PONTE DE LIMA RECORDOU VISITA PRESIDENTE DO BRASIL EM 1908 – CRÓNICA DE TITO DE MORAIS

Foto: Rogério Lopes

No âmbito das comemorações dos 900 anos do Foral de Ponte de Lima concedido por D. Teresa a 4 de Março de 1125 e da assinatura do contrato de comodato para instalação dum gabinete da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro no palacete Villa Moraes, foi recordada a visita aquela luxuosa vivenda ecléctica do Presidente do Brasil a 29 de Outubro de 1908.

A alusão à presença do estadista do país – irmão no discurso do autarca anfitrião, Vasco Ferraz, motivou curiosidade por parte de alguns integrantes da comitiva luso – brasileira, os quais solicitaram a nossa intervenção para aflorar a efeméride.

Assim, porque já nos cruzamos há mais de trinta anos com tal notícia, e sua referência no nosso livro editado em 1995 pela Casa de Ponte de Lima em Lisboa – Limianos Nobres Titulares no Brasil – e posteriormente em palestra na Academia de Letras e Jornalismo de São Paulo, resolvemos arquivar neste Blog do Minho alguma da informação prestada nesse momento, especialmente ao embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro e Presidente daquele entidade empresarial, António Montenegro Fiúza, para além de outros participantes.

O estadista Francisco de Paula Rodrigues Alves, no seguimento duma visita a Portugal em Maio de 1907, resolvera também visitar as suas raízes em Ponte de Lima. O anúncio teve lugar aquando do almoço oferecido pelo seu diplomata em Lisboa, Alberto Fialho, mas só se consumou no ano imediato, pois o programa dessa viagem comtemplava seguir no navio Aragon para Londres.

E, a vez de visitar o Norte lusitano seria concretizado em Outubro de 1908. A 29 desse mês desloca-se a Ponte de Lima, terra de seus pais, Domingos Rodrigues Alves e Isabel Perpétua Martins, do lugar de Silveiro, Correlhã. Todavia, o anúncio do acolhimento do ilustre visitante já meses antes ecoara na vila, pois em sessão camarária de 7 de Janeiro do supracitado ano, foi aprovada a atribuição de Largo Dr. Rodrigues Alves, ao antigo Campo dos Touros, ou seja o espaço entre a actual Rua do Mercado e o nicho ou Alminhas do Senhor do Bonfim (Pessegueiro).

Quanto ao encontro com familiares ele decorreu na Sala Dourada (agora designada rosa) do palacete do benemérito João Francisco Rodrigues de Moraes (1851-1936), decorada com mobiliário em talha dourada ao estilo Luis XV, pois ao contrário do previsto, Rodrigues Alves não se deslocou à Correlhã, por causa da chuva e trovoada (Jornal O Commercio do Lima, número 116, Ponte de Lima 31 de Outubro de 1908); os parentes foram transportados desde a Correlhã à Villa Moraes no automóvel daquele capitalista torna – viagem, o primeiro e único que havia no concelho, um Turcat Mery amarelo, importado de Paris havia dois anos (Postal ilustrado reproduzido).

Dr. Rodrigues Alves (Óleo s/tela, 1903)

Palacete Villa Moraes, em Ponte de Lima