BLOCO DE ESQUERDA EM CAMINHA REÚNE COM ASSOCIAÇÃO COREMA
A Corema é uma das mais antigas associações de defesa do ambiente e património do Norte de Portugal. Tem sede em Lanhelas e recebeu a pedido destes, na sua sede, os 1ºs candidatos das listas do Bloco de Esquerda à Câmara e Assembleia Municipal do Concelho de Caminha e à Assembleia de Freguesia de Caminha e Vilarelho, na passada segunda-feira, dia 28 de junho.
A reunião permitiu obter uma perspetiva de dirigentes associativos muito bem informados sobre a realidade ambiental do Concelho.
O tema central e de diálogo mais alargado, pela preocupação que suscita, foi a questão da exploração de Lítio na Serra d’Arga.
A perspetiva da associação ecologista do concelho de Caminha, que construiu parcerias muito ativas com outras entidades da região do Alto Minho e de outras regiões do país sobre este tema, é que lutar contra a mineração de lítio é uma prioridade que devia unir todos os cidadãos do Alto Minho, num largo consenso das instituições públicas e da sociedade civil.
E sem ceder à desinformação, que lança, para adormecer a cidadania, a ideia pacificadora de que a zona protegida da Serra não será abrangida e que escamoteia que, à volta dessa zona central, se anunciam enormes projetos de mineração.
Essa é uma posição em que o Bloco de Esquerda coincide com muitos dos atores da sociedade civil do concelho e das zonas vizinhas. Os nossos eleitos apoiarão sem hesitações a ideia essencial: a Serra d’Arga não pode ser transformada numa área de minas a céu aberto, com centenas de metros de largura e profundidade, com riscos de saúde para os habitantes e de destruição de ecossistema. A aquisição de um passivo ambiental, como o que se deteta noutros países como o Canadá ou Austrália, não será nunca compensada pelos ganhos de curto prazo, que possam fazer seduzir, com cantos de sereia, para o negócio com as companhias de mineração.
Aliás, foi recordado que, em certas zonas do Alto Minho, já houve projetos de mineração com técnica semelhante, mas menores, com custos ambientais que, ainda hoje, décadas passadas, se pagam em poluição e degradação ambiental. As empresas exploradoras da mina fecharam e o custo de reconstituição dos espaços (renaturalização) acabou por reverter para o Estado e para os cidadãos que estas se esqueceram de indemnizar.
Muitos outros temas foram abordados numa longa conversa que inclui o registo de muitas propostas e ações da associação, a precisar de apoio e parceria pública, municipal e de outros níveis de decisão: reintrodução de camarinhas no Pinhal do Camarido e projeto de educação ambiental em edifícios abandonados a recuperar nessa mata, o combate a espécies vegetais invasoras ou caça em zonas protegidas ou de elevado interesse ambiental.
O diálogo será alargado, com outras entidades e com todas aquelas que nos queiram receber, na perspetiva que aconteceu neste caso: ouvir, refletir, prometer estudo e análise, sem promessas precipitadas e ocas que outros já vêm fazendo de obras faraónicas que se anunciam só para encher o olho, sem trazer real desenvolvimento.
Desenvolvimento não são grandes obras que nem se sabe se algum dia se farão. Desenvolvimento podem ser obras pequenas e de custo modesto, motivadas pela sociedade e associações, com gestão equilibrada dos recursos que existem e que se tem de proteger.
O que desenvolverá realmente mais o Concelho de Caminha? Será uma obra milionária, que nem depende do município, que até precisa de autorização de 2 Estados e que ainda nem se estudou se é económica ou ambientalmente viável? Será um hotel com pouco mais de uma dezena de quartos, de viabilidade económica remota, em que nem se sabe como será o acesso para os turistas? Ou, simplesmente, recuperar a mata do Camarido ou a zona da foz do Minho, como espaço ecologicamente protegido e equilibrado, com a vegetação natural sem invasoras, com condições para ser conhecido pelos cidadãos, residentes ou visitantes.
Esta é uma das perguntas em que a candidatura do Bloco de Esquerda vai dar resposta aos eleitores. Basta que escolham mudar.