SURRADORES DE PELES: UM OFÍCIO QUE DESAPARECE NO MINHO!
A imagem data de 1908 e mostra um grupo de surradores de peles na região do Minho, provavelmente em Guimarães, cujas tradições fizeram da rua de Couros porventura o centro mais importante desta actividade.
A tarefa de surrar consiste em tirar o pêlo às peles e limpar-lhes o carnaz ou seja, o lado da pele oposto à cútis ou ao pêlo. O termo carnaz provém de carne e, com o decorrer do tempo, adquiriu novos significados como açoitar e fustigar. Dar uma surra!...
De igual modo, passou também a identificar o costume da Queima de Judas, também conhecida por Malhação de Judas ou Dia do Espanca Judas, uma tradição que consiste em surrar um boneco forrado de serragem e trapos representando a morte de Judas Iscariotes e servindo de crítica social. Uma tradição, aliás, bastante enraizada em Ponte de Lima.
Em relação à indústria de curtumes na cidade de Guimarães, transcrevemos do site oficial do respectivo município a seguinte passagem: “As suas artérias estendem-se aos lugares que envolvem o rio que, no seu curto e sinuoso trajecto, invulgarmente conhece diferentes designações. Aqui é rio de Couros e corre na zona baixa desta rua que liga a Cidade ao pequeno curso de água que a atravessa quase invisível.
Na Idade Média, quando se aperfeiçoaram as artes e os ofícios, esta rua já ostentava a actual denominação. Em 1315, os irmãos João e Pedro Baião, sapateiros de profissão fundaram a Irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano e dotaram a instituição de uma fonte de rendimento legando uma poça com sete pias de pedra, situada na Rua de Couros.
Até ao final do século XIX, esta propriedade foi mantida pela Irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano que tem ainda a sua capela e albergue localizados no Centro Histórico de Guimarães.
Aproveitando o declive do terreno para conhecer a rua, as portas de vai-e-vém assinalam a presença de uma antiga taberna.
Ao lado, importa apreciar o conjunto habitacional da Ilha do Sabão. Uma única entrada dá acesso ao pátio, em torno do qual se construíram habitações modestas e onde terá existido uma fábrica de sabão. Este produto necessário à higiene era feito com uma mistura de diversos ingredientes onde constavam as gorduras extraídas das peles ao serem preparadas para a curtimenta.
Sabão, sebo e cola eram alguns dos produtos feitos com os resíduos da transformação dos couros, garantindo a satisfação de outras necessidades da população.
Na indústria dos Curtumes nada se perdia, tudo era reaproveitado.
Ao longo desta rua e em contraste com o conjunto edificado no Largo do Trovador, os edifícios não apresentam uma unidade arquitectónica. Sobressai a habilidade para o improviso de espaços habitacionais numa zona que já foi densamente povoada e onde faltavam casas para as famílias operárias.”