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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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BRAGA ROMANA EVOCA DEUSA NÁBIA

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Nábia, Deusa suprema das águas férteis, deu o ar da sua graça na abertura da XX edição da Braga Romana – Reviver Bracara Augusta, que decorreu esta quarta-feira, na Praça Municipal na presença de várias centenas de crianças. Os aguaceiros sentidos não atrapalharam o momento e Nábia foi homenageada com pétalas de flores de aromas coloridos.

Soberana das terras da Galécia, a deusa tutela com imponência um dos seus povos mais amados, os Brácaros. Com a incursão romana aos seus domínios, Nábia prontamente revela a sua grandiosidade, de tal forma que o rei dos Deuses do Olimpo, apaixona-se por ela.

Num espetáculo vibrante onde a poderosa Deusa é exaltada pelo seu povo mais promissor, as crianças, lançaram as pétalas de flores e ervas de cheiro, perfumando as ruas e praças invocando os bons augúrios e a “fortuna” para um futuro próspero e auspicioso.

Venha daí mais uma edição da Braga Romana.

O programa completo pode ser consultado em https://shre.ink/8TSV

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No princípio era o Caos… entretanto, na ânsia de encontrar uma explicação para os fenómenos da natureza que o rodeiam, o Homem concebeu inúmeras divindades que além de representar os atributos de tais fenómenos passaram ainda a revelar emoções e sentimentos próprios dos humanos uma vez que eram construídos à sua imagem e semelhança.

Entre tais divindades, Nábia foi uma das divindades mais veneradas na faixa ocidental da Península Ibérica ou seja, a área que actualmente corresponde a Portugal e à Galiza, durante o período que antecedeu à ocupação romana. Na mitologia céltica, Nábia, era a deusa dos rios e da água, tendo em sua honra o seu nome sido atribuído a diversos rios como o Navia, na Galiza e o Neiva e o Nabão em Portugal. Inscrições epigráficas como as da Fonte do Ídolo, em Braga e a de Marecos, em Penafiel, atestam-nos a antiga devoção dos nossos ancestrais à deusa Nábia.

Quando ocuparam a Península Ibérica à qual deram o nome de Hispânia, os romanos que à época não se haviam convertido ainda ao Cristianismo, adoptaram as divindades indígenas e ampliaram o seu panteão, apenas convertendo o nome de Nábia para Nabanus, tal como antes haviam feito com os deuses da antiga Grécia.

Qual reminiscência do período visigótico, a crença pagã em Nábia – ou Nabanus – viria a dar origem na famosa lenda de Santa Iria – ou Santa Irene – cujo corpo, após o seu martírio, ficou depositado nas areias do rio Tejo junto às quais se ergueram vários locais de culto, tendo inclusive dado origem a alguns topónimos como a Póvoa de Santa Iria e, com a introdução do Cristianismo, a atribuição do seu nome à antiga Scallabis, a actual cidade de Santarém.

Bem vistas as coisas, são em grande parte do rio Nabão e das suas nascentes as águas que o rio Tejo leva ao Oceano Atlântico, junto a Lisboa, depois daquele as entregar ao rio Zêzere. E, é nas águas cristalinas do rio Nabão que habita a deusa Nábia e nas suas margens que Santa Iria encontrou o eterno repouso

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