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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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COMENDADOR CARLOS DE LEMOS: UM PALADINO DA COMUNIDADE LUSO-AUSTRALIANA

  • Crónica de Daniel Bastos

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas é a sua dimensão empreendedora e benemérita, como corroboram os percursos de diversos compatriotas que dinamizam atividades de relevo a nível económico, político, cultural e social.

Nos vários exemplos de patrícios que compõem e engrandecem a diáspora lusa, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia na promoção do país, destaca-se a trajetória do comendador Carlos de Lemos, antigo Cônsul Honorário de Portugal em Melbourne, na Austrália, e um dos mais devotados paladinos da cultura e história portuguesa no continente-ilha.

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O comendador Carlos de Lemos, acompanhado do historiador Daniel Bastos, no decurso de uma visita no mês de outubro à Capital do Minho

Natural de Melgaço, vila raiana no distrito de Viana do Castelo, onde nasceu em 1926, Carlos Pereira de Lemos iniciou a sua vida profissional como topógrafo em Portugal, trabalhando depois em Moçambique, África do Sul, Timor e na Austrália. No périplo que encetou pelo mundo, o alto-minhoto que começou a trabalhar com apenas 12 anos de idade numa loja em Melgaço, e já adolescente num café em Monção, conheceu personalidades marcantes como Nelson Mandela, Samora Machel, Rui Cinatti ou José Ramos-Horta.

Detentor de uma formação eclética, Carlos de Lemos foi estudante na África do Sul – Rhodes University e University of South Africa, onde se licenciou em Ciências Políticas e Sociologia. E pós-graduou-se em Pedagogia na Universidade de Melbourne, tendo sido professor de Sociologia e Ciências Políticas no Royal Melbourne Institute of Technology, e de línguas na Universidade de Monash, assim como representante do Banco Borges em Melbourne.

A chegada ao território australiano na década de 80, onde viria a estabelecer-se, marcou o princípio de uma profunda ligação à comunidade luso-australiana, atualmente constituída por cerca de 50 mil portugueses, essencialmente disseminados por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney.

Paralelamente à sua atividade profissional, Carlos de Lemos tornou-se um importante dirigente associativo luso-australiano, através da criação de uma escola de português e de um programa de rádio. Em 1988, foi nomeado Cônsul Honorário de Portugal em Melbourne, incumbência que exerceu durante três décadas com intenso trabalho, num verdadeiro espirito de missão em prol da comunidade luso-australiana.

Nesse âmbito, foi o grande impulsionador do Festival Português de Warrnambool, uma cidade na costa sudoeste de Vitória, onde pelo seu incansável labor foi inaugurado em 2001 um padrão de homenagem aos navegadores portugueses, tendo inclusive sido dado a uma das ruas de Warrnambool o seu nome, “De Lemos Court”. Ainda, no alvorecer deste ano, o dinâmico nonagenário luso-australiano proferiu no Museu Marítimo de Warrnambool uma palestra onde abordou a tese da descoberta portuguesa da Austrália, que escora que terá sido o navegador Cristóvão Mendonça, por volta de 1522, o primeiro português a avistar as costas australianas, quando navegava na zona por ordem de D. Manuel I, dois séculos e meio antes do capitão inglês James Cook.

O notável percurso de vida de Carlos de Lemos, patenteado no seu livro História de Uma Vida, publicado em 2016 e prefaciado pela antiga secretária de Estado da Emigração, Manuela Aguiar, foi distinguido em 2002 com a Ordem de Mérito, no grau de Comendador, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio. Mais recentemente Carlos de Lemos foi condecorado pelo Estado de Timor-Leste e pelo governo australiano com a Ordem da Austrália, assim como pelo Município de Melgaço com a atribuição da medalha de Cidadão de Mérito.

Uma das figuras mais conhecidas da comunidade luso-australiana, o exemplo de vida do comendador Carlos de Lemos, devotado paladino da cultura e história portuguesa no continente-ilha, relembra-nos a interpelação de Nelson Mandela: “Será que alguém pensa genuinamente que se não conseguiu algo foi por não ter tido o talento, a força, a resistência e a determinação nesse sentido?”.

ENTIDADE BRASILEIRA VISITA PORTUGAL PARA ATRAIR PARTICIPANTES PARA A FEIRA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS DE FLORIANÓPOLIS

  • Crónica de Ígor Lopes

A Câmara de Comércio da Região das Beiras (CCRB) vai acompanhar uma missão da Câmara do Comércio, Indústria e Turismo Brasil - Portugal que está em Portugal a cumprir uma extensa agenda de trabalho entre os dias 25 de outubro e 4 de novembro com o intuito de apresentar o estado de Santa Catarina, no Brasil, e promover a Feira Internacional de Negócios (FIN)”, que terá lugar em março 2023 em Florianópolis, Sul do Brasil.

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Segundo fontes ligadas à esta iniciativa, “o objetivo é sensibilizar as empresas portuguesas a participarem neste certame que possibilita trocas comerciais e relações institucionais que valorizam a dinâmica de aproximação entre Brasil e Portugal”.

A comitiva brasileira e portuguesa irá manter contato com empresários e autarcas em diversas localidades deste país europeu, como na Mealhada, Viseu, Leiria, Castelo Branco, Coimbra, Fundão, Nazaré, entre outras.

Segundo Ana Correia, presidente da CCRB, “esta é uma excelente oportunidade de aproximação entre os dois países em vários domínios, com foco na promoção de produtos com potencial de exportação e importação”.

Por sua vez, Jatyr Ranzolin Junior, presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Turismo Brasil - Portugal no Estado de Santa Catarina, Brasil, a missão para aproximação e divulgação do Estado de Santa Catarina e Portugal através da CCRB está a ter uma excelente repercussão.

“O resultado das reuniões é um sucesso, sendo que a divulgação da FINBRASIL 2022 está sendo muito proveitosa e muito bem aceite pela comunidade portuguesa, especialmente pelos empresários, produtores, Comunidades Intermunicipais (CIM's) e Câmaras Municipais. Através da CCRBEIRAS, está feita também a ponte com Moçambique. O município de Quelimane bem, como com a Associação de Empresários de Pequenas e Médias Empresas e outros grupos, já garantiram a sua presença”, disse Jatyr Junior, que frisou ainda que, “com toda a certeza, teremos uma FINBRASIL realizada com muita participação de Portugal, sobretudo da região das Beiras, do centro de Portugal e da Europa, com os mais de 300 empresários que estarão expondo as suas oportunidades de negócios e investimentos”.

A FINBRASIL 2022, Feira Internacional de Negócios, vai decorrer durante os dias 27, 28 e 29 de março de 2023 em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, Brasil.

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EMPRESÁRIOS BRASILEIROS “DESCOBREM” POTENCIAIS VIAS DE INVESTIMENTO EM PORTUGAL DURANTE MISSÃO LIDERADA POR ADVOGADOS LUSO-BRASILEIROS

  • Crónica de Ígor Lopes

Um grupo de empresários brasileiros visitou Portugal entre os dias 8 e 15 de outubro para conhecerem as oportunidades de investimento neste país europeu. Os participantes integraram uma missão empresarial organizada pela Sociedade de Advogados Pinto Machado, com sede no Brasil e em Portugal.

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O roteiro contemplou passagens por Lisboa, Oeiras, Estoril e Cascais, privilegiando espaços do ecossistema empresarial português, abrangendo as áreas da tecnologia, estado de defesa, inovação, sustentabilidade, imobiliária e investimentos em geral.

Houve visitas ao Oeiras Valley, a Tagus Park, ao World Trade Center, às instalações dos bancos BTG Pactual e Edmond de Rothschild, além de um encontro com o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais. Os empresários conheceram o Museu da Cerveja e as instalações fabris da Riberalves. O programa terminou com um almoço no restaurante Mandarim, no Casino Estoril, onde o grupo pode também assistir a um conjunto de palestras com informações sobre oportunidades de investimento na Europa.

Na capital portuguesa, e arredores, os empresários e investidores provenientes do Brasil tiveram a oportunidade de contatar empresas portuguesas em vários ramos de atuação. Muitos empresários residentes em Portugal também participaram.

Segundo Adriano Machado e Ana Sofia Pinto, sócios no escritório Pinto Machado, a avaliação da missão foi “extremamente positiva, pois os participantes alcançaram os seus objetivos e aumentaram as possibilidades de conexões profissionais entre os dois países”.

“O feedback que tivemos dos participantes foi muito positivo. Foi muito gratificante sentir que as pessoas desenvolveram importantes sinergias de negócio na nossa missão e simultaneamente fizeram novas amizades. Foi um grande desafio ter organizado esta missão pela primeira vez e, felizmente, o saldo final foi muito positivo”, disse Ana Sofia, que ressaltou ainda que “esta missão trouxe vários desafios e um caminho muito próspero para percorrer. Seguramente faremos mais edições de missões empresariais em Portugal, no Brasil e, quem sabe, noutros países que estejam abertos a receber investimento no tecido empresarial”.

Por sua vez, Adriano Machado mencionou que a ideia central da missão foi “apresentar o mercado português aos brasileiros, uma vez que muitos empresários estão carentes de informações concretas sobre o atual estado do mercado português e faltam referências sobre quem procurar para concretizar negócios em Portugal e no continente europeu”.

Presente no último dia da programação desta missão, Carlos Páscoa, ex-deputado na Assembleia da República de Portugal, eleito pela imigração pelo círculo de Fora da Europa, confirmou que esta iniciativa é “fundamental porque possibilita uma maior interação entre Brasil e Portugal em vários domínios”.

“Esta iniciativa em solo português contou com uma programação voltada para quem procura, na Europa, tranquilidade financeira, aumentar o património pessoal e familiar e realizar sonhos. Muitos empresários estão já a investir em Portugal, seja em empresas ou em aplicações que rendam juros ou outra forma de remuneração”, referiram os membros da Sociedade de Advogados Pinto Machado.

Segundo apurámos, está prevista uma nova missão, desta vez no Brasil, provavelmente em março de 2023.

Profissionais “experientes” no mercado luso-brasileiro

Adriano Pinto Machado é advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e de Portugal, filiado à comunidade luso-brasileira. Conta com ampla experiência na obtenção de nacionalidade portuguesa, vistos, revalidação de diplomas em Portugal e reconhecimento de sentenças estrangeiras.

Já Ana Sofia L. Pires Pinto é advogada inscrita na Ordem dos Advogados de Portugal, Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com pós-graduação em Direito do Urbanismo e Contencioso Administrativo e Fiscal, ambas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Durante o seu percurso profissional, tem participado ativamente na constituição de sociedades comerciais, operações de M & A, assessoria jurídica, e acumula, ainda, experiência em matérias de comercial e societário, nacionalidade portuguesa, golden visa, prestando assessoria a clientes nacionais e internacionais.

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FABIANO DE ABREU – NEUROCIENTISTA LUSO-BRASILEIRO – LANÇA LIVRO COM ACESSO GRATUITO PARA ESTUDANTES

  • Crónica de Ígor Lopes

O neurocientista luso-brasileiro, Fabiano de Abreu, lançou o livro “Razão da vida: As células do sistema nervoso”, que será distribuído gratuitamente a todos os estudantes interessados. Para isso, basta contacta o autor pelas suas redes sociais.

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“O que é ser um neurocientista? Segundo regras internacionais é necessário que haja uma graduação equivalente, mestrado e/ou doutorado em neurociências e ter pesquisas e artigos publicados. No entanto, atualmente essas regras têm sido deixadas de lado à medida que pessoas concluem a sua pós-graduação e se autodenominam neurocientistas”, explicou Fabiano de Abreu, Pós PhD em neurociências e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, que destacou ainda que o livro serve para “chamar a atenção para a importância dos estudos do cérebro humano e a necessidade de avançar nos estudos em neurociência”.

Estímulo ao surgimento e especialização de neurocientistas

Ao acreditarem que a pós-graduação é o ‘patamar necessário’ para se tornar um neurocientista, avança Fabiano de Abreu, “perdem-se diversas oportunidades de uma maior especialização na área e desestimulam os estudantes que se querem aprofundar em neurociências”.

“O livro está à venda, mas os universitários na área da saúde que me solicitarem através das minhas redes sociais forneço o livro gratuitamente. Uma das minhas metas na vida é levar conhecimento, procuro meios de incentivar a formatação desta cultura curiosa”, elucidou Fabiano de Abreu, que disse também a obra é interessante para quem “nutrem curiosidades sobre o cérebro humano e têm interesse em seguir na área”.

“O livro é uma excelente oportunidade para se conhecer um pouco mais sobre o estudo e o funcionamento desse órgão tão importante. A obra é destinada a biólogos, biomédicos, médicos, psicólogos e profissionais da saúde que podem basear-se neste conteúdo para aprimorar o conhecimento, no entanto, ele também é importante para curiosos com sede de conhecimento que querem aprender mais sobre o cérebro humano”, reforçou este especialista.

O desafio de trazer conteúdos profundos de forma didática

A neurociência contempla diversos estudos acerca do cérebro humano, o seu desenvolvimento e funcionamento, o que faz com que alguns conteúdos sejam muito complexos para serem explicados em poucas páginas, no entanto, é este desafio que Fabiano de Abreu está dedicado a superar.

“É um livro didático. Tentei colocá-lo de forma resumida, mas profunda, chamo de profundo o conteúdo completo, que se desenvolve a partir da origem. O livro é sobre a neuroanatomia dos neurónios e das células de suporte, assim como as substâncias relacionadas à vida como um todo, já que controlam o nosso humor, fome, emoções, sentimentos e também descrevo a relação dessas substâncias com as doenças e distúrbios mentais”, finalizou Fabiano de Abreu.

O livro “Razão da vida: As células do sistema nervoso” está disponível mundialmente na Amazon e Google Books, além de ser disponibilizado gratuitamente para estudantes da área da saúde.

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LUCIANE SERIFOVIC - RENOMADA PROFISSIONAL BRASILEIRA DA ÁREA IMOBILIÁRIA – ESTEVE NO MINHO E PALESTROU NO ESTORIL

  • Crónica de Ígor Lopes

Nos últimos dias, passou por Braga a brasileira Luciane Serifovic, considerada a corretora mais importante de Nova Iorque, nos EUA. Esta profissional é responsável por vender imóveis de luxo de vários artistas e milionários norte-americanos e estrangeiros.

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A visita a esta cidade na região do Minho, em Portugal, contemplou passagens pelo Hotel Bracara Augusta, além de conhecer pontos turísticos de Braga, num tour que contou com a presença de António Costa, dono do Hotel Bracara Augusta, do engenheiro César Gaspar e do neurocientista luso-brasileiro Fabiano de Abreu.

Luciane Serifovic esteve em solo português em virtude de ser uma das convidadas para palestrar no maior evento global da mediação imobiliária, que teve organização da UCI e se realizou nas instalações do Centro de Congressos do Estoril no último dia 20. Nesse local participaram os maiores especialistas do mercado imobiliário norte-americano.

Radicada nos EUA, esta cidadã brasileira é fundadora e CEO da imobiliária de luxo Luxian.

Com destaque entre os profissionais pelo seu sucesso internacional, Luciane foi a primeira brasileira a participar neste evento.

Outra marca da corretora de luxo é os 20 anos de carreira nos EUA. Nesse período, Luciane consolidou-se com diversas transações milionárias para clientes de todo o mundo. Para além disso, ela tem atuação como treinadora de milhares de agentes imobiliários e é autora do livro “Handle It: Get it Together and Finally Have It All”.

“Sou das que defendem o ‘ter tudo’. Ou seja, das que garantem casas e investimento de sonho, enquanto se aproveita a família e amigos e se tem um estilo de vida saudável e sustentável”, disse Luciane Serifovic.

“Fiquei muito empolgada com esse evento que reuniu diversos nomes importantes desse nicho”, finalizou.

VÃO OS DESFILES DO TRAJE POPULAR SUBSTITUIR OS FESTIVAIS DE FOLCLORE?

Após mais de dois anos de confinamento devido à pandemia do covid-19, eis que a organização de desfiles do traje popular parece adquirir predominância em relação aos habituais e na maioria dos casos pouco imaginativos festivais de folclore ao ponto de ameaçar substituí-los.

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Atendendo à necessidade de mobilizar um número suficiente de componentes para exibir as suas danças, interpretar as suas músicas e cantares em vez de limitar a desfilar na passerelle um reduzido número de modelos, esta opção veio disfarçar a crise de sobrevivência com que alguns grupos folclóricos se debatem neste período pós-pandemia.

Isto não significa que os desfiles do traje popular não possuam o seu interesse enquanto forma de divulgação da nossa cultura tradicional. Antes pelo contrário. Sucede, porém, que o folclore não se resume ao traje e, limitar a atuação dos grupos folclóricos aos desfiles corresponde a remeter os mesmos a uma quase insignificância. Nessas circunstâncias, nada mais justificaria a sua existência!

DAVID OLIVEIRA: O EXEMPLO DE UM “SELF-MADE MAN” LUSO-AMERICANO

  • Crónica de Daniel Bastos

A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico na principal potência mundial.

No seio da numerosa comunidade lusa nos EUA, segundo dados dos últimos censos americanos residem no território mais de um milhão de portugueses e luso-americanos, destacam-se vários percursos de vida de compatriotas que alcançaram o sonho americano ("the American dream”).

Entre as várias trajetórias de portugueses que começaram do nada na América e ascenderam na escala social graças a capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e resiliência, destaca-se o percurso de sucesso do empresário e dirigente associativo David Oliveira, umas das figuras mais proeminentes da comunidade luso-americana em Yonkers, a quarta maior cidade do estado de Nova Iorque.

Natural da freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias, concelho de Ourém, David Oliveira emigrou na década de 1980 para os Estados Unidos da América, na esperança de vir a construir um futuro melhor numa época em que Portugal vivia uma crise profunda, com níveis de inflação e de desemprego elevados. A chegada ao território americano, no início da idade adulta, adveio após passagem da fronteira com o México, tendo-se estabelecido na cidade de Yonkers, burgo do estado de Nova Iorque, onde encontraria trabalho como serralheiro no ramo das estruturas metálicas.

Atividade profissional, em que celeremente começou a trabalhar por conta própria, e cuja técnica, conhecimentos precisos e específicos o catapultou para um renomado empresário da metalurgia alicerçado na sua empresa de sucesso, a Westchester Metal Works Inc., fundada no alvorecer dos anos 90 e que hoje emprega cerca de meia centena de funcionários.

Entre as obras mais emblemáticas do self-made man luso-americano, muitas delas em Manhattan, o distrito mais conhecido e importante de Nova Iorque, encontram-se o restauro do carrossel de Coney Island, uma das incontornáveis atrações do Luna Park, na “Big Apple”, ou o restauro do Fulton Market.

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O empresário e dirigente associativo luso-americano David Oliveira, com o Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa, em 2018 no âmbito da Gala anual da PUSCC, no Harvard Club em Nova Iorque 

Empresário e empreendedor com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, o sucesso que o emigrante oureense alcançou têm sido acompanhados de um apoio constante à comunidade luso-americana em Yonkers. Cidade onde tem sido no decurso dos últimos anos, um dos principais dinamizadores do Centro Comunitário Português, uma das mais ativas associações luso-americanas, conhecida pela sua escola portuguesa, bar, restaurante, sala de festas, rancho folclórico e clube de futebol, e que tem sido frequentemente distinguido pelo Conselho Municipal.

Nunca esquecendo as suas raízes, frequentemente visita o seu torrão natal, e ainda em 2019 no âmbito das cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas no Estado de Nova Iorque, na qualidade de presidente do Clube de Yonkers, recebeu a delegação dos bombeiros de Ourém, na comemoração do 40.º aniversário da Fanfarra, aos EUA, o percurso de vida do empresário luso-americano David Oliveira recorda-nos a máxima do arquiteto Frank Lloyd Wright: “Eu sei o preço do sucesso - dedicação, trabalho duro, e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer”.

HAVAI: HISTÓRIAS DE PORTUGALIDADE

  • Crónica de Daniel Bastos

No passado sábado (15 de outubro), o Centro Cultural John Dos Passos, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura da Madeira, que homenageia desde o alvorecer do séc. XXI o escritor americano com raízes lusas e localizado no centro da vila da Ponta do Sol, promoveu o evento “Havai: histórias de portugalidade”.

A iniciativa, aberta à comunidade, incluiu a projeção dos documentários “Mandem saudades”, realizado em 1997, do jornalista de cinema, escritor e apresentador de televisão, Mário Augusto, e “Portuguese in Hawaii”, rodado em 2018, pelo realizador luso-descendente Nelson Ponta-Garça, assim como um painel com intervenientes em presença e também online desde o Havai.

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O painel presencial e online no decurso do evento “Havai: histórias de portugalidade” no Centro Cultural John Dos Passos

No painel, moderado pelo coordenador do Centro Cultural John dos Passos, Bernardo de Vasconcelos, participaram, presencialmente, além de Mário Augusto e Nelson Ponta-Garça, que apresentaram livros de sua autoria concebidos no âmbito dos documentários; Daniel Bastos, autor do livro “Crónicas - Comunidades, Emigração e Lusofonia”, já em segunda edição, que reúne as crónicas que o historiador tem escrito nos últimos anos na imprensa de língua portuguesa no mundo; Danny Abreu, descendente de madeirenses, da ilha de Oahu e de visita à Madeira propositadamente nesta altura para este evento, e que está atualmente envolvido na dinamização do Centro Histórico e Cultural Português no arquipélago americano; e Susana Caldeira, investigadora madeirense que tem centrado o seu trabalho na emigração de naturais da Pérola do Atlântico para o Havai.

Participaram também no painel, mas em formato online desde o Havai, Audrey Rocha Reed, descendente de madeirenses e com um papel fundamental na preservação da cultura lusa através do Centro Cultural Português e do Heritage Hall em Maui; Tyler Dos Santos-Tam, cônsul honorário de Portugal em Honolulu; e Paul Neves, havaiano a residir em Hilo, neto de emigrantes madeirenses e mestre de dança Hula.

Numa fase em que se perspetiva a curto prazo a assinatura de um acordo de geminação entre a Região Autónoma da Madeira e o Estado do Havai. A iniciativa promovida pelo Centro Cultural John Dos Passos, e que contou na sessão de encerramento com a presença do Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, teve o condão de homenagear os cerca de 27 mil portugueses que, no final do século XIX e até 1913, muitos deles madeirenses, fizeram uma longa rota de emigração para o meio do Pacífico, e cujos milhares de descendentes são hodiernos pilares da sociedade havaiana.

Concomitantemente, esta linha de ação do Centro Cultural John Dos Passos, mormente o da diáspora madeirense, ao salientar a importância do fenómeno emigratório num território em que muitos dos seus naturais se encontram espalhados por nações como a África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, França, Reino Unido ou Venezuela. Lança quiçá, as bases vindouras para a dinamização, por exemplo, no Centro Cultural John Dos Passos, de um núcleo museológico no arquipélago, que possa homenagear, estudar, preservar e comunicar as expressões materiais e simbólicas da emigração madeirense, que pelas suas enormes potencialidades culturais e turísticas seria seguramente uma mais-valia para a região e para o país. 

JOSÉ CESÁRIO ABORDOU OS PROBLEMAS DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA DURANTE INICITIVA DA CÂMARA DE COMÉRCIO DA REGIÃO DAS BEIRAS

  • Crónica de Ígor Lopes

“Somos um país de emigrantes, já é tempo de sabermos lidar com os problemas da emigração. Mas, temos avanços e recuos nas políticas do país. Ainda não temos, por exemplo, uma diplomacia económica que nos permita captar investimento de uma geração de emigrantes que são economicamente possantes nos países onde vivem”, defendeu José Cesário, ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, durante mais uma edição de “Dois pratos de conversa com…”, evento promovido pela Câmara de Comércio da Região das Beiras, deste vez em Amarante, no último dia 8 de outubro.

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O antigo deputado eleito pelo círculo de Fora da Europa e atual Secretário Nacional do Partido Social Democrata (PSD) para as Comunidades Portuguesas criticou ainda “o excesso de burocracias” que se colocam a emigrantes que querem investir em Portugal.

“Deviam ser apoiados, não afastados com burocracias e constantes alterações de leis”, frisou este responsável.

Alguns luso-brasileiros que participaram no almoço deram também exemplos de dificuldade no reconhecimento de títulos académicos, algo que trava a entrada de profissionais credenciados que o país necessita.

Outros empresários mostraram a dificuldade em legalizar trabalhadores, quando lutam com dificuldades de pessoal para fazerem avançar os seus investimentos.

Segundo Ana Correia, presidente da CCRB, José Cesário é um “forte conhecedor da diáspora portuguesa e mostrou a sua vasta experiência no campo das políticas públicas voltadas para as Comunidades Portuguesas e se disponibilizou para colaborar com a CCRB, já que a nossa entidade tem vários protocolos assinados com entidades que atuam nas comunidades portuguesas dentro e fora da Europa”.

O almoço, que decorreu na Quinta do Outeiro de Baixo, em Amarante, com o apoio da autarquia local, ficou marcado ainda pelo encontro de várias entidades, empresários e autarcas como Fernando Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu, que deu conta da força migratória que chegou ao seu município e que tem aumentado a população e o número de empresas instaladas. A CCRB já sinalizou que o próximo encontro empresarial deverá decorrer em Viseu.

Neste evento, esteve também presente Aristides Gomes, ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau, o vice-presidente da Câmara Municipal de Amarante, Jorge Ricardo, o presidente da Mesa da Assembleia Geral da mesma autarquia, Pedro Cunha, bem como empresários como Manuel Pinheiro, CEO do Porto Coliseum Hotel e do restaurante O Gaveto; Pedro Renan, CEO da PRTE Tecnologias e Soluções; Fabiano de Abreu, neurocientista e empresário luso-brasileiro; Bruno Gutman, diretor da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX); António Carlos, premiado pela atuação no ramo imobiliário, dentre outros nomes que movimentam o turismo e o movimento associativo e empresarial em Portugal.

Segundo apurámos, a CCRB está a preparar a receção de um representante da Câmara de Comércio de Santa Catarina, Brasil, que, no final do mês de outubro, deverá correr o tecido empresarial da zona Centro para identificar oportunidades de investimento. Estão já previstas reuniões com algumas CIM’s e Câmara Municipais.

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GALERIA DOS PIONEIROS PORTUGUESES: UM ESPAÇO DE MEMÓRIA DA EMIGRAÇÃO LUSA NO CANADÁ

  • Crónica de Daniel Bastos

Fundada em 2003 pelos emigrantes lusos José Mário Coelho, Bernardette Gouveia e Manuel DaCosta, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, é um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.

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Conquanto a presença regular de portugueses neste território da América do Norte remonte ao início do séc. XVI, a emigração lusa para o Canadá começou a ter expressão a partir de 1953. Ano em que ao abrigo de um acordo Luso-Canadiano, que visava suprir a necessidade de trabalhadores para o sector agrícola e para a construção de caminhos-de-ferro, desembarcaram a 13 de maio em Halifax, província de Nova Escócia, um grupo pioneiro de oitenta e cinco emigrantes portugueses.

Se entre 1953 e 1973, terão entrado no Canadá mais de 90.000 portugueses, na sua maioria originários dos Açores, estima-se que atualmente vivam no segundo maior país do mundo em área total, mais de meio milhão de luso-canadianos, sobretudo concentrados em Ontário, Quebeque e Colúmbia Britânica, representando cerca de 2% do total da população canadiana que constitui um hino ao multiculturalismo. 

É a partir da dinamização deste legado histórico da comunidade lusa, uma comunidade que se destaca hoje no Canadá pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico, que a Galeria dos Pioneiros Portugueses, impulsionada no presente pelo comendador Manuel DaCosta, a quem se deve desde 2013 as novas instalações museológicas na St. Clair Avenue West, se tem dado a conhecer à comunidade canadiana em geral e a outras culturas.

Mais do que um espaço de memória e de homenagem dos pioneiros da emigração lusa para o Canadá, a Galeria dos Pioneiros Portugueses, alavancada na ação benemérita do comendador Manuel DaCosta, fautor entre outros, do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente galardoa portugueses que se têm destacado no território canadiano, é um exemplo inspirador para as comunidades lusas disseminadas pelo mundo, principalmente naquilo que deve ser o respeito pelo seu passado, a construção do seu presente e a projeção do seu futuro.

ESCRITOR PORTUGUÊS JOÃO MORGADO PARTICIPA ESTE MÊS EM FESTIVAL LITERÁRIO NA INDONÉSIA

  • Crónica de Ígor Lopes

O escritor português João Morgado estará presente no Ubud Writers Festival nos planaltos de Bali, Indonésia, de 27 a 31 de outubro. Este, que é o principal Festival literário do sudeste Asiático, destaca-se também por ser um encontro internacional e que leva o público a “descobrir vozes únicas e a literatura excecional de cantos conhecidos e desconhecidos” do mundo.

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Segundo dados da organização do festival, mais de 150 escritores e pensadores vão “convergir em Ubud para debater sobre questões que separam e unem os povos, como o poder da narrativa e o papel da palavra escrita na defesa dos valores e liberdades da humanidade”.

“Num ano tão difícil para muitos, com guerras e conflitos, desastres naturais e turbulência política, afetando as nossas vidas e as vidas dos nossos vizinhos, amigos e entes queridos, perguntamos como podemos unir as muitas vertentes de diferentes culturas e perspetivas para criar uma compreensão mais profunda, respeito mútuo e igualdade”, disse Janet DeNeefe, diretora do Festival.

Programação intensa

João Morgado participará em três painéis. No dia 28 de outubro, marcará presença num encontro de poesia centrada no tema Memayu Hayuning Bawana, a antiga filosofia javanesa que remete para os princípios pelos quais cuidamos, protegemos e embelezamos o nosso universo. “A poesia tem o poder de nos mover, inspirar e unir”. Além de Morgado, estarão presentes Rob Arnold, um poeta local de língua chamorro, Miles Merrill, australiano, e o norueguês Allen C. Jones.

No dia 30, o escritor português integrará o painel “Olhando o passado: escrevendo sobre a história”, para falar da sua “Trilogia dos Navegantes” – romances biográficos de Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães. Terá a companhia de premiados escritores, como Isna Marifa, da Indonésia, e Mirandi Riwoe, da Austrália.

Já no dia 31, no fecho do evento, entre os cocktails coloridos de Boliche, um tradicional bar de Ubud, João Morgado é o convidado para uma conversa com Giuseppe Catozzella, embaixador da ONU e aclamado romancista italiano, a renomada romancista australiana Laura Jean McKay e Emily Brugman, que escreve sobre as experiências de migração da família finlandesa.

“É uma honra poder representar a literatura portuguesa no outro lado do mundo, falar da nossa cultura e da nossa história, ler poesia em português – com posterior tradução. Pessoalmente, também é gratificante que o meu trabalho esteja a chamar a atenção de cada vez mais leitores”, refere João Morgado.

Este tem sido um ano de internacionalização para João Morgado que tem lançado obras em várias línguas e vê assim reconhecido o seu trabalho além-fronteiras.

O autor prepara ainda o lançamento de algumas obras até final do ano, e deverá ter a tradução de “Fernão de Magalhães e a Ave-do-Paraíso” para a língua sérvia, aquando da Feira do Livro de Belgrado, também no final do mês de outubro.

Conheça o autor que está a conquistar leitores fora de Portugal

João Morgado é nascido na Aldeia do Carvalho, na Covilhã, região Centro de Portugal. Poeta e romancista português, publicou o primeiro romance em 2010, “Diário dos Infiéis”, e não parou mais de editar. Tem neste momento sete romances publicados e muitas outras obras divididas entre o conto, a novela, a poesia ou as narrativas infantojuvenis. É doutorando em Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior, onde se licenciou, tem mestrado em Estudos Europeus na Universidade de Salamanca, Espanha, e uma pós-graduação em Marketing Político pela Universidade Independente / Universidade de Madrid. É membro do Centro de Investigação Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão. Preside a Casa do Brasil – Terras de Cabral e participa ativamente em diversas associações.

Trabalhou como operário têxtil e jornalista na imprensa local e nacional portuguesa. Atualmente, é consultor em meios empresariais e políticos e dirigente de associações sociais e económicas.

Considera-se um “autor plural” já que apresenta uma obra diversificada nos temas e oferece diferentes linguagens, estruturas narrativas e estilos literários.

“Os meus heterónimos moram todos na mesma casa e olham o mundo pela mesma varanda, pelo que respondem pelo mesmo nome”, atesta Morgado.

Esta policromia já lhe valeu nove prémios literários, adaptações para teatro e algumas traduções para inglês, espanhol, russo, sérvio e chinês.

João Morgado foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cívico e Cultural, oficializada pela República Federativa do Brasil, pelo seu trabalho de investigação sobre Pedro Álvares Cabral. Recebeu ainda o Troféu “Cristo Redentor” da Academia de Letras e Artes de Paranapuã – Rio de Janeiro.

No campo do romance, foi o vencedor do Prémio Literário Vergílio Ferreira 2012, do Prémio Literário Alçada Baptista 2014, do Prémio Nacional de Literatura LIONS 2015, do Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha, do Prémio Correntes d’Escritas 2015, recebeu a Medalha do Mérito Literário da “Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral” (Brasil), 2017.

Na poesia, conquistou o Prémio Manuel Neto dos Santos 2015. No conto, recebeu o Prémio Literário António Serrano 2016 e o Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca 2020.

É autor de diversos livros: ‘O Livro do Império’, Romance Biográfico de Luiz de Camões e a sua escrita d’Os Lusíadas – Clube de Autor, 2018; ‘Fernão Magalhães e a Ave-do Paraíso’, Romance Biográfico de Fernão de Magalhães, responsável pela viagem de circunavegação – Esfera dos Livros, 2019; ´Índias’, Romance Biográfico sobre o lado sombrio de Vasco da Gama - Clube do Autor, 2016; ‘Vera Cruz’, Romance sobre a vida desconhecida de Pedro Álvares Cabral - Clube do Autor, 2015; 'Diário dos Imperfeitos', - LEYA – 2015; ‘Diário dos Infiéis’ – LEYA – 2010; ‘Diário dos Infelizes’ – (ainda a ser publicado); 'O Pássaro dos Segredos', Conto Ilustrado, Editora Kreamus, 2014; ‘Meio-Rico’, Contos, Editora: Kreamus – 2011; ‘Contos de Macau’, Contos intemporais tendo Macau por cenário, Colibri, 2020; ‘A Costureira de Sonhos’, Conto Ilustrado: Paulo Lopes, Amazon 2022; ´Para Ti', Editora Kreamus, 2014; ‘Porto de Saudade’, Editora Arandis, 2016; Participação em coletâneas nacionais e internacionais; Colecção grande navegadores da Alethêia / Pingo Doce, 2016; ‘Pedro Alvares Cabral – O Gigante dos Mares’; ‘Vasco da Gama – O Terror das Índias’; ‘CABRALITO’, uma versão ilustrada para crianças, sobre a vida de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. Ilustração Bruno Picoto, Ed: Restelo 30 / Kreamus.

Saiba mais sobre a participação de João Morgado no festival na Indonésia no seguinte link: www.ubudwritersfestival.com/writers/joao-morgado/

RESPONSÁVEL PELO PROJETO BRASILEIRO “SEMPRE UM PAPO”, AFONSO BORGES PARTICIPA EM FESTIVAL LITERÁRIO EM PORTUGAL

  • Crónica de Ígor Lopes

O brasileiro Afonso Borges, responsável pela Associação Cultural “Sempre Um Papo”, vai estar presente no Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos 2022, que acontece nesta cidade portuguesa de 6 a 16 de outubro, tendo o “Poder”, como tema desta edição.

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A programação do projeto “Sempre Um Papo” no festival acontece dentro do Folio Mais, espaço dedicado às iniciativas locais e às propostas dos parceiros internacionais que contribuem e engrandecem o programa do evento.

Diretor deste projeto brasileiro, Afonso Borges vai estar no centro de alguns debates, assim como terá o papel de mediar mesas.

Programação cultural

A programação do “Sempre Um Papo” vai ser realizada em parceria com a Editora Nós, de Simone Paulino, começando no dia 6 de outubro, às 20h, quando Afonso Borges, Simone Paulino e Antônio Carlos de Almeida Castro participam do debate “Livro é Poder”, na Livraria de Santiago. Nesse mesmo local, no dia 7, às 17h, Afonso Borges modera a mesa “A construção do romance”, com participação de Lucrecia Zappi e Rute Simões Ribeiro. No dia 8 de outubro, às 12h, Simone Paulino faz a mediação da mesa “Catálogo de perdas”, com os autores Mariana Carrara, Luiza Romão e Helena Machado, na Livraria do Mercado.

Afonso Borges segue na programação do Folio mediando uma conversa com Marcela Dantés, no lançamento do seu livro “João Maria Matilde”, no dia 13 de outubro, às 17h, na Livraria Santiago, numa iniciativa da Livraria Ler Devagar e Câmara Municipal de Óbidos. No dia seguinte, 14 de outubro, às 17h, na Livraria do Mercado, numa iniciativa do “Sempre um Papo” e Livraria Ler Devagar, Afonso Borges modera a conversa com o tema “Como nascem os romances: uma perspectiva decolonial da criação nas narrativas longas”, com participação de Jeferson Tenório e Ondjaki.

Trabalho reconhecido

A Associação Cultural Sempre Um Papo é uma sociedade civil sem fins lucrativos, de caráter cultural. A sua missão é contribuir para o desenvolvimento de políticas de incentivo ao hábito da leitura a fim de formar cidadãos mais críticos.

Criado em 1986, pelo jornalista Afonso Borges, o “Sempre Um Papo” é reconhecido como um dos programas culturais de maior credibilidade do País. Na sua história, já ultrapassou os limites de Belo Horizonte e chegou a 30 cidades, em oito estados do Brasil, além do Distrito Federal, tendo sido realizado também em Madri, na Espanha. Com o tempo, vieram outros projetos e iniciativas que visam ao incentivo da leitura e possibilitam, conjuntamente, a associação entre cultura, educação e responsabilidade social.

Afonso Borges é responsável também pelo tradicional Festival Literário de Araxá – Fliaraxá, no Brasil, que, este ano, no mês de maio, realizou a sua décima edição com a presença de um grande público nos ambientes físico e on-line.

CCRB CONVIDA JOSÉ CESÁRIO PARA NOVA EDIÇÃO DA INICIATIVA “DOIS PRATOS DE CONVERSA…” EM AMARANTE

  • Crónica de Ígor Lopes

A Câmara do Comércio da Região das Beiras (CCRB) vai promover no dia 8 de outubro, às 12h, na Quinta do Outeiro de Baixo, em Amarante, uma nova edição da iniciativa “Dois Pratos de Conversa com…”, que visa promover iguarias regionais e as potencialidades das Beiras.

O convidado de honra deste encontro será José Cesário, Coordenador do Secretariado Nacional do PSD para as Comunidades Portuguesas, “um nome bastante conhecido no seio da diáspora lusa”, uma vez que já foi Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e deputado à Assembleia da República, tendo sido eleito, por diversas vezes, pelo círculo de Fora da Europa. O prato que irá acompanhar a conversa é a “Vitela Assada” e os doces conventuais de Amarante.

A ideia desta nova edição do projeto “Dois Pratos de Conversa com…”, que é já reconhecido a nível nacional, segundo Ana Correia, presidente da CCRB, é “abordar o atual cenário das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, as dificuldades pelas quais passam esses cidadãos, as políticas públicas necessárias e em destaque, bem como a internacionalização de empresas atuantes em vários setores”.

Estarão presentes autarcas, empresários e membros de entidades comerciais, turísticas, culturais e associativas.

Sobre a CCRB

A CCRB, cuja sede está localizada na região das Beiras, tem protocolos institucionais assinados com entidades nacionais, mas também internacionais, incluindo as que atuam nas comunidades portuguesas dentro e fora da Europa.

No âmbito da iniciativa “Dois Pratos de Conversa com…”, a Câmara do Comércio da Região das Beiras pretende promover o que de melhor a terra das Beiras tem e que gera riqueza para os concelhos, sendo potenciador de um turismo identitário e autêntico. Nas edições passadas de “Dois pratos de conversa com…”, foram intervenientes principais José Maria Costa, Secretário de Estado do Mar de Portugal, e a escritora portuguesa Deana Barroqueiro.

Informações sobre inscrições podem ser obtidas através do e-mail ccrbeiras@gmail.com

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ELEIÇÕES PARA A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS PORTUGUESAS DE COMÉRCIO NO BRASIL

  • Crónica de Ígor Lopes

No último dia 20 de setembro, a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (FCPCB) reuniu os representantes das Câmaras Portuguesas para a realização da Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária. O encontro foi realizado na Embaixada de Portugal no Brasil, localizada no Distrito Federal, e foi palco para a eleição da nova chapa para a gestão 2022-2024. Os novos representantes da Federação são: o presidente Armando Abreu, candidato reeleito, e os vice-presidentes Nuno Rebelo de Sousa (presidente da Câmara Portuguesa de São Paulo), António Fiúza (presidente da Câmara Portuguesa do Rio de Janeiro), Jatyr Ranzolin (presidente da Câmara Portuguesa de Santa Catarina) e Ivan Marques (presidente da Câmara Portuguesa de Goiás).

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Os assuntos abordados no encontro foram as aprovações de contas, balanços e demonstrações financeiras relativas ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2021, a apresentação das ações da gestão 2020-2022, além de parcerias e outros temas de interesses das Câmaras.

“Esse momento de prestação de contas é muito importante para todos nós que fazemos parte desse grande grupo de relacionamento e de negócios composto atualmente por 18 Câmaras. A presença dos representantes foi de vital importância para que, cada vez mais, a nossa Federação possa contribuir com os investimentos feitos no Brasil e em Portugal. Fico orgulhoso com essa reeleição e comprometido em continuar fomentando relacionamentos e negócios bilaterais com esses importantes países”, destacou Armando Abreu, presidente da Federação.

Sobre a Federação

A Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (FCPCB) foi criada em 1999, mas foi constituída em 2001. A instituição surgiu a partir da necessidade de ampliar a ação das Câmaras de Comércio Brasil -- Portugal que têm por objetivo desenvolver nos estados de atuação as relações bilaterais entre os dois países. A FCPCB possui o papel de apoiar as 18 Câmaras de Comércio Portuguesas existentes no Brasil nas relações luso-brasileiras, auxiliando as Câmaras na afirmação do seu papel na diplomacia econômica.

A sede da Federação está localizada em Fortaleza, no Ceará, e desde setembro de 2020 é presidida por Armando Abreu. Com o propósito de fomentar negócios, realiza constantemente eventos e reuniões com a finalidade de incentivar empresários, empreendedores e investidores brasileiros a conhecerem todos os ecossistemas portugueses e suas inovações. É responsável também por organizar o calendário de missões empresariais que tem como público-alvo os sócios das Câmaras de Comércio Brasil-Portugal, além de empresários, executivos, estudantes, instituições parceiras governamentais e não governamentais.

EMIGRANTE BENEMÉRITO LUSO-AMERICANO HOMENAGEOU BOMBEIROS DE VIDAGO

  • Crónica de Daniel Bastos

Na passada quinta-feira (22 de outubro), o emigrante benemérito luso-americano John Guedes, natural de Vilas Boas, uma freguesia do concelho de Chaves, homenageou a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidago.

Empresário de sucesso há mais de 40 anos em Bridgeport, a cidade mais populosa do estado americano do Connecticut, onde gere uma firma de arquitetura especializada em projetos de construção de escritórios comerciais, multiresidenciais e médicos, o arquiteto luso-americano tem mantido um constate apego à região trasmontana, torrão a quem devota um constante sentimento benemérito.

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O emigrante benemérito luso-americano John Guedes (ao centro), no decurso do jantar-convívio de homenagem aos Bombeiros de Vidago, acompanhado do vereador flaviense, Nuno Chaves, do presidente dos Bombeiros de Vidago, Francisco Oliveira (esq.) e do historiador Daniel Bastos (dir.)

Como é o caso da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidago, a quem já apoiou com a compra de um monitor de sinais vitais para equipar uma ambulância, assim como de uma ambulância de emergência e de uma ambulância de transporte múltiplo (ABTM).

Tendo sido já condecorado com a medalha de prata da Associação Humanitária, John Guedes promoveu nessa noite um jantar-convívio no Hotel Rural Quinta de Samaiões, em Chaves, onde ofereceu aos órgãos sociais da corporação. Assim como, às forças vivas da sua terra natal, uma recordação em prata, enaltecendo o papel da corporação que desenvolve a sua atividade em várias freguesias, a sul do concelho de Chaves, distrito de Vila Real.

Refira-se que no final do jantar-convívio promovido pelo emigrante benemérito, que contou com a presença de Nuno Chaves, Vereador da Câmara Municipal de Chaves, e de Daniel Bastos, historiador com várias obras ligadas à emigração portuguesa, o Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidago, Francisco Oliveira, agradeceu o gesto de John Guedes, e a sua constante generosidade em prol da Associação Humanitária e das populações locais.

CCRB APOSTA NA APROXIMAÇÃO ENTRE PORTUGAL E O CONTINENTE AFRICANO

  • Crónica de Ígor Lopes

O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, visitou a região das Beiras, Portugal, a convite da Câmara do Comércio da Região das Beiras (CCBR) nos dias 7 e 8 de setembro, com uma programação que incluiu encontros empresarias, diplomáticos, políticos e associativos.

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No dia 7, ao lado de membros da CCRB, Aristides Gomes almoçou com empresários no concelho do Fundão e aproveitou o momento para conversar sobre as relações entre os dois países com Paulo Fernandes, presidente da autarquia local.

Nesse mesmo concelho, o guineense conheceu a Incubadora e o Centro de Congressos locais. Houve ainda espaço para reuniões com Alcina Cerdeira, vereadora na Câmara Municipal do Fundão, e com Carlos São Martinho, presidente da MA e diretor da Escola Profissional do Fundão. Nos Paços do Concelho, a visita do ex-primeiro-ministro da Guiné Bissau visou “estreitar pontes e abrir corredores com os países da CPLP e de toda a América do Sul”.

Nas ruas do Fundão, um momento inusitado. Alunos guineenses da Escola Profissional do Fundão, que acabaram os seus cursos há cerca de dois meses, reconheceram Aristides Gomes e mantiveram com ex-governante “uma conversa amigável e franca” sobre “as suas preocupações por terem acabado o estágio, em áreas como o comércio, a metalomecânica e outros e, apesar da falta de mão de obra em Portugal, ainda não foram chamados para qualquer trabalho na região”.

No final do dia 7 de setembro, Aristides Gomes participou num jantar oferecido pela Casa do Brasil – Terras de Cabral, no Fundão, que serviu para celebrar o bicentenário da independência do Brasil e que reuniu diversos nomes integrantes da comunidade brasileira na região, com uma aposta forte na promoção da lusofonia. Neste jantar, estiveram presentes também Acácio Pereira, presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, e João Morgado, presidente da Casa do Brasil – Terras de Cabral.

Todas estas iniciativas foram acompanhadas de perto por José Manuel Diaz, consultor da Câmara Municipal de Amarante, e por Ana Correia, presidente da Câmara do Comércio da Região das Beiras, que acredita que o encontro irá gerar boas conexões intercontinentais.

“Conversamos bastante sobre vários projetos que pretendemos colocar em ação. Teremos muitos trabalhos importantes a fazer em breve conectando a lusofonia e os mercados em África e na Europa”, disse Ana Correia.

JOHN GUEDES: UM LUSO-AMERICANO DE SUCESSO COM APEGO ÀS RAÍZES TRANSMONTANAS

  • Crónica de Daniel Bastos

A comunidade lusa nos Estados Unidos da América (EUA), cuja presença no território se adensou entre o primeiro quartel do séc. XIX e o último quartel do séc. XX, período em que se estima que tenham emigrado cerca de meio milhão de portugueses essencialmente oriundos dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, destaca-se hoje pela sua perfeita integração, inegável empreendedorismo e relevante papel económico e sociopolítico na principal potência mundial.

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No seio da numerosa comunidade lusa nos EUA, segundo dados dos últimos censos americanos residem no território mais de um milhão de portugueses e luso-americanos, destacam-se vários percursos de vida de compatriotas que alcançaram o sonho americano ("the American dream”).

Entre as várias trajetórias de portugueses que começaram do nada nos EUA e ascenderam na escala social graças ao trabalho, ao mérito e ao empenho, destaca-se o exemplo inspirador de empreendedorismo e benemérito de John Guedes.

Natural de Vilas Boas, uma freguesia do concelho de Chaves, João Guedes emigrou para a América no alvorecer da década de 1960, com 10 anos de idade. Numa época em que o fardo da pobreza, da interioridade e a estreiteza de horizontes na região trasmontana durante o Estado Novo compeliu uma forte vaga migratória para o centro da Europa e para a América.

Detentor de um percurso educacional que computou nos anos 70 a formação académica em arquitetura no Norwalk State College, na cidade de Norwalk, no estado americano do Connecticut, John Guedes fundou no ocaso dessa década a Primrose Companies. Uma empresa de arquitetura e construção, sediada em Bridgeport, a cidade mais populosa do Connecticut, com cerca de meia centena de trabalhadores e especializada em projetos de construção de escritórios comerciais, multiresidenciais e médicos no Connecticut e em Nova Iorque.

Com mais de mais de 40 anos de experiência e sucesso no setor da construção e design, o arquiteto luso-americano tem mantido um constate apego à região trasmontana, torrão a quem devota um extraordinário sentimento benemérito. Na sua aldeia natal, onde regressa amiúde, entre outros exemplos notáveis de filantropia, pagou o terreno onde está o campo de futebol, financiou a abertura de um caminho e a construção de um parque de lazer, patrocina jornadas culturais e doou cem mil euros para a construção da sede da associação cultural local.  

O espírito generoso de John Guedes tem-se estendido também, por exemplo, ao longo dos últimos anos, ao Patronato de São José, em Vilar de Nantes, uma instituição flaviense de solidariedade que acolhe crianças do sexo feminino. E à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidago, a quem já apoiou com a compra de um monitor de sinais vitais para equipar uma ambulância, assim como de uma ambulância de emergência e de uma ambulância de transporte múltiplo (ABTM).

Contexto que levou a corporação, que desenvolve a sua atividade em várias freguesias, a sul do concelho de Chaves, distrito de Vila Real, a atribuir ao arquiteto luso-americano na primeira década do séc. XXI a medalha de prata da Associação Humanitária.

Ilustre filho da terra transmontana, o exemplo de vida do arquiteto luso-americano John Guedes, lembra-nos o excerto do poema “Da minha aldeia” de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa: “Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo.../ Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer/ Porque eu sou do tamanho do que vejo/E não do tamanho da minha altura...”.

MISSÃO EMPRESARIAL PROMETE “CONTATO DIRETO” ENTRE EMPRESÁRIOS BRASILEITOS E PORTUGUESES EM OUTUBRO

  • Crónica de Ígor Lopes

Entre os dias 8 e 15 de outubro, a Sociedade de Advogados Pinto Machado, com sede no Brasil e em Portugal, irá promover uma missão empresarial em solo português, com foco nos mercados em Lisboa, Oeiras, Estoril e Cascais, com o objetivo de “possibilitar um contato direto e privilegiado dos empreendedores com o ecossistema português, abrangendo as áreas da tecnologia, estado de defesa, inovação, sustentabilidade, imobiliária e investimentos em geral”.

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Durante esta iniciativa, será possível “entender o mercado português para empreendedores, conhecer as oportunidades de abertura de empresas, captar informações para abrir uma empresa em Portugal, participar em palestras com empresários internacionais de renome, manter proximidade com a cultura portuguesa e desfrutar de um sistema de network vital para novos negócios e investimentos”.

Adriano Machado, sócio-fundador da empresa, diz acreditar que Portugal pode ser a porta de entrada para investimentos em outros países europeus.

“Lisboa tem se atualizado, está pensando no futuro e a sua atenção está cada vez mais voltada para a tecnologia, como a inteligência artificial e o universo digital, por exemplo. Atualmente, a capital portuguesa é a casa do WebSummit, a maior conferência de tecnologia da Europa, e a cidade do país com o maior número de scaleups nas áreas de software solutions, business analytics, saúde, educação, serviços empresariais, turismo e mobile”, explicou este responsável, que sublinhou ainda que Lisboa é um local propício para “quem pensa em investir no setor de imóveis”.

Mercado abrangente

Hoje, Lisboa ocupa a décima posição entre as cidades europeias mais atrativas para o investimento imobiliário, segundo o relatório EMEA Investor Intentions Survey 2021. Mas as oportunidades não estão apenas na capital. No Norte do país, como na cidade do Porto, por exemplo, também existem muitas start-ups em funcionamento, o que faz a região concorrer com Lisboa pelos investimentos estrangeiros, superando-a em 2018, quando se tornou líder em criação de empresas de tecnologia”, explicou este advogado.

Para tornar a missão uma realidade, esta empresa de juristas luso-brasileiros reuniu-se com alguns parceiros, dentre eles a BTG Pactual e o Banco Edmond de Rothschild, que promoverão uma palestra para os empreendedores sobre investimentos em geral; Câmara Municipal de Oeiras, cidade onde estão algumas das maiores start-ups e unicórnios de Portugal. A programação irá contemplar o Oeiras Valley, projeto que ambiciona transformar o município no maior viveiro de inovação, criatividade e tecnologia do país, sendo considerado o “Vale do Silício” português; e o Casino Estoril, que além de realizar uma visitação no local, com direito a apostas a partir de €10 — fruto de uma oferta para utilizar na primeira rodada, — também farão conferências valorosas para os participantes, com a presença de empresários internacionais.

Como participar?

Os pacotes de participação possuem opções para quem deseja viajar desde o Brasil, incluindo passagem aérea e hospedagem. Para aqueles que preferem apenas participar nas visitações e palestras, há valores específicos.

A programação completa e todas as informações e os procedimentos de inscrição para quem deseja participar nesta missão que procura abrir portas e conexões empresariais em Portugal podem ser consultados em www.missaoempresarialportugal.com

Para dúvidas adicionais, a organização pede que seja enviado e-mail para: contato@missaoempresarialportugal.com

“Esta iniciativa em solo português conta com uma programação voltada para quem procura, na Europa, tranquilidade financeira, aumentar o patrimônio pessoal e familiar e realizar sonhos. Muitos empresários estão já a investir em Portugal, seja em empresas ou em aplicações que rendam juros ou outra forma de remuneração”, referiram os membros da Sociedade de Advogados Pinto Machado.

Os organizadores desta Missão recordam que em Lisboa os participantes poderão vivenciar dias de muita imersão, aprendizagem e contato com oportunidades empresariais e comerciais.

“Este é um evento transformador para todo empreendedor, possibilitando um contato direto e privilegiado com o ecossistema empresarial português. O nosso objetivo é apresentar aos empresários o próspero mercado português, visando à oportunidade única de captar recursos para se instalar em Portugal, realizar um excelente networking e a possibilidade de futuros investimentos”, finalizaram Ana Sofia Pires Pinto e Adriano Pinto Machado, sócios da Pinto Machado & Associados.

Experiência que ultrapassa o oceano Atlântico

Adriano Pinto Machado é advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e de Portugal, filiado à comunidade luso-brasileira. Conta com ampla experiência na obtenção de nacionalidade portuguesa, vistos, revalidação de diplomas em Portugal e reconhecimento de sentenças estrangeiras.

Já Ana Sofia L. Pires Pinto é advogada inscrita na Ordem dos Advogados de Portugal, Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com pós-graduação em Direito do Urbanismo e Contencioso Administrativo e Fiscal, ambas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Durante o seu percurso profissional, tem participado ativamente na constituição de sociedades comerciais, operações de M & A, assessoria jurídica, e acumula, ainda, experiência em matérias de comercial e societário, nacionalidade portuguesa, golden visa, prestando assessoria a clientes nacionais e internacionais.

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INTERIOR DE PORTUGAL COMBATE O DESPOVOAMENTO

  • Crónica de Ígor Lopes

Monte Leal: localidade no interior de Portugal reuniu naturais e residentes para lutarem contra a desertificação e reviver o passado

Monte Leal é uma localidade pertencente à União de freguesias de Vale de Prazeres e Mata da Rainha, no concelho do Fundão, na região Centro de Portugal. No passado, ainda na década de 1980, a escola primária local “era pequena para tantas crianças”. Havia uma vida muito pujante nesse espaço rural. Monte Leal sempre foi uma aldeia com espírito de comunidade apesar de todas as dificuldades dos anos 1970 e 1980, talvez por ser uma aldeia do interior. Jovens naturais de Monte Leal seguiram a tendência de muitos outros da região e procuraram oportunidades em outros centros urbanos.

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No último dia 14 de agosto, altura em que se celebra nessa localidade uma festa em honra da sua padroeira, Nossa Senhora da Assunção, um grupo de amigos decidiu voltar a promover, como em anos anteriores, um grande convívio, com direito a um passeio sobre duas rodas. Participaram nessa iniciativa 90 motas e 30 acompanhantes, “ou seja, houve motorizadas com duas pessoas a bordo”.

A ideia central, segundo apurámos, foi “fazer com que as famílias voltassem a se juntar nessa data e que pudessem promover a amizade junto das novas gerações, ou seja, as segundas gerações que ainda não se conhecem, já que nasceram e cresceram longe de Monte Leal e em outras localidades do país”.

E, na mais recente festa, já num contexto de período pandémico mais brando, decorreu um passeio com a participação de dezenas de pessoas utilizando as famosas motorizadas. Muitas crianças e jovens aceitaram a ideia e, sobre duas rodas, passearam e se divertiram enquanto conheceram e conviveram na terra dos seus pais e avós.

“O grupo é composto por amigos dessa geração. As motorizadas eram nos anos 1980 e início dos anos 1990 um dos meios de transporte mais acessíveis, por isso, uma grande parte das famílias utilizava as motorizadas. Os jovens tinham a hipótese de, aos 16 anos de idade, tirar uma licença de condução que era bastante económica e, com isso, ser quase para todos nós o nosso primeiro meio de transporte. Algumas das motas são heranças de familiares que são conservadas com muito afeto”, contou João Matos, um dos membros do grupo. Aos 46 anos, João Matos é natural de Vale de Prazeres e residente em Freiria, Torres Vedras, e não esconde o orgulho de ter participado nesse evento ao lado da esposa e das filhas.

Depois de percorrerem muitas aldeias vizinhas, houve um almoço convívio regado com muita memória e saudade, com a presença de cerca de 160 pessoas, já que alguns dos residentes  atuais nessa localidade “fizeram questão de se juntar aos, agora, visitantes” na hora da refeição do meio dia.

Problema crónico

A desertificação dessa e de outras localidades do país, sobretudo no interior, preocupa essas famílias que tiveram que deixar para trás a terra que os viu nascer para alcançarem oportunidades profissionais e uma melhor vida financeira. Mas lutar contra a desertificação é possível?

“Sim, é possível, mas tem que haver uma vontade política. Criar dinâmicas e aproveitar melhor o que temos, como a nossa tradição, a natureza, os produtos regionais, entre outros aspetos. Mas, para isso, tem de haver uma movimentação que faça com que as pessoas conheçam o Portugal profundo. E, por fim, mas o mais importante: criar condições para uma boa educação para os jovens sem esquecer as novas comunidades que se têm instalado na área”, sublinhou João Matos.

Esta iniciativa em Monte Leal envolve famílias do referido grupo de amigos, dentre outras pessoas residentes em aldeias vizinhas, como Vale de Prazeres, Cortiçada, Catrão e Póvoa Palhaça. “Mas o grande dinamizador é o Daniel Fradique, que é a pessoa que durante todo ano promove este passeio-convívio e faz com que todos nós mantenhamos o foco e nada fique esquecido”, reforçou João.

“Para valorizáramos o futuro temos que conhecer e entender e nunca esquecer o passado. Nunca esquecer as origens e dignificar os lugares que, apesar da desertificação, outrora foram locais bastante dinâmicos”, finalizou João Matos, que revelou estar prevista uma nova ação desse porte a realizar, pelo menos, em agosto de 2023.

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TAMEM DIGO – UMA HISTÓRIA DE MIGRAÇÕES

  • Crónica de Daniel Bastos

Nos últimos anos o panorama literário sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com um conjunto expressivo de obras de autores nacionais ou lusodescendentes residentes no estrangeiro, que através do mundo dos livros têm dado um importante contributo para o conhecimento de múltiplas dimensões da realidade emigratória portuguesa.

Neste panorama, destacam-se cada vez mais os contributos literários que procuram aclarar o papel das mulheres no seio da emigração. Um dos lados, como refere a investigadora no domínio da História das mulheres e do género, Irene Vaquinhas, “menos conhecido e estudado do fenómeno migratório”.

É o caso do livro Tamem Digo – Uma História de Migrações, recentemente lançado, do escritor e ativista natural de Amarante, e atualmente a residir em Bruxelas, Jorge Pinto. Coautor em 2019 do livro Rendimento Básico Incondicional: Uma Defesa da Liberdade, ano em que venceu o Prémio Ensaio de Filosofia da Sociedade Portuguesa de Filosofia; e das bandas desenhadas Amadeo e Liberdade Incondicional 2049, Jorge Pinto apresenta no seu novo livro uma homenagem à sua avó e às mulheres que ficaram para trás durante a vaga de emigração para França na década de 1960.

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Capa do livro Tamem Digo – Uma História de Migrações

Profusamente ilustrada pela artista lusodescendente Júlia da Costa, a obra biográfica com chancela da Officina Noctua, conta a história de Maria do Carmo, avó do autor, natural da freguesia de Olo, que no limiar dos anos 60 foi uma de milhares de mulheres que asseguraram a retaguarda familiar em Portugal, enquanto os homens emigravam.

Num país estruturalmente condicionado pelo regime autoritário e conservador que vigorou entre 1933 e 1974, a miséria rural, a ausência de liberdade, a fuga ao serviço militar e a procura de melhores condições de vida, impeliram entre 1954 e 1974, a saída legal ou clandestina, de mais de um milhão de portugueses em direção ao território francês

Essencialmente masculino e oriundo das regiões rurais do norte e centro do país, o fluxo migratório em massa com destino à França, como sustenta Mélanie Mélinda Dias Lopes na tese de mestrado Memórias do salto: memórias da emigração ilegal para França, entre 1954 e 1974, “foi um factor de aumento da probabilidade de celibato para a população feminina (…) ou às chamadas viúvas de vivos”. Ainda que, a partir dos anos 60 as mulheres tenham começado “a emigrar para França
com os maridos ou juntar-se a eles posteriormente, e assim assiste-se a um reagrupamento familiar”.

Como realça Jorge Pinto na introdução do seu novo livro Tamem Digo – Uma História de Migrações, aMaria do Carmo, a Avó Carmo, foi e é uma mulher como tantas outras, com uma vida que poderia ter sido a das vossas avós, das vossas mães ou das vossas irmãs. Nasceu pobre numa aldeia no Norte de Portugal, sobreviveu, emigrou, regressou, tentou viver, amou e foi amada. Onde esteve, foi sempre uma entre muitos. E é por isso que quero falar dela. A História está cheia de heróis, falta-nos falar da gente comum, dos seus sucessos e falhanços, das suas alegrias e tristezas”.