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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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JOSÉ MARQUES: PARTIU O OPERÁRIO QUE ESTEVE SEMPRE ALÉM DA SUA CONDIÇÃO

Foi trabalhador dos ENVC e aí se destacou pela aprendizagem fácil, pela valorização profissional e pelo sentido prático que sempre colocou no exercício da sua actividade. Possuía apenas o ensino básico, mas tal nunca o inibiu de atingir brilhantismo em tudo o que fazia e em tudo o que se envolvia.

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Operava num serviço que aparentemente não era exigente, mas ele cultivava a exigência de fazer bem tudo o que realizava, de ser intuitivo, de simplificar tarefas e gerir convenientemente, procurando que o resultado do produto fosse sempre o melhor. Estas qualidades que José Marques personificava, dada a sua irreverência e o não acomodamento a situações de rotina, alguns teimaram persistentemente em não as reconhecer. E neste país de práticas costumeiras, de acomodamentos, onde se faz sempre imperar o politicamente correcto, os irreverentes, no melhor sentido do termo, são sempre pouco estimáveis e, sempre que possível, cerceados.

José Marques, quando o seu serviço evoluiu para avançados patamares tecnológicos, esteve sempre na dianteira na compreensão de novas técnicas e de novas práticas. Foi pioneiro na compreensão da informática, ao nível do software e do hardware, quando esta era incompreensível e nada ajustável para quase todos, quadros técnicos incluídos, nunca cessando de evoluir nesta área.

Foi brilhante na gestão desportiva, como dirigente de diversas associações, em particular do GDCTENVC, precursor na organização das meias-maratonas em Viana do Castelo. Colaborava com textos desportivos nos órgãos de informação da especialidade. Era afoito ao ponto de, depois de se exercitar nas artes plásticas, ter criado uma escola de pintura, a ArtMatriz- Associação Cultural e Artistica, que geria com uma enorme criatividade. E foi determinado ao saber compreender a importância das redes sociais, tendo-as explorando habilmente, conseguindo a adesão de muitos para participarem no espaço de história e memórias para enaltecer Viana, “Viana da Foz do Lima”.

As qualidades de José Marques não se descrevem em curto artigo que tem que se limitar a espaço exíguo. Que as mesmas sejam bem salientadas no livro de memórias, especialmente da guerra colonial onde esteve envolvido como paraquedista, que tinha preparado e que várias vezes me deu a conhecer como um dos seus maiores objectivos, se em sua homenagem vier mesmo a ser editado.

José Marques fazia falta a Viana e aos vianenses, pela sua activa cidadania, onde a ousadia era a sua melhor característica. “Não há barreiras para quem deseja ir sempre mais longe”, afirmava. Encontrou agora uma barreira definitiva, injusta barreira, na vida que tanto amava. Fica-nos o seu exemplo de homem lutador, persistente, teimoso, por vezes sarcástico, mas um bom amigo, amigalhaço, como tratava aqueles que mais estimava.

Até sempre, José Marques.

Gonçalo Fagundes Meira