Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

ASSOCIATIVISMO POPULAR: O QUE É E PARA QUE SERVE A JÓIA?

A jóia é uma fonte de receita das coletividades cobrada no ato de admissão de um sócio mas que este jamais recebe Trata-se de um expediente – para não dizer outra coisa – que deveria ser banido dos seus estatutos.

Quando alguém se propõe – ou é proposto! – a fazer parte de uma determinada colectividade, seja ela de índole cultural, recreativa ou desportiva e, entre elas consideremos nomeadamente as casas regionais e os grupos folclóricos, é em regra geralmente exigido que, entre outros encargos, proceda ao pagamento de uma joia. Mas, ninguém recebe joia alguma nem faz a menor ideia do que se trata. Trata-se, com efeito, de um procedimento que deve ser corrigido, desde logo através da revisão dos estatutos das associações.

A criação do associativismo popular entre nós remonta a meados do século XIX, com a criação das orquestras filarmónicas, grupos excursionistas e almoçaristas, centros escolares e em geral as sociedades de cultura e recreio constituíram um meio dos partidos liberais e, mais tarde, os partidos republicanos implantarem-se no seio das populações. Na realidade, elas transmitiam a influência existente na própria maçonaria e reflectiam inclusivamente os conflitos entre os partidários do novo regime nascido do 5 de Outubro de 1910. A título de exemplo, a divisão do Partido Repúblicano entre Democratas e Evolucionistas reflectiu-se na formação de duas colectividades rivais no concelho de Seixal: a União Seixalense e a Timbre Seixalense.

Por conseguinte, a influência da Maçonaria não se exerceu unicamente nos partidos políticos republicanos como ainda nas agremiações por si criadas – entendidas como para-maçónicas – tendo as mesma reproduzido-se sempre que é constituída uma nova associação e, como tal, torna-se necessário dotá-la de estatutos. E, assim, chega até aos nossos dias a exigência do pagamento de uma joia… que ninguém recebe!

Na Maçonaria, a joia constitui um ornamento que se destina a identificar quem o usa no seio da organização, sendo geralmente um ornamento colocado numa fita que se pendura em redor do pescoço, tal como o fazem os membros de diversas corporações como os juízes e ainda os vereadores municipais e membros de confrarias. Mas, no âmbito das colectividades desportivas, de cultura e recreio, incluindo nelas os grupos folclóricos e as casas regionais, o seu uso não faz o menor sentido. De resto, é um abuso exigir o pagamento de algo que jamais é entregue!