EMBAIXADOR DOS EUA DEFENDE EM GUIMARÃES CONSUMO DE PRODUTOS PORTUGUESES
Robert Sherman integrou o painel de oradores que abordaram o impacto do “Acordo de Comércio e Investimento União Europeia-EUA”. Conferência no AvePark abordou temas dos setores têxtil, vestuário e calçado.
O Embaixador dos Estados Unidos da América em Portugal, Robert Sherman, considerou que a celebração do “Acordo de Comércio e Investimento União Europeia-EUA” (TTIP), que permitirá eliminar taxas e barreiras comerciais entre os mercados europeus e americanos, constituirá um forte contributo para a afirmação dos produtos portugueses, que o diplomata elogiou numa conferência sobre esta temática realizada esta sexta-feira, 30 de janeiro, no AvePark - Parque de Ciência e Tecnologia, em Guimarães.
«Os americanos não conhecem o produto português, não sabem que é de excelência! E é precisamente isso que eu pretendo que os americanos conheçam o que de tão bom por cá se faz! Eu próprio não troco os meus sapatos portugueses ou os lençóis Lameirinho em que durmo cá e na América. A minha mulher experimentou o calçado português e ficou encantada com a qualidade, que na América não encontramos. E se se encontrarmos é com uma carga fiscal tal que inflaciona o artigo até a um preço incomportável», exemplificou, assumindo-se como um grande defensor deste Acordo.
«O mesmo se passa com o vestuário e os vinhos produzidos cá!», disse. «Eu sou consumidor do melhor vinho do mundo que é feito aqui no Douro e quis dá-lo a conhecer a alguns amigos e, por isso, comprei-o na América ao triplo do preço que se pratica em Portugal! Por todos estes produtos que enumerei e por outros tantos que se produzem aqui na zona Norte, é que esta é a região que mais beneficiará com a abolição das taxas previstas no TTIP», acrescentou Robert Sherman. «Se queremos ser competitivos temos de abrir mão de impostos e para Portugal sair da crise tem de ser capaz de exportar. Não há outra forma de as empresas crescerem que não seja pela expansão do seu mercado, exportando», afirmou.
Domingos Bragança, Presidente do Município de Guimarães, considerou que o tecido empresarial de Guimarães está habilitado para assumir mais um desafio. «O conjunto de empresas que temos trabalham com grande qualidade ao nível dos materiais, recursos humanos, tecnologia, com transferência de conhecimento da Universidade para as empresas, introduzindo inovação, com design e diferenciação de produtos! Seremos um exemplo para o país, porque é preciso olhar em frente e com esperança, criando valor e riqueza para que o futuro dos nossos filhos seja melhor», destacou o responsável pela Câmara Municipal de Guimarães, acompanhado na sessão pelo edil de Famalicão. «O Vale do Ave apresenta sinergias muito particulares que têm de ser capitalizadas», disse, por sua vez, Paulo Cunha.
O evento, organizado conjuntamente com a consultora GTI - Gestão, Tecnologia e Inovação, contou também com a presença de Fortunato Frederico, Presidente da APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos), Vital Moreira, Professor da Universidade de Coimbra, ex-eurodeputado (2009-2014) e ex-relator do Parlamento Europeu para o TTIP (Transtlantic Trade and Investment Partnership), e João Costa, Presidente da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal).
O Acordo de Comércio e Investimento entre a União Europeia e os EUA tem como objetivo a eliminação de barreiras comerciais, aduaneiras e não aduaneiras, aplicadas sobre uma vasta gama de setores da economia, facilitando a compra e venda de bens e serviços por empresas dos dois mercados, com vista à extração dos verdadeiros benefícios de um Mercado Global.
Recorde-se que, de acordo com uma estimativa de um relatório encomendado pelo Governo Português, a assinatura do TTIP proporcionaria um crescimento anual de 0,66% do PIB nacional, o que representa 1,1 mil milhões de euros anuais. Recentemente, também a Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus sublinhou que o aumento de salários a longo prazo e a criação de mais de 40 mil postos de trabalho estariam entre os principais efeitos macro-económicos esperados em Portugal.