CASA DO MINHO EM LISBOA FOI FUNDADA HÁ 95 ANOS!
Passam precisamente 95 anos sobre a data da fundação em Lisboa do então Grémio do Minho. No dia 29 de abril de 1923, um punhado de 18 minhotos reuniram-se na rua do Benformoso, nº 150, os quais viriam a nomear a “Comissão Fundadora” encarregue de lançar as bases da futura agremiação regionalista. Foram eles Delfim Gomes de Faria (Braga); João Alves Pereira (Terras de Bouro); Manuel Abreu Vieira (Monção); João Pereira de Araújo (Arcos de Valdevez); Manuel Joaquim da Costa (Póvoa de Lanhoso) e Flávio Gonçalves (Monção).
Desde então, foram várias as instalações que lhe serviram de sede social. Funcionou na rua da Mouraria nº 27, na rua dos Anjos; na rua Víctor Cordon nº 14 e, finalmente, encontra-se instalada na zona de Telheiras. Mas foi na rua Víctor Cordon que a Casa do Minho conheceu o seu auge sob a liderança do jornalista Artur Maciel, personalidade cujo nome a actual Direcção desta instituição regionalista acaba de propor à Comissão de Toponímia de Lisboa para que o seu nome seja consagrado numa das artérias da capital, aliás à semelhança do que há muito tempo se verifica no concelho de Viana do Castelo.
A imagem data de 4 de julho de 1934 e apresenta os membros da Direção do Grémio do Minho, atual Casa do Minho, em Lisboa, e da Comissão organizadora da Semana dos Vinhos Verdes. Na foto identificam-se Francisco da Conceição Rosa, José Augusto da Cunha, Prudente da Rocha, Engenheiro Raul Dantas, Engenheiro Luís Cincinato Cabral da Costa, José de Azevedo, Álvaro de Lacerda, Pedro Bandeira, Ernesto Ferreira e Dr. Francisco Veloso.
Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Entretanto, como consequência das alterações introduzidas pelo Estado Novo com vista à instituição do corporativismo que atavés do Decreto-Lei nº. 23 049, de 23 de setembro de 1933, estabelecia os “grémios nacionais” como organismos corporativos das entidades patronais, o então Grémio do Minho passou a adoptar a designação de “Casa de Entre-Douro-e-Minho”, área geo-etnográfica que corresponde ao da histórica Comarca com o mesmo nome, incluindo portanto o Distrito do Porto e os concelhos de Ribeira de Pena, Mondim de Basto e Castelo de Paiva. De resto, área geográfica que ainda permanece inscrita nos estatutos em vigor da Casa do Minho.
Aliás, a propósito da criação artificial da província do Douro Litoral em 1936, escreveu a esse respeito o Conde d’Aurora em “O Douro Litoral”, da colecção “Antologia da Terra Portuguesa”, o seguinte:
Criou-se nos últimos anos, mutilando a velha e tradicional Província de Entre Douro e Minho (já truncada em 1834, subdividida em Minho e em Douro, já então sendo Santo Tirso, no Douro, por exemplo, mas não tendo qualquer efeito prático essa divisão de Províncias), de modo a ficarem nela incluídos o Distrito do Porto e ainda os Concelhos de Espinho, Arouca, Castelo de Paiva e Vila da Feira, do Distrito de Aveiro – e os de Resende e Cinfães, no de Viseu.
E sendo a nova comarca administrativa denominada Minho, apenas constituída pelos distritos de Braga e de Viana do Castelo.
Divisão de critério meramente ferroviário, baseado na penetração das duas velhas linhas do Estado, a do Minho e a do Douro, subdividindo-se em Ermesinde.
A querer partilhar a velha e ancestral Província na sua unidade inegável que resistira a tantos séculos, por se achar demasiado grande, porque não dar-lhe então os títulos, respectivamente, de Alto e Baixo Minho?
Assim poderiam continuar a ser minhotos, oficialmente, os povos do resto da velha comarca interamnense; minhotos sem distinção dos restantes, hoje destinados à condição de douro-litoralenses, os minhotos de Felgueiras, de Santo Tirso, da Póvoa ou de Baião…”
A imagem data de 8 de maio de 1938 e mostra as crianças que receberam roupas e calçado na Casa de Entre-Douro-e-Minho, atual Casa do Minho. Face às dificuldades que então sentiam muitas famílias, as casas regionais possuíam uma vertente social que pode ser recuperada nos tempos que correm.
Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Entretanto, na década de quarenta foi-se acentuando uma divisão interna que levou a uma cisão que esteve na origem da criação, em 1944, da Casa do Distrito do Douro. Por esta altura, também os arcuenses intentavam os primeiros passos para constituir a sua associação regionalista, a qual veio a ser constituída em 30 de abril de 1955, não constituindo porém esta uma cisão na Casa do Minho.
Em data imprecisa do ano de 1943, por ocasião das comemorações do duplo centenário da Independência de Portugal em 1143 e da Restauração em 1640, foi constituído o seu Grupo Folclórico que, apesar de algumas intermitências, se mantém na actualidade sob a batuta de Paulo Duque, actual Presidente da Direcção desta Instituição regionalista”
Em 4 de Junho de 1956, voltaria a alterar a sua denominação, adoptando a que mantém até aos nossos dias – Casa do Minho!
A caminho do seu 1º Centenário, o BLOGUE DO MINHO saúda os seus dirigentes e associados, endereçando votos para que novos dias mais auspiciosos se apresentem no futuro.