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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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PONTE DE LIMA: CABRAÇÃO É A COLMEIA DO MINHO – AÍ PRODUZEM AS ABELHAS UM MEL APENAS COMPARÁVEL AO DE HYMETO NA GRÉCIA

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“O mel desta terra merece ser tam celebrado de nós como he de Horacio o do monte Hymeto – P. António Carvalho da Costa

Qual monte Hymeto, a Cabração é desde tempos imemoriais uma magnífica colmeia de onde sempre se praticou a apicultura e produziu o melhor mel de toda a região – porventura um dos melhores de todo o país!

São numerosas as referências à qualidade do mel da Cabração, porventura o produto que lhe dá mais fama. Na “Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal...”, P. Antonio Carvalho da Costa narra o seguinte:

“Nossa Senhora da Natividade de Cabração, parece que foi toda, ou parte Couto do Mosteiro de Vitorino, que devia ali ter quinta de criação de gados, o que se infere de uma escritura, que dele se conserva no do Salvador de Braga, para onde se mudou, na qual se diz, que indo El Rei Dom Afonso Henriques à caça de porcos-bravos a esta Freguesia, que é parte da Terra de Arga, acompanhando-o Nuno Velho, Sancho Nunes, Gonçalo Rodrigues, Lourenço Viegas, e outros fidalgos, o Abade de Vitorino lhe deu um jantar junto da Ermida de Azevedo posta no dito monte de Cabração, no fim do qual El Rei lhe demarcou ali um Couto; mas arruinando-se a Capela, Dom Pascoal, Celeireiro em Ponte de Lima d’El Rei Dom Sancho o Primeiro, quis no ano de 1187 devassa-lo com lhe pagarem certos direitos, a que se opôs Dona Sancha Abadessa de Vitorino, e a Justiça mandou se entremeter-se entre o Celeireiro no Couto: hoje o não é, mais que Paróquia com Vigário, que apresentam as freiras do Salvador de Braga: tem oitenta vizinhos. O mel desta terra merece ser tão celebrado de nós, como é de Horácio o do monte Himeto.”

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Localiza-se o monte Hymeto na Ática, a sul de Atenas, na Grécia. Reza a mitologia clássica que estava povoado de abelhas que produziam o mel mais rico e saboroso e a cera mais suave de toda a Grécia, encntrando-se na sua origem a fragância das suas magníficas flores, a tal ponto que os répteis que ali habitavam deixaram de ser venenosos.

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Isolalada em relação aos grandes aglomerados urbanos e vias de comunicação, a Cabração beneficia de extraordinárias condições ambientais que lhe permitem implementar nomeadamente os melhores projectos turísticos, desportivos e outros cuja actividade humana não coloque em causa a natureza. E, nos tempos que correm, tal desiderato é cada vez mais difícil de alcançar. Não admira, pois, que o mel constitua uma autêntica reserva de ouro, adquirindo uma importância de tal ordem que explica a presença das abelhas no seu próprio brasão.

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Por isso desci para livrá-los das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel com fartura: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus.

- Escrituras Sagradas. Êxodo: 3-8

Tal como o povo de Israel foi conduzido à terra prometida onde jorraria o leite e o mel, também os limianos foram abençoados com uma terra fértil na qual se produz uma das maiores riquezas do Minho – o mel!

De características multiflorais, o mel da Cabração, no concelho de Ponte de Lima, possui uma doçura ímpar aliado a uma fluidez e suavidade no paladar que lhe conferem uma qualidade que o torna num produto que se encontra ao nível daquilo que de melhor se produz em todo o Minho.

De acordo com pesquisas científicas, a produção do mel por abelhas remonta há quase 20 milhões de anos, portanto a uma época bastante mais recuada à existência do próprio Homem. Porém, o começo da apicultura deverá ter ocorrido há mais de 4 mil anos no Antigo Egipto. De resto, foram em 1922 encontradas no túmulo de Tutankhamón várias vasilhas com mel em perfeitas condições, apesar do tempo decorrido.

No século I, os Chineses, Hindus, Árabes e Celtas tratavam a hidrofobia com o recurso ao chá de abelhas. De igual mdo, os Romanos utilizavam-no para a conservação de frutas e peixe que era guardado em ânforas e coberto de mel. E, finalmente, é num antigo costume romano que tem origem a designação “Lua de Mel”. A mãe da noiva tinha por regra deixar na alcova nupcial um pote de mel para os recém-casados recuperarem energias, mantendo-se esta prática durante toda a lua ou seja, a semana lunar.

A produção de mel ocupa um lugar de destaque na economia, da mesma forma que a apicultura é da maior importância para o aumento da produção frutúcula e riqueza dos pomares.

Por tudo quanto o mel representa na vida da sociedade e atendendo à elevada qualidade daquele que é produzido na Serra do Formigoso, bem merece o mel da Cabração ser certificado e classificado com Denominação de Origem Protegida de modo a valorizá-lo. Ele é uma dádiva dos deuses ao concelho de Ponte de Lima e às suas gentes!

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