POETA ANTÓNIO CORRÊA D’OLIVEIRA FALECEU HÁ 64 ANOS EM ESPOSENDE – A PONTE DE LIMA DEDICOU ALGUNS DOS SEUS VERSOS
Natural de S. Pedro do Sul, o poeta António Corrêa d’Oliveira casou com uma minhota, tendo passado a fixar residência em Antas, no concelho de Esposende, tendo passado a viver na Casa de Belinho.
Ligado ao Integralismo Lusitano, identificou-se com o Saudosismo de Teixeira de Pascoaes e o neo-garrettismo, tendo a Ponte de Lima dedicado alguns dos seus versos.
Cantigas a Ponte de Lima
Curioso poema inédito de 1918 encontrado na reorganização do arquivo da Casa de Bertiandos (em que se têm empenhado Sebastião de Lancastre e João Gomes de Abreu de Lima), gentilmente cedido para divulgação neste Portal Cultural de Ponte de Lima, a propósito das comemorações que assinalaram em Novembro de 2018 a passagem dos 100 anos sobre o fim da Primeira Grande Guerra.
Faz parte de um pequeno caderno manuscrito com versos do Poeta António Corrêa d’Oliveira para uma quermesse de recolha de fundos, feita em Ponte de Lima no final da Primeira Grande Guerra e organizada pela Condessa de Bertiandos, em benefício dos soldados do Corpo Expedicionário Português.
Junto a este poema, deixou a Senhora Condessa de Bertiandos, D. Ana, as seguintes palavras:
“Por motivo de força maior não se realizou a «Festa» em favor dos nossos prisioneiros de guerra para a qual estas lindas quadras foram expressamente compostas.
Triste outono de 1918”
Rio Lima, porque choras?
Dantes, cantavas! – “Eu ando
A acompanhar, em seu chôro,
Quem acompanhei, cantando –“.
Vi preza a Aguia dos Céus,
E o Rei da Serra, o Leão;
Vi soldados portugueses
Sem liberdade e sem pão.
Palacio de Bertiandos
Mostra as torres a quem passa
- Ó torres, ao alto, ao alto!
Que sois como a nossa Raça.
Dize, tu que vens dos Tempos,
Velho Paço de Lanheses,
Se Portugal, algum dia,
Não será dos Portugueses…
– “Quando Portugal morresse,
Disse Deus (e eu tremo, e escuto),
Tinha que apagar o Sol
Para a terra andar de luto! –”
Lindo Paço de Calheiros,
Que fazes, lá tão acima?
– “Vejo partir e chegar
As aguas do rio Lima…”
Ó Ponte do Lima, ó ponte,
Quem te atravessou primeiro?
– “Foi, d’um lado, um Monge Santo;
D’outro, um Nobre Cavaleiro” –
Ó Fonte do Salgueirinho!
Passou um Santo, e bebeu…
Matas as sêdes da Terra,
Fazes a sêde do Céu!
Casa da Aurora, onde o Tempo
Fez lindo ninho, a seu gosto;
És da aurora, entre mistérios
De Avé-Maria, ao sol posto.
Deus pesou a nossa terra
E foi-lhe ao cimo a balança.
Só penas! O melhor d’ela,
– Oiro de lei, – anda em França!
Porque vaes tu, rio Lima,
Devagarinho, a espreitar?
“A ver se voltam da Guerra
Antes que me leve o Mar…”
António Corrêa d’Oliveira, Poeta e Dramaturgo, nasceu em São Pedro do Sul, em 1879, e faleceu em Belinho (Esposende), em 1960.
Da sua obra poética destacam-se os seguintes livros:
- Dizeres do Povo
- Tentações de Sam Frei Gil
- Verbo Ser e Verbo Amar
- Elogio da Monarquia
- Saudade Nossa
- Redondilhas
Fonte: Ponte de Lima Cultural
Fonte: Vida Mundial Ilustrada, Ano I, nº 34, 8 Janeiro 1942 / Hemeroteca Municipal de Lisboa