COUVADA À MINHOTA JUNTA À MESA MINHOTOS QUE VIVEM EM LISBOA
“Uma boa mesa para uma boa política regionalista!”
- A Casa do Minho mantém-se fiel à divisa que criou ao tempo do saudoso jornalista Artur Maciel.
Era a sopa do humilde lavrador. De feijão com couves era ela era feita. Mas acrescentavam-lhe outros condimentos para a tornar mais bem apaladada como alguns feijões e osso do espinhaço. Antes de saírem de casa para as lides do campo, deixavam o pote ao lume e deixavam-na a cozer. Quando regressavam da lavoura, algumas couves que traziam das leiras eram cegadas e metidas no pote juntamente com a chouriça. Por fim, comia-se a garfo as couves ou apresigo e, depois, o caldo que em dias melhorados fazia as delícias do pobre agricultor e aconchegava o estômago nos frios dias de outono.
Para além dos minhotos, o repasto contou ainda com a participação do Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Dr Pedro Delgado Alves que é também Vice-presidente da bancada parlamentar do Partido Socialista na Assembleia da República e do Secretário da Junta de Freguesia Dr. Patrocínio César.
A Casa do Minho em Lisboa não deixa os seus créditos por mãos alheias e, ciente da sua missão em promover tudo o que de mais genuíno existe nas nossas tradições, realizou hoje mais uma vez a tradicional couvada à minhota, chamando a si muitos dos nossos conterrâneos que não esquecem as suas origens e tudo fazem para preservar a nossa identidade cultural.
Mal começava o Outono e com ele as longas noites passadas à lareira, as couves faziam parte da alimentação diária do pobre camponês. Juntava-lhe as batatas, o feijão, a chouriça e, de um modo geral, um pouco de tudo quanto a lavoura lhe oferecesse. Era um verdadeiro manjar dos deuses.
Merece também uma especial referência a Casa do Minho em Lisboa pela primazia que dá à cozinha tradicional minhota, contribuindo desta forma para preservar o nosso património cultural divulgando uma das especialidades gastronómicas que corre o risco de desaparecer, fazendo jus à divisa legada em tempos idos pelo gastrónomo e jornalista Artur Maciel: Uma boa mesa para uma boa política regionalista!
Remonta ao século IV Antes de Cristo a origem da couve, altura em que os gregos a descobriram na região da Jônia e dela se surpreenderam pelos seus poderes medicinais, para além das suas virtudes culinárias. Porém, foram os romanos que a trouxeram para a Península Ibérica e nos deram a conhecer, passando a constituir o género de verdura mais consumida até aos finais da Idade Média.
Rica em fibras, iodo, cálcio, potássio, enxofre, magnésio e ômega 3; além de vitaminas A, B1, B2, B6, C e K, a couve é uma hortaliça da família Brassicaceae, constituindo um alimento de baixa caloria, desde sempre utilizado no tratamento de doenças estomacais, tendo vindo com o tempo a revelar-se como um excelente anti-inflamatório, antibiótico e anti-irritante natural, aplicado no combate a gripes, problemas hepáticos, renais e menstruais; artrite, bronquite, hemorroidas, úlceras e pedras nos rins e, na medicina alternativa, como vermífugo, para evitar ressacas, e até mesmo para baixar a febre, quando aplicada em forma de cataplasma.
Conhecida na Galiza por “verça”, a variedade de couve-galega é no Minho responsável por uma das melhores iguarias da cozinha tradicional portuguesa – o caldo verde – considerada uma das 7 maravilhas da gastronomia de Portugal!
O paladar constitui um dos sentidos que o minhoto sempre conserva e o mantém permanentemente ligado ao seu rincão natural, ao seu pedaço de Minho!