NÃO HÁ FUTURO PARA A LIBERDADE SEM A MEMÓRIA DA FALTA DELA!
- Crónica de Domingos Chaves
Não há futuro para a liberdade, sem a memória da falta dela…
Durante os 48 anos que durou a ditadura, os portugueses viveram condicionados por uma longa lista de proibições, que hoje, sobretudo aos olhos de quem nasceu em Liberdade, parecem inconcebíveis.
Às proibições legais, juntavam-se igualmente outras de natureza moral, num país e num território, onde o conservadorismo e o subdesenvolvimento eram elogiados pelo discurso oficial, sob a tríade, “Deus, pátria e família”.
Vivia-se um clima de medo, um clima, que funcionava como poderoso instrumento político de censura – incluindo a autocensura – e de controlo. Era a miséria absoluta – de que nesta revista se dá conta - com a pobreza, o analfabetismo e a ignorância a falarem mais alto…
No momento em que se assinalam os 50 anos de Liberdade e Democracia, recordam-se então nesta edição especial, algumas proibições que só tiveram fim depois do 25 de Abril. E sendo assim, é por isso que é necessário conhecer a história, imprescindível que é, para compreender o presente e para construir o futuro.
Nesta data, deixo ainda aqui registada, a minha homenagem a todos aqueles e aquelas que construíram um Portugal livre e democrático, muitos dos quais, protagonistas sem lugar numa História que não lhes registou nem nome, nem acção, mas que na lúgubre noite do salazarismo acenderam luzes para que este país encontrasse os caminhos de uma revolução que colocou ponto final a uma ditadura bafienta de 48 anos.
De igual modo e para além desses, só nos fica também bem, lembrar e resgatar igualmente a memória colectiva dos munícipes, que nos anos decisivos de 1974, 1975 e 1976, defenderam as nobres causas do desenvolvimento do território concelhio e em particular das nossas aldeias, desde sempre votadas a um abandono ignóbil.
É também por esses e por quem se lhes seguiu, caminhando com coragem e determinação por entre a escuridão, que devemos celebrar, sublinhar e gritar, que apesar de todas as imperfeições, só a democracia e as garantias de total usufruto dos nossos direitos cívicos nos permitem ser cidadãos de corpo inteiro.
O mínimo que todos devemos fazer, é não defraudar a memória dos Capitães de Abril, que na madrugada de 25 de Abril de 1974, nos entregaram as sementes de um novo país.
VIVA A LIBERDADE!