QUEM SÃO OS REINTEGRACIONISTAS GALEGOS?
Sem que muitos portugueses desconfiem, há um movimento galego que luta pelo reconhecimento público de que o galego e o português são uma só língua. Falo dos reintegracionistas.
Perguntarão algumas pessoas: por que razão não insistir na autonomia da língua galega quer em relação ao espanhol quer em relação ao português?
Muitos reintegracionistas dirão que é simples respeito pela verdade dos factos: o galego e o português funcionam, em muitos aspectos, como um sistema linguístico comum, principalmente se usarmos uma perspectiva histórica.
Pessoalmente, juntaria a este argumento factual (sempre perigoso nestas coisas das línguas e das identidades) um argumento prático: o galego está ameaçado pelo espanhol, não pelo português. Uma perspectiva que junte o galego ao português dá-lhe uma força que não teria sozinho. Como mera língua regional, o galego está ameaçado. Como um dos três ramos principais do português (galego, português de Portugal e português do Brasil) há uma comunidade internacional a dar força à língua.
Ou seja, os galegos vêem-se na posição de poder dizer que a sua língua é falada por 200 milhões de pessoas, ao mesmo tempo que resistem à erosão do seu uso, por substituição pelo espanhol.
Assim se explica que alguns dos mais entusiásticos defensores da lusofonia sejam galegos.
Como complemento, republico aqui (sem qualquer alteração) este comentário de um leitor galego a um post anterior:
“A mim pessoalmente, o galego serve-me para perceber sem dificuldade o que o senhor escreve sem ter estudado nunca a língua de Camões.
Acho que o senhor também não há ter demasiados problemas para perceber o conteúdo destas linhas nem para identificar o código como português , embora seja um português esquisito. E, insisto, eu nunca estudei a língua portuguesa!
Em resumo, o galego serve-me para comunicar-me com mais de 200 milhões de pessoas espalhadas ao longo de quatro continentes.
Se a isso somamos o castelhano, já temos mais de 500 milhões (sem contar os utentes que tenham o espanhol como segunda língua). Isso sem muito esforço. O potencial linguístico da Galiza é enorme. Ou será, o dia que acheguemos o galego um bocadinho do português.”
Fonte: Marco Neves / http://www.certaspalavras.net/