No dia 5 de abril (sábado), é apresentado em Bruxelas o livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”.
A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio fotográfico inédito de Fernando Mariano Cardeira, antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político, é apresentada às 15h00 na livraria La Petite Portugaise, um ponto de encontro incontornável na promoção da língua e cultura portuguesas em Bruxelas.
Daniel Bastos
A apresentação do livro, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, e prefácio do historiador José Pacheco Pereira, fundador do Ephemera, maior arquivo privado em Portugal, estará a cargo de Maria José Gama, Presidente da Associação José Afonso, Núcleo de Bruxelas.
Nesta obra, realizada com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, que continuam este ano tendo como destaque os temas da participação e da democratização, Daniel Bastos revela o espólio singular de Fernando Mariano Cardeira, cuja lente humanista e militante teve o condão de captar fotografias marcantes para o conhecimento da sociedade, emigração e resistência à ditadura nas décadas de 1960-70.
Através das memórias visuais do antigo oposicionista, assentes num conjunto de centena e meia de imagens, são abordados, desde logo, as primeiras manifestações do Maio de 1968 em Paris, acontecimento icónico onde o fotógrafo engajado consolidou a sua consciência cívica e política. E, com particular incidência, o quotidiano de pobreza e miséria em Lisboa, a efervescência do movimento estudantil português, o embarque de tropas para o Ultramar, os caminhos da deserção, da emigração “a salto” e do exílio, uma estratégia seguida por milhares de portugueses em demanda de melhores condições de vida e para escapar à Guerra Colonial nos anos 60 e 70.
Refira-se que esta obra, que se encontra no final da sua primeira edição, foi já lançada noutras latitudes da diáspora portuguesa, designadamente em Espanha (Vigo), Canadá (Toronto) e em França (Paris). Assim como em várias cidades no território nacional (Lisboa, Porto, Braga, Felgueiras, Fafe, Óbidos e Torres Novas).
Nascido já depois da Revolução de Abril, e com vários livros publicados no domínio da História e da Emigração, cujas sessões de apresentação o têm colocado em contacto estreito com as comunidades portuguesas, o percurso do historiador e escritor Daniel Bastos tem sido alicerçado no seio da Diáspora.
Depois de uma trajetória marcada pela deserção, emigração e exílio nas décadas de 1960-70, Fernando Mariano Cardeira regressou a Portugal após o 25 de Abril de 1974. Foi um dos fundadores da Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP61/74), e presidiu à Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória-NAM.
A II edição do Jantarinho à Eça de Queirós, proporcionado pelo Clube de Gastronomia de Ponte de Lima, desta vez em Bruxelas, reuniu três dezenas de apreciadores entre portugueses, belgas e franceses, nomeadamente amantes da gastronomia lusitana, além de dirigentes ou confrades de confrarias como a Ordem de Gambrinus / Confraria das Cervejas de Bruxelas, e a Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica / Ordem de S. Vicente.
Como convidado de honra, o Secretário do embaixador de Portugal, João Rodeia, o qual teceu elogios aos organizadores (foto), realçando a nossa gastronomia e sua divulgação pelo Clube, e os dois cozinheiros: Carlos Santos, proprietário e anfitrião no Tapas Y Mas, em Bruxelas, e João Leonardo Matos, do Beco das Selas, em Ponte de Lima. Aliás, para esta jovem promessa de Cozinha, foram enaltecidas qualidades e empenho, não só pelo seu afinco na arte, bem como na autenticidade da confecção para a noite especial, pois até o pão para as rabanadas da Póvoa do Varzim, além de enchidos e mais segredos, levou na sua bagagem para Bruxelas.
Durante quatro horas desfilaram pelas mesas daquele restaurante português na capital europeia, iguarias com referências nos livros de Eça de Queirós, como: paio escarlate, aqui acompanhado de broa do Soajo, Arcos de Valdevez e salpicão do lombo, da MinhoFumeiro, Ponte de Lima; cogumelos recheados com alheira de galo, também do mesmo produtor Limiano; salada de grão de bico com bacalhau lascado; favas guisadas com bacon, chouriça de carne e arroz seco; bifinhos de cebolada e batatas fritas ás rodelas, e nas sobremesas, o destaque para o popular doce de Natal da terra de Eça de Queirós, ainda o leite creme crestado e as cavacas minhotas, ou doce de gema ou da Páscoa, como é designado em Ponte de Lima.
E, quanto a bebício, este começou por um verde Lethes, da Quinta de Vilar, Arcozelo, Ponte de Lima, e depois os suaves do Douro e Alentejo, moradores na enoteca do Tapas Y Mas.
Mas, parece que o gosto e o sucesso persegue a equipa de cozinha do nosso Clube de Gastronomia: depois da repetição dum evento iniciado a 16 de Janeiro mo Beco das Selas, um mês depois repetido no estrangeiro, novamente do estrangeiro sugerem a sua realização.
A capital europeia vai assinalar o bicentenário de Camilo Castelo Branco, nascido a 16 de Março de 1825 e falecido em 1890 por suicídio, atormentado pela cegueira e residente desde 1863 na Casa de Ceide, Vila Nova de Famalicão.
Com um programa ainda a delinear, todavia apresentamos anteontem em reunião no Parlamento Europeu (foto) um esquiço para entidades luso – belgas nas áreas da política, cultura e da gastronomia, o qual foi acolhido entre surpresa e alegria para começar o trabalho.
Deste modo, podemos informar os nossos amigos leitores que a efeméride será assinalada em três localidades: Bruxelas, a capital europeia; Ponte de Lima, com quem o escritor se correspondeu, casos de Tomás Norton, proprietário do convento de Refóios, a quem recorreu para biografar D. Santiago Garcia Y Mendoza que comprou a Casa da Porta de Braga (hoje parte serviços dos Paços do Concelho) na obra BomJesus do Monte, e Inácio de Freitas, médico, que em 1893 inaugurou o seu chalett (hoje Villa Belmira) de que há mais de vinte anos consultamos as missivas no museu de Ceide, por exemplo.
Também os hábitos alimentares da aristocracia portuguesa na segunda metade de oitocentos registadas na narrativa camiliana, poderão ser recriados. Em causa estão receitas como: ovos mexidos com salpicão e pedaços de pão frito, caldo verde, lombo de porco ou vaca, pato com molho de laranja, entre outros. Igualmente, sugerimos no encontro, algumas sobremesas elencadas de resultados de nossas pesquisas: rabanadas com fios de mel e polvilhadas de açúcar e canela; compotas, mirtilos, entre referências gastronómicas e sociais decorridas em Braga, Amarante e outras localidades que a pena do autor de O Amor de Perdição descreve em dezenas de suas obras.
Mas, o cardápio será motivo de testes e propostas selectivas para os convívios a agendar, da responsabilidade de elementos de cozinha do nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima. Para tal, contamos com a colaboração dos colegas, mas mestres na arte de cozinha: Paulo Santos, João Leonardo Matos, Filipe Morgado, João Carlos Pereira, Domingos Gomes, Thomas e Fátima Egger.
Após a sua primeira edição no Beco das Selas em Ponte de Lima no passado dia 16 de Janeiro, o Jantarinho à Eça de Queirós será reproduzido em Bruxelas. A iniciativa é do restaurante Tapas Y Mas na capital europeia, e será da responsabilidade do jovem João Leonardo Matos, de Arcozelo, Ponte de Lima, que dirige a cozinha do acima citado espaço de restauração com apoio do nosso Clube de Gastronomia e da Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica – Ordem de São Vicente.
Os preparativos começaram há semanas atrás. A ementa foi acordada com a organização após nossas pesquisas na produção literária do romancista, e com algumas alterações na Carta apresentada há um mês atrás.
Assim, um Hors- d´ Oeuvres - ou lista de degustações elencada por João Matos, constará de : fatias escarlates de paio (Contos, de EQ),ou os nacos de bom paio (O Crime do Padre Amaro), seguindo-se umas Pataniscas de bacalhau, depois os Cogumelos recheados com alheira (O Crime do Padre Amaro) produzida pela MinhoFumeiro, os Bifinhos com cebolada (A Cidade e as Serras), com as Batatas fritas ás rodelas (A Relíquia e em Últimas Páginas), a Salada de Grão de bico (O Crime do Padre Amaro e Os Maias, Tomo II) e um Arroz com Favas (Contos).
Para sobremesas foram recolhidas ideias na narrativa queirosiana, como as Cavacas, (A Cidadee as Serras), que em Ponte de Lima são designadas de Doce de gema ou da Páscoa, e as Rabanadas da Póvoa do Varzim, em homenagem á terra natal de Eça de Queirós, cujo nascimento será evocado no jantar com um documento familiar mal conhecido dos estudiosos da vida e obra do genial Homem de Letras.
Mas, ainda restam alguns lugares para o convívio luso – belga, pelo que divulgamos a respectiva informação.
O município de Tabuaço e o Clube de Gastronomia de Ponte de Lima preparam o agendamento de novas actividades em Bruxelas, uma parceria inaugurada no penúltimo fim de semana com a realização do banquete diplomático organizado pela embaixada de Portugal na Bélgica para uma dúzia de participantes e parte do da cerimónia de abertura da BRAFA (Feira Internacional de Arte e Antiguidades).
Para os próximos eventos, haverá brevemente uma reunião de ambos os promotores das iguarias acompanhadas de apresentação de vinhos do Douro e o clássico Porto, nas vésperas dos 270 anos da Região Demarcada vinícola mais antiga do mundo, demarcada pelo rei D. José I em 1756.
As mostras gastronómicas terão início na Primavera que se aproxima, com participação do Chef Thomas Egger, em representação daquela região duriense e elementos do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima e parceiros, designadamente a nossa Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica / Ordem de S. Vicente (foto) em cuja reunião na capital belga participou o Presidente de Tabuaço, Carlos Carvalho, seu Chefe de Gabinete Faustino Lopes e vereador Manuel Costa.
Também, está em estudo uma evocação do escritor e diplomata Abel Botelho (Tabuaço 1854 – Buenos Aires 1917) que foi embaixador de Portugal na Argentina, patrono da escola secundária do concelho e um dos proponentes da nossa Bandeira Nacional em 1910.
Em fase final de estudos e reformulação de recheio, o LETHES, novo doce típico de Ponte de Lima foi apresentado no jantar de Sábado na Residência do embaixador de Portugal em Bruxelas, por ocasião de abertura da BRAFA (Feira internacional de Arte e Antiquários de Bruxelas) onde a nossa artista Joana Vasconcelos foi a convidada nacional de honra.
Com mais de dez dúzias de galerias de arte presentes no certame internacional que se realiza desde 1956 e quase 15 000 peças ou objectos em exposição na Brussels EXPO em Heysel, como pratas, escultura, marfins, mobiliário, pintura, entre outras, a mostra foi visitada nos dois dias por sessenta mil interessados.
O convívio de abertura foi assinalado pela colaboração de elementos da equipa de cozinha do nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima (Thomas e Fátima Egger, João Leonardo Matos e Domingos Gomes) que confecionaram sobremesas especiais como Pudim á Abade de Priscos, arroz doce e leite creme queimado, numa harmonização de produtos enviados pelo município de Tabuaço, Vale do Douro: os matrafões ou biscoitos de azeite, o Pão de Ló tradicional e o Bolo Rei.
Encerrou o festim o café com o novo doce de Ponte de Lima, produzido pela Havaneza; uma obra de Fernando Luis Pereira, responsável pelo fabrico de toda a pastelaria, numa simbiose de estudo com Paulo Martins, gerente daquela superfície comercial no centro da vila.
Recordemos, que o – Lethes – é fabricado com massa de ovos moles e uma cobertura de amêndoa, ornamentado com uma vela em papel reproduzindo uma quadra de António Feijó, um cliente da casa (anterior): o Café Camões que encerrou em 1914, três anos antes da morte do nosso diplomata na Suécia e cinco da sua última visita a Portugal e Ponte de Lima.
O formato da nova especialidade doceira é um barquito do rio Lima, esse mitológico Lethes do Esquecimento!
A Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica / Ordem de S. Vicente, prepara eventos para os próximos meses, no âmbito da sua calendarização para o corrente ano, onde actividades enogastronómicas com produtos do Alto Minho e Vale do Douro predominarão entre outros.
Regressado de reuniões em Bruxelas com a direcção nomeadamente a sua Grã – Mestre Cecília Vidigal, a Tesoureira Filipa Pedro, o embaixador da confraria Victor Alves Gomes e outros amigos, na qualidade de confrade honorário em Portugal, listamos eventos a alavancar.
Deste modo, após o sucesso do Jantarinho á Eça de Queirós no Beco das Selas em Ponte de Lima a 16 do corrente mês, teremos a sua reedição em Bruxelas, esse convívio da responsabilidade da jovem promessa de cozinha, João Leonardo Matos. Com acepipes diversos, onde o grão de bico, o bacalhau, o feijão, as batatas fritas, os bifinhos de cebolada foram alguns dos “participantes” da lambarice!
E, quanto á sobremesa especial, pode ser que o candidato a vedeta de culinária regional nos surpreenda também na Bélgica: referimo-nos às rabanadas poveiras, uma homenagem á terra natal de Eça de Queirós, cuja casa onde viu a luz do dia, era residência do Pontelimense e parente materno, Francisco Augusto Soromenho.
As tradições enogastronómicas de Ponte de Lima e Tabuaço, com algumas selecções de produtos para entradas e sobremesas nos municípios de Vila Real e Vila Verde, foram servidas há dias no banquete diplomático realizado em Bruxelas, por iniciativa dum encontro anual do Grupo Gastronómico de Embaixadores acreditados na capital europeia.
Tratou-se de um serviço solicitado em Novembro último pelo nosso embaixador S. E Jorge Cabral, aquando da cerimónia realizada em Gand, de homenagem aos militares portugueses falecidos na I Guerra Mundial, organizada pelos amigos da Liga local dos Combatentes, Bruno Joos De Ter Beerst o cônsul de Portugal, e o Secretário Victor Alves Gomes e a tesoureira Filipa Pedro.
Assim, esse serviço de responsabilidade, exigente e de elevado grau de segurança alimentar e outras áreas conexas, motivou a constituição de um grupo no whatshap para durante um mês procederem à apresentação de testes de receituário, trocas de ideias e outras particularidades.
Uma dúzia de embaixadores de Estados-membros da União Europeia estiveram presentes: o anfitrião Portugal, mais a Alemanha, Canadá, Liechenstein, Luxemburgo, Malta, Grécia, Líbano, Marrocos, Brasil, Chile, Perú e Mónaco. E, quanto a mestres da culinária enumeremo-los também: Thomas Egger e esposa, de Tabuaço, mas com actividade anual repartida pela sua Áustria e outros países vizinhos; Domingos Gomes, do Rio Lima, em Cardielos, Viana do Castelo e o jovem João Leonardo Matos, do Beco das Selas, no centro de Ponte de Lima.
Mas, reportemo-nos ao cardápio acordado: nas entradas foram servidos mini – canapés com o melhor queijo do mundo, o português Quinta da Soalheira, do Fundão; seguiram-se bolinhas panadas com recheio de alheira e cogumelos recheados também com a alheira de galo da MinhoFumeiro, Correlhã, Ponte de Lima. O prazer inicial na mesa multinacionalidades encerrou com covilhetes, uma empada de caça concebida a partir de receita tradicional vilarealense, mas para o almoço especial em Bruxelas, foi recheada com carnes de veado, javali e perdiz. Para deglutir esses acepipes e o restante comer, foi servido um Quinta do Filoco Reserva Branco de Tabuaço, um Marquês de Borba tinto Vinhas Velhas e um verde branco castas Arinto e Loureiro da Casa de Sezim, Guimarães.
Chegamos ao prato principal, o Bacalhau ao gosto de Almeida Garrett, o primeiro diplomata na Bélgica independente cuja posse ocorreu a 30 de Julho de 1834, escolha do nosso actual representante, a partir da receita fornecida por João Sena, do Brasil.
O fiel amigo foi cozinhado de forma sublime: o lombo sob uma cama de grelos foi ao forno para gratinar, e estava acompanhado duma redução de vinho do Porto 30 anos também da Quinta de Filoco em Tabuaço, de demi – glass e batatas ás rodelas salpicadas com molho bechamel. Por cima de toda a iguaria, crosta broa de milho id de Portugal, e fios de pimenta chili, uma especiaria oriunda do México, sugestão do Chef Egger.
A vez das sobremesas foi antecedida dum primeiro balanço: o aplauso dos comensais pelo menú escolhido pelo nosso embaixador, uma recriação parcialmente histórica pois a alheira era muito apreciada pelo nosso Eça de Queirós, escritor e diplomata que foi em Havana, Newcaste e Paris, onde faleceu a 16 de Agosto de 1900. E, o bacalhau cozinhado de diversas formas, foi aqui apresentado ao gosto do autor das Viagens na Minha Terra que durante dois anos viveu em Bruxelas, e integra assim mais uma opção de comêres nacionais recolhidos e inovados quanto necessário, pelo nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima.
E, então agora o elenco do remate do convívio: Pudim á Abade de Priscos (1834-1930), um tributo ao famoso cozinheiro de Turiz, Vila Verde foi o “rei” das sugestões. Mas, como também à nossa equipa de oito mãos foi solicitada ajuda para um jantar de inauguração da BAFFA (Feira Internacional de Antiquários e Arte de Bruxelas) na área dos doces, além do Pão de Ló, o Bolo Rei e os matrafões (biscoitos de farinha e azeite) de que se encarregou de fornecer o amigo Carlos Carvalho, autarca de Tabuaço, outras lambarices havia: o Lethes, novo doce típico de Ponte de Lima, ainda em testes pela Confeitaria Havaneza; as cavacas ou doce branco, ou de gema; os massapães que Portugal importou em tempos da Estónia e o arroz doce, o “acepipe nacional”, como o designou Eça nas suas Prosas Bárbaras e em A Cidade e as Serras, acompanhou o café.
Vencida a preocupação, cumprido o desejo de honrar Portugal e o Entre Douro e Lima com suas receitas e produtos locais no “acontecimento social do ano da diplomacia europeia”, como salientou-se em balanço, resta-me agradecer em meu nome pessoal aos amigos responsáveis pela confecção do almoço do Grupo Gastronómico de Embaixadores, como é designado, com encontros anuais para conhecimento da gastronomia do anfitrião e discutir política actual no mundo, particularmente no velho continente e da comunidade dos 27.
A nossa Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica – Ordem de S. Vicente, realizou no domingo último mais uma cerimónia anual de evocação da lenda de Bruxelas. A concentração das dezenas de confrades teve lugar ao final da manhã junto do Maneken Piis, a estatueta símbolo da cidade, tendo-se associado outras confrarias, nomeadamente a das Cervejas de Bruxelas – Ordem Gambrinus, a do Manekem Piis e a dos Bigodes.
Com intervenções dos representantes oficiais, nomeadamente João Rodeia, secretário do embaixador de Portugal, da Grã – Mestre da confraria, Cecília Vidigal e do Presidente da Câmara de Tabuaço, Carlos Carvalho, membro do Comité Europeu das Regiões. Encerrados os discursos, houve degustação do tradicional Favaios a todos os presentes, um produto português com apreciação na comunidade luso – belga. Depois, a comitiva seguiu para o almoço convívio.
Como entretém de abertura, foi servido o Rosé da Adega Cooperativa de Ponte de Lima, mas também houve reencontro com o moscatel. Em tempo de intervenções, apresentamos Ponte de Lima e tradições enoturísticas, com destaque para o Rosé da Cooperativa local, cujas especificações foram do Sommelier belga Thierry Letellier, colaborador da nossa Confraria dos Vinhos de Portugal e docente de enologia em Bruxelas.
Quanto á substância para o estomago, ela foi naturalmente do país de Tintin: uma carne estufada com um molho agridoce, robalo escalado cozido ao valor ou um salmão com legumes e outros acompanhamentos. Dirigiu a sessão a colega tesoureira Filipa Pedro, oriunda de Torres Vedras, coadjuvada pelo vice-presidente Domingos Ferreira, da Régua, enólogo de Vinhos do Porto e do Douro.
Em tempo de amigos convidados presentes na cerimónia, para além do autarca tabuacense, também apresentamos a restante delegação: o colega do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima, Alberto Silva; o vereador Manuel Costa, produtor do medalhado néctar da Quinta da Carregosa, em Tabuaço, e o Chefe de Gabinete do Presidente da Edilidade, Faustino Lopes, partilhando a mesa com o Administrador do Conselho Europeu de Investigação e gestor dos bolseiros cientistas, Victor Alves Gomes, e esposa Triin Aasma, administradora no Conselho Europeu Social e Económico, um parceiro consultante do Parlamento. Ah, e o mestre de culinária, o internacional Thomas Egger da Áustria e esposa Fátima, concessionários do Tábua d´Aço, nas piscinas municipais da vila, que na véspera coordenaram um banquete para uma dúzia de embaixadores, tema para uma outra crónica.
Ao nosso embaixador o meu muito obrigado pela solicitação desse serviço de responsabilidade a vários níveis, com preocupações diversas principalmente pelos 14 colegas embaixadores presentes no banquete. Aos Chefs Egger e esposa Fátima, de Tabuaço; Domingos Gomes, de Cardielos, Viana do Castelo e João Leonardo Matos, de Ponte de Lima, aquele abraço de sempre por aceitarem o desafio que nos foi confiado. Finalmente, realçar o excelente apoio do município de Tabuaço, na pessoa do seu Presidente Engº Carlos Carvalho, vereador Manuel Costa e Chefe de Gabinete Faustino Lopes, a todos eles extensivo o meu agradecimento pessoal e do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima.
A EMBAIXADA DE PORTUGAL NA BÉLGICAE O ALMOÇO OFERECIDO AO GRUPO GASTRONÓMICO DE EMBAIXADORES EM BRUXELAS
Por ocasião de um almoço informal oferecido ao Grupo Gastronómico de Embaixadores em Bruxelas na Residência Oficial, foi especialmente concebido um prato exclusivo pelo Chef português Thomas Egger em homenagem ao primeiro Encarregado de Negócios na Legação em Bruxelas, em 1834, que batizou de “Bacalhau à Almeida Garrett”. Na sua execução o Chef Egger foi coadjuvado pela sua mulher, Fátima Egger, o Chef Domingues Gomes e o ajudante João Leonardo Matos.
Uma iniciativa que reafirmou com elevada qualidade e inegável sucesso a nossa gastronomia tradicional como um dos mais valiosos patrimónios de Portugal e um verdadeiro cartão de visita além-fronteiras e para o qual contou com o inestimável apoio e colaboração do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Tabuaço, Carlos Carvalho, e do Senhor Adelino Tito de Morais, representante do Clube Gastronómico de Ponte de Lima.
Um sentido agradecimento à excelente colaboração de todos os envolvidos neste momento único e votos dos maiores sucessos na continuação da promoção gastronómica pelo nosso país e no estrangeiro.
Foi uma das receitas recuperadas pelo Clube de Gastronomia de Ponte de Lima há dois anos, experimentada pelo Chef Paulo Santos da Casa de S. Sebastião, Ponte de Lima, a nosso pedido e da embaixadora de Portugal na Suécia (foto), por ocasião da homenagem ao antigo diplomata António Feijó em Estocolmo, com actividade extensiva à Dinamarca e Noruega onde serviu mais de um quarto de século (1891-1917). Na cerimónia participaram então os descendentes do ilustre poeta Pontelimense, nomeadamente o bisneto Thomas Wésslen [Feijó).
A divulgação da iguaria prosseguiu com um serviço organizado pela Academia do Bacalhau de Bruxelas em Junho do ano anterior, no restaurante “Chapeau” confecionado pelo Chef Domingos Gomes de Viana do Castelo, receita repetida no seu “Rio Lima” em Cardielos, em Agosto, com participação de amigos de Bruxelas, de Sesimbra, Torres Vedras e a Confraria do Garfo e entidades regionais; seguiu-se, nova apresentação do prato em Outubro na Casa do Concelho de Tomar em Lisboa. Aqui, para além dos dois cozinheiros houve reforço, recordemos: a estreia internacional do Chefinho João Leonardo Matos (foto), do Beco das Selas em Ponte de Lima e Filipe Matos, o Chefe de sala do Fátima Amorim, na Correlhã, Ponte de Lima.
Agora, novamente acolhidos na capital europeia, a equipa de mestres da culinária portuguesa é completada pelo austríaco radicado no Douro, Tabuaço, Chef Thomas Egger e esposa Fátima, no âmbito duma promoção da gastronomia local, em parceria com o município, cujo Presidente Carlos Carvalho, o vereador Manuel Costa e o Chefe de Gabinete Faustino Lopes, integram a delegação á Bélgica. O repasto está agendado para jantar no Tapas YMas, esta sexta-feira dia 24 com inscrições limitadas e a participação de autoridades luso – belgas como diplomatas e o burgomestre (Presidente da Câmara) de Bruxelas Saint Gilles Jean Spinette.
A Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural da União Europeia, no âmbito do “pedido de registo de uma denominação … nos termos do Regulamento União Europeia número 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho …”, publicada no Jornal Oficial da União Europeia, e paralelamente o Caderno de Especificações, definiram as caraterísticas das miudezas do Arroz de Sarrabulho á Moda de Ponte de Lima, agora uma ETG (Especialidade Tradicional Garantida).
O documento, analisado pela equipa de peritos nomeados pelo amigo Director de Promoção, Investigação e Indicações Geográficas e Chefe da Unidade de Indicação Geográficas dos Produtos no espaço comunitário, caracteriza os acompanhamentos do arroz da seguinte forma: as belouras têm de apresentar “côr castanha uniforme”, a tripa branca com a “côr clara, homogénea” e por sua vez os rojões em formato de “pequenos cubos de carne da perna de porco, macios e suculentos de côr dourada homogénea”.
Já o uso de outros produtos ou derivados do suíno são facultativos, isto é, o bucho, fígado, coração e bofe do animal.Deste modo, advém a necessidade dos comerciantes limianos da restauração que desejam integrar a Lista de Restaurantes Recomendados para o Arroz de Sarrabulho á Moda de Ponte de Lima, alinharem formato e restantes definições oficialmente estabelecidas para esses produtos ou miudezas que acompanham a variante dos Rojões à Minhota, a popular receita regional adaptada ou melhorada há mais de cem anos, para integrar a iguaria típica da nossa terra.
Recordando o trajecto do pedido de classificação do prato típico nacional e regional minhoto, foi após o Despacho do Secretário de Estado da tutela, que o governo português enviou para Bruxelas o pedido do município Pontelimês, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e da Confraria Gastronómica do Arroz de Sarrabulho á Moda de Ponte de Lima
Toda a documentação esteve mais de ano e meio em análise e estudo pela Direcção Geral de Agricultura da Comissão Europeia, onde estivemos duas vezes no ano anterior, respectivamente nos meses de Janeiro e Junho na companhia do Administrador do Conselho Europeu de Investigação Victor Alves Gomes (foto), também no âmbito de outros assuntos enogastronómicos.
Trata-se do primeiro evento deste ano de 2025 organizado pela Academia do Bacalhau de Bruxelas, presidida pelo empresário Amândio Maia; o motivo do convívio é promover uma receita ao gosto dos diplomatas, escritores e gastrónomos que foram Eça de Queirós e António Feijó, nascidos respectivamente na Póvoa de Varzim e em Ponte de Lima, com diferença de 14 anos de idade. Mas, o gosto comum pela comida tradicional, juntava em tempos de férias ambos na Lisboa Pombalina, nomeadamente no extinto Hotel Espanhol, á Rua da Prata, onde o Bacalhau de Cebolada era prato omnipresente.
Assim, depois de uma primeira vez em Junho a capital europeia ter recebido a recriação do prato ao gosto das duas celebridades das letras nacionais, a iguaria regressa com uma equipa alargada para deliciar os apreciadores no Tapas Y Mas, conhecido restaurante português em Bruxelas.
Para além do Chef residente, Carlos Santos, oriundo de Alcanena, Santarém, radicado há anos na Bélgica, outros nomes da gastronomia regional lusa juntam-se para propiciar as delícias aos amantes dum Bacalhau especial (foto), portanto ao Gosto de Eça de Queirós e de António Feijó como acima recordamos, acepipe já na última década do século XIX por eles saboreado na capital. Completam então a equipa de cozinha para elaborar o cardápio: Thomas Egger, da Áustria, com actividade entre Tabuaço, no Douro e a Europa, designadamente no seu país, na Hungria e Alemanha, e sua esposa Fátima, com uns dotes especiais para sobremesas; Domingos Gomes, membro honorário da Academia do Bacalhau de Bruxelas e da Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal e proprietário do “Rio Lima”, em Cardielos, Viana do Castelo e João Leonardo Matos, a jovem promessa no domínio da culinária em Ponte de Lima, onde dirige a cozinha do recém-reaberto Beco das Selas.
Quanto a pesquisas para elaboração da Bacalhoada festiva, eis algumas notas da narrativa queirosiana: a abrir os entreténs, os cogumelos recheados com alheira e as fatias escarlates de paio, referidas na obraContos. Segue-se El- Rei do Atlântico Norte, assado em formato de lombos com acompanhamento e decoração necessários ao deguste e sabor. Nas sobremesas, a tradição doceira de Tabuaço e de Ponte de Lima, com saliência dum leite creme, melhor o creme crestado (hoje a férrea, nos tempos de Eça, a ferro de engomar) ou o arroz doce, considerado pelo genial escritor como “ o acepipe nacional”, como registou nas Prosas Bárbaras, em A Ilustre Casa de Ramires e em A Cidade e as Serras, por exemplo.
E, para deglutir, haverá vinhaça de rotulagem referenciada proveniente das ribeiras do Douro e do Lima, brancos e tintos verdes e maduros.
Mas, é preciso garantir lugar, portanto inscrição, para participar neste acontecimento gastronómico em Bruxelas, a par de convidados especiais!
Uma aposta dos irmãos Carlos e Sofia Santos em Bruxelas, que certo dia rumaram de Alcanena, no distrito de Santarém para a Bélgica, e estabeleceram-se no negócio da restauração. Um espaço agradável, onde além da oferta de 50 tapas e 20 cocktails, há também uma enoteca de regiões demarcadas de Portugal, assim como cervejas lusas e de outros países.
Com especialidades portuguesas a dominar as escolhas alimentícias, com alguma inovação por parte do Chef Carlos Santos, eis um resumo da variedade internacional: espetadas de frango com molho caramelizado; asinhas de frango com mel ou gergelin; creme de tufas; moussaka; lasanha com queijo de cabra e abobrinha; camarões grelhados; poutine; caviar de beringela; carpaccio de carne; tábua de queijos; salada grega; tortilla: costela caramelizada; almondegas com molho espanhol ou com leite de coco; sardinhas assadas na brasa; moelas estufadas; rissóis de camarão, de carne ou de queijo; calamares no ponto; etc. E, quanto a pratos tradicionais portugueses, avultam os bacalhau á Brás ou com natas, para além de várias receitas de carnes.
E, quanto a doces, a panóplia também é longa, até porque nesta quadra de Natal, o que é tradicional na Pátria de Camões também neste recanto de comida portuguesa está presente até Dia de Reis. Mas, neste sector, há alguma doçaria invulgar: é o caso dos bolos podres de café com nozes!
Visitamos o Tapas Y Mas recentemente, a convite de colegas confrades da Academia do Bacalhau de Bruxelas ou amigos do Comité das Regiões, este órgão de consulta do Parlamento Europeu, com reuniões bimensais, e vamos responder favoravelmente ao pedido de colaboração da gerência, com deslocação de Chefs de Cozinha de Portugal. E, para 2025 o arranque está a ser preparado: um Bacalhau ao gosto de Eçade Queirós e António Feijó, dois diplomatas, escritores e gastrónomos ilustres, a cuja receita darão alma para sua recriação os Chefs: Thomas Egger, luso-austríaco, do Tábua d´Aço, em Tabuaço; Domingos Gomes, do Rio Lima, em Cardielos, Viana do Castelo, e João Leonardo Matos, jovem promessa na arte culinária, do Beco das Selas, em Ponte de Lima.
Duas semanas após a reabertura, com gerência de Carlos Afonso, o Beco das Selas reuniu uma dezena de apreciadores de comida típica portuguesa, especialmente do Minho e de Ponte de Lima, para avaliar propostas para o líder da cozinha integrar a equipa responsável para um Jantarinho Europeu em preparação para 2025, em Bruxelas. A responsabilidade de satisfazer os desejos dos convidados foi do chefinho João Matos, jovem dedicado á causa,
Reunida a equipa, lá começou-se a comer, a comer. Primeiro foram as pataniscas de bacalhau, e seguiram-se: cogumelos e kich recheados com alheira de galo, as moelinhas á chef, as Tripas á moda do Porto, os rojões ao ponto, o salpicão com favas, e mais, e mais. Ah, e veio a sobremesa, uma escolha de doces: as rabanadas da Póvoa de Varzim e o leite creme, este habitual doce de fecho de refeições dos restaurantes Limianos. E, se os pitéus serviram, gostaram, recordemo-los em fotos. natural e residente em Arcozelo, Ponte de Lima.
Um desfile de guloseimas chamaram uns; uma selecção de petiscos disseram outros, mas ao que se concluiu, era uma junção de tudo. E a tudo presidiu a Rainha das Vindimas de Portugal em 2022, Luciana Meneses, de Ponte de Lima, mas que connosco respondeu para integrar o painel de provadores, como confrades de honra da confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica; a acompanhar no jantarinho regional, estavam: Francisco Ayres de Abreu, o vice presidente da Confraria dos Gastrónomos do Minho; Manuel Oliveira Pereira, o Presidente da Liga dos Combatentes em Ponte de Lima; Carlos Pimenta, um fabricante de enchidos e fumados regionais; Filipe de Matos, um funcionário CTT, e ajudante na cozinha ao fim de semana; Armando Melo, Chefe dos Bombeiros Voluntários e membro do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima; Guilherme Galante, um dedicado promotor de vinhos e mais produtos regionais em Lisboa.
Produzidos na histórica Quinta de Vilar, na freguesia limiana de Arcozelo, os vinhos Lethes completam o Património Imaterial da casa com quatro séculos de existência cujos solos desde sempre foram reconhecidos como aráveis para boas culturas.
Depois de vencedor do concurso vinícola integrado nas comemorações dos 900 anos da Fundação de Ponte de Lima, efeméride com a entrega da Carta de Foral da Rainha D. Teresa, cujo prémio foi entregue ao produtor pelo Ministro da Agricultura José Manuel Fernandes (foto), o néctar Loureiro e Vinhão integrou a degustação de Entre Douro e Lima realizada por ocasião da homenagem aos soldados portugueses mortos na I Guerra Mundial. O evento decorreu em Gand (ou Ghent), com presença de autoridades luso – belgas – francesas num total de 70 participantes entre diplomatas, chefias militares na NATO e autarcas num evento organizado pela Liga dos Combatentes na Bélgica, a Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica e o Clube de Gastronomia de Ponte de Lima.
A par do produto Limiano, também o município de Tabuaço se associou, recordemos, com participação do maduro da Quinta de Filoco acompanhado de Bolo Rei tradicional e Pão de Ló fabricado pelo sistema de Margaride (Felgueiras) naquele município duriense.
O centenário da morte de CLARA Rosa PENHA (1836-1924), será assinalado no decorrer do próximo ano, de acordo com programa em fase de conclusão, envolvendo principalmente o nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima, e familiares da famosa cozinheira, que tradição local e estudo realizado há quase trinta anos pela Universidade Fernando Pessoa, a considera autora do prato no mercado, isto é, uma refeição do mundo rural transferida para a mesa de restaurantes. Aqui, a data mais remota surgida é o ano de 1860, com a abertura do comércio de vinhos e comidas de Clara Penha no alto do velho bairro do Pinheiro, hoje tudo Rua Norton de Matos, próximo do trajecto sobrante da Rua de Merim e lugar do Poço, local onde já o pai, João Lopes Penha Lima era proprietário de igual negócio.
Recordemos, que o óbito da “autora” do Arroz de Sarrabulho ou Sarrabulho à moda de Ponte de Lima, ocorreu a 2 de Setembro de 1924, mas com algumas instituições aderentes á celebração da efeméride em férias, ou até sem resposta como aconteceu com quem compete estatutariamente a preservação do prato típico local, só há duas semanas e após reunião final em Bruxelas (foto) com algumas das entidades envolvidas no projecto foi possível concluir o almejado programa.
Assim, entre palestras, degustações, jantares – convívio, provas de vinhos com delícias do Sarrabulho, as homenagens á nossa antepassada materna, são várias as actividades a decorrer em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Suíça e Luxemburgo, ora envolvendo instituições oficiais convidadas, ora com eventos da comunidade luso – portuguesa; mas, o nome do acepipe minhoto, português e europeu, ganha cada vez mais aderentes, havendo também desejos da nossa diáspora presente nos Estados Unidos da América e Brasil se associar. A equipa de cozinha do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima estará disponível com sua mão de obra, segredos e produtos autóctones para cumprir a missão, principalmente: Paulo Santos (Casa de S. Sebastião), Goretti Bezerra (Sonho do Capitão), Fátima Amorim e Ajudante Filipe Matos (Fátima Amorim), Cassilda Quezado (Solar do Taberneiro), João Leonardo Matos (Beco das Selas), Domingos Gomes (Rio Lima, Cardielos, Viana do Castelo), Joao Carlos Pereira (Hotel Dona Aninhas, Viana do Castelo), Filipe Morgado (Tavern Feitosa) entre outros.
Viúva de Pedro Joaquim dos Santos, também ele comerciante no sector da restauração limiana, estabelecido primeiramente junto da antiga Feira dos Porcos, edifício junto da capela da Senhora da Penha e o Senhor do Bomfim (ou do Pessegueiro), Clara Penha prosseguiu como restaurante e unidade hoteleira, agora em novo edifício, construído em 1886 pelo casal, hoje Casa dos Sabores, com serviço de quartos e receituário regional: bacalhau de cebolada, arroz de Sarrabulho, rojões à minhota, etc. Mas, de sua autoria, depois continuada pela sobrinha e herdeira, pois seu único filho Adelino Augusto dos Santos, faleceu em 1895 com apenas 34 anos e sem descendência, existem mais receitas. A historiadora Maria Odette Cortes Valentes, autora de Cozinha de Portugal. Entre Douro e Minho, recolheu entre uma dúzia de ementas de Clara Penha, ou já da sobrinha Adelina, nossa bisavó falecida em 1959, e da sobrinha – neta Belozinda, falecida em 2002: ensopado de sável, bacalhau à Clara Penha, pescada em traço, lagosta ao natural, lombo de porco estufado, pudim e torta de ovos enrolada. Entre seus clientes, a fundadora da casa, recebia por vezes ao dia de feira, o poeta Guerra Junqueiro (1850-1923) , ao tempo Secretário do Governo Civil de Viana do Castelo que em Ponte de Lima comprava antiguidades, o diplomata e também homem de letras e vizinho António Feijó (1859-1917), o professor do Liceu Camões em Lisboa, confessor da Rainha D. Amélia e deputado, Padre Araújo Lima (1868-1941), benfeitor-ofertante da Residência Paroquial da vila, e também gente das artes: o engenheiro espanhol Peres de Lerma, autor de esquissos duma linha ferroviária no Vale do Lima em 1877, ou o seu compatriota pintor A. Alarcon que em 1903 retratou em óleo sobre tela (foto) a patrona da emblemática iguaria Limiana.
Faltam 2 semanas para Classificação por Bruxelas
Entretanto, aguardemos por resultado positivo desta vez, do processo de classificação do Arroz de Sarrabulho de Ponte de Lima como ETG (Especialidade Tradicional Garantida) pela Comissão Europeia. A Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural aguarda pela Ceia de Natal, pois nesse dia terminam os noventa dias de oposição ao registo ou quaisquer impedimentos da atribuição do desejado certificado de reconhecimento como uma receita típica do velho continente.
Para o coordenador técnico do processo, o veterinário Nuno Vieira Brito, docente da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, integrada no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, foi a “ intervenção de Clara Penha, dona de uma das mais importantes pensões de Ponte de Lima, o sarrabulho, de cozinha étnica e familiar, rico de ingredientes e sabores, passou a ser servido nos mais diversos restaurantes da Ribeira Lima. E, mais salientou o antigo Secretário de Estado da Alimentação da Ministra Assunção Cristas: para um bom Sarrabulho , “é a receita e a origem dos produtos utilizados, como o porco, desde a sua origem à forma como é criado”.“Integra características organoléticas e sensoriais totalmente diferentes”, acrescentou Nuno Brito.
Ora, este é no momento alguma preocupação já em Ponte de Lima; enquanto muitos desejam o “selo” de qualidade, integrar a lista de restaurante recomendado, há por aí quem sirva o prato incompleto: há falta de miudezas integrantes do acepipe sesquicentenário no mercado, nomeadamente as belouras, sanguínea e tripa de farinha! Aguardemos então melhores dias, e melhorias no serviço e cumprimento da receita-padrão!
Foi mais uma noite festiva da nossa Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica – Ordem de São Vicente, liderada por Cecília Vidigal, neta de Tabuaço, a varanda do Douro, cuja gastronomia é emblemática no país e estrangeiro, pelo Chef Thomas Egger, presentemente na sua Áustria.
No restaurante português Tapas Y Mas em Bruxelas, os manos Carlos e Sofia Santos, proporcionaram um desfile de iguarias, muita substância acompanhada de tintos e brancos do Douro e do Entre Cávado e Lima. Mas, a determinado momento do programa, uma novidade: um confrade ilustre, nascido em Paris, mas com raízes em Arcos de Valdevez e Ponte de Lima, surge com o – VINHO DOS MORTOS – um maduro de Boticas, que pode arrepiar ao ouvir o rótulo, mas vem felicidade e gosto ao degluti-lo. Victor Alves Gomes, é um verdadeiro embaixador do Alto Minho em Bruxelas, e proporciona de vez em quando uns momentos e umas surpresas enogastronómicas, a par do seu desempenho profissional como quadro superior na Comissão Europeia / gestor de bolsas dos cientistas.
Mas, para saber a origem de tão inusitado nome, segue a explicação, bilingue, por parte dos produtos:
Na segunda invasão francesa a Portugal, em 1809, o povo do atual concelho de Boticas, com medo que lhes pilhassem os seus pertences, escondeu o que conseguiu, incluindo o vinho, que foi enterrado no chão das adegas. Mais tarde, quando recuperaram os bens, descobriram que o vinho tinha adquirido propriedades inesperadas. Um vinho com baixo teor alcoólico e algum gás, fruto do processo de fermentação natural. Por ter sido enterrado, recebeu o nome de Vinho dos Mortos.
O Vinho dos Mortos é um testemunho do engenho e resiliência dos botiquenses que chegou até aos dias de hoje.
“During the second French invasion of Portugal in 1809, the people of the current county of Boticas, afraid that their belongings would be looted, hid what they could, including the wine, which was buried in the ground of the cellars. Later, when they recovered the goods, they discovered that the wine had acquired unexpected properties. A wine with low alcohol content and fine bubbles result from natural fermentation process. Because it was buried, it received the name Vinho dos Mortos (Wine of the Dead).
Vinho dos Mortos is a testimony of the ingenuity and resilience of the people of Boticas that has survived to the present day.”
Quanto ao cardápio da noite de anteontem no Tapas Y Mas, uma amostra: bolinhos de bacalhau e rissóis de carne e marisco, presunto laminado, queijos, como entradas. Depois, mais substancial, uma caldeirada de peixe e marisco e Lombo de porco assado no forno com castanhas. A rematar, tal como no Sarrabulho de Ponte de Lima: o leite creme queimado, além de outros doces .
Ponte de Lima e Tabuaço participaram no passado Domingo, 24 do corrente na cidade de Gand (ou Ghent) na cerimónia de Homenagem aos Militares Portugueses Mortos na Grande Guerra, a célebre Batalha de la Lys, na Flandres, território no Norte da Bélgica e fronteira com a França.
Com sete dezenas de participantes, entre entidades civis e militares, destacamos a presença de: Tenente General Paulo Mateus e contingente de Portugal na NATO; o embaixador de Portugal e a Chefe de Missão Adjunta, Jorge Cabral e Joana Estrela; o cônsul de Portugal em Gand e Presidente da Liga dos Combatentes local, Bruno Beerst e o seu colega diplomata em Lille, Bruno Cavaco; o deputado e vice-Presidente da Comissão de Defesa Nacional, José Maria Costa; o Presidente da Câmara de Gand, Christophe Peeters; o Comandante Provincial da Flandres Oriental, Tenente-Coronel Geert Loier; o Presidente de Câmara de Richebourg em França, Jérôme Demulier, onde se situa o cemitério militar português e a Directora do Turismo em Lille, Fanny Roussel; o Presidente dos Combatentes em Ponte de Lima e representante do Presidente Vasco Ferraz e da Liga Nacional, Manuel Oliveira Pereira; o Secretário da Liga na Bélgica (Gand) e Administrador da Agência Europeia de Investigação, Vitor Gomes; o Chefe de Gabinete Presidente Município de Tabuaço, Faustino Lopes, entre outros.
Terminado o programa junto da placa e memorial, toda a comitiva participou na Mostra Gastronómica de Tabuaço e Ponte de Lima, organização da Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica e Clube de Gastronomia de Ponte de Lima. Dos vinhos aos petiscos, estes doces e salgados, à troca de lembranças, aos discursos, foram duas horas de convívio, com degustação de vinhos brancos e tintos do Douro e do Lima; as chouriças de carne, os salpicões do lombo e da Serra de Arga da MinhoFumeiro; o doce de gema da Havaneza; o Pão de Ló do sistema de Margaride, o Bolo Rei, os pastéis de nata, delícias que todos elogiaram.