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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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CIMEIRA LUSO-ESPANHOLA / ESTUÁRIO DO RIO MINHO / PORTO DE MAR DE VILA PRAIA DE ÂNCORA – CRÓNICA DE CARLOS SAMPAIO

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𝗔 𝗰𝗼𝗺𝘂𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝘁𝗲𝗺 𝘂𝗺 𝗽𝗼𝗱𝗲𝗿 𝗾𝘂𝗲 𝗼𝘀 𝗽𝗼𝗹𝗶́𝘁𝗶𝗰𝗼𝘀 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗮𝘀 𝘃𝗲𝘇𝗲𝘀 𝗻𝗮̃𝗼 𝘁𝗲̂𝗺: 𝗮 𝘀𝗮𝗯𝗲𝗱𝗼𝗿𝗶𝗮. 𝗘 𝗲́ 𝗲𝘀𝘀𝗮 𝘀𝗮𝗯𝗲𝗱𝗼𝗿𝗶𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝘀𝗲𝗿𝗮́ 𝗼 𝗻𝗼𝘀𝘀𝗼 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮𝗽𝗼𝗿𝘁𝗲 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘂𝗺 𝗳𝘂𝘁𝘂𝗿𝗼 𝗺𝗲𝗹𝗵𝗼𝗿.

É fácil atribuir a culpa pelos problemas das nossas freguesias, concelhos e distritos aos políticos do poder central, e de fato, eles são os principais responsáveis pelas políticas que afetam as nossas regiões. No entanto, será que os políticos locais, tanto a nível de freguesia como de concelho, não têm também uma responsabilidade considerável?

E as Comunidades Intermunicipais (CIM), entidades administrativas criadas para cooperar em áreas de interesse comum, como o desenvolvimento regional e o planeamento estratégico, não devem ser igualmente responsabilizadas?

Além disso, até que ponto as assembleias de freguesia e assembleias municipais, que são instrumentos vitais para o funcionamento da democracia local, não têm uma maior responsabilidade na defesa dos interesses das suas populações?

E, por fim, será que as próprias comunidades, a nível local, não são as principais responsáveis quando as políticas implementadas, tanto a nível central como local, não correspondem às suas necessidades?

Essas questões são pertinentes não só em relação à Cimeira Luso-Galaica, ao estuário do Rio Minho e ao Porto de Mar de Vila Praia de Âncora, mas também em relação a inúmeros outros problemas que enfrentamos diariamente e para os quais não encontramos respostas satisfatórias.

O que levanta uma dúvida maior: por que razão a comunidade parece estar tão alheia aos problemas quotidianos?

No concelho de Caminha, temos exemplos claros, como o assoreamento e a necessidade de requalificação do Porto de Mar de Vila Praia de Âncora, o assoreamento do Rio Minho, a ausência de uma ligação marítima ou ferroviária entre o concelho e a outra margem da Galiza, a falta de desenvolvimento de parques industriais, entre outros.

A responsabilidade, quer queiramos quer não, não pode recair exclusivamente sobre os políticos. Nós, enquanto comunidade, temos o dever de exercer os nossos direitos e exigir a sua implementação.

A democracia e a liberdade, conquistas pelas quais tanto lutámos, deram-nos as ferramentas para agir, mas muitas vezes não as utilizamos adequadamente, preferindo a inércia ou esperando que "o vizinho resolva por nós".

É fundamental que, enquanto comunidade, exerçamos pressão sobre os políticos, dentro dos limites da liberdade e da democracia conquistadas no pós-25 de Abril. Devemos exigir medidas que sirvam os nossos interesses, e não os de terceiros, independentemente de quem sejam.

O concelho de Caminha tem exemplos notáveis de mobilização democrática em defesa dos seus interesses, como o 𝗠𝗼𝘃𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 "𝗟𝗶́𝘁𝗶𝗼 𝗡𝗮̃𝗼" 𝗱𝗮 𝗦𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗱'𝗔𝗿𝗴𝗮 e o 𝗠𝗼𝘃𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗖𝗶́𝘃𝗶𝗰𝗼 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝗣𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗣𝗿𝗮𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗔̂𝗻𝗰𝗼𝗿𝗮.

Não podemos permitir que os nossos problemas sejam decididos à margem da comunidade. Os políticos devem tomar decisões com base nas nossas necessidades e preocupações, mas para que isso aconteça, precisamos de mais movimentos cívicos, maior participação das associações, mais manifestações de opinião e maior envolvimento nas assembleias de freguesia e municipais.

Enquanto comunidade, temos de ser responsáveis pelos nossos atos, se quisermos ser levados a sério. Acredito na cooperação entre a comunidade, os políticos locais, nacionais e até europeus.

No entanto, uma coisa é certa: se continuarmos a permitir que outros tomem as nossas decisões, chegaremos sempre tarde e com prejuízos sociais e económicos significativos.

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