Durante toda a época balnear, as praias de Apúlia contam, pela primeira vez, com um Posto de Saúde Avançado, especialmente criado para garantir uma resposta rápida e eficaz a situações de saúde em contexto balnear. Esta iniciativa, pioneira no concelho de Esposende, resulta de uma estreita articulação entre o Município de Esposende e a Unidade Local de Saúde de Barcelos/Esposende (ULSBE), reforçando a segurança e o bem-estar dos veraneantes.
O posto funcionará diariamente entre as 9h00 e as 17h00, com uma equipa preparada para prestar cuidados de enfermagem, assistência em pequenas emergências e atendimento básico a situações como feridas ligeiras, insolações ou picadas de animais marinhos.
Além do atendimento direto, o Posto de Saúde Avançado atua como ponto de triagem, avaliando a gravidade de cada situação e, se necessário, encaminhando os utentes para as unidades de saúde mais adequadas, em articulação permanente com o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
Este serviço representa um passo significativo na proteção e bem-estar dos veraneantes, permitindo uma resposta rápida e eficaz nas praias. Trata-se de mais uma medida concreta na nossa política de saúde de proximidade”, destaca o presidente da autarquia, Guilherme Emílio.
Para além da prestação de cuidados, o posto também disponibiliza informação e aconselhamento sobre saúde e segurança balnear, contribuindo para a prevenção de situações de risco e evitando deslocações desnecessárias aos centros de saúde e hospitais.
Esta é mais uma ação integrada no compromisso da Câmara Municipal de Esposende com a qualidade de vida dos cidadãos e com o fortalecimento dos serviços de saúde locais, especialmente durante o período de maior afluência turística.
O Minho dispõe de três estações salva-vidas em Viana do Castelo, Esposende e Apúlia
Passam 133 anos desde que foi criado o Real Instituto de Socorros a Náufragos – renomeado de Instituto de Socorros a Naúfragos após a implantação do regime republicano. Com efeito, esta entidade foi instituída em 21 de Abril de 1892 e contou durante a sua existência com o Alto Patrocínio de Sua Majestade a Rainha D. Amélia, constituindo-se como uma entidade privada de beneficência.
Atualmente, o ISN é um organismo integrado na estrutura da Direção-Geral da Autoridade Marítima, com atribuições de direção técnica para as áreas do salvamento marítimo, socorros a náufragos e assistência a banhistas.
O ISN dispõe de 25 estações salva-vidas ao longo de toda a costa de Portugal. No Minho dispõe de uma Estação Salva-Vidas principal em Viana do Castelo e duas temporárias, em Esposende e na Apúlia. A estação principal é situada em zona de elevado tráfego marítimo, tendo capacidade para operar em Esquemas de Separação de Tráfego e dispõem nomeadamente de residência para os tripulantes das embarcações salva-vidas, rampa, carris e abrigo. Por seu turno, as temporárias não dispõem de residência e geralmente não estão dotadas de rampa, carris nem cais acostável por perto, encontrando-se geralmente situadas em locais cujo tráfego marítimo se resume a pequenas embarcações de pesca e recreio.
Remonta aos começos do século XIX a criação do primeiro embrião do que viria a constituir o Real Instituto de Socorros a Náufragos, actualmente designado por Instituto de Socorros a Náufragos. Com efeito, data de 1828, a criação pelo Rei D. Miguel da Real Casa d’Asilo dos Náufragados, em São João da Foz do Douro, destinada a servir de abrigo para salva-vidas, tendo esta constituído o primeiro serviço de salvamento marítimo devidamente constituído, instalado na costa portuguesa. Dispunha esta Instituição de casa-abrigo para o salva-vidas, enfermaria, casa das máquinas e outras dependências, encontrando-se sob a inspecção da Junta de Administração da Companhia Geral de Agricultura dos vinhos de Alto Douro.
O Instituto de Socorros a Náufragos foi porventura um dos últimos do género a ser criado na Europa, visto a Inglaterra já ter fundado o seu em 1824 e a generalidade dos países marítimos europeus o ter feito em meados do século XIX. Apesar disso, tal como afirmou o insigne historiador Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão na conferência que realizou na Sociedade de Geografia de Lisboa por ocasião das comemorações do primeiro centenário do Instituto de Socorros a Náufragos, em 21 de Abril de 1992, “A criação do Instituto não representou um acto orgânico isolado, razão de necessidade então mais sentida ou cópia de modelo estrangeiro. Foi, sim, um marco importante, entre nós, na salvaguarda da vida humana no mar e dos bens dos náufragos, de que Portugal foi pioneiro, e, ao que conheço, durante vários anos exemplo único.
E explica a razão: “Com efeito, desde 1211 uma disposição legal de D. Afonso II proibia que os senhores das regiões costeiras tivessem direito de posse em relação aos bens arrojados à costa ou ainda encontrados dentro dos barcos naufragados. Noutros países, quer no Mediterrâneo quer no norte da Europa, a norma existente era a “jus naufragii” pela qual esses bens pertenciam aqueles senhores, sendo prática, senão corrente pelo menos frequente, em certas regiões, acender fogueiras em locais errados e usar outros ardis para levar os navios a naufragar. O crime chegava ao extremo de assassinar os náufragos que tinham escapado à fúria das ondas”.
E acrescentava: “Vem a propósito referir a política dos reis portugueses, logo desde a fundação do país e com destaque para D. Dinis e D. Fernando, no incentivo e protecção ao transporte marítimo pelo qual Portugal se ligava aos centros comerciais da Flandres e do Mediterrâneo.
A disposição legal de D. Afonso II é assim perfeitamente coerente com essa política que aproveitava a posição privilegiada da costa portuguesa nas linhas de tráfego que ligavam os pontos da Itália e do mediterrâneo levantino aos pontos do mar do Norte.
Há notícia, também, que D. Pedro mandou que junto às suas fortalezas marítimas existissem sempre barcas disponíveis e aparelhadas para prestar socorros a navios em perigo nas suas barras.”
E, finalmente, conclui: Em Portugal, só no último quartel do século XVIII o Estado começa a tomar medidas sobre essa causa humanitária. É assim que, em 1776, o esclarecido estadista que era o Marquês de Pombal determina um certo número de obras e procedimentos, entre os quais a construção de uma doca-abrigo, com vista à prestação de socorros aos navios que naufragassem na barra do Tejo. Essas medidas não tiveram infelizmente seguimento pois logo no ano seguinte, após a morte de D. José I, o Marquês é destituído de 1º Ministro, afastado da política e exilado da corte.”
Em 1835, foi criada em França a “Sociedade Geral dos Náufrágios, e de União das Nações pelo que respeita aos Salvamentos, ao Comércio e às Ciências”, a que Portugal veio a aderir, tendo como Presidente da Real Secção Portuguesa o Marquês de Sá da Bandeira. E, cinco anos volvidos, em 1840, foi criada a Estação de Paço de Arcos, considera a mais antiga estação de salva-vidas do país.
Em 1841, no seguimento de uma exposição apresentada pela Associação marítima e Colonial de Lisboa à rainha D. Maria II, o Ministério da Marinha e Ultramar manda orçamentar as despesas para salvamento de náufragos.
Em 1880, no reinado de D. João VI, Portugal recebe a primeira embarcação especificamente constituída para salva-vidas, oferecida pelo 2º Duque de Northumberland, destinada a actuar na foz do rio Douro.
Apesar disso, em virtude da instabilidade política vivida durante o período das guerras liberais e, de um modo geral, ao longo da maior parte do tempo em que vigorou a monarquia constitucional, a que se acrescentou a independência do Brasil, não foi possível estabelecer em devido tempo um eficaz sistema nacional de socorros a náufragos e também de sinalização marítima, com a instalação de uma rede de faróis ao longo da costa portuguesa, o que levava a frequentes naufrágios com avultados prejuízos e elevada perda de vidas humanas.
O sistema de farolagem era então muito deficiente, escasseavam os portos de abrigo, a pesca fazia-se com recurso a embarcações muito deficientes e a navegação costeira em geral não ofereciam as mínimas condições de segurança, o que tudo somado tornava a costa portuguesa uma das que maior número de naufrágios registava em todo o continente europeu. Este cenário trágico esteve na origem do epíteto “costa negra” como que até aos finais do século XIX foi a costa portuguesa conhecida.
Estação Salva-Vidas da Apúlia provavelmente antes de 1911. Socorristas a náufragos e sargaceiros (foto: autor desconhecido)
Ao fenómeno certamente não foi alheio o incremento da actividade marítima e a procura no mar dos recursos piscícolas com vista a satisfazer as necessidades de uma população cada vez mais numerosa para a qual, os bens agrícolas revelavam-se cada vez mais insuficientes, tornando a navegação marítima e fluvial mais intensa.
Entretanto, motivações de natureza política levaram ao encerramento da Real Casa d’Asilo dos Náufragados da Foz do Douro, instituída por D. Miguel, tendo o seu recheio sido vendido em hasta pública. Porém, as tragédias sucederam-se sem existisse algum meio com que acorrer, sucedendo mesmo que um dos naufrágios ocorreu em local próximo daquele onde se encontrava a referida “Casa dos Naufragados”. Tratou-se do navio “Porto”, dele tendo resultado a morte por afogamento de noventa pessoas, praticamente quase todos os passageiros e tripulantes. As críticas à actuação do governo não se fizeram esperar, constituiu-se a Comissão Humanitária da Foz do Douro e abriram-se subscrições para a criação de um serviço de socorros a náufragos. Decorrido algum tempo, foi de novo estabelecida a estação salva-vidas da Foz do Douro.
Escassos dois meses antes da criação do Real Instituto de Socorros a Náufragos, outra tragédia veio a enlutar as famílias de 105 pescadores da Póvoa de Varzim e da Afurada. O país não podia, pois, continuar a assistir à ocorrência de mais tragédias sem que nada se fizesse par ao evitar ou remediar. Pode. pois, considerar-se este nefando acontecimento a causa próxima da criação do Real Instituto de Socorros a Náufragos.
A imagem mostra a Rainha Dona Amélia presidindo à sessão para distribuição de prémios, em 1910, promovida pelo Real Instituto de Socorros a Náufragos, na Sociedade de Geografia de Lisboa. Foto Joshua Benoliel
O Real Instituto de Socorros a Náufragos foi instituído pela Rainha D. Amélia, através de Carta de Lei de 21 de Abril de 1892, a qual foi sua Presidente de Honra até à data da implantação da República, em 1910. Assumia à época o cargo de Ministro da Marinha e do Ultramar o Comandante Francisco Joaquim Ferreira do Amaral.
Inicialmente constituída como uma entidade privava e benemerente formada por voluntários, embora sob a égide da Marinha Portuguesa, o Instituto de Socorros a Náufragos veio em meados do século passado a debater-se com dificuldades financeiras e de pessoal para tripular as embarcações salva-vidas. E foi assim que, a partir de 1 de Janeiro de 1958, o ISN transitou para a tutela do Estado, ficando na directa dependência da Marinha Portuguesa.
Esta entidade foi inicialmente criada com vista a proceder ao salvamento de náufragos e auxílio às suas famílias, bem assim daqueles que nas acções de salvamento perdiam a sua vida. Porém, com o decorrer do tempo, a sua acção foi alargando a sua abrangência como a do salvamento de banhistas nas praias, actividade de lazer que passou a fazer parte dos novos hábitos citadinos sobretudo a partir dos finais do século XIX. Neste âmbito, inscreve-se a organização de colónias de férias para crianças que então eram organizadas na praia da Trafaria.
Remonta a 1909 o Relatório da Comissão Central do Real Instituto de Socorros a Náufragos, no qual surge pela primeira vez um registo de apoio a banhistas segundo o qual, a fim de evitar acidentes, se propunha montar um sistema de vigilância com recurso a uma embarcação que percorreria a praia durante o período de banhos. Com efeito, estes sistemas foram pouco depois montados nas praias da Trafaria e de Albufeira.
No ano seguinte à data daquele Relatório, foram ainda montados 120 postos de praia que dispunham de duas bóias grandes, duas bóias pequenas com uma retenida de 25 metros, dois cintos de salvação, uma retenida de 100 metros e um quadro explicativo dos primeiros socorros a prestar aos náufragos. Estes equipamentos, e o característico quadro que os acompanhava, passou a ser um dos aspectos mais típicos dos portos e praias portuguesas.
Estes postos ficavam à guarda e cuidado do banheiro que prestava serviço na praia, tornando-se à época uma figura muito característica e estimada pelos banhistas.
Em 1905 foi publicado o manual de “Primeiros socorros a prestar aos afogados”.
O sistema de vigilância nas praias foi estruturando-se à medida que aumentava a afluência aos banhos, alargou-se progressivamente a quase todas as praias da costa portuguesa e passou a fixar a própria época balnear. A partir de 1940, passou ainda a ser complementada pela vigilância do cabo de mar.
Cristina Vaz Tomé destacou papel do Município na gestão saúde no concelho de Esposende
A Secretária de Estado da Gestão da Saúde enalteceu hoje o esforço e o desempenho do Município de Esposende na gestão da área da saúde no território concelhio.
Em declarações após a visita às obras de requalificação da Unidade de Saúde de Apúlia, Cristina Vaz Tomé expressou satisfação pelo andamento dos trabalhos, manifestando a expetativa de que a reabertura possa ocorrer tão breve quanto possível, devolvendo à população este equipamento de saúde “com melhores instalações e condições e outros serviços adequados às necessidades da população”.
A requalificação da Unidade de Saúde de Apúlia foi sempre uma prioridade para o Município que, desde o encerramento, que não foi da sua responsabilidade, encetou as diligências necessárias para, junto da tutela, conseguir reunir as condições para avançar com a execução desta obra e devolver a prestação de cuidados de saúde à população.
O Presidente da Câmara Municipal afirmou isso mesmo, dando nota do empenho do Município na requalificação deste equipamento de saúde, “de modo a devolver a todos os apulienses os cuidados de saúde que merecem”, garantindo os necessários recursos materiais e humanos.
“Esta obra é a nossa maior demonstração de que estamos empenhados em colocar de novo ao serviço da população de Apúlia a sua Unidade de Saúde”, destacou ainda o Presidente da Câmara Municipal.
Esta visita permitiu comprovar que a execução da obra se encontra a bom ritmo e que o Município está empenhado em abrir a Unidade de Saúde de Apúlia tão breve quanto possível.
O valor total da empreitada, inicialmente estimado em cerca de 750 mil euros, deverá elevar-se aos 850 mil euros, adiantou Guilherme Emílio, explicando que com estas obras serão atendidos os requisitos técnicos inerentes ao desempenho energético e ao correto dimensionamento de um edifício quase centenário e que, em tempos, foi escola primária. A intervenção conta com a comparticipação do PRR de cerca de 500 mil euros.
A acompanhar a governante esteve o Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Guilherme Emílio, bem como o Presidente da ULSBE ((Unidade de Saúde Local de Barcelos e Esposende), Tiago Gonçalves, e a Diretora Clínica para a área dos Cuidados de Saúde Hospitalares da ULSB, Marta Gomes, entre outros responsáveis da ULSBE, além do Presidente da Junta da União das Freguesias de Apúlia e Fão, Valdemar Faria, e do Presidente da Assembleia de Freguesia, Manuel Melo.
Ao publicar esta imagem, quero agradecer ao Sr. Agostinho Martins patrão da estação de Salva-vidas de Apúlia, que após mais de 40 anos ao serviço desta estação passou a condição aposentando, e na cerimónia na Autoridade Marítima Nacional, foi-lhe oferecido o livro "Salva-Vidas, 100 anos do Instituto Socorros a Náufragos."
Que de uma forma gentil me emprestou para que pode-se ler e partilhar esta fotografia icónica, de uma embarcação que fez parte do património da Estação de Salva-vidas de Apúlia. Hoje, a embarcação encontra-se no Museu de Marinha em Lisboa.
Embarcação salva-vidas "Tenente Roby"
Ano de 1935. *
Texto: Paulo Fortes Lima
* A ortografia é anterior à Convenção Ortográfica de 1911 mas pode não ter sido alterada na fachada do edifício.
Campeonato Concelhio de Futebol Infantil 2024/2025 arranca domingo em Apúlia. Jornada inaugural decorre no Campo dos Sargaceiros, a partir das 9h00
O Campo dos Sargaceiros, em Apúlia, acolhe no próximo domingo, dia 27 de outubro, a 1.ª jornada do Campeonato Concelhio de Futebol Infantil 2024/2025. Promovida pelo Município de Esposende, a competição vai mobilizar, nesta época, aproximadamente 700 atletas, dos 4 aos 12 anos de idade, nos escalões de Petizes, Traquinas, Benjamins e Infantis.
Ao todo, participarão 44 equipas de clubes e associações desportivas do concelho, nomeadamente Antas Futebol Clube, ADRC Fonte Boa, Grupo Desportivo de Apúlia, Clube de Futebol de Fão, Forjães Sport Club, Desportivo Recreativo Estrelas Faro, Gandra Futebol Clube, Associação Desportiva de Esposende, Futebol Clube de Marinhas e União Desportiva de Vila Chã.
O campeonato decorrerá até maio de 2025, com jogos quinzenalmente ao domingo, entre as 9h00 e as 18h00, em diversos estádios do concelho, numa estratégia de descentralização e de aproximação da iniciativa à comunidade. Tal como em anteriores edições, os jogos têm entrada livre.
A participação nesta competição não implica quaisquer custos para os clubes e as associações participantes, sendo que o Município oferece equipamentos e bolas a todas as equipas, para além de assegurar toda a logística do evento.
O Campeonato Concelhio de Futebol Infantil é homologado pela Federação Portuguesa de Futebol e Associação de Futebol de Braga e enquadra-se no Plano Estratégico de Desenvolvimento Desportivo de Esposende (PEDDE), estando também alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
Esta competição é relevante para o aumento do número de praticantes nos escalões mais baixos de formação, como comprova o número de atletas e equipas participantes nos campeonatos federados da Associação de Futebol de Braga, sendo de realçar também os excelentes resultados alcançados. Neste contexto, o Município de Esposende tem vindo a garantir o apoio ao nível da formação aos clubes e associações desportivas do concelho, através da assinatura de contratos programa de desenvolvimento desportivo.
Beneficiação da envolvente do Cruzeiro da Agra dos Mouros
O Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, esteve hoje em Apúlia, para assinalar a concretização das obras de beneficiação da envolvente do Cruzeiro da Agra dos Mouros. A cerimónia de bênção da obra esteve a cargo do Arcipreste de Esposende e Pároco de Apúlia, Padre Rui Neiva.
A intervenção era há muito reclamada pelas gentes de Apúlia, particularmente pelos residentes do lugar de Paredes, e foi concretizada pelo Município num investimento superior a 50 mil euros, a que se soma o montante despendido na aquisição de uma parcela de terreno, com uma área de 243 metros quadrados.
Segundo referências históricas, por volta dos séculos XII ou XIII, implantava-se ali a primitiva Igreja de Apúlia, a então “Villa Parietes”, que se supõe ter ficado submersa pelas areias, restando dessa época unicamente o Cruzeiro da Agra dos Mouros. Identificado no PDM de Esposende como Património Inventariado Edificado, o Cruzeiro encontrava-se em mau estado de conservação. Em resposta ao pedido dos Apulienses, a Câmara Municipal procedeu à sua beneficiação, com o intuito de lhe restituir o seu valor histórico-cultural, sendo que a peça foi relocalizada para nascente e procedeu-se à requalificação do espaço envolvente, através da criação de uma zona arborizada e colocação de bancos e uma papeleira. Posteriormente, será colocado um ponto de ligação à rede de abastecimento de água pública, assim que seja concretizado ramal de ligação na Rua do Cruzeiro dos Mouros, aquando da execução das infraestruturas naquele troço da via.
O Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, expressou satisfação pela intervenção efetuada, considerando que se tratou do cumprimento de uma promessa, conforme testemunhou no local uma residente que, aos 96 anos, viu cumprido o desejo que havia confessado ao então candidato a presidente do Município. O autarca vincou que fica para trás um longo e moroso processo para devolver aos Apulienses um espaço que muito estimam.
Notando que o território concelhio é composto por 15 freguesias, Benjamim Pereira não deixou passar a oportunidade sem lembrar os mais recentes investimentos efetuados em Apúlia, nomeadamente a requalificação do Campo dos Sargaceiros, a criação do Museu do Sargaço, a reabilitação do Portinho de Pesca da Couve, a criação de um nicho para a Senhora da Guia na Rua do Cónego e a solução encontrada para a requalificação do edifício Pérola. Anunciou que está encontrada a solução para o edifício inacabado na frente marítima de Apúlia e que em setembro avançará a obra de requalificação do Centro de Saúde de Apúlia. O autarca deu nota também de que será construído um novo passadiço junto aos moinhos, retirando o existente, e que está também na forja o projeto do Mercado de Apúlia, garantindo, ainda, apoio para as obras de requalificação do Centro Paroquial e para o alargamento do Cemitério. Em matéria de habitação, o Presidente da Câmara Municipal garantiu a construção de fogos no lugar de Criaz e expressou total empenho no realojamento dos moradores de Pedrinhas/Cedovém, fruto da articulação com o poder central, estratégia que, de resto, vai ser dada a conhecer em sessão pública agendada para o dia 30 de agosto, pelas 18h00, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio.
Benjamim Pereira apontou, ainda, um projeto estruturante para o concelho e para a região, a instalação do MarUMinho - Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha da Universidade do Minho, na antiga estação radionaval de Apúlia, fruto da parceria com a Universidade do Minho, que configurará “uma das unidades mais importantes da zona norte do país”. Neste contexto, referiu também a materialização do ensino superior no concelho, com o polo do IPCA que será inaugurado no dia 28 de agosto, pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro.
O Presidente da Câmara Municipal rebateu assim as vozes críticas, garantindo que está em plena execução o plano de investimento sufragado, ao abrigo do qual vai ser também concretizada a requalificação das Alminhas da Bosa, também no lugar de Paredes, Apúlia, tendo sido já adquirido terreno para o efeito. Em resposta à questão colocada pelo Presidente da Junta da União das Freguesias de Apúlia e Fão, Valdemar Faria, de reconversão da casa da paz de Paredes em Capela Mortuária, Benjamim Pereira mostrou abertura ao diálogo, no melhor interesse de todos.
Nesta que foi a última intervenção pública em Apúlia, na medida em que se perspetiva o abraçar de um novo projeto de âmbito nacional, Benjamim Pereira reafirmou o que havia dito no Dia do Município, que fez o melhor que podia e sabia em prol do concelho.
Notoriamente feliz pela concretização de uma intervenção há muito ansiada, o Presidente da Junta da União das Freguesias de Apúlia e Fão, Valdemar Faria, agradeceu à Câmara Municipal, bem como a disponibilidade do proprietário do terreno que permitiu a requalificação da envolvente ao Cruzeiro. Lembrou que outras melhorias foram concretizadas em Paredes, nomeadamente a requalificação do polidesportivo e a criação de lombas sobrelevadas, garantindo maior segurança rodoviária naquela zona. Apontou a beneficiação das Alminhas da Bosa como a próxima intervenção a realizar pela Câmara Municipal e sinalizou ainda a requalificação da casa da paz de Paredes, equipamento que, defendeu, deve ser entregue à Igreja católica.
A imagem data de 1963 e regista a actuação do Rancho Folclórico da Casa do Povo dos Sargaceiros de Apúlia, no Festival do traje que se realizou no Estádio do Restelo, em Lisboa.
A foto, da autoria de Armando Serôdio, pertence ao Arquivo Municipal de Lisboa e foi produzida em negativo de gelatina e prata em acetato de celulose.
Argaço! Argaço! – grita o sargaceiro ao avistar as algas que a mareada arroja, exortando os companheiros a entrarem mar adentro e enfrentarem com arrojo a rebentação das ondas. A voz ecoa na praia convocando as gentes para a faina.
Após a maresia, a mareada é invariavelmente mais abundante, arrojando o mar as algas que se desprendem dos rochedos quase submersos. O grito do sargaceiro ecoa longínquo na praia. Os homens, vestidos de branqueta e a cabeça e pescoço protegido com o sueste, levam consigo o galhapão ou a gaiteira se o sargaço estiver próximo da praia.
No areal, as mulheres transportam o sargaço nas carrelas para mais longe do alcance do mar, fazendo as camas onde fica a secar. Apó a secagem, as algas serão empregues como fertilizantes das terras, em produtos fito-sanitários e cosméticos, sendo cada vez mais conhecidas também as suas virtudes alimentares.
Desde a data da sua fundação em 1934, o Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia é um representante ímpar do folclore minhoto e uma referência do folclore nacional.
A propósito dos costumes dos sargaceiros da Apúlia, transcreve-se a descrição feita pelo próprio Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia no seu site oficial:
“A longa permanência dentro de água fria provoca, necessariamente, o arrefecimento do corpo.. Pensa-se que tenha sido esta a razão que levou o sargaceiro a adoptar a fazenda de pura lã, na sua côr natural, para a confecção da indumentária que usa na faina do mar.
Branqueta é o nome que designa o casaco de abas largas, tipo saio romano, até meio da coxa, cingido ao corpo até à cintura e alargando para baixo, em forma de saiote, de modo a deixar inteiramente livres os movimentos das pernas. É abotoado de alto a baixo por pequenos botões do mesmo tecido, grosseiramente feitos em "boneca" e remata, no pescoço, com gola baixa. As mangas são compridas e justas ao braço. A gola, os punhos e as frentes são debruados com pesponto grosso e largo, geralmente duplo ou triplo, formando barra. Sobre o peito, à esquerda, alguns sargaceiros fazem bordar, sempre com a mesma linha grossa e forte do pesponto, a sua inicial, ou qualquer outra sigla que o identifica. À cintura o sargaceiro usa largo cinto preto, de cabedal.
A branqueta é toda confeccionada à mão, com linha resistente, para suportar o embate das ondas.
Na cabeça o sargaceiro usa o SUESTE , espécie de capacete romano, com copa de quatro gomos reforçados e duas palas: uma, curta, na frente, e outra, mais larga e comprida, atrás. Deste modo é-lhe possível "furar" as ondas alterosas sem que a água lhe molhe a cabeça e o pescoco, e lhe penetre nas costas. Feito do mesmo tecido da branqueta, passa por diversas fases de impermeabilização e é, por fim, pintado com tinta branca. No cimo da copa leva, pintada a vermelho, uma cruz, e dos lados o nome de Apúlia e qualquer outra referência ao gosto do proprietário, habitualmente uma data.
A textura da branqueta que, como já foi dito, é de pura lã, permite ao sargaceiro permanecer várias horas molhado mas conservando a temperatura normal do corpo, enquanto se mantém em actividade.
A mulher sargaceira assume um papel secundário durante a mareada, já que o trabalho árduo e perigoso de enfrentar as ondas é da exclusiva responsabilidade do homem. Por isso a sua indumentária é mais delicada e, normalmente, apenas entra no mar com água até ao joelho, para ajudar o homem a arrastar para terra o galhapão cheio de sargaço arrebatado ao mar. Assim, ela veste saia rodada, do mesmo tecido da branqueta, bem cingida à anca por larga faixa preta, sarjada, e blusa branca, de linho. Um colete adamascado preto, sem mangas, e bordado a linha de seda em cores garridas, envolve-lhe o tronco e protege-lhe o peito. Na cabeça usa lenço de merino.
Quando sai de casa põe, nas costas, um xaile de merino à moda do Minho e, na cabeça, um pequeno chapéu preto, de feltro, de copa baixa, redonda e de abas estreitas, que leva, na frente, uma pequena moldura de prata, habitualmente com um espelho. Mas, sempre que a sargaceira está "comprometida" ou casada, retira o espelho da moldura e, no seu lugar, coloca a fotografia do seu amado; se mantém o espelho no chapéu é sinal de que é livre e "descomprometida".
A evolução dos tempos modernos, o aparecimento das máquinas agrícolas, a agitação da vida actual, fizeram com que a branqueta do sargaceiro e a indumentária da sargaceira fossem substituídas, nas "mareadas" da apanha do sargaço, por prosaicos e inestéticos casacos de oleado, para desencanto de tantos visitantes que demandam Apúlia para admirarem os sargaceiros.
Com o Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia está assegurada a preservação da indumentária tradicional da apanha do sargaço, já que existe a preocupação de respeitar a sua autenticidade nos menores detalhes.”