja Católica. Esta medida constituiu então num dos motivos que levaram à eclosão em 1846 da revolta popular da Maria da Fonte que rapidamente alastrou a todo o Minho.
Pese embora a contestação, foram a partir de então construídos cemitérios junto às igrejas e capelas paroquiais, numa solução de compromisso entre o sagrado e o profano. E, por todo o país, as ossadas dos defuntas começaram a ser retiradas das sepulturas existentes no interior dos templos para serem trasladadas para os novos cemitérios. Um processo que demorou várias décadas estendendo-se quase até meados do século XX.
As lápides funerárias foram removidas para o adro das igrejas e as sepulturas fechadas com pavimentos de madeira que em muitos casos vieram mais recentemente a serem atulhadas e pavimentadas de cimento e tijoleira.
Em Ponte de Lima, mais concretamente na freguesia da Cabração, tal empreendimento teve lugar nos começos do século XX, numa altura em que decorriam as obras de construção da torre da capela, tal como a vemos na foto.
Era mestre-de-obras João Manoel de Mattos Junior – da famílias dos Santos desta freguesia – que, na ocasião, por mero acidente, veio a cair numa das sepulturas entretanto abertas no interior da capela. Sucede que o efeito psicológico foi de tal modo que a partir de então se recusou a prosseguir as obras dentro da igreja, apenas aceitando a sua condução a partir do exterior. Crê-se que deixou de realizar tal tarefa dadas as circunstâncias.
Esta história chegou até nós através de tradição oral no seio familiar pelo que é susceptível de conter algumas imprecisões.
João Manoel de Mattos Junior nasceu na Cabração em 10 de Agosto de 1844. Do seu assento de baptismo consta o seguinte:
“Joao Manoel filho legittimo de Joao Manoel de Mattos, e sua mulher Maria do Carmo do lugar de Alem desta freguezia de Sancta Maria da Cabraçao julgadod e Ponte de Lima. Nasceo no dia dez do mês de Agosto de mil oito centos quarenta e catro e foi Baptizado Solenemente na Pia Baptismal desta Igreja Solenemente com imposição dos Santos oleos no dia dezoito do mês por mim o Padre Joao Antonio Pereira paroco desta Igreja. Nepto paterno de Bernardo Antonio de Matos ja defunto e Anna Rosa Rodrigues desta. Forao padrinhos Joao Manoel Affonso de Oliveira digo Manoel Pereira da Costa, e Anna Rosa viuva ambos desta. Para constar fiz este termo q. asigno. Stª Mª de Cabração era dia mês e Anno est supra.”
Promovida pelo Município de Ponte de Lima com enquadramento no projeto “Ponte de Lima: Pulmão do Alto Minho” realizou-se ontem no Baldio de Santa Maria da Cabração uma ação conjunta da Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos de arborização com folhosas a faixa de gestão de combustível envolvente Estrada Municipal n.º 524 .
A Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e São Pedro de Arcos, reconhecida, em 2005, como Zona Húmida de Importância Internacional, ao abrigo da Convenção de Ramsar, assinalou ontem o Dia Internacional das Zonas Húmidas.
A iniciativa que também tem enquadramento no projeto "Ponte de Lima: Pulmão do Alto Minho" focou-se na arborização da faixa de gestão de combustível no troço da Estrada Municipal n.º 524, com cerca de 1,8km, entre a aldeia da Cabração e o limite do concelho de Ponte de Lima com o concelho de Vila Nova de Cerveira.
A ação resultou de uma parceria entre a Área Protegida, Associação Florestal, Junta de Freguesia de Cabração e Moreira do Lima e da Comunidade Local do Baldio de Santa Maria da Cabração.
O Vereador do Municipio de Ponte de Lima, Eng.º Gonçalo Rodrigues, que detém os pelouros do Ambiente e Espaços Verdes e das Florestas, identificou os objetivos desta ação "que, naturalmente, passam em primeiro lugar, por assinalar a Dia Internacional das Zonas Húmidas. A iniciativa deve ser entendida como um sinal de reconhecimento da importância que é conferida pela Área Protegida ao restante território da bacia hidrográfica do rio Estorãos, tendo em consideração que, ao estar localizada no último terço da bacia, a Área Protegida e Zona Húmida de Importância Internacional funciona como um espaço coletor da mesma absorvendo, por conseguinte, um conjunto de efeitos que são promovidos a montante do espaço classificado".
O Eng.º Gonçalo Rodrigues destacou em, segundo lugar, "o contributo da ação para o projeto "Pulmão do Alto Minho" no qual, entre outras ações, é pretendida a criação de uma infraestrutura verde que possa perdurar no tempo e no espaço em áreas, tal como a que estamos hoje aqui a executar, que possam conectar-se entre si aumentando a resiliência do território, a transferência de valores naturais e estética da paisagem".
Marcaram presença nesta atividade a Comunidade Local do Baldio de Santa Maria da Cabração, que louva a iniciativa da autarquia pela visão estratégica revelada em matéria de floresta; populares da freguesia e Junta de Freguesia de Cabração e Moreira do Lima, técnicos do Gabinete Técnico Florestal e da Área Protegida do Município de Ponte de Lima e técnicos e sapadores florestais da Associação Florestal do Lima. Com sempre, dada a importância da educação ambiental no contexto destas ações, marcaram ainda presença os alunos da turma do 3º ano da EB1 de Arcozelo que ajudaram a na plantação de espécies autóctones, desde carvalhos, salgueiros, castanheiros e nogueiras.
BLOGUE DO MINHO recupera um artigo publicado há 4 anos
Deolinda Leones é uma popular fadista natural de Cabração, concelho de Ponte de Lima, que acaba de editar um CD em cuja capa não podia faltar a vista panorâmica da vila limiana e a sua ponte românica sobre o rio Lima. A convite do BLOGUE DO MINHO, dá-se a conhecer aos nossos leitores na primeira pessoa, falando sobretudo da sua experiência como artista do fado, apesar de ter nascido numa terra profundamente marcada pelo folclore alegre e esplendoroso que caracteriza o Minho.
São, pois, suas as palavras que se seguem:
“Além do meu trabalho, cantar é o que mais gosto de fazer. Era ainda muito pequena e cantava com uns vizinhos que também cantavam e tocavam viola. E assim passava os meus dias quando não tinha escola.
Perto da minha casa, em Lisboa, havia então uma casa típica chamada Arcadas do Rego, onde havia fados aos fins-de-semana. Então, refugiava-me lá para ouvir os fadistas e pedia para cantar... e, tanto pedi que certo dia lá me deixaram cantar. Recordo que cantei à capela, como se diz quando não se tem música. Interpretei então o fado “Povo que lavas no rio” cujo pema é, como se sabe, do grande poeta Pedro Homem de Mello.
Fui então muito ovacionada. E o êxito foi tão surpreendente que, no meio de tantas palmas, dois senhores vieram ter comigo e perguntaram-me:
- Como te chamas miúda?
E, depois de ter-lhes dito o meu nome, questionaram-me de novo:
- Gostas de cantar?
Foi então que confessei: disse-lhes que adoro cantat mas o meu pai não deixa porque diz que as artistas se portam mal.
Foi então que eles prometeram: Vamos falar com o teu pai e tu vai cantar!
E assim sucedeu…
Eu era então uma moça humilde e envergonhada mas, após terem conversado com o meu pai, ele lá me deixou, não sem me presentear com vários ralhetes na presença deles. Vim posteriormente a saber para minha enorme surpresa que, os referidos cavalheiros eram, nem mais nem menos, que Raul Solnado e Raul Indipo!
E assim iniciei a minha carreira artista como cantadeira de fados. A primeira casa onde passei a actuar situava-se no Bairro Alto – bairro que é um verdadeiro alfobre dos maiores fadistas! – mais precisamente O “Viela” na rua das Taipas e era gerida pelo sr. Sérgio. Concluí o meu curso mas, até hoje, não parei jamais de cantar o fado!”
Abilio José Domingues - 1ºCabo - Regimento de Infantaria nº3, da 4ª Brigada de Infantaria do Corpo Expedicionário Português, natural da Freguesia da Cabração, concelho de Ponte de Lima.
Era filho de José Manuel Domingues e de Maria Clara de Matos.
Foi feito prisioneiro pelo inimigo e internado no campo de Muster II, situado no município suíço do cantão de Grisões.
Carta enviada pelo Padre Manuel Alves, abade de Cabração, ao General Norton de Matos a solicitar a sua proteção em Angola para Manuel Mauro dos Reis. Datada de Cabração, 13 de janeiro de 1954.
Reza na missiva tratar-se de “um bom artista em construção civil, homem sério e trabalhador”. E subscreve: “Creia-me sempre um fiel correligionário na causa Democrática”.
De acordo com informações cedidas pelo Comendador Adelino Tito Morais na sequência de investigações por si efectuadas, “a ascendência materna de António Feijó vai à Quinta da Bemposta na Cabração, e também no Bárrio. Do avô, o tal Pereira Lima Sampaio, advogado em Ponte de Lima e depois Corregedor em Barcelos, encontrei há anos em pesquisas notariais em Viana do Castelo, empréstimo efectuado por ele, a juro, para um vizinho.”
No seu assento de baptismo – à época ainda não existia registo civil – o qual é extraído do livro de baptismos da Paróquia de Ponte de Lima (Vila), nº 11, fls. 212, à guarda do Arquivo Distrital de Viana do Castelo, (cota 3.15.1.13), consta o seguinte:
“António filho legítimo de José Agostinho Castro Correa Feijó, natural da Freguezia de Santa Marinha de Rouças do Concelho de Melgaço e de Joanna do Nascimento Malheiro Sampaio natural desta Freguezia moradores na Rua Direita desta Freguezia nepto paterno de Joaquim Thomaz Correa Feijó, e Dona Cartona Delfina de Lima Azevedo Souza e Catro da Freguezia de Bouças do Concelho de Melgaço, sendo aquelle natural da Freguezia de Calheiros deste Concelho de Ponte do Lima, materno do Doutor Desembargador António Caetano Pereira de Lima Sampaio, solteiro, já fallecido e Dona Clemência Dias Malheiro, solteiros ambos desta Villa, nasceo no dia primeiro do mez de Junho de mil oito centos e cincoenta e nove e no dia seis do dito mex e anno foi Solenemente Baptizado com imposição dos Santos óleos, na pia Baptismal de Santa Maria dos Anjos, da dita Villa de Ponte de Lima digo de São Salvador da Feitosa deste Concelho, (…) pelo Reverendo Parocho Encomendado António José Fernandes, Padrinhos o Reverendo António Correa Feijó Reytor de Victorino das Donas deste Concelho e (…) Dona Anna Cândida de Castro Pimenta Feijó representada por seu sobrinho José Joaquim de Castro Pimenta Feijó, irmão do Baptizado. Em fé do que fiz este assento que assigno hoje 6 de Junho de 1859. (...) José António da Cunha"
Fonte: Carlos Gomes. António Feijó – Nasceu há (quase) século e meio!. O Anunciador das Feiras Novas. Ano XXII. 2005
Inventariado: Domingos José Rodrigues, casado com a inventariante, morador que foi na freguesia de Cabração, Ponte de Lima, falecido em 15 de janeiro de 1914, sem testamento. Inventariante: Emília Maria de Matos, a viúva, moradora na freguesia de Cabração, Ponte de Lima. Filhos: João Rodrigues, de 12 anos; José Manuel Rodrigues, de 10 anos; Maria Rodrigues, de 7 anos; Piedade Rodrigues, de 3 anos; Domingos Rodrigues, de 1 mês.
Inventariado: José Manuel Domingues, casado com a inventariante, morador que foi na freguesia de Cabração, Ponte de Lima, falecido em 24 de novembro de 1921. Inventariante: Maria Clara de Matos, a viúva, moradora na freguesia de Cabração, Ponte de Lima.
O Ministério da Economia - Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, através do Decreto nº. 39764, publicado em Diário do Governo n.º 179/1954, Série I de 1954-08-16, submeteu ao regime florestal parcial os terrenos baldios pertencentes às Juntas de Freguesia de Cabração e de Santa Maria de Arcozelo, concelho de Ponte de Lima.