PARTIDO POPULAR MONÁRQUICO (PPM) FOI FUNDADO NA CASA DO MINHO EM LISBOA HÁ 50 ANOS E O LIMIANO NUNO MORAIS FOI UM DOS SEUS PRINCIPAIS IMPULSIONADORES
As instalações da Casa do Minho, na rua Víctor Condon, onde teve lugar a fundação do PPM
O Partido Popular Monárquico (PPM) foi fundado em Lisboa no dia 23 de Maio de 1974, praticamente um mês decorrido da queda do anterior regime através do golpe militar do 25 de Abril. Porém, em lado algum é feita qualquer referência ao local onde a reunião que lhe deu origem teve lugar.
Os tempos que então se viviam eram agitados e por vezes causavam séria preocupação. Os monárquicos eram muitas vezes conotados com o Estado Novo, em parte explicado pelo facto de alguns deles terem com ele colaborado. Afinal de contas, também os militantes da Causa Monárquica integraram a União Nacional, até se aperceberem de que Salazar, apesar das conhecidas simpatias monárquicas, não considerava a possibilidade da restauração da Monarquia. E foi nessas circunstâncias que começaram a partir dos finais da década de 50 a divergir com o regime político então vigente.
O mesmo sucedia com as casas regionais que, entre os seus mais destacados dirigentes, contava com figuras gratas ao regime que acabava de ser derrubado. E, nesse contexto de mudança política, alguns notáveis trataram de desfiliar-se a tempo para poderem adaptar-se aos novos tempos sem serem incomodados…
Nessa altura, encontrava-se a Casa do Minho instalada na rua Victor Cordon, 14, dispondo de dois pisos. Porém, a sua actividade decorria geralmente no 2º andar onde nomeadamente se encontrava o amplo salão de festas. Actividade encontrava-se praticamente suspensa dadas as circunstâncias que então se viviam.
Entre os seus dirigentes, contava com o Professor Nuno Morais. Era natural de Ponte de Lima e, à altura, professor de Educação Física na Escola Comercial Ferreira Borges, em Lisboa. Chegou a ser atleta olímpico e também apaixonado pelas lides tauromáquicas que lhe deixaram mazelas físicas. Plenamente identificado com os ideias monárquicos.
Por influência do Professor Nuno Morais, reuniram-se os monárquicos na Casa do Minho num ambiente de quase secretismo, razão pela qual continua o local a não ser mencionado… havia que preservar a segurança do partido e também da própria instituição que lhes abria as portas!
O Partido Popular Monárquico foi criado por iniciativa da Convergência Monárquica, organização constituída em 1971 que juntava monárquicos oposicionistas ao regime do Estado Novo e que congregava o Movimento Popular Monárquico, fundado em 1957 e dirigido por Gonçalo Ribeiro Telles, a Renovação Portuguesa criada em 1962 por Henrique Barrilaro Ruas e uma facção da Liga Popular Monárquica, surgida em 1964 e dirigida por João Vaz de Serra e Moura.
Gonçalo Ribeiro Telles assumiu a liderança enquanto Francisco Rolão Preto – que antes fora fundador do Integralismo Lusitano e mais tarde tembém do Nacional-Sindicalismo do qual foi dirigente – assumiu a Presidência do Directório e do Congresso.
A reunião então decorrida na Casa do Minho resultou num sobressalto para os sócios que não haviam tomado conhecimento prévio da sua realização. Mas o encontro passou despercebido e o movimento revolucionário que acabava de ser despoletado tinha outras preocupações. O Partido Popular Monárquico (PPM) intregou-se no regime saído do 25 de Abril de 1974, tendo o Gonçalo Ribeiro Telles participado em vários governos e sendo uma figura muito respeitada pela sua defesa da ecologia e do meio ambiente.
PROFESSOR NUNO MORAIS: UM LIMIANO QUE FOI UM ATLETA DE ELEIÇÃO
João Nuno Manuel Braga Rodrigues de Morais nasceu em Ponte do Lima em 1923. Quando estudante do Liceu Nacional Sá de Miranda ingressou no Académico de Braga (o glorioso ABC), defendendo com galhardia as cores do clube bracarense. Mostrou, desde o início, ser um atleta de eleição, pelo que a sua performance despertou o interesse do S.C.P. que lhe proporcionou uma carreira desportiva de grande relevo.
Foi um especialista nos 100 e 200 metros, chegando a bater o recorde nacional em 1947, título esse que revalidou mais vezes. Em 1948 foi um dos representantes de Portugal nos Jogos Olímpicos de Londres.
Quando terminou a sua formação académica em Lisboa, em 1950, regressou a Braga, como Professor de Educação Física. No entanto, veio a falecer em Lisboa em 1986. A Câmara Municipal de Ponte do Lima atribuiu-lhe, a título póstumo, a Medalha de Mérito Desportivo e a Câmara Municipal de Braga distinguiu-o dando o seu nome a uma rua.
Fonte: Manuel Campos / Memórias de Braga
Oriundo do Académico de Braga, Nuno Morais representou o Sporting Clube de Portugal durante o período que esteve em Lisboa a estudar.
Foi Campeão de Lisboa e de Portugal, dos 100 e 200m, na época de 1947, para além de ter contribuído para a vitória do Sporting, na estafeta dos 4x200m, dos Campeonatos Regionais desse ano, altura em que a equipa leonina estabeleceu um novo Recorde Nacional desta prova não homologada, correndo a distância em 1,44,5m.
Na época seguinte, apenas conseguiu renovar os títulos regionais dos 200m e dos 4x200m, mas igualou por duas vezes o Recorde Nacional dos 100m, correndo a distância em 10,6s, uma marca que só seria superada em 1964, e estabeleceu um novo máximo nacional dos 200m, fixando-o em 22,1s, um Recorde que durou mais de 9 anos.
Com estes dois Recordes Nacionais, conseguiu os mínimos para os Jogos Olímpicos de 1948, realizados em Londres, onde principiou por passar uma eliminatória dos 100m, ao ficar em 2º lugar da sua serie, com um tempo de 10,9s, sendo depois eliminado, classificando-se no 6º lugar nos quartos de final, e no 3º lugar da sua serie dos 200m, com 22,6s, resultados considerados um pouco aquém da suas expectativas, e que o levaram a queixar-se da mudança de clima e da alimentação.
Foi também praticante de Voleibol ao serviço do Sporting.
Em 1950 depois de concluídos os seus estudos, regressou a Braga onde voltou a representar o Académico e fez a sua carreira profissional como professor de Educação Física.
Faleceu a 2 de Setembro de 1986 com apenas 63 anos de idade.
Fonte: https://www.wikisporting.com/