PONTE DE LIMA DEU INÍCIO ÀS FEIRAS NOVAS COM O MAIOR ESPLENDOR DE SEMPRE – AO SOM DE CENTENAS DE CONCERTINAS E ESTALEJAR DO FOGO-DE-ARTIFÍCIO – É O ENCERRAR DO CICLO DAS GRANDES ROMARIAS DO ALTO MINHO
O céu ilumina-se de uma orgia de cores e efeitos luminosos que fazem de Ponte de Lima um lugar único no paraíso terreal – o Minho!
O extase é total. O povo e, em particular, os milhares de forasteiros, olham para a cúpula celeste deslumbrados e embebecidos. E, lá bem do cimo, o Criador sensível à forma genuína como os limianos manifestam a sua Fé – onde se descortina alguns laivos de paganismo derivados do seu espírito muito tradicionalista – estende a mão e abençoa a terra onde viu nascer muitos dos seus mais fieis servidores como o Beato Francisco Pacheco e o Cardeal Saraiva.
Remonta a milhares de anos Antes de Cristo a descoberta na China do fogo-de-artifício. Foram, porém, os gregos e os árabes que trouxeram para a Europa e, nomeadamente para a Península Ibérica o conhecimento desta arte.
Inicialmente ligada nas culturas orientais à celebração de rituais de exorcização dos maus espíritos e, entre os povos árabes e islamizados, a práticas alquimistas, a pirotecnia encontra-se presentemente associada a ocasiões festivas e outras manifestações caraterizadas por momentos de alegria e felicidade dos povos ou das comunidades.
Constituindo o Minho uma região particularmente festiva e marcada pela exuberância das suas festas e romarias, bem definidoras do caráter alegre e jovial das suas gentes, o espetáculo do fogo-de-artifício tornou-se bastante apreciado ao ponto de não haver cidade ou aldeia e, por mais recôndita e insignificante que seja, que não possua a sua demonstração por ocasião da festa à padroeira e ainda, no período pascal, a acompanhar o compasso ou visita pascal.
O fascínio que este espetáculo de luz e cor que o fogo-de-artifício proporciona ao minhoto levou-o ainda a tornar-se um exímio pirotécnico e dominar as suas técnicas de produção, ao ponto de se encontrarem aqui os melhores artistas e industriais de fogo-de-artifício – e a pirotecnia do Minho encontrar-se atualmente entre as mais reconhecidas do mundo!
Como em tudo na vida, desde a festa à gastronomia, do artesanato à romaria, o minhoto preza sobretudo a alegria e a exuberância nas formas e nas cores, nos sons e nos paladares. Seja nos momentos felizes ou nos mais difíceis, ele enfrenta a vida com a mesma pujança, coragem e alegria que seguramente foi determinante àqueles minhotos – como D. Afonso Henriques – que ousaram construir a nossa Pátria!
Fotos: Sérgio Moreira & Sílvia Moreira