PONTE DE LIMA PREPARA ROTEIRO DO BACALHAU
- Crónica de Tito de Morais
Um Roteiro do Bacalhau em Ponte de Lima, no seu contexto histórico e económico, vai ser elaborado pelo Clube de Gastronomia, esse grupo de amigos apreciadores de comidas tradicionais portuguesas, acentuadamente do Minho. O primeiro passo foi dado ontem, com uma reunião temática, onde o peixe esteve á mesa, cozinhado como Arroz de Bacalhau, um prato com assinatura do Chef Filipe Morgado, estabelecido na Feitosa. De realçar, ainda, uma entrada com especialidade do México: os pimentos de piquillo, recheados com queijo de cabra, e regados com cerveja artesanal belga: um presente da Academia do Bacalhau de Bruxelas que nos visitou a semana passada.
No encontro, participaram membros do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima, e também o chef Domingos Gomes, de Viana do Castelo; o promotor de produtos regionais durienses e minhotos na região de Lisboa, Guilherme Galante; o produtor de miudezas do Sarrabulho e outros enchidos, Carlos Pimenta; o presidente da Liga dos Combatentes em Ponte de Lima, Manuel Pereira, e outros parceiros.
Um sumário do Roteiro gastronómico a elaborar, foi apresentado aos colegas: com algumas pesquisas históricas sobre comércio e consumo de bacalhau por terras limianas, já realizadas, foi possível constatar que já em 1681, segundo a acta de vereação reunida a 1 de Fevereiro, Ponte de Lima comercializava “ sardinha, bacalhau e peixe fresco se houvesse em Viana, Fão e Esposende. O bacalhau … vendido a 40 réis o arrátel “. Sobre o consumo do “fiel amigo”, também recolhemos há anos, no arquivo histórico da Misericórdia, informação que pelos anos de 1670, a Irmandade distribuía no Dia de Fiéis Defuntos, bacalhau em peça ou em unidades aos pobres do concelho. Todo o peixe de águas salgadas (bacalhau, sardinha e pescada) que alimentava os protegidos daquela confraria de Ponte de Lima, vendia‐se na Praça velha da vila, localizada próxima dos Paços do Concelho por esses tempos. Trezentos anos depois, em finais do século XIX, a – Praça do Peixe – localizava‐se junto á torre da expectação, espaço ocupado cerca de 1950 pela filial da CGD, demolidas que foram as construções oitocentistas lá existentes!
Regressando aos documentos municipais, sabemos ainda que, no ano de 1687, quatro peixeiras vianenses abasteciam a população limiana de “peixe durante a semana até às 8 horas de Sábado“, com o bacalhau ao preço de 46 réis. Uma outra investigação, permitiu saber que, as bacalhoeiras da freguesia de Darque, deslocavam‐se à feira de Ponte para vender o bacalhau, estadia por vezes alargada ao dia seguinte, pois não podiam regressar com mercadoria. (Livro de Actas de Vereação de 1754/59, nas folhas 163 e seguintes).
Entretanto, o plano de divulgação de cardápios com o bacalhau da responsabilidade do Clube de Gastronomia de Ponte de Lima, regista mais eventos nos próximos meses! Para além de pequenos grupos em Ponte de Lima, constituídos sob a forma de tertúlias como a de ontem com um chef presente para explicação do seu prato, vão prosseguir. Na agenda, estão degustações com: Taquinhos de Bacalhau, arroz com iscas do dito, Brandade do mesmo ou pataniscas especiais. Para além do concelho ou do país, a iguaria será servida a comensais inscritos para jantares – convívio, a realizar com parceiros do Clube, em Lisboa, Bruxelas, Paris e Luxemburgo.