Ao publicar esta imagem, quero agradecer ao Sr. Agostinho Martins patrão da estação de Salva-vidas de Apúlia, que após mais de 40 anos ao serviço desta estação passou a condição aposentando, e na cerimónia na Autoridade Marítima Nacional, foi-lhe oferecido o livro "Salva-Vidas, 100 anos do Instituto Socorros a Náufragos."
Que de uma forma gentil me emprestou para que pode-se ler e partilhar esta fotografia icónica, de uma embarcação que fez parte do património da Estação de Salva-vidas de Apúlia. Hoje, a embarcação encontra-se no Museu de Marinha em Lisboa.
Embarcação salva-vidas "Tenente Roby"
Ano de 1935. *
Texto: Paulo Fortes Lima
* A ortografia é anterior à Convenção Ortográfica de 1911 mas pode não ter sido alterada na fachada do edifício.
Campeonato Concelhio de Futebol Infantil 2024/2025 arranca domingo em Apúlia. Jornada inaugural decorre no Campo dos Sargaceiros, a partir das 9h00
O Campo dos Sargaceiros, em Apúlia, acolhe no próximo domingo, dia 27 de outubro, a 1.ª jornada do Campeonato Concelhio de Futebol Infantil 2024/2025. Promovida pelo Município de Esposende, a competição vai mobilizar, nesta época, aproximadamente 700 atletas, dos 4 aos 12 anos de idade, nos escalões de Petizes, Traquinas, Benjamins e Infantis.
Ao todo, participarão 44 equipas de clubes e associações desportivas do concelho, nomeadamente Antas Futebol Clube, ADRC Fonte Boa, Grupo Desportivo de Apúlia, Clube de Futebol de Fão, Forjães Sport Club, Desportivo Recreativo Estrelas Faro, Gandra Futebol Clube, Associação Desportiva de Esposende, Futebol Clube de Marinhas e União Desportiva de Vila Chã.
O campeonato decorrerá até maio de 2025, com jogos quinzenalmente ao domingo, entre as 9h00 e as 18h00, em diversos estádios do concelho, numa estratégia de descentralização e de aproximação da iniciativa à comunidade. Tal como em anteriores edições, os jogos têm entrada livre.
A participação nesta competição não implica quaisquer custos para os clubes e as associações participantes, sendo que o Município oferece equipamentos e bolas a todas as equipas, para além de assegurar toda a logística do evento.
O Campeonato Concelhio de Futebol Infantil é homologado pela Federação Portuguesa de Futebol e Associação de Futebol de Braga e enquadra-se no Plano Estratégico de Desenvolvimento Desportivo de Esposende (PEDDE), estando também alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
Esta competição é relevante para o aumento do número de praticantes nos escalões mais baixos de formação, como comprova o número de atletas e equipas participantes nos campeonatos federados da Associação de Futebol de Braga, sendo de realçar também os excelentes resultados alcançados. Neste contexto, o Município de Esposende tem vindo a garantir o apoio ao nível da formação aos clubes e associações desportivas do concelho, através da assinatura de contratos programa de desenvolvimento desportivo.
Beneficiação da envolvente do Cruzeiro da Agra dos Mouros
O Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, esteve hoje em Apúlia, para assinalar a concretização das obras de beneficiação da envolvente do Cruzeiro da Agra dos Mouros. A cerimónia de bênção da obra esteve a cargo do Arcipreste de Esposende e Pároco de Apúlia, Padre Rui Neiva.
A intervenção era há muito reclamada pelas gentes de Apúlia, particularmente pelos residentes do lugar de Paredes, e foi concretizada pelo Município num investimento superior a 50 mil euros, a que se soma o montante despendido na aquisição de uma parcela de terreno, com uma área de 243 metros quadrados.
Segundo referências históricas, por volta dos séculos XII ou XIII, implantava-se ali a primitiva Igreja de Apúlia, a então “Villa Parietes”, que se supõe ter ficado submersa pelas areias, restando dessa época unicamente o Cruzeiro da Agra dos Mouros. Identificado no PDM de Esposende como Património Inventariado Edificado, o Cruzeiro encontrava-se em mau estado de conservação. Em resposta ao pedido dos Apulienses, a Câmara Municipal procedeu à sua beneficiação, com o intuito de lhe restituir o seu valor histórico-cultural, sendo que a peça foi relocalizada para nascente e procedeu-se à requalificação do espaço envolvente, através da criação de uma zona arborizada e colocação de bancos e uma papeleira. Posteriormente, será colocado um ponto de ligação à rede de abastecimento de água pública, assim que seja concretizado ramal de ligação na Rua do Cruzeiro dos Mouros, aquando da execução das infraestruturas naquele troço da via.
O Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, expressou satisfação pela intervenção efetuada, considerando que se tratou do cumprimento de uma promessa, conforme testemunhou no local uma residente que, aos 96 anos, viu cumprido o desejo que havia confessado ao então candidato a presidente do Município. O autarca vincou que fica para trás um longo e moroso processo para devolver aos Apulienses um espaço que muito estimam.
Notando que o território concelhio é composto por 15 freguesias, Benjamim Pereira não deixou passar a oportunidade sem lembrar os mais recentes investimentos efetuados em Apúlia, nomeadamente a requalificação do Campo dos Sargaceiros, a criação do Museu do Sargaço, a reabilitação do Portinho de Pesca da Couve, a criação de um nicho para a Senhora da Guia na Rua do Cónego e a solução encontrada para a requalificação do edifício Pérola. Anunciou que está encontrada a solução para o edifício inacabado na frente marítima de Apúlia e que em setembro avançará a obra de requalificação do Centro de Saúde de Apúlia. O autarca deu nota também de que será construído um novo passadiço junto aos moinhos, retirando o existente, e que está também na forja o projeto do Mercado de Apúlia, garantindo, ainda, apoio para as obras de requalificação do Centro Paroquial e para o alargamento do Cemitério. Em matéria de habitação, o Presidente da Câmara Municipal garantiu a construção de fogos no lugar de Criaz e expressou total empenho no realojamento dos moradores de Pedrinhas/Cedovém, fruto da articulação com o poder central, estratégia que, de resto, vai ser dada a conhecer em sessão pública agendada para o dia 30 de agosto, pelas 18h00, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio.
Benjamim Pereira apontou, ainda, um projeto estruturante para o concelho e para a região, a instalação do MarUMinho - Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha da Universidade do Minho, na antiga estação radionaval de Apúlia, fruto da parceria com a Universidade do Minho, que configurará “uma das unidades mais importantes da zona norte do país”. Neste contexto, referiu também a materialização do ensino superior no concelho, com o polo do IPCA que será inaugurado no dia 28 de agosto, pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro.
O Presidente da Câmara Municipal rebateu assim as vozes críticas, garantindo que está em plena execução o plano de investimento sufragado, ao abrigo do qual vai ser também concretizada a requalificação das Alminhas da Bosa, também no lugar de Paredes, Apúlia, tendo sido já adquirido terreno para o efeito. Em resposta à questão colocada pelo Presidente da Junta da União das Freguesias de Apúlia e Fão, Valdemar Faria, de reconversão da casa da paz de Paredes em Capela Mortuária, Benjamim Pereira mostrou abertura ao diálogo, no melhor interesse de todos.
Nesta que foi a última intervenção pública em Apúlia, na medida em que se perspetiva o abraçar de um novo projeto de âmbito nacional, Benjamim Pereira reafirmou o que havia dito no Dia do Município, que fez o melhor que podia e sabia em prol do concelho.
Notoriamente feliz pela concretização de uma intervenção há muito ansiada, o Presidente da Junta da União das Freguesias de Apúlia e Fão, Valdemar Faria, agradeceu à Câmara Municipal, bem como a disponibilidade do proprietário do terreno que permitiu a requalificação da envolvente ao Cruzeiro. Lembrou que outras melhorias foram concretizadas em Paredes, nomeadamente a requalificação do polidesportivo e a criação de lombas sobrelevadas, garantindo maior segurança rodoviária naquela zona. Apontou a beneficiação das Alminhas da Bosa como a próxima intervenção a realizar pela Câmara Municipal e sinalizou ainda a requalificação da casa da paz de Paredes, equipamento que, defendeu, deve ser entregue à Igreja católica.
A imagem data de 1963 e regista a actuação do Rancho Folclórico da Casa do Povo dos Sargaceiros de Apúlia, no Festival do traje que se realizou no Estádio do Restelo, em Lisboa.
A foto, da autoria de Armando Serôdio, pertence ao Arquivo Municipal de Lisboa e foi produzida em negativo de gelatina e prata em acetato de celulose.
Argaço! Argaço! – grita o sargaceiro ao avistar as algas que a mareada arroja, exortando os companheiros a entrarem mar adentro e enfrentarem com arrojo a rebentação das ondas. A voz ecoa na praia convocando as gentes para a faina.
Após a maresia, a mareada é invariavelmente mais abundante, arrojando o mar as algas que se desprendem dos rochedos quase submersos. O grito do sargaceiro ecoa longínquo na praia. Os homens, vestidos de branqueta e a cabeça e pescoço protegido com o sueste, levam consigo o galhapão ou a gaiteira se o sargaço estiver próximo da praia.
No areal, as mulheres transportam o sargaço nas carrelas para mais longe do alcance do mar, fazendo as camas onde fica a secar. Apó a secagem, as algas serão empregues como fertilizantes das terras, em produtos fito-sanitários e cosméticos, sendo cada vez mais conhecidas também as suas virtudes alimentares.
Desde a data da sua fundação em 1934, o Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia é um representante ímpar do folclore minhoto e uma referência do folclore nacional.
A propósito dos costumes dos sargaceiros da Apúlia, transcreve-se a descrição feita pelo próprio Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia no seu site oficial:
“A longa permanência dentro de água fria provoca, necessariamente, o arrefecimento do corpo.. Pensa-se que tenha sido esta a razão que levou o sargaceiro a adoptar a fazenda de pura lã, na sua côr natural, para a confecção da indumentária que usa na faina do mar.
Branqueta é o nome que designa o casaco de abas largas, tipo saio romano, até meio da coxa, cingido ao corpo até à cintura e alargando para baixo, em forma de saiote, de modo a deixar inteiramente livres os movimentos das pernas. É abotoado de alto a baixo por pequenos botões do mesmo tecido, grosseiramente feitos em "boneca" e remata, no pescoço, com gola baixa. As mangas são compridas e justas ao braço. A gola, os punhos e as frentes são debruados com pesponto grosso e largo, geralmente duplo ou triplo, formando barra. Sobre o peito, à esquerda, alguns sargaceiros fazem bordar, sempre com a mesma linha grossa e forte do pesponto, a sua inicial, ou qualquer outra sigla que o identifica. À cintura o sargaceiro usa largo cinto preto, de cabedal.
A branqueta é toda confeccionada à mão, com linha resistente, para suportar o embate das ondas.
Na cabeça o sargaceiro usa o SUESTE , espécie de capacete romano, com copa de quatro gomos reforçados e duas palas: uma, curta, na frente, e outra, mais larga e comprida, atrás. Deste modo é-lhe possível "furar" as ondas alterosas sem que a água lhe molhe a cabeça e o pescoco, e lhe penetre nas costas. Feito do mesmo tecido da branqueta, passa por diversas fases de impermeabilização e é, por fim, pintado com tinta branca. No cimo da copa leva, pintada a vermelho, uma cruz, e dos lados o nome de Apúlia e qualquer outra referência ao gosto do proprietário, habitualmente uma data.
A textura da branqueta que, como já foi dito, é de pura lã, permite ao sargaceiro permanecer várias horas molhado mas conservando a temperatura normal do corpo, enquanto se mantém em actividade.
A mulher sargaceira assume um papel secundário durante a mareada, já que o trabalho árduo e perigoso de enfrentar as ondas é da exclusiva responsabilidade do homem. Por isso a sua indumentária é mais delicada e, normalmente, apenas entra no mar com água até ao joelho, para ajudar o homem a arrastar para terra o galhapão cheio de sargaço arrebatado ao mar. Assim, ela veste saia rodada, do mesmo tecido da branqueta, bem cingida à anca por larga faixa preta, sarjada, e blusa branca, de linho. Um colete adamascado preto, sem mangas, e bordado a linha de seda em cores garridas, envolve-lhe o tronco e protege-lhe o peito. Na cabeça usa lenço de merino.
Quando sai de casa põe, nas costas, um xaile de merino à moda do Minho e, na cabeça, um pequeno chapéu preto, de feltro, de copa baixa, redonda e de abas estreitas, que leva, na frente, uma pequena moldura de prata, habitualmente com um espelho. Mas, sempre que a sargaceira está "comprometida" ou casada, retira o espelho da moldura e, no seu lugar, coloca a fotografia do seu amado; se mantém o espelho no chapéu é sinal de que é livre e "descomprometida".
A evolução dos tempos modernos, o aparecimento das máquinas agrícolas, a agitação da vida actual, fizeram com que a branqueta do sargaceiro e a indumentária da sargaceira fossem substituídas, nas "mareadas" da apanha do sargaço, por prosaicos e inestéticos casacos de oleado, para desencanto de tantos visitantes que demandam Apúlia para admirarem os sargaceiros.
Com o Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia está assegurada a preservação da indumentária tradicional da apanha do sargaço, já que existe a preocupação de respeitar a sua autenticidade nos menores detalhes.”
Este postal reproduz a imagem de um grupo de sargaceiras de Apúlia, em Esposende, no I Congresso de Etnografia e Folclore. Este foi promovido e organizado pela Câmara Municipal de Braga e teve lugar de 22 a 25 de Junho de 1956, em Braga e em Viana do Castelo.
Fonte: Biblioteca Manuel de Boaventura / Entidade detentora: Manuel Albino Penteado Neiva