MINISTRO AZEREDO LOPES DIZ QUE "DESAPARECERAM MUITAS COISAS" DOS ESTALEIROS NAVAIS DE VIANA DO CASTELO
"Desapareceram muitas coisas" dos estaleiros de Viana, diz Azeredo
Ministro antecipa que muitos aspetos do processo de liquidação da empresa "acabem serenamente na Procuradoria-Geral da República".
Ministro Azeredo Lopes participou ontem no debate parlamentar sobre o orçamento da Defesa para 2018
O ministro da Defesa revelou ontem no Parlamento que "está a ser apurada a razão pela qual, nos ativos [dos estaleiros de Viana], desapareceram literalmente muitas coisas, até gruas".
"Tenho sinais muito preocupantes quanto à forma como foi desenvolvido, ou não desenvolvido, o processo de liquidação" dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), uma empresa pública extinta pelo governo anterior, declarou Azeredo Lopes no debate parlamentar sobre o orçamento da Defesa para 2018.
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"Prevejo que muitos destes aspetos acabem serenamente na Procuradoria-Geral da República", acrescentou Azeredo Lopes, depois de questionado pela deputada Emília Cerqueira (PSD) sobre um assunto polémico que se arrasta há anos e envolve queixas na PGR por parte da eurodeputada Ana Gomes (PS) ou processos judiciais e pedidos de levantamento da sua imunidade parlamentar interpostos pelo anterior ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco.
Um exemplo dado por Azeredo Lopes foi o do aço adquirido há anos para a construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela (que não chegaram a ser construídos). "O processo do aço é um processo dos mais desagradáveis" na história da extinção dos ENVC, observou o ministro, dizendo que "esse aço foi adquirido à Macedónia sem cumprimento básico de regras quanto à qualidade do aço, quanto ao número de folhas de aço, quanto ao inventário disso". Mais, "vim a descobrir recentemente que quando falávamos de aço estávamos a falar de uma abstração muito preocupante", insistiu Azeredo Lopes.
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O ministro da Defesa revelou ainda que foi parado o processo de venda daquele aço como sucata, esperando-se que se consiga "pelo menos alienar" parte desse material "por um valor que não seja de sucata". Para isso é que "pela primeira vez está a ser feito o trabalho de desagregar as diferentes folhas de aço para ver qual é a sua qualidade e qual é o seu valor de mercado", explicou ainda Azeredo Lopes.
Fonte: ANTÓNIO COTRIM/LUSA