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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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PONTE DE LIMA: BANQUETE CULTURAL NO PIMM´S – CRÓNICA DE TITO DE MORAIS

BANQUETE CULTURAL NO PIMM'S.jpg

A cultura literária associada à cultura gastronómica foi o motivo para um encontro de amigos no mais recente projecto na área da restauração inaugurado em Ponte de Lima há cerca de dois anos. Os amigos de Lanheses mais os de Ponte de Lima, proporcionaram um bom ambiente, um melhor convívio e um óptimo cardápio sugerido pelo patrão Casimiro Quintas e os Chefs de cozinha: o casal Ângelo e Brigitte Macedo Silva. Mas, para completar essa equipa onde impera a competência, a simpatia e a responsabilidade, acrescentemos o restante staff: os jovens de serviço na sala, Rafael e Matilde.

Um banquete cultural aguardava os comensais; um cardápio com produtos regionais foi servido, acompanhado de tintos e brancos do Douro, e selado com espumante da Bairrada. Mas, o que se trinchou e esteve em degustação?

Ora, a pomposa selecção começou por queijos e enchidos, com toque á Chef Ângelo! Começaram a desfilar as cobertas como se dizia na linguagem culinária do século XIX: o javali da Serra de Arga, assado com batatinha alourada e legumes, à moda de Santa Justa, esse ícone montanhoso na confluência de municípios de Riba de Minho e de Lima – Coura, e de caça para tradicional. Depois, surgiu o cabritinho, também confecionado ao gosto de outrora, das sábias e habituais cozinheiras de romaria, ora de Santa Justa, ora do Senhor do Socorro, na Labruja. A lista fechou, tal como o estomago com um Bacalhau á Lagareiro, a quebrar ou para uma harmonização a quem desejasse entre a carne e o peixe.

Entrecurtando intervalos nas quatro horas de festim, a conversa ou debate de ideias e propostas foi longa. Tudo começou pelo elogio ao trabalho científico do autor vianense Armando Octaviano sobre a História da antiga vila de Lanheses, numa edição do município e da Junta de Freguesia, cujo Presidente da Assembleia, o advogado José Carlos Carvalho foi um dos intervenientes na assembleia de paladares e de cultura; depois, o prosseguir duma análise mais substancial da obra, apresentada há semanas atrás no Paço da localidade, por ocasião do aniversário do título de vila outorgado pela rainha D. Maria I em 1783. A nossa intervenção baseou-se no elencar de gente ilustre da antiga freguesia do pequeno município lanhesense – Fontão – integrada no de Ponte de Lima pela Lei de 6 de Novembro de 1836, depois de anexada pela autorização da soberana em 20 de Junho de 1795; as famílias de referência no território de Fontão, as quintas fidalgas dos Monfalim e Terena, depois dos condes de Bertiandos, na Casa Grande (ou da Torre), alianças também com a de Penteeiros na vizinha S. Pedro de Arcos; a de Fundevila, que foi do general Tristão; a do Retiro, da família Tinoco, e o Paço de Fontão, derradeira residência do saudoso amigo e médico portuense, colega deputado municipal em Ponte de Lima, Álvaro Guimarães e Sousa.

Também o condescendente nestas andanças e curiosidades do antigamente, perito de seguros e agora empresário de Turismo de Habitação com sua unidade no largo de Além da Ponte, Arcozelo, Fernando Viana, sugeriu a continuação destas tertúlias de balanço da produtividade cultural na região e o conhecimento das artes culinárias, a reposição dos valores agropecuários tradicionais na mesa, e a singularidade de quem com eles conduz a um turismo gastronómico, ao mais alto nível acrescentamos nós, como aconteceu neste encontro no PIMM´S, um projecto sustentável em Luanda, Angola, e agora também presente em Ponte de Lima.

O colega de pesquisas e autor desse repositório do Passado de Lanheses em livro, Armando Octaviano, sugeriu visitas a locais ou sítios históricos no antigo concelho: vestígios arqueológicos dos romanos e castrejos, o ancoradouro, a Ponte de Linhares, a Casa da Barrosa, a localização de aquartelamento militar ou da memória popular da fábrica de telha, etc. O sumário proposto será um recordar de privilégios ou de referências de Lanheses de outrora, um guia e guiados pelo seu livro, e com o guia conhecedor dos passos, trilhos e recantos da freguesia, hoje Lanheses “vila histórica”, esse galardão atribuído por unanimidade pela Assembleia da República no plenário de 13 de Março último.

Já tinham batido as 16,00 h e chegou a panóplia de sobremesas: doces e frutas, desejos e intenções dos nobres comensais! Nós quedamo-nos por uma mousse natural de Maracujá produzida na Madeira, mas também debicamos como os restantes, o doce de banana e as compotas.

Javali, cabritinho e bacalhau na mesa.jpg

Livro sobre Lanheses- o debate da obra.jpg